Kyudo Zen – En busca del Ser interior – lançamento de livro

Luis Falcone Sensei,  Mestre Kyudo – Zen na Argetina, publicou seu livro sobre as suas experiências, inclndo as que ocorreram no Japão, entre anos de 1995 e 2005. Dedicado aos professores Masamitsu Matsuhashi, Tadashi Yamada; e particularmente suas filhas Ornella e Julieta. Estas memórias revelam algumas reflexões extraídas de várias conversas entre professores e discípulos.

As notas constantes e o detalhamento fotográfico, têm permitido a Luis Falcone manter um valioso tesouro que, como seguidor deste caminho tradicional, enriquece os diferentes conceitos de uma arte sem artifícios e, ao mesmo tempo, cheia de mistérios.
Sensei Falcone, foi selecionado e  recebeu uma bolsa da Fundação Japão para a publicação de seu livro “Memórias do Japão Kyudo Zen”.

A Fundação Japão, criada em 1972 por uma disposição especial do governo japonês, tornou-se uma instituição administrativa independente em Outubro de 2003. A missão da Fundação Japão é promover o intercâmbio cultural internacional e da compreensão mútua entre o Japão e outros países. A fundação está sediada em Tóquio e opera através de uma rede de 20 escritórios em 21 países.

Fonte:  Kiai argentina

Os princípios do Kokyu ryoku – o poder da respiração

Por Gozo Shioda

 Eu disse anteriormente que o poder de foco e concentração determina a maneira pela qual usamos nossa força. Fundamentais para isto são o coração ou espírito, e o ritmo.

Todos estes fatores juntos formam o kokyu ryoku. Por coração, ou espírito, eu quero dizer a habilidade de entrar em um estado de esvaziamento. Este é o poder de concentrar nossos sentimentos, cujo impacto é muito forte. Nós freqüentemente pensamos em fazer alguma coisa desta ou daquela maneira, pois os seres humanos se encontram presos a planos – nós gostamos de planejar e de lembrar das coisas. No budô, é necessário eliminar planos e memórias ,e, ao contrário, nos colocarmos em um estado de esvaziamento. Neste estado todo medo desaparece, a, ansiedade é removida, e nós começamos a realmente perceber nossas habilidades, ganhando cada vez mais confiança em nós mesmos. Resumidamente, este é um estado mental muito sereno.

Neste estágio, nós podemos ler as intenções de nosso oponente, não com nossa cabeça, mas com nosso corpo. Nós podemos sentir como nosso oponente irá atacar. Em outras palavras, nós começamos a nos mover e sentir com o coração.

Outra faceta muito importante do kokyu ryoku é o ritmo. Nós devemos desenvolver o ritmo onkyu (lento e rápido). Por ritmo eu não quero dizer um movimento uniforme e monótono. Ao contrário, o ritmo de nossos movimentos deve se adaptar a uma dada situação. Essencialmente, é nossa respiração que controla nosso ritmo, inspirando ou expirando de acordo com a situação. Quando é necessário inspirar, nós inspiramos. Quando nós devemos expirar, nós expiramos. É isto que regula o ritmo de nossos movimentos. O ritmo é resultado da respiração. Quando o ritmo e a respiração se fundem, nós devemos adicionar shuchu ryoku (o poder da concentração). O verdadeiro kokyu ryoku é atingido quando estes três fatores se unem de maneira a formar uma coisa só. Quando isto acontece, nosso oponente perde a capacidade de resistir e torna-se completamente dependente de nós.

É essencial notar que nós não temos nenhuma intenção especial de fazer o oponente agir desta maneira – isto apenas acontece. Induzir o oponente a um tal estado onde ele se sente compelido a cooperar contrariando seus desejos, sem que ele se aperceba deste estado, é o princípio do kokyu ryoku.

Devemos dizer também que é preciso que nos tornemos inconscientes da existência do oponente para que sejamos capazes de atingir o kokyu ryoku.

O kokyu ryoku não é relacionado a qualquer conjunto de formas. Antigamente, Sensei Ueshiba nunca ensinava em detalhes. O que fosse que nós fizessemos, ele apenas dizia “está bom, está bom”. Desta forma, ele nos encorajava a evitarmos de sermos aprisionados pelas formas. O que é importante é nos colocarmos na melhor situação para nós mesmos. Mas mesmo que eu diga isto, eu sei que encontrar a melhor situação é algumas vezes algo muito difícil de ser feito.

O kokyuryoku se origina no esvaziamento. O kokyu ryoku não é algo que descobrimos através de algum treinamento ou exercício especial. A repetição diária das técnicas do Aikido forma a base para atingir-se o kokyu ryoku. Apenas após um treinamento uniforme, dia após dia, você poderá, com sorte, atingir o shingitai, quando o coração, a mente, o corpo e a técnica tornam-se uma coisa só, tornando o kokyu ryoku possível.

Ao invés de dizer que atingimos este estado, é melhor entender que um dia, sem sabermos quando, estaremos usando o kokyu ryoku. Isto pode acontecer inesperadamente, por exemplo, se estivermos diante de uma situação de vida ou morte. Em tal situação, a necessidade urgente de uma reação adequada pode servir como catalisador para o surgimento do kokyu ryoku. Repentinamente algo irá acontecer, e antes que tomemos consciência do que está acontecendo, o oponente estará no chão. Eu constantemente fico surpreso por não entender o que está acontecendo nestes momentos. Mesmo pensando cuidadosamente, eu não consigo definir claramente o que ocorre quando eu estou tomado pelo kokyu ryoku. Isto é o kokyu ryoku. Não é algo que possamos atingir quando quisermos. Na verdade, se estivermos pensando nisto, simplesmente não irá funcionar. Tudo deve ocorrer de forma natural. Qualquer idéia de atingir este estado nos prende a planos que serão de pouca ajuda para atingirmos o kokyu ryoku, e este é um fato que não é fácil de aceitarmos.

Mesmo que tenhamos atingido o kokyu ryoku uma vez, isto não significa que possamos atingi-lo novamente de maneira direta. De fato, tal idéia de repetição irá nos impedir de atingi-lo, e somente eliminando qualquer esforço consciente é que poderemos alcançá-lo novamente. Conforme acumulemos tempo de treinamento, isto nos levará a cruzar a fronteira.

Desta forma, um dia, nós nos tornaremos mestres do kokyu ryoku. É difícil descrever, mas neste exato momento surge uma sensação de êxtase, de imenso prazer, um conjunto de sensações que juntos formam uma experiência maravilhosa.

Esta experiência acontecerá de forma breve e inesperada, proporcionando uma inexplicada sensação de poder e conforto.

Eu acredito que não é possível experimentar este tipo de emoção através de atividades normais da nossa vida. Naquele momento eu posso dizer que perde-se o ego. Freqüentemente no dojo, durante as aulas especiais para alunos avançados, quando eu demonstro algo, eu me encontro em um estado de completo esvaziamento: nada existe naquele momento. Eu não possuo nenhuma intenção de resistir ao meu parceiro, na verdade eu perco a consciência de mim e do meu parceiro e nós nos tornamos um só.

É por isto que quando eu movo minha mão em uma direção, meu parceiro segue meu movimento. Se eu repentinamente mudar a direção, meu parceiro também mudará, todos se movem comigo. Como isto é possível? Eu não sei, mas se podemos atingir o verdadeiro esvaziamento, podemos fazer o impossível.

Isto é algo que eu não posso ensinar, mesmo se me perguntarem. Esta é uma sensação que devemos capturar para nós. Muitas pessoas estudam intensamente diversas técnicas de Aikido, e é muito triste que fiquem presas em um estado de pesquisa e não evoluam mais.

Muitas vezes acontece que por mais esforço que coloquemos em nossa pesquisa, não chegamos a uma conclusão. Nossos pensamentos permanecem turvos. Mesmo quando temos a intuição correta, nós perdemos nossa pureza quando adicionamos nosso pensamento.

O maior de todos os objetivos é aquele que vem de dentro de nós. Desta maneira é muito importante aprender a sentir com nossa pele e nosso corpo. “Torne-se um com a natureza”, diria Ueshiba Sensei, e apenas recentemente eu comecei a entender o que ele queria dizer sobre Deus, o Universo, e muitas outras coisas incompreensíveis. Minimamente, agora eu possuo uma noção do que ele dizia.

 

Petrobras se solidariza com as vítimas das chuvas no Nordeste. Saiba como ajudar

A Petrobras é uma empresa brasileira com atividades em Alagoas e Pernambuco, estados que foram atingidos por fortes chuvas neste mês de junho. A Companhia lamenta a tragédia e manifesta sua solidariedade aos moradores dos estados e aos familiares das vítimas.

Com o objetivo de amenizar o sofrimento destas famílias, a Refinaria Abreu e Lima está arrecadando os seguintes itens para doação: agasalhos e cobertores; água mineral; alimentos para pronto consumo (leite longa vida, enlatados, bolachas, etc.); colchões; materiais de higiene pessoal (pasta e escova de dentes, fraldas, desodorantes, sabonetes, toalhas, etc.); material de limpeza e roupas.

As doações podem ser entregues até o dia 2/7 nos seguintes postos de coleta:

– Obra da Refinaria Abreu e Lima – sala da RSCOM, no prédio da Gerência de Empreendimento.

– Escritório Recife – Rua Antônio Lumack do Monte, Empresarial Center 1, Térreo do antigo Banco do Brasil, lado da rampa, em Boa Viagem.

Para mais informações, entre em contato com os Serviços Compartilhados PE – Rota 835.5912 ou (81) 3464.5912.

Na Unidade de Operações de Sergipe e Alagoas, as Gerências de Serviços Gerais da Sede, do Ativo Mar, do Ativo Alagoas e o Grupo de Oração Pilar estão com equipes recebendo doações como roupas, colchões, lençóis e alimentos não perecíveis. As doações podem ser entregues de 28/6 a 2/7, das 8h30 às 11h e das 14h às 16h, nos seguintes locais.

Em Sergipe:

– Posto da Sede da UO-Seal: Em frente ao Auditório Piranema.

– Posto do Polo Atalaia: Sala da Comunicação (ala sul).

– Posto do Ativo de Produção Sergipe Terra: Hall do restaurante da Base de Carmópolis.

Em Alagoas, há postos de arrecadação em Pilar (mais informações com Dandara ou Carla pelas rotas 832-7246 e 832-7446); P-16 (informações com Raquel pela rota 832-7945) e Furado (informações com Graciete pela rota 832-7654).

Os órgãos de segurança social e militar dos estados atingidos também organizaram uma campanha para arrecadar doações para os desabrigados. Veja abaixo a lista dos locais autorizados para o recebimento de donativos (preferência por alimentos não perecíveis, roupas, materiais de higiene e limpeza e água).

Postos de Coleta

Maceió

– 1º Grupamento de Bombeiros Militar (1º GBM) – Rodovia 316, Km 14, Tabuleiro dos Martins, próximo a Policia Rodoviária Federal, (82) 3315-2900 / (82) 3315-2905.

– Grupamento de Socorros de Emergência (GSE) – Conjunto Senador Rui Palmeira, S/N, (82) 3315-2400.

– Subgrupamento Independente Ambiental (SGIA) – Av. Dr. Antônio Gouveia, S/A, Pajuçara, próximo ao Iate Clube Pajuçara, (82) 3315-9852.

– Quartel do Comando Geral (QCG) – Av. Siqueira Campos, S/N, Trapiche da Barra, próximo a Pecuária, (82) 3315-2830.

– Defesa Civil Estadual (CEDEC) – Rua Lanevere Machado n.º 80, Trapiche da Barra, próximo a Pecuária, (82) 3315-2822 / (82) 3315-2843.

– Grupamento de Salvamento Aquático (GSA) – Av. Assis Chateaubriand, S/N, Pontal, próximo a Braskem, (82) 3315-2845.

Interior

– 2º Grupamento de Bombeiros Militar – Maragogi, (82) 3296-2026 (82) 3296-2026 / 3296-2270.

– 6º Grupamento de Bombeiros Militar – Penedo, (82) 3551-7622 (82) 3551-7622 / (82) 3551-5358 (82) 3551-5358.

– 7º Grupamento de Bombeiros Militar – Arapiraca e Palmeira dos Índios, (82) 3522-2377 (82) 3522-2377, (82) 34212695 (82) 34212695.

– 9° Grupamento de Bombeiros Militar – Santana do Ipanema e Delmiro Gouveia, (82) 3621-1491 (82) 3621-1491 / (82) 3621-1223 (82) 3621-1223.

Recife

– Instituto de Assistência Social e Cidadania do Recife (Iasc), localizado na Rua Imperial, 202, no bairro de São José.

– Associação Pernambucana dos Cabos e Soldados (ACS-PE) na Rua Amaro Bezerra nº 489 – Derby – Recife.

– Posto de arrecadação instalado pela Polícia Militar na Quadra Poliesportiva do Quartel do Comando Geral, no Derby.

– Instituto Federal de Pernambuco – Av. Prof Luiz Freire, 500 Cidade Universitária.

– Sede da Guarda Municipal, na rua dos Palmares, 550, em Santo Amaro.

– CTTU, na rua Frei Cassimiro, 91, em Santo Amaro.

– Posto de Permanência da Guarda Municipal, no Terminal Marítimo.

Interior

– Gravatá – Secretaria de Ação Social, na Rua Francisco Bezerra de Carvalho, no centro.

– Barreiros – Posto da Polícia Rodoviária Federal na entrada da cidade. Doações em dinheiro podem ser depositadas no Banco do Brasil / Agência 0710-2 / Conta corrente 6070-4.

– Caruaru – Sindicato dos Lojistas do Comércio de Caruaru (Sindloja), na Rua Leão Dourado, nº 51-A, no Bairro São Francisco.

– Barra de Guabiraba: A prefeitura manda buscar os donativos. Colchões, lençóis e alimentos são as maiores necessidades. Basta ligar para (81) 8848.1144 / (81) 9144.6052 / (81) 9144.6053 / (81) 3758.1145 e agendar a coleta.

– Palmares – A Associação Pernambucana dos Cabos e Soldados (ACS-PE) instalou um posto de arrecadação de doações na sede da entidade, na Rua Amaro Bezerra nº 489 – Derby – Recife. Contato: (81) 3423.0604 ou (81) 3423.9907.

Doações de outros estados

Para quem não está em Alagoas e Pernambuco, mas também quer colaborar, as doações podem ser feitas em dinheiro nas seguintes contas:

– Alagoas: Banco do Brasil agência 3557-2, conta corrente 5241-8; Caixa Econômica: agência 2735, operação 006, conta 955/5.

– Pernambuco: Banco do Brasil: Agência 1836-8, Conta-corrente 100.000-4.

Treino de Integração

Foi realiado neste sábado próximo passado o primeiro ttreino de integração das turmas da noite e manhã.  Este encontro visa principalmente a integração das diversas turmas e nivelamento técnico.  O primeiro encontro foi muito positivo apesar das dificuldades de avisar todo o plantel de alunos pois o Sensei Walter está sem acesso a net. O encontro deve se realizar periodicamente.  Mais um passo para o avanço do grupo.

Pense na Felicidade

A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.

Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.
Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.

E quanto ao amor? Ah, o amor… Não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos amor, todinho maiúsculo.

Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.

É o que dá ver tanto cinema.

Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista.
Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.

Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E, se a gente tem pouco, é com este pouco que vamos tentar segurar a onda, com humor, fé e um pouco de criatividade.
Ser feliz de uma forma realista, é fazer o possível e aceitar o improvável.

Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar.
É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente.

A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio.
Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. se a meta está alta demais, reduza-a.
Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz.

Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.

Extraído do site Velho Sábio

Hybris ou subir uma escada cujo degrau está quebrado

Por Leonardo Galvão

A pedidos, resolví botar em palavras aquilo que as vezes converso com meus colegas (e amigos) aikidocas, nada muito diferente do que já nos é conhecido, mas desta vez, ilustrado por mitos universais, reconstruindo os sentidos literais para além das metáforas já descorridas sobre eles e dialogando com princípios como ukemis, atemis, tenkans e irimis. Resolví que, para falar com aikidocas, propensos a equilibrar a tenacidade do espadachin, a diplomacia inteligente de um nobre e a serenidade de um monge (sim, isto é um clichê), nada melhor que assuntar os riscos da velha hybris, que em tantos excelentes heróis fizera as mão fraquejarem e as pernas tremerem.
Hybris é um termo grego arcaico, caiu em desuso, cujo significado era excesso, ou desafio, ou crise provocada por mania de grandeza, fato muito comum nos nossos dias, por vezes até enaltecido. É fácil de entender o que é hybris, basta lembrar da história do piloto de avião já experiente, cansado de fazer operações irregulares com o seu aeroplano e que, um dia não diferente dos outros, é acometido com a fatalidade. O herói é outro conceito arcaico e que sempre volta numa repaginação segundo os moldes da época. Os herois já foram virtuosos, já trouxeram a luz à escuridão, iniciaram a nova ordem, destronaram reis e salvaram as princesas (ou os tesouros, tem o mesmo sentido) da caverna dos dragões e torres inalcançáveis. O herói pode ou não lutar com o mal, contudo o maniqueísmo é um conceito do final do período clássico. Heroismo é outra história.
Ok, ok! Concetremo-nos na questão da hybris, por enquanto. Não nos fatarão exemplos a serem discutidos, assim como não faltam heróis nas histórias mítico-religiosas universais. De sumério-babilônicos a japoneses, da antiguidade as nosssos dias, exímios guerreiros e homens espirituais, uns respeitados pelas proezas e outros temidos pela força de seu braço, sõ que, mais cedo ou mais tarde o forte e o valoroso sempre encontra um desafio intransponível e, este cheio de orgulho, se lance ao inevitável: a derradeira queda.
Se ainda não está claro, vou pincelar alguns exemplos sem me prender no mérito moral, ideológico e cultural de cada um, mas me concetrarei nesse fenômeno que faz o humano verdadeiramente Humano, falo da queda, a imagem do terceiro animal que anda com três patas no enígma da esfinge, vai além da questão da velhice.
Enfim chegado o momento de narrar as epopéias dos guerreiros, me permito ir longe, no berço da civilização, para comentar a primeira narrativa heróica que este Mundo já viu. Refiro-me ao mito de Gilgamesh, um Hércules ou um Sansão primitivo, arquétipo dos heróis brutos e impiedosos, um Wolverine da antiguidade (salvo milhões de aspectos nessa comparação). Suas estórias eram contadas oralmente desde os primeiros reinos sumérios, mas foi no período acádio que as rapsódias foram talhadas em tábuas de escrita cuneiforme, enfim, um mito de força, coragem e crueldade que durante séculos teve seu nome esquecido no tempo e na areia da terra e dos povos que seu nome ajudou a construir. Gilgamesh, rei cruel, conquistador, inquebrantável, cuja tirania fez com que seus súditos suplicassem aos deuses que o fizessem parar. Como toda narrativa arcaica, essa história é construída através das repetições cíclicas, como são cíclicos os dias e as noites, o  nascer, o crescer e o morrer e etc, logo imagine quanto fez Gilgamesh para ter seu nome escrito na boca do sapo dos rios mesopotâmicos.  Gilgamesh vencia inimigos mortais e até os imortais, armadilhas preparadas pelos deuses anunaki contra ele desferidas, ou seja, nada podia com Gilgamesh.
Para enfim destruir o rei-herói, os deuses anunaki entraram em consenso de que só outro Gilgamesh poderia vencer Gilgamesh, e assim, com o barro negro do Tigre e Eufrates, construiram Enkidu a imagem e semelhança de Gilgamesh. Deixando a análise psicológica do mito, ao encontrar alguem igual a ele em força e aparência, temido nas florestas ao redor de seu reino, este se viu espelhado e insuflado, somando forças com sua contraparte selvagem, motivo que o levou depois à ruina de sua imagem. Enkidu era aquilo de que Gilgamesh não queria confrontar: o limite ou finitude de sua existência. Com seu sósia, Gilgamesh descobriu o que é a morte, sim, pois Enkidu viera a falecer depois de um confronto com o dragão mandado pelos deuses. Gilgamesh, cheio de hybris, faz a jornada em busca da imortalidade, mas como podemos concluir, mãos vazias foram  sua paga. Alguns historiadores e mitólogos fazem paralelo de Gilgamesh com inúmeros reis locais da antiguidade mesopotâmica, sendo fonte de inspiração para Ninrode, o rei caçador do Antigo Testamento.
O segundo personagem heróico que cai em desgraça pelas garras da hybris é Aquiles. Nas epopéias  troianas, Aquiles e retratado por Homero como um herói cheio de adjetivos, dentre eles a invulnerabilidade e o fato de ser semi-deus (filho de Tétis, deusa do Mar e do rei Peleu, de Mermela), embora tivesse sua mãe esquecido de banhar seu calcanhar no rio estige, crucial para o seu derradeiro fim. É bom esclarecer que na escrita homérica não havia a necessidade da esplicação de que um ou outro personagem era ou deixava de ser alguma coisa, pois seus nomes acompanhavam os respectivos atributos, logo, se você ler o clássico você já percebe de cara quem é o que na história. Náo existia verbo de ligação, logo Aquiles herói, Paris covarde (e etc e tal).
Voltando ao herói homérico Aquiles, o que é dito desse semi-deus é que ele era um herói que lutava pelo exercito de Menelau e Agamenom, reis gregos (ou Helênico, isso mostra a importância desse mito na formação da cultura grega), contrapondo-se à Heitor, herói troiano, mortal, que lutava pelos seus. O estopin dessa contenda foi o rapto de Helena (a iluminada pelo Sol ou Helios) por Paris Alexandre, principe troiano e juiz no episódio do Pomo da Discórdia, pacto com a deusa do amor Afrodite pela proclaração da divindade mais bela do panteão helênico, para o descontentamento de Palas Athena e de Hera, coicidentemente patroa de Tétis, mãe de Aquiles coração de Helena, em troca do amor de Helena por ele.

No confronto entre Aquiles, o invulneravel e Heitor, o mortal e irmão de Paris, também herói, ambos lutavam por pontos de vista contrários: os respectivos interesses nacionais. Previsivelmente, Aquiles venceu Heitor, mas possuído de hybris, manchou sua vitória negando ao herói troiano um enterro digno de tal porte e coragem, esquartejando seu corpo e arrastando ao redor da muralha da cidade, para sofrimento e desespero de seus familiares.  Algo como um capitão Nascimento negando um belo enterro ao traficante Baiano.  A desgraça de Aquiles não foi a flecha envenenada em seu calcanhar, foi a hybris em campo de batalha ou refrear seus impulsos diante de uma batalha homem a homem.
O terceiro herói que me ocorre, enquanto escrevo, vem das fábulas arturianas, uma miscelânia de lendas celtas,  romanas, anglo-saxãs e normandas, de carater pagão e cristão que se perde na origem e no tempo.  Como os primeiros textos sobre as lendas arturianas e o reino fictício de Camelot (ou Cameloot, anagrama notaricon de Malkut, o reino em hebraico) foi escrito em francês, e um heroi de orgiem franco-normanda recebia todo o destaque nessa edição: o cavaleiro da carruagem, o cavaleiro Branco Lancelot du Lac. Seus feitos e proesas ultrapassavam a descrição, sendo considerado por Arthur seu maior e mais valoroso dos cavaleiros da távola redonda, cuja missão era relembrar os feitos arturianos e ir à busca do cálice sagrado, ou Graal. Cobiçado pelas mulheres do reino e estrategicamente requisitado por Arthur, Lancelot foi acometido de um feitiço pagão que o fizera tomar decisões intempestivas, dentre elas o casamento mal fadado com a princesa de Listenoise, reino de Pellinore, seu pai e conseguinte, encontros furtivos com a rainha Guinevere, esposa do Rei Arthur, a quem Lancelot jurou fidelidade.
Não foi a traição o motivo da queda do herói mais valoroso da távola redonda, mas a hybris, neste caso insuflado pelos feitiços de Morgana Le fey, a quem se atribuí a morte de Merlin, feiticeiro e conselheiro do Rei e de gerar Mordred, filho de sua estratagema para tirar o poder real de Arthur. Por feitiçaria ou por orgulho insuflado, a queda é a destruição da virtude. Uma curiosidade sobre a influëncia do mito de Lancelot: sua imagem foi perpetuada no baralho de cartas figurando o Valete de espadas, centrado  no mito da famosa Escalibur, segundo algumas interpretações correntes, enquanto outras o atribui ao naipe de ouro, associando-o à Camelot, o Reino.
Mas, enfim, o que tem haver a hybris com o aikido? Essa pergunta está presente na condução de tarefas simples que usamos em nossos exercícios e nem sempre nos damos conta dela. Não é necessário aprender japonês ou virar samurai para perceber que a disciplina que o aikido transmite vai muito além da melhoria postural e da ausência de força bruta nos movimentos. O tai sabaki (movimentação corporal, tradução livre), por exemplo, transmite-nos a necessidade de conduzir nossos corpos e mentes para uma direção ou mudarmos nossa postura frente a conflitos desnecessários. Não cabe, no espaço da academia, exercitar algo parecido ao “shin sabaki” (tradução livre para movimentação do espírito), mas podemos evitar um preconceito acerca daquilo que não nos é interessante ou familiar. Agir de forma bruta frente aos problemas relacionais cotidianos, ignorar o impacto das diferenças como transformador cultural e social e apelar para soluções violentas quando existe lugar para uma conversação é como estar imerso na hybris e não ter parâmetros outros senão agir pela sobrevivência (do ego). Contudo, em hybris a queda é iminente e nenhum rolamento ou técnica para tal (ukemi) lhe será válido, pois o chão não está aos seus pés, o ego  insuflado distorce sua imagem e a queda elimina qualquer possibilidade de aparo. Compartilhamos da mesma condição humana: a imperfeição. Aprimoremos nossas técnicas e incorporemos seus ensinamentos na sutileza do manuseio com ego. Isto é um convite e uma tarefa heróica.

Leonardo Galvão é artista e tecnólogo, praticante de aikido a cerca de 3 anos.

Ai Inochi Sakurai

Origem

Sua origem é da casta dos Samurais. A data de seu nascimento é incerta, alguns pesquisadores datam seu nascimento por meados de 1583, na província de Mimasaka no Japão. Seu Pai era um Bushi e sua mãe uma Ninja Kunoichi.

Infância e Adolescencia

Sua infância foi complicada, criado no meio de duas castas opostas teve que aprender filosofias conflitantes. Uma educação dos Bushi e dos Shinobi. Ao chegar na fase adolescente Sakurai fez sua opção pela casta dos Shinobi trabalhando para a família de sua mãe durantes anos.

Adulta

Ao chegar na fase mais adulta por volta dos 30-35 anos deixou sua província para viver com os Monges Yamabushi. Descidido a aprender segredos de diversas áreas se especializou na área da vida e da mente. Quando voltou do isolamento com os Yamabushi, Ai Inochi Sakurai portava duas Tora-No-Maki, correspondente a VIDA e MENTE. Em sua fase adulta fez uma peregrinação por todo o Japão mandando Tegami (carta) a varias pessoas, falando sobre saúde, aconselhamento e sociedade.

Fase Negra

Como todos seres humanos Sakurai teve seu lado negro. Como especialista em assassinatos na adolescência, foi responsável por vários assassinatos em Kyoto e em Osaka. Lutou em Sekigahara pela colisão de Tokugawa e matou centenas de estrangeiros no Sakoku. Após perder uma luta para um desconhecido de sua terra natal foi morar junto aos Yamabushi.

Palavras de AI Inochi Sakurai

Algumas Citações de Ai Inochi Sakurai em suas Tegami.

“Viva como se fosse uma estrela a cortar o céu negro e busque o conhecimento como se fosse uma cerejeira centenária, cujas flores geram esplendor e admiração no mais frio homem como na mais quente mulher.”

“A Mente é base do Espírito e da Alma, assim como o corpo é sua morada.”

“Uma mente que não teme criar é uma mente bela e bem construída em sua infância”

“Um homem que não trabalha seu corpo não consegue trabalhar a mente pois um depende do outro para evoluir e ascender”.

“Os pés nos levam para o monte, os olhos contemplam o horizonte, a mente guarda toda a fascinação do momento em nossos corações”

“Os seres humanos são imperfeitos, problemáticos e confusos. Por isso admiro o ser que o criou pois soube fazer cada um diferente do outro, dando a todos nós a oportunidade se ser especial.”

“ Amar é escolha racional, nós escolhemos amar uma mulher por suas qualidades e sua beleza. O homem que diz que o coração o controla é fraco e futuramente um escravo da infidelidade. Pois amar, felicidade e benevolência, são ações que nascem em nossa vontade e se transforma em atos de sabedoria quando temos coragem de assumir as conseqüências.”

Existem vários fragmentos de Ai Inochi Sakurai, fragmentos que falam sobre muitas coisas desde Amor, passando pelo corpo humano e administração familiar até sobre táticas de guerra e assassinatos.

Hiragana e a literatura

A necessidade de expressar livremente os sentimentos do povo japonês impulsionou a escrita e a literatura da Era Heian, dominada pelas grandes mulheres
Por que surgiram os fonogramas hiragana e katakana?
Os japoneses não conheciam a escrita até ter os primeiros contatos com a cultura chinesa, por volta do século V. À medida que os japoneses foram dominando a escrita (kanji ou ideogramas), a língua e a literatura chinesas, eles começaram a sentir as limitações de se adotar essas formas de comunicação de um outro povo. Assim, para atender à necessidade de expressar livremente os sentimentos do povo japonês por escrito, foram criados os fonogramas hiragana e katakana, elaborados a partir do kanji.


Origem de Man’yôgana
Durante muito tempo, os japoneses liam os kanji à moda chinesa e tentavam entender o significado de cada letra, já que os kanji são ideogramas, ou seja, a transcrição da idéia e não do som, como é o caso da maioria das letras existentes. Pouco a pouco, os japoneses passaram a escolher a palavra adequada para cada kanji e lê-lo à moda japonesa. Por exemplo, o kanji que significa inverno é , sendo a leitura chinesa “dong”; porém, como em japonês inverno se diz “fuyu”, o kanji passou a ser lido “fuyu” também.

À medida que as palavras japonesas também foram filtradas e unificadas, os japoneses tiveram a idéia de transcrevê-las aproveitando apenas o som, ou seja, a sua leitura, desprezando a idéia ou o significado do kanji. Por exemplo, “hana” (flor – ) passou a se escrever também , já que tem a leitura “ha” e , a leitura “na”. Esses ideogramas (kanji) empregados apenas como fonogramas receberam o nome de man’yôgana, já que foram utilizados na transcrição dos poemas japoneses reunidos na antologia intitulada Man’yôshu.


Criação do hiragana
A caligrafia empregada deixou de ser letras de traços retos e definidos, adotando o estilo cursivo, o chamado sôsho-tai, criado na China. Porém, no Japão, o estilo foi adquirindo características próprias, “simplificando” de tal forma os kanji a ponto de ficarem bem diferentes das letras originais. Desse estilo cursivo “simplificado”, nasceu o hiragana. Assim, o hiragana é um conjunto de letras mais curvilíneas.


Criação do katakana
Assim como o hiragana, o katakana também foi criado a partir dos kanji, mas possui características diferentes. O katakana surgiu como sinais gráficos para auxiliar na leitura de textos chineses, ou ainda, para serem inseridos nos poemas ou textos em estilo chinês, a fim de facilitar sua leitura e compreensão. Essas “letras complementares” ofereceram aos japoneses uma maior expressividade, já que podiam escrever com maior desenvoltura até diferenças delicadas e nuanças dos sentimentos.

O katakana foi criado com base em uma parte dos kanji, por isso seus traços são mais retos e rígidos.

O uso tanto do hiragana como do katakana consolidou-se no início do século X, em meados da Era Heian, e são empregados até os dias de hoje, concomitantemente com os kanji.


A literatura em kana = literatura da nobreza
Após a criação dos fonogramas kana, a literatura entre os nobres conheceu o seu apogeu, constituindo a era áurea dos waka – poemas japoneses. Esses poemas que enaltecem a natureza, as diferentes facetas das quatro estações e os elementos da natureza foram criados graças à existência dos kana. O modo de expressão dos poemas contribuiu muito na formação da consciência estética dos japoneses. Nos palácios do imperador e dos nobres, as reuniões para compor e apreciar os poemas tornaram-se cada vez mais freqüentes, deixando de ser apenas um simples passatempo das mulheres. Saber compor poemas tornou-se um importante requisito para manter um convívio social entre os nobres da corte. A falta de interesse pela política ocorreu na mesma proporção em que se ampliou o círculo literário da nobreza.


Obras clássicas
O Tosa nikki (Diário de Tosa) foi escrito por volta do ano 934, por Ki-no-Tsurayuki e incentivou muitas mulheres a escreverem diários, estimulando a criação de muitas literaturas do gênero.

Genji-Monogatari (Contos de Genji), escrito por Murasaki-Shikibu, por volta do ano 1001, é conhecido como uma obra literária clássica de maior volume. Descreve a elegante e requintada vida da corte, os sentimentos do personagem principal, Hikaru Genji, em relação às mulheres com quem se envolve e as intrigas pelo poder. Não se trata de uma simples ficção, mas se observa a preocupação de descrever os usos e costumes, assim como os pensamentos da Era Heian.

Makura-no-sôshi é uma crônica escrita por Sei-Shônagon sobre a vida na corte, que descreve de forma vivaz, com sensibilidade aguçada e com genialidade, os hábitos do cotidiano da corte.

Kokin Waka-shû é uma antologia de 20 volumes que reúne 1.100 poemas compilada por ordem imperial (chokusen-shû), datada do ano de 905.


Rivalidade entre duas literatas
Tanto a autora de Genji-Monogatari, Murasaki-Shikibu, como a de Makura-no-sôshi, Sei-Shônagon, pertenciam à classe média da nobreza e serviram à família imperial na mesma época. Foram duas mulheres que lideraram as tertúlias realizadas na corte. Sei-Shônagon possuía gênio forte, fazendo questão de exibir o seu talento. Murasaki-Shikibu, uma mulher mais recatada e retraída, escreveu críticas severas em relação a essa atitude “exibicionista” de Sei-Shônagon em seu diário.

Por serem os poemas a forma de literatura mais valorizada na Era Heian, as obras dessas duas mulheres, mesmo conquistando muitos leitores, ficaram relegadas a um segundo plano, encaradas como um passatempo de mulheres da corte. Ainda assim, a literatura da Era Heian floresceu graças às grandes mulheres.

O aikido em minha vida

Por Walter Amorim Sensei

Quando recebi a missão de escrever sobre como aikido mudou a minha vida, a minha maior preocupação não era de o que escrever, o tempo que arrumaria para fazê-lo. Pois tanta coisa tem ocorrido e minha agenda está tão cheia nesse ano que essa era minha preocupação.  Escrever sobre o aikido não é mais uma coisa difícil, pois está entranhado tão fortemente na minha vida que falar sobre ele é natural. Quem me conhece ou pede para falar sobre o aikido sabe. O problema talvez seja parar (risos)

Acho isso natural: Esse ano completo em março 20 anos de prática. Quando penso no aikido, o entusiasmo toma conta. Viro pregador. (Mais abaixo falo sobre esse problema). Então naturalmente posso falar. Esse entusiasmo deve ser o caminho de quem se dedica 20 anos a uma atividade desse tipo.

Em todos estes anos de experiência posso testemunhar muitas coisas certas sobre o aikido em minha vida.  O aikido tem a vantagem de poder ser dosado de acordo com as necessidades do praticante. Entretanto muita disciplina é necessária para avançarmos aos poucos, e dentro de nossos limites, pois também tem uma parte de cobrança física, à medida que nos aventuramos em exercícios mais avançados. Podemos encará-los ou não, é certo. Muitos praticantes começam em idade mais avançada, e em outras artes poderiam estar naquela idade já parando. No aikido existe essa vantagem, de poder iniciar em idades diversas, e ele nos remoçar por dentro. Mas é certo que, à medida que avançamos, vamos vendo nossos limites diminuírem como não esperávamos, mas temos que ter calma e evitar a precipitação.

Quando eu comecei aikido em 1990, eu estava procurando algo que não sabia ainda bem o que era. Que faltava em minhas aulas de karate.. O karate é maravilhoso e até hoje é uma excelente referencia. Mas eu não queria exatamente o lado competitivo, e apesar de, após a insistência de meu professor, ter me dado bem em um campeonato e nas competições internas no dojo, não era isso que procurava. Meu professor foi técnico da equipe carioca e posteriormente da brasileira de karate. Ele devia acreditar em meu potencial, e por isso, em retorno a sua dedicação para conosco, eu fui ao campeonato. Aí logo naquela época começaram a aparece aquele estilo wuku, voltado só para competição (marcação de pontos) e de efetividade e forma praticamente nenhuma. Foi a gota d’agua para desanimar. Com o lado competitivo. Não fui o único, pois posteriormente gerou uma cisão no shotokan, estilo que praticava. Mas o que me incomodava era que queria algo que, como disse, não sabia exatamente o que era. E que encontraria no aikido. O karate explorava um pouco do lado filosófico e espiritual, mas queria mais. E que pudesse a arte marcial moldar mais minhas reações frente ao mundo, ou seja, me preparar melhor para ele. Fiquei mas um tempo, mas por força de umas contusões dei uma meia parada de 1 ou 2 meses nas artes marciais. Aí surgiu por coincidência o aikido..

Já havia lido sobre ele e achei interessante, mas achei que esse tipo de arte não teria no Rio ( a grande Meca sempre foi São Paulo por causa  da migração oriental por lá)e em uma conversa com um amigo do trabalho naquele período de recesso estava falando que queria conhecer outras artes, talvez mudar um pouco. E ele me falou: “Por que não faz aikido? Estou fazendo um curso sobre budismo e o professor, que é monge budista, falou muito bem do aikido. Ele mesmo é faixa preta.” Disse que gostaria sim de conhecer, mas que ele deve ter aprendido em São Paulo e que aqui não tinha no Rio. Aí ele disse que tinha sim, tinha quase certeza. E que o professor dele sabia onde era. Sempre foi o problema doA ikido: Devido a ausência de competições a sua divulgação era pequena. Já estava desde 1963 no Rio e quase que desconhecido.  Hoje graças a Internet isso não ocorre. Eu mesmo acho que sou um grande divulgador. Voltando: Fui no curso de budismo pegar informações. O rapaz me recebeu muito bem e comecei na academia que me indicou.

Tinha visto e conhecia várias artes marciais e quando assisti não consegui entender muitas coisas do aikido. Comecei para conseguir pelo menos entender, pois como praticante de artes marciais por 5 anos no karate tinha perseverança.. Depois de 20 anos entendi tudo o que queria naquela época. Só que busquei outras coisas que quero assimilar mais e continuo mantendo aquele meu sentimento de que muito se tem a aprender.

O aikido, mas do que muitas artes possam propiciar no ocidente, te dá benefícios enormes. O que toda arte marcial, para ser arte marcial, deve dar. Justamente ela, que não tem competição.  De certa forma facilita.. Por não ter competição você fica atento e buscando todo o tempo os outros ganhos da arte marcial. Quando você tem competição ela ofusca um pouco os outros lados, os outros objetivos.  A idéia do  Aikido apresentar mais opções, do que lutar ou fugir também me atraiu. Eu particularmente gostei do controle da situação e do atacante. Não é preciso socar o nariz de alguém para controlá-lo.  Muitas vezes(quase sempre) gera mais conflito. O Aikido te dá à tranqüilidade de controlar a situação tanto mentalmente, como tecnicamente.  E mesmo se não se evitar o conflito e executando uma técnica pode-se evitar a agressão sem gerar mais conflito.

Mais ao longo deste tempo vi que o aikido exige perseverança pessoal e do grupo que resolve praticá-lo. Muitos são os obstáculos. Um deles é o local: Se você estiver em um local onde pode vivenciar a arte marcial em toda a sua completeza e ter tempo e orientação para desenvolver completamente, é ótimo. Entretanto, na nossa vida ocidental, muitas vezes a aula de uma arte marcial está encaixada em um pequeno local, no meio de uma grade de uma academia onde figuram diversas outras atividades. Comumente essas artes marciais ficam convivendo em meio a um barulho ensurdecedor de uma aula de “power lambo aerobic de verão” e somente pelo lado esportivo podem sobreviver. Nesses momento são lutas, ou esportes alternativos apenas, e atividades de academia. Deixam de ser arte marcial. Dificilmente estes locais podem moldar artistas marciais sem apoio. Sem outro local, outro campo onde possa se melhor explorado o caminho. Por isso o  aikido,  é o que tem mais dificuldade de se adaptar nesse locais. Possível é. Mas difícil. Arte marcial exige concentração e dedicação. Por isso os verdadeiros dojos são os melhores lugares. Ou as academias somente de arte marcial ou lutas. Espaços em academias são, para mim, transitórios ou auxiliares de outro local mais adequado. A não ser que tenham certo distanciamento próprio do caminho da arte marcial.

Outro obstáculo é termos adequadas referencias. Meus primeiros contatos, salvo exceções, foram excelentes referencias para conhecer e viver a arte em sua plenitude. Mas outros também serviram de exemplos do que não fazer. Principalmente como Sensei e difusor da arte.

Após o local e professor(es) adequados, acredito que a junção da dedicação, disciplina, vontade e estudo são os itens que irão sempre conduzir ao crescimento marcial.

Como beneficio o aikido me trouxe mais flexibilidade e determinação.  Assim como no aikido nada é rígido e enxergamos as portas por onde passar na execução das técnicas, o aikido vai te dando essa possibilidade de executar isso na vida, e continuar a caminhar sempre em sua evolução pessoal. Essa atitude me ajudou a responder aos argumentos com a minha mulher, os ataques do meu ex-chefe, e birras dos meus 3 anos de idade, dizendo: “Eu entendo que você está frustrados por … “(que estabelece a ligação)” … agora por favor ouvir o meu ponto de vista “.

No dojô freqüentemente falamos de experiências positivas em nosso dia-a-dia, em confrontos no trabalho, conflitos familiares e etc., sobre como a prática do Aikidô nos ajuda a encarar e vencer nossas dificuldades.

Quem não pratica Aikidô, ou outras linhas de Budô, tem duas dificuldades quando falamos sobre o aikido:  (1) podem interpretar como uma espécie de pregação e (2) só quem “sofre” e aprende com os treinos pode ter uma noção mais exata do que se trata aqui.  Praticantes de artes marciais, Ioga e outras atividades ligadas ao descobrimento pessoal, por exemplo, costumam passar por “pregadores”, em função do entusiasmo que transmitem ao discursar sobre o tema.  Acontece que a dificuldade, a exigência para se atingir ou chegar o mais próximo possível da perfeição, o cansaço da busca, a noção da linha fina que separa a vida e a morte, tudo o que é vivido no calor dos treinos ou na consciência da respiração de uma atividade como yoga não pode ser transmitido em um texto.

Minha própria experiência, entretanto, não restringe às artes marciais essa possibilidade de aguçar nossos sentidos.  Qualquer esporte praticado com dedicação pode também abrir essa possibilidade e mesmo outras práticas aparentemente não tão obvias deste esclarecimento (pelo menos para o pensamento ocidental), como jardinagem ou pintura. A diferença, para mim, está no foco que uma arte como o Aikidô tem justamente nesse tema.  Nas atividades e  esportes em geral essa certa “iluminação” se dá de forma mais sutil e como resultado secundário associado ainda ao comportamento do indivíduo (ninguém procura correr para atingir a iluminação, mas é impossível? Sempre que se olhar para dentro de si mesmo não será..). Nas artes marciais (naquelas que preservam e buscam ser artes marciais no sentido expresso) ela é uma conseqüência direta do que implicam os treinos e a verdadeira evolução na arte e não pode acontecer sem isso.

Além do aspecto do auto-conhecimento, há o do auto-controle diante das situações de estresse, pressão, medo.  Nos dois casos há uma ligação estreita, cabal, com a prática do Aikidô.

Isso é evidente para quem pratica, particularmente quando nos lembramos do controle da respiração durante o katá, acentuadamente no jiu waza  ou, dramaticamente, no Randori , diante de vários “oponentes” atacando de todas as direções, sob fortíssima pressão, exercitando a prática de não ser morto ou abatido.

Para quem duvida, aceite meu convite para experimentar!  O único detalhe é que a exigência de uma vida.  Alguns treinos ou mesmo apenas alguns meses, definitivamente não serão suficientes.  Venha preparado para um longo e muito agradável caminho, o “do”, de Aikidô.

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Só de passagem…

Conta-se que no século passado, um turista americano foi à cidade do Cairo no Egito, com o objetivo de visitar um famoso sábio.
O turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples e cheio de livros. As únicas peças de mobília eram uma cama, uma mesa e um banco.
– Onde estão seus móveis? Perguntou o turista.

E o sábio, bem depressa olhou ao seu redor e perguntou também:

– E onde estão os seus…?
– Os meus?! Surpreendeu-se o turista.
– Mas estou aqui só de passagem!
– Eu também… – concluiu o sábio.

“A vida na Terra é somente uma passagem… No entanto, alguns vivem como se fossem ficar aqui eternamente, e se esquecem de ser felizes.”

“NÃO SOMOS SERES HUMANOS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL… SOMOS SERES ESPIRITUAIS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA HUMANA…”