Yudanshakai – Fevereiro de 2010: Algo diferente

Seguindo o caminho
Seguindo o caminho

Sábado passado foi um Yudanshakai diferente na academia central. O primeiro sem a presença de nosso mestre Kawai. Física pelo menos.  

Antes do treino
Antes do treino

 

 

 

Tivemos uma breve reunião com Ono Shihan logo após e, como se esperava, as palavras-chave foram: Continuidade e gratidão. A tarde houve a missa de 1 mês da passagem de Kawai Shihan. Conseguimos ainda tempo de antes de voltar ao Rio, participamos da bonita, embora triste, cerimônia.

Descanse em Paz Mestre e pode contar com nosso empenho para manter seu legado.  Sempre  soubemos de sua forte influencia sobre nós, mas agora que não podemos olhar diretamente para ele vemos como é diferente. E ao mesmo tempo todos sentiram que conseguirão continuar, com certeza, a caminhada inspirados por ele.  Por sua vibração.  Gai Ju Nai Go

 

 

 

No fio da espada

Um estrito código de honra, disciplina ferrenha, serenidade diante da morte. Com você, os samurais e a sua fascinante história.

kobayashi heihachiro

por Karen Gimenez ( artigo revista superinteressante – Jan 2002)

Domingo, 6h30. Enquanto as crianças da idade dele ainda estão sob as cobertas sonhando com as Meninas Superpoderosas, o pequeno Daniel Yamamoto, de 7 anos, já está pronto para enfrentar duas horas de muita disciplina, manuseando seu shinai, uma espada de madeira, com a cabeça escondida sob o men, um elmo feito de resina e metal, e com o corpo envolvido pelo do, uma couraça de bambu. Daniel maneja seu shinai em meio a um grupo de pessoas pelo menos 15 anos mais velhas que ele, em São Paulo. Ele é o mais jovem praticante brasileiro do kendô, arte marcial cuja origem remonta aos duelos medievais japoneses. As razões da sua disciplina extrapolam o gosto que ele possa ter pela prática. Daniel é descendente direto da linhagem Yamamoto, samurais que fizeram história na cidade de Akita, situada no norte do Japão.

Esta ilustração acima de yoshitoshi tsukioka, de 1889, representa o samurai kobayashi heihachiro defendendo seu mestre de 47 ronins, em luta que teria acontecido em 1703.

Para entender como o sangue de samurai pode ainda pulsar nas veias de um garoto brasileiro rodeado de videogames e das facilidades do mundo moderno é preciso voltar pelo menos 1 000 anos e mergulhar na Idade Média japonesa. O termo samurai, que significa “aquele que serve”, começou a ganhar importância no Japão por volta do ano 1 100. O Japão medieval, um país agrícola e isolado do resto do mundo, estava dividido em propriedades rurais. As disputas envolvendo a demarcação das terras e as brigas pelo poder aconteciam no dia-a-dia. O governo central era distante e a figura do imperador, mais divina que política. Como resultado, os donos de terra – os daimyô – acabaram criando exércitos particulares para defender seus domínios ou para empreender ataques às terras alheias. Esses pequenos exércitos particulares eram formados por samurais, guerreiros forjados na arte da luta de espadas.

Além de proteger os feudos – chamados de han –, eles garantiam a ordem interna e deliberavam sobre algumas questões administrativas.

Nessa mesma época, no início do século XII, duas novas religiões – o zen budismo e o confucionismo – chegaram ao Japão e se misturaram ao xintoísmo, o credo original japonês. Os princípios do budismo e a filosofia de Confúcio começaram a influenciar o modo de vida japonês. Essa fusão de doutrinas foi fundamental na formação filosófica e espiritual dos samurais. “O xintoísmo pregava o amor à pátria e à família, o budismo propunha a auto-análise e a busca do caminho do meio e o confucionismo estabelecia os padrões de vida em sociedade”, diz Tadashi Tamaki, presidente da Confederação Brasileira de Kendô. O Bushidô, código de ética seguido pelos samurais. bebe nessa tríade filosófica. “O xintoísmo e o budismo se fundiram de tal forma que dividiam espaço no mesmo templo.

Até hoje é possível encontrar, no Japão, alguns templos com imagens e símbolos das duas crenças”, diz Leiko Gotoda, tradutora para o português de Musashi, romance sobre a vida do samurai homônimo , o mais famoso do Japão, lançado em 1999 no Brasil.

Apesar de seguirem as mesmas regras básicas, havia diferenças no estilo de luta entre os samurais de um feudo e outro – e até mesmo entre grupos dentro do mesmo feudo. Essas dessemelhanças acabaram gerando diferentes clãs de samurais. Se algum guerreiro de destaque desenvolvesse particularidades no seu estilo, ele fundava uma casa de samurais com o nome da sua família. Filho de samurai tinha que ser samurai – a sociedade japonesa era dividida em castas. Quem não nascia samurai podia tentar se tornar um, trabalhando como ordenança para os clãs em troca de um longo e árduo aprendizado.

Ao longo dos anos, os samurais foram ganhando espaço e importância e começaram a se aproximar da corte imperial. Até que, em 1192, o samurai Yoritomo Minamoto tornou-se o primeiro xogun – que significa “general” –, um militar escolhido para cuidar da administração e da segurança do país. Inicia-se aí o período dos Xogunatos, que manteria o Japão por mais de 700 anos sob o comando de três clãs. O cargo de xogun era vitalício e hereditário e podia ser conquistado pela força, desde que o imperador aprovasse a família vencedora.

Nesse período, a casta dos samurais passou a ocupar o topo da hierarquia social no país, embora não fosse a mais rica. Havia poucos samurais abastados. Eles eram reconhecidos na rua por portarem duas espadas presas ao obi, a faixa que segurava o kimono. A mais longa, katana, tinha uma lâmina com 80 centímetros de comprimento e era usada para lutas em locais amplos. A menor, vakisashi, media entre 50 e 60 centímetros, conforme a estatura do samurai, e servia para lutas em espaços fechados. Mas a regra nem sempre se cumpria.

O período dos Xogunatos foi marcado por conflitos sangrentos. O objetivo do governo central, representado pelo xogun, era unificar o país. O dos daimyô era defender a sua independência em relação ao xogun. A maior batalha foi, provavelmente, a de Sekigahara, em 1600. Em seis horas de confronto, morreram 35 000 homens só do lado derrotado. Pode não parecer um grande número para quem vive em uma era como a nossa, em que o assassinato em massa é um recurso cada vez mais acessível a qualquer imbecil. Mas é uma formidável carnificina para um tempo em que as lutas aconteciam homem a homem, olho no olho, lâmina contra lâmina.

Esta ilustração de taiso yoshitoshi, de 1885, representa o samurai soga goro cavalgando em busca do irmão , que ele pressentira estar em perigo.

A relação dos samurais com a morte merece uma análise à parte. Para eles, matar e morrer era tão corriqueiro quanto comer uma tigela de arroz. Eles estavam preparados para batalhas e duelos 24 horas por dia. O jornalista José Yamashiro afirma, em seu livro A História dos Samurais, que, na hora de lutar para defender o seu daimyô, “a vida do samurai era menos valiosa que a pena de uma ave”. Segundo o sociólogo Benedicto Ferri, autor de Japão, a Harmonia dos Contrários, um estudo sobre o modo de vida e o pensamento japoneses, “essa tranqüilidade diante do fim da vida, um momento tão temido pelos ocidentais, vem do Bushidô”.

Desde que tinham a idade do pequeno Daniel, os samurais absorviam os conceitos budistas da impermanência e da reencarnação. Acreditando desde cedo que a morte não é o fim, mas apenas uma porta de passagem para uma nova fase da existência – que poderia ser atravessada a qualquer momento –, ficava mais simples encarar com galhardia o próprio fim.

Os padrões de conduta expressos no Bushidô também contribuíam para essa visão da morte como um evento natural. O código de honra dos samurais pedia motivos justos para que a morte acontecesse. Exigia que o momento derradeiro fosse vivido com honradez. E assegurava que não havia honra maior para um samurai que morrer defendendo o seu senhor ou a sua própria reputação. A familiaridade com a morte e a sua aceitação eram tão grandes que um samurai preferia se matar a ser preso pelo inimigo. O ritual do seppuku – também conhecido como harakiri –, tornava-se mandatório quando o samurai cometia uma falha que manchasse o seu caráter. O Bushidô ensinava que a desonra é um mal que nunca cicatriza. O ritual era levado a cabo tanto para expiar um ato pessoal ou familiar vergonhoso quanto para que o samurai não servisse a mais ninguém quando o seu senhor morresse – a lealdade era um conceito caro aos guerreiros. O suicídio era tão litúrgico quanto a conduta em vida.

Realizava-se o seppuku com uma adaga. Ajoelhado, o samurai perfurava o próprio ventre e dilacerava-o em forma de L ou de cruz até as vísceras ficarem expostas. A exposição das vísceras simbolizava que ele estava mostrando a sua verdade, oferecendo o seu interior para ser purificado. Era uma morte extremamente dolorosa. Por isso, assim que as vísceras saíam do abdôme, outro samurai, escolhido pelo suicida, decepava-lhe a cabeça, como um golpe de misericórdia.

A retidão e a preocupação em unificar a formação espiritual e a habilidade com a espada dos samurais acontecia de forma distinta entre os guerreiros ninja . De toda forma, o padrão de conduta dos samurais foi reforçado no terceiro Xogunato, conhecido como Era Tokugawa, quando o Japão foi finalmente unificado. Ali os samurais viveram o seu auge e também a sua derrocada. Valorizados pelo desempenho nas batalhas de unificação, eles consolidaram a imagem de heróis valorosos e destemidos. Ao mesmo tempo, com as reformas administrativas e o início da pacificação no país, a maioria deles perdeu o emprego. O que se viu foi uma grande quantidade de samurais peregrinando pelo país, à procura de um novo senhor ou então trabalhando temporariamente para diferentes senhores. Eram os chamados ronins. Sem recursos financeiros, vários clãs se desfizeram. Alguns guerreiros foram fazer outra coisa: trabalharam na reforma dos castelos, viraram calígrafos, escultores, mestres da cerimônia do chá.

Outros continuaram investindo na arte de guerra. Houve um crescimento dos duelos e, com a ausência de guerras, eles se acentuaram. Isso porque uma das formas de aperfeiçoar a própria arte, era desafiando componentes de outro clã. Funcionava assim: o samurai queria chamar a atenção de algum senhor. Então, chegava em um local onde havia uma casa famosa de artes marciais e desafiava seu líder para um duelo quase sempre mortal. Quem decidia se o perdedor ia morrer ou não era o vencedor. Ao vencer, o samurai começava a ganhar fama pelo país. Mas isso implicava em outro problema. O descendente direto da casa desafiada sentia a honra da sua família ofendida com o duelo perdido e desafiava o vencedor, criando assim uma seqüência praticamente interminável de duelos entre famílias e linhagens. Em não muito tempo, os duelos foram severamente reprimidos pelo governo central. Sem guerras e sem poder duelar, os samurais começaram a escassear.

A Era Tokugawa e o Xogunato acabaram em 1868, com a concentração do poder na família imperial e a abertura do Japão para o resto do mundo. Enquanto o país se modernizava rapidamente, alguns hábitos se pulverizavam. Tanto que o poderoso xogun Tokugawa, ao ser derrotado, não praticou o seppuku para defender a própria honra. Pediu clemência e ganhou asilo em uma pequena província onde se dedicou ao artesanato e à produção de bicicletas.

Com a abertura dos portos, começou a entrar no Japão uma grande quantidade de armas de fogo. O governo, já instalado em Tóquio, organizou um exército nacional institucionalizado. A espada já não tinha mais utilidade como arma de guerra. Nem os samurais tinham mais espaço como guerreiros. No início do século XX, eclodiram revoltas regionais de samurais, que viam sua classe ameaçada. Até que o governo declarou o fim da casta e proibiu que as pessoas andassem com espadas na rua.

Várias dessas espadas foram destruídas e outras, guardadas como objetos de adoração. Pouco mais de meio século depois, a tradição dos samurais sofreu novo e duro golpe. Com a derrota do Japão na Segunda Guerra e a dominação americana, todas as armas do país foram confiscadas, inclusive as espadas de samurais que vinham sendo passadas de geração em geração durante séculos. Na década de 60, parte dessas espadas foram devolvidas às famílias. A maioria, no entanto, acabou sendo destruída.

A espada de Daniel, o jovem descendente de samurais, está guardada em Akita, sob os cuidados do avô. “Não havia motivo para trazê-la ao Brasil pois, antes do nascimento de Daniel, éramos quatro mulheres da família morando no país”, diz Yoshiko Yamamoto, tia do garoto. (E mulheres, seguindo um tipo de discriminação comum na cultura japonesa, não podem ser samurais.) Daniel garante que, quando crescer, vai ao Japão buscar a relíquia que lhe pertence. Palavra de samurai.

Musashi, o maior de todos

Miyamoto Musashi (1584-1645) é o mais famoso samurai da história. Morreu há mais de três séculos e sua trajetória ainda é motivo de debates entre historiadores japoneses. Alguns o consideram um grande herói. Outros, um dos homens mais covardes que já nasceram no Japão. Sua história originou mais de uma dúzia de filmes e sua biografia romanceada foi lançada nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, os dois volumes da obra, totalizando 1 800 páginas, já venderam 72 000 exemplares. “Musashi, durante a maior parte da sua vida, buscou a integração perfeita entre a arte da luta e o engrandecimento espiritual”, diz Leiko Gotoda, que trabalhou dez anos, por iniciativa própria, na tradução para o português da história do samurai. A saga mostra um exímio espadachim que aprendeu a arte da luta com sabres praticamente por conta própria. E que criou o estilo de lutar com duas espadas ao mesmo tempo.

Musashi participou da histórica batalha de Sekigahara e peregrinou mais de 30 anos pelo Japão vencendo duelos em busca da perfeita harmonia entre sua alma e sua espada. Musashi gera polêmica entre os japoneses por dois motivos. Um deles, a “sua falta de asseio”, diz Leiko. “Como ele nunca largava as espadas dizem que dificilmente trocava de roupa ou tomava banho.” E a higiene fazia parte da ética do samurai. Outro fato que condenaria Musashi é o famoso duelo do Pinheiro Solitário, quando ele matou o garoto Genjiro. Musashi havia desafiado Seijuro, o primogênito da casa Yoshioka, um famoso clã de samurais, que matara seu pai. Venceu o primeiro duelo, decepando o braço do desafiado. Com a honra da casa ofendida, um irmão de Seijuro desafiou Musashi. Perdeu o duelo e a vida. Ainda mais desonrada, a família Yoshioka desafiou Musashi para mais um duelo com o último herdeiro do clã, Genjiro, que era apenas um aprendiz de 13 anos. Alguns estudiosos japoneses acreditam que Musashi não agiu de acordo com o Bushidô.

Afirmam que ele deveria ter poupado a vida do garoto. Ou então, lutado, vencido e realizado o seppuku – suicídio com a própria lâmina – por tirar a vida de uma criança. Outros acham apenas que Musashi seguiu a tradição dos samurais ao aceitar o terceiro desafio contra o clã dos Yoshioka. Alguns métodos de Musashi, contestados na época, hoje são considerados sofisticadas estratégias de luta, como se atrasar para os duelos deixando o inimigo irritado e usar elementos da natureza a seu favor, cegando o oponente durante a luta ao colocá-lo de frente para o sol, por exemplo. Recolhido a uma caverna para meditação, já perto do fim da vida, Musashi escreveu o Livro dos Cinco Anéis, com estratégias sobre como enfrentar o inimigo. Esse livro é usado atualmente em escolas de Administração no mundo todo para ensinar táticas de competição empresarial.

A obra dá conselhos sobre como controlar o tempo que vai durar a batalha, ver o que ninguém consegue enxergar, não tomar atitudes inúteis ao objetivo, estudar todos os caminhos possíveis e apurar a intuição.

O caminho da espada

No Japão feudal, a espada era cultuada como uma divindade. Sua forja levava meses e cumpria um minucioso ritual. Cada artesão responsável pela fabricação das lâminas assinava seu nome no cabo da espada. Eram trabalhos tão personalizados que reconhecia-se um sabre pelo estilo do forjador, como se reconhece um quadro ou uma escultura. Ao iniciar a confecção de uma espada, o artesão fechava o ateliê com uma corda de palha de arroz para afugentar os maus espíritos. Durante a forja, ele se abstinha de álcool e do contato com as mulheres.

Utilizava-se o minério de ferro, recolhido nas margens dos rios, como matéria-prima. Num primeiro momento, ele era misturado a folhas de pinheiro e fundido em placas, em fornos artesanais. Na verdade, obedecia-se a uma seqüência de processos de fundição que podiam durar semanas e que eram levados a cabo até o metal chegar ao ponto ideal para o início da confecção da lâmina. Considerava-se todo o processo como algo místico. A lâmina, um sanduíche de cinco camadas de metal, tinha a parte interna mais flexível, para facilitar o movimento,e o gume mais rígido, para apurar o corte. Prontas as lâminas, a espada ganhava um cabo de madeira nobre e muito leve, revestido com couro de arraia ou tubarão, cravejado de pedras preciosas e com desenhos feitos em ouro e prata. Cada espada tinha uma forma única e, apesar de todo o material empregado, era leve: pesava entre 1 e 2 quilos.

A busca de uma morte honrosa

O Bushidô, o código de ética dos samurais, tinha, para os guerreiros, mais força que as leis do Japão. Não é possível determinar o ponto exato no espaço e no tempo em que ele surgiu. O fato é que o Bushidô se espalhou por todo o país. Transmitido oralmente, todos os clãs de samurais o seguiam à risca. Para o Bushidô, o objetivo da vida de um samurai era uma morte honrosa. O espírito de um guerreiro valoroso tinha de estar constantemente preparado para morrer. Por isso, era preciso viver cada momento como se fosse o último. Tudo tinha de ser feito com o máximo empenho. E a morte deveria ter um significado, não podia ser inútil. O resultado é que os samurais ficaram conhecidos por jamais vacilarem diante do fim, nem mesmo nos momentos de maior perigo nos campos de batalha. Um samurai, rezava o Bushidô, devia estar preparado para vencer o inimigo sozinho, mesmo que esse fosse numeroso e as chances de vencê-lo fossem mínimas.

seppuku

Ao receber um golpe mortal, dizia o Bushidô, o samurai não podia cair de bruços, em posição desonrosa, dando as costas para o inimigo. A posição do cadáver era uma questão de honra para o samurai. Ele deveria encarar o inimigo de frente, mesmo morto. O samurai, segundo o Bushidô, deveria basear sua vida ainda pelos seguintes preceitos: justiça, gratidão, coragem, compaixão, cortesia, sinceridade, honra e lealdade.

Esta ilustração ao lado de taiso yoshitoshi, de 1868, representa o samurai reisei takatoyo realizando o seppuku – suicídio com a própria espada.

A arte da camuflagem

Os ninjas representam uma parte importante da história do Japão, apesar de a semente da sua arte estar na Índia. Enquanto o samurai fazia parte de um exército, o ninja operava como um espião.

Era o anti-herói, aquele que aceitava o trabalho sujo por ser perito na arte da camuflagem e por resistir às condições mais adversas. A palavra ninja significa “pessoa resistente”. O período áureo dos ninjas foi a época de disputas acirradas entre os senhores feudais, antes da unificação do país – quando eles passaram a ser utilizados para espionar os estrangeiros que chegavam ao Japão. O domínio que os ninjas tinham sobre seu corpo e sua mente era tido como sobre-humano. Treinados desde criança, diz-se que conseguiam até controlar os batimentos cardíacos.

O lema dos ninjas era “jamais subestimar o inimigo, nunca vacilar em batalha nem temer o oponente”. Seu método era tornar-se invisíveis. Um bom ninja se infiltrava em território inimigo, descobria informações secretas, matava o rival e ainda semeava a discórdia. Diferentemente dos samurais, havia mulheres entre os ninjas. Além do manejo das armas, elas dominavam os segredos da sedução e realizavam seus intentos durante encontros amorosos. No cinema, a marca registrada do ninja é o traje negro. Esse era apenas um de seus disfarces. Mas os ninjas também se escondiam em árvores, subiam em paredes com extraordinária facilidade e ficavam horas imersos na água, graças a uma técnica que inventaram: a da respiração utilizando um pedaço de bambu.

O surgimento dos samurais

Confrontos e revoltas históricas marcaram o surgimento de uma nova classe social: a dos samurais

A Era Heian marcou o surgimento e a ascensão dos samurais e de seus principais clãs, que entraram para a história do arquipélago com suas lutas e revoltas, episódios nos quais eles mediram forças na luta pelo poder. Essa nova classe passou a integrar a estrutura social da época ao lado da nobreza tradicional.

Surgimento da classe dos bushi (samurai)

Enquanto a nobreza, liderada pela família Fujiwara, levava uma vida de muito luxo e requinte, os senhores rurais, donos de shôen, foram aumentando o seu poder de combate treinando guerreiros primeiro para proteger suas terras da invasão alheia, depois para conquistar novas terras. Esses senhores rurais se tornaram funcionários de kokushi (espécie de governador), administradores rurais ou guardiães das terras, recebendo títulos de nobreza ínfima. Eles passaram a liderar grupos de guerreiros, ou seja, de bushi, que nutriam grande admiração pela vida luxuosa da capital. Assim, os nobres enviados ao interior como kokushi pela corte Yamato recebiam tratamento especial, extremamente respeitoso.

Dessa forma, entre os nobres mandados para o interior como kokushi, surgiram aqueles que preferiram permanecer no campo, mesmo após o término do seu mandato, já que não havia perspectiva de uma vida melhor na capital. Alguns nobres que optaram pela vida rural formavam seus grupos de bushi (samurai), formando tropas de combate e tornando-se seus líderes, iniciando, dessa forma, a criação dos clãs.

A Revolta de Masakado

Em 939, Taira-no-Masakado reuniu os bushi insatisfeitos com os enviados da corte que governavam as suas regiões e voltou-se contra o poder da capital. Declarou-se imperador e iniciou a revolta contra os nobres da capital, atribuindo poderes aos bushi, seus seguidores.

A revolta de Masakado foi contida por Fujiwara-no-Hidesato, outro nobre que tinha se instalando no interior (atual província de Tochigi) e por seu primo, Taira-no-Sadamori. Masakado morreu durante a batalha.

Famílias Minamoto e Taira

Com o objetivo de reconquistar o controle do país e refrear o poder da família Fujiwara, o imperador Gosanjô (1034~1073) criou o sistema de insei, pelo qual foi introduzido o cargo supremo de jôkô, que conferia ao imperador que abdicou o poder de governar em nome do novo imperador. Assim, Gosanjô abdicou do trono em favor de Shirakawa (1053~1129) e tornou-se jôkô, governando o país pelo sistema diárquico. Por não ter nenhum parentesco com a família Fujiwara, Gosanjô conseguiu governar o país livremente ao longo de 43 anos como jôkô de três imperadores, contando com a proteção de Minamoto-no-Yoshiie. Enviada para combater os povos de Ezo, a família Minamoto pediu auxílio aos guerreiros da região leste da ilha principal do Japão, com os quais conseguiu vencer a batalha e criou fortes laços. Para conter o crescente poder dos Minamoto, Gosanjô encarregou também a família Taira do serviço de proteção.

Uma guerra entre as famílias destacou-as no panorama político pela primeira vez na história do Japão, em 1156, com a Revolta de Hôgen. Em 1159, a Revolta de Heiji colocou frente a frente os Minamoto e os Taira na luta pelo poder. A batalha foi vencida pela família Taira, que passou a controlar politicamente o Japão. Em 1168, Taira-no-Kiyomori (1118~1181), chefe da família Taira, ocupou o cargo de ministro, dajô-daijin, tornando-se o primeiro samurai a ocupar tal posição. A família Genji ficou, então, à espera da revanche.

Minamoto-no-Yoritomo da família Genji, que havia sido exilado em Izu-no-Kuni (província de Shizuoka), junto com seu sogro, Hôjô Tokimasa, atacou a família Taira em Izu-no-Kuni, mas foi derrotado. Porém os comandantes de guerreiros da região de Kantô juntaram-se a Minamoto-no-Yoritomo. Seu irmão, Yoshitsune, conhecido por sua bravura, também saiu de Ôshu-Hiraizumi (província de Iwate) e passou a lutar ao lado de Yoritomo, que conseguiu, lentamente, instalar-se em Kamakura.

Acometido por uma febre alta, Kiyomori faleceu pedindo, em seu leito de morte, a cabeça de Yoritomo, em 1181.

O último confronto entre os sobreviventes da família Taira e as tropas de Genji aconteceu na Baía de Dan-no-Ura (província de Yamaguchi). A batalha foi vencida pelas tropas de Genji, em 1185. O pequeno imperador Antoku, neto de Taira-no-Kiyomori, morreu junto com sua mãe, filha de Kiyomori, nessa batalha, encerrando, assim, a Era Heian. Em 1192, Minamoto-no-Yoritomo instalou-se em Kamakura, dando início ao shogunato Kamakura. Esse foi o começo da era dos samurais no Japão.

A ascensão e a queda da família Taira, ou seja, Heike, pois a leitura chinesa do ideograma da família Taira é = Heike, foi narrado pelos biwa-hôshi, uma espécie de menestrel. Sua narrativa é conhecida como Heike-Monogatari (contos da família Heike), cujo tema central é a efemeridade da vida.

A vida na corte

Enquanto os bushi levavam uma vida austera, dedicando-se ao treinamento de artes marciais, os nobres se esmeravam em luxo e requinte. Eles vestiam várias camadas de roupas e valorizavam as combinações das cores que se entreviam em golas, mangas e barras, no caso das mulheres. Assim, além da qualidade do tecido, os nobres preocupavam-se também com as cores e seus efeitos. Existiam algumas cores usadas conforme a classe social do indivíduo.

Os nobres dessa época carregavam na maquiagem. Depilavam as sobrancelhas e desenhavam-nas com tinta de carvão. As mulheres adultas tingiam os dentes de preto.

O perfume de incenso, que foi introduzido no Japão junto com o budismo, era usado no dia-a-dia pelos nobres. Cada um criava seu próprio perfume misturando no mínimo dois tipos de incensos. Os nobres perfumavam os seus trajes queimando os incensos para que suas roupas ficassem impregnadas com o perfume criado.

A beleza feminina era medida pelo comprimento dos cabelos, que deviam ser longos, negros e sedosos. O máximo de beleza era ter cabelos mais longos que a própria altura, não ser muito magra e ter a pele bem branca.

Hábitos alimentares dos nobres

A alimentação da nobreza era modesta. O prato principal era o arroz, cozido com a água ou no vapor, acompanhado de peixes, carne de aves, verduras, algas e frutas. Os peixes eram, em sua maioria, secos ou conservados na salmoura. Por influência do budismo, muitos não consumiam peixes ou carnes, ficando desnutridos e doentes. A refeição era feita duas vezes ao dia, pela manhã e à tarde.

Casamento na nobreza

Os nobres não moravam juntos ao se casarem. O homem possuía residência própria e freqüentava a casa da mulher, que tinha o dever de, com sua família, criar os filhos. A família da mulher também cuidava do marido, vestindo-o e alimentando-o. Tanto a mulher como o homem podiam manter relação com outros parceiros, porém sempre tratando a todos com igual respeito e consideração.

Esse tipo de casamento explica o grande poder e influência que o sogro exercia sobre o imperador, ao casá-lo com sua filha, muito embora o monarca construísse uma residência para suas esposas, em vez de visitá-las na c

NOTA DE FALECIMENTO – LUTO NO AIKIDO BRASILEIRO

COMUNICAMOS A TODOS OS FILIADOS, DISCÍPULOS E AMIGOS QUE O NOSSO MESTRE KAWAI SENSEI FALECEU NESTA NOITE.  Kaweai Sensei

O VELÓRIO ESTÁ OCORRENDO NO CEMITÉRIO DE CONGONHAS NA CIDADE DE SÃO PAULO. A MISSA SERÁ AS 16:30 HORAS, O ENTERRO ACONTECERÁ AS 17:00 HS.

Mensagem de Sensei Walter a Academia Central:

“Primeiramente condolescencias a familia, pois são antes de tudo nossos amigos. Em segundo nós todos estamos de luto. É um dia triste para o Aikido Brasileiro.

Agradeçemos Kawai Sensei por tudo. O Aikido modificou a vida de tanta gente e graças a Kawai Sensei chegou até nós. Não sei muito o que dizer. Vou tentar ligar para voce mas não sei se conseguirei. Por isso quero registrar meu profunso pesar e a sensação de ter ficado sem um parente, um pai. Conheci tão pouco ele infelizmente e aos poucos estava admirando cada vez mais o homem que tantos injustamente criticam. Ontem mesmo meu aluno estava comentando como ele e Ono Sensei eram atenciosos quando passavam pelas pessoas.”

zou-tanuki (“texugo, comprador de saquê”).

No Japão é comum encontrarmos na entrada de algumas lojas um gracioso animal – o tanuki. Sua presença indica que naquele estabelecimento é vendido o saquê e outros tipos de bebidas alcoólicas. 

Feito de cerâmica, ele pode ser encontrado em todos os lugares, mas é um pouco mais difícil de se deparar com o verdadeiro animal. O tanuki é uma criatura de pernas curtas, razoavelmente corpulenta, com um pequeno e espesso rabo, e é membro da família dos caninos. Embora o nome do tanuki em inglês seja ‘cachorro raccoon’, ele é freqüentemente confundido com o texugo japonês, anaguma, um animal completamente diferente.

Foi desde o início da Era Edo que a população passou a consumir o saquê refinado. Nessa época, os adultos mandavam as crianças aos Sakaya (lojas de bebidas alcóolicas) e essas retornavam à sua casa com uma garrafa de saquê (tokkuri). Antigamente, os produtores de saquê de Nada (região de Hyogo) diziam “Sem a presença de um texugo pequeno, não é possível fabricar um saquê delicioso!!!”. Segundo este ditado, para produzir um saquê de qualidade é necessário tradição e experiência. Assim, foi criado kozou-tanuki. Desde então, o Tanuki passou a ser visto também como um amuleto de sorte.

Folclore:

No folclore japonês, o Tanuki possui grande força física, e poderes sobrenaturais, incluindo poder de transformação e, assim como a raposa vermelha, chamada kitsune , é um mestre do disfarce que utiliza para iludir ou irritar as pessoas.

É uma criatura travessa, utilizando todas as formas de disfarces para iludir ou perturbar os viajantes. Posicionando-se em pé na calçada com suas patas traseiras, ele distende sua barriga (ou melhor, região pélvica), e bate nela com suas patas dianteiras. O tanuki também é simbolizado numa forma semelhante a uma raposa, fazendo brincadeiras loucas, perigosas e de mau gosto com sua enorme barriga, que mede oito tapetes de tatami!

Devido à sua pança, o Tanuki é associado com duas outras figuras que possuem grandes estômagos, o peixe Fugu (Baiacú), e Hotei, o gordo, Deus da Sorte. Também é dito que ele tem alguma ligação com a chaleira, por causa de sua aparência. O Shogun, Ieyasu Tokugawa, era irreverentemente referido como Furu Tanuki, velho Tanuki. A expressão ‘Tanuki-gao’ é às vezes utilizada para descrever mulheres de rosto redondo. No Japão dos dias de hoje então, você freqüentemente vê a estátua de um Tanuki do lado de fora de uma loja ou restaurante, sinalizando aos clientes que venham visitar o estabelecimento.

As suas oito características peculiares são conhecidas como “hassou engi” (cada característica associada a uma lição):

1- O chapéu japonês de bambu do kozou-tanuki significa proteção contra desastres inesperados.

2- Os olhos grandes significam a decisão certa.

3- A expressão amorosa do kozou-tanuki diz para nunca esquecer o sorriso no rosto.

4- A garrafa de saquê significa que esforço do dia-a-dia resulta nas virtudes que cada um possui.

5- O livro significa valorização da confiança e importância da caderneta financeira(o sucesso financeiro). No livro há um símbolo  hachi (kanji de 8). Este símbolo, brasão da família Owari Tokugawa, significa seu domínio sobre Owari-hachi-gun. Na epoca, Tokugawa Ieyasu tinha o apelido de ”Tanuki”  e, por isso, a introdução do brasão no livro foi aceito com grande sucesso.

6- A barriga saliente significa serenidade e equilíbrio para tomadas de decisão.

7- O saco com dinheiro expressa capacidade de aumentar riqueza e sabedoria para utilizar o dinheiro sem desperdícios.

8- O formato da cauda do texugo (cauda grossa com ponta afinada) significa que as tarefas que foram iniciadas devem ser executadas firmemente até a sua conclusão.

Essas estátuas são vendidas em lojas, e os tanuki geralmente são representados segurando uma garrafa de saquê e, como uma amostra do ácido humor japonês, com testículos exagerados. Acreditam que esses testículos (chamados coloquialmente de kintama – literalmente, “bolinhas douradas”) são símbolos de boa sorte.

 

O Animal original:

No passado, ele era caçado no Japão pela sua carne, sua pele marrom e preta (utilizada para fazer pincéis), e seus ossos, aos quais eram atribuídas qualidades medicinais. Eles foram introduzidos nas partes ocidentais da antiga U.S.S.R. para o cultivo de peles. Alguns escaparam (ou foram soltos), e desde os anos 50 espalharam-se pela Escandinávia e sul, chegando até na França.

Eles vivem em áreas altamente arborizadas, geralmente próximo à água, alimentando-se de invertebrados, pequenos animais (sapos, lagartos, roedores e pássaros que vivem ou constroem seus ninhos no chão) e (particularmente no outono), sementes e frutas silvestres. Quando vivem próximos ao mar, os tanukis também procuram comida ao longo da linha da maré, buscando caranguejos e outros animais marinhos que ficam expostos. Eles são mais ativos após o pôr do sol, e ao longo do anoitecer, depois novamente nas primeiras horas da manhã, período no qual eles podem chegar a vagar por 10 a 20 km, em busca de comida.

Como os tanukis entraram em áreas suburbanas e até urbanas no Japão durante os anos 80 e 90, começaram a procurar comida em aterros de lixo, e chegam até a ser alimentados por pessoas, em seus jardins, que é uma das razões que fazem com que eles sejam associados aos texugos, que sobrevivem nos aterros de lixo de muitas cidades. É improvável que você veja um tanuki durante o inverno porque, embora ele não hiberne, acumula gordura no outono e então recolhe-se à sua toca, desde novembro até meados de abril. Ele pode surgir algumas vezes para se alimentar, e nos períodos mais quentes, pode chegar a ficar sem dormir.

O futuro do Tanuki é incerto, já que muitos tanukis têm sido afetados pela ‘sarcoptic mange’, uma condição causada por um parasita. Os tanukis que contraem esse parasita sofrem deterioração de pele, e progressiva perda de pêlo, deixando-os parcialmente, ou completamente, sem pêlos. Nesse estado, a probabilidade que eles sofram e morram de hipotermia aumenta enormemente, e desde por volta de 1990, muitos têm sido encontrados mortos durante o inverno. Ao que parece, o parasita conseguiu espalhar-se de áreas suburbanas com altas densidades de tanukis até áreas selvagens também, levando a sérios declínios particularmente nas populações dos estados de Kanagawa e Miyagi. Durante o final dos anos 80 e início dos anos 90, o parasita espalhou-se rapidamente, e os números de animais infectados aumentaram bastante.

Por outro lado, os números de caçadores no Japão decaíram durante os anos 80, e num período de 10 anos, o número de tanukis mortos por caçadores caiu pela metade, de um pico de aproximadamente 75,000 em 1981, para aproximadamente 33,000 em 1990. Isso pode, de alguma forma, estar contrabalanceando o efeito do mange sobre a população de tanukis durante os últimos vinte anos.

A arte marcial e seus beneficios: gerando modismos e ações oportunistas

Quem pratica artes marciais seja ela qual for(claro que com professores e grupos sérios) sabe dos inegáveis benefcicios que estas trazem para sua vida de uma forma global.

Principais benefícios:

– Fortalecimento muscular (sem ficar “marombado” e pesadão )
– Melhora da função cardiovascular
– Ganho de massa corporal
– Perda de calorias
– Tonificação dos músculos
– Aumento da coordenação motora
– Aumento da percepção geral.
Voltando um pouco os 5 primeiros são mais fáceis de se obter em muitas atividades.  Os 2 últimos são beneficios mas especificos das artes marciais, principalmente o último.  Se bem orientado em um arte marcial séria, e sendo conduzida por sensei ( ou sifu ou outro nome do instrutor responsável de acordo com a origem da arte) sério e capacitado também.
Os 5 primeiros pode-se até conseguir com as aulas de educação física aerobicas ou com uma daquelas “power marcial yoga dance aerobic turbo especial” que aparecem todos os anos para chamar público para as academias no verão. Os profissionais de ginástica são muito expertos… ninguém percebeu ainda essa estratégia…
A muito tempo o pessoal de educação física está de olho no público que frequenta ou procura as artes marciais e seus beneficios.  Que são indiscutivelmente amplos como falado anteriormente. Muita gente não se contenta com a repetibilidade das aulas de ginástica aerobica ou de musculação.
Por isso ele inventam essas “hiper high lambaero power strongs ginásticas”: Venham para a novidade do momento! O método revolucionário que vai resolver sua condição física! Vai perder 10.800 calorias por aula de 1 hora e ficar mais forte que o hulk em apenas 3 meses a tempo de desfilar seu corpo sarado na praia daqui a 3 meses! E no carnaval é claro!! E tudo isso se divertindo e sem tédio algum!
Tudo isso isso quer mascarar uma verdade absoluta na vida: Não existe nada na vida, nenhum resultado, sem dedicação e trabalho contínuo. Sem suor. Seja no trabalho, seja na ginástica, arte marcial ou qualquer coisa. Falo em minhas aulas que tem muita gente que gostaria que fossem as coisas iguais ao filme matrix: Quero aprender kung fu! O programador fazia um download para a tua cabeça do programa e voce virava um mestre. Infelizmente é um pouco mais complicado que isso..
Quando o pessoal tecnocrata ave de rapina da educação física(não generalizando existem pessoas mal intencionadas em tudo, inclusive nas artes marciais. E com certeza muitos profissionais de educação física sérios. Trabalho e trabalhei com muitos) criou o famigerado CONFEF que tinha os olhos compridos em arrecadação do pessoal de artes marciais e dos proprios profissionais de ed. física.
Mas acredito que as artes marciais sobreviverão bem a todos esses modismos e oportunismos. O maior desafio que se tem é chegar ao verdadeiro público das artes marciais, que tem um perfil muito característico. Ele é perseverante, não está preocupado em luta ou defesa pessoal somente, mas no beneficio global, tem comnsciencia dos beneficios diretos e indiretos da arte marcial (ou tem alguma vaga noção disso) e sabe que abraçar uma arte marcial é uma mudança de estilo de vida e não apenas a procura somente dos seus 7 beneficios citados acima. Estes são consequencias.
É claro que estou falando das atividades que se encaixam no conceito de arte marcial e não naquelas que considero como uma luta simples ou em um esporte como hoje são conduzidas.  Seja pela atual caracteristica da atividade, seja pelo ritmo que é conduzida em determinado local/grupo. Mas isso é assunto para outro texto….

O surgimento dos samurais

Confrontos e revoltas históricas marcaram o surgimento de uma nova classe social: a dos samurais.

A Era Heian marcou o surgimento e a ascensão dos samurais e de seus principais clãs, que entraram para a história do arquipélago com suas lutas e revoltas, episódios nos quais eles mediram forças na luta pelo poder. Essa nova classe passou a integrar a estrutura social da época ao lado da nobreza tradicional.  Surgimento da classe dos bushi (samurai) Enquanto a nobreza, liderada pela família Fujiwara, levava uma vida de muito luxo e requinte, os senhores rurais, donos de shôen, foram aumentando o seu poder de combate treinando guerreiros primeiro para proteger suas terras da invasão alheia, depois para conquistar novas terras. Esses senhores rurais se tornaram funcionários de kokushi (espécie de governador), administradores rurais ou guardiães das terras, recebendo títulos de nobreza ínfima. Eles passaram a liderar grupos de guerreiros, ou seja, de bushi, que nutriam grande admiração pela vida luxuosa da capital. Assim, os nobres enviados ao interior como kokushi pela corte Yamato recebiam tratamento especial, extremamente respeitoso.  Dessa forma, entre os nobres mandados para o interior como kokushi, surgiram aqueles que preferiram permanecer no campo, mesmo após o término do seu mandato, já que não havia perspectiva de uma vida melhor na capital. Alguns nobres que optaram pela vida rural formavam seus grupos de bushi (samurai), formando tropas de combate e tornando-se seus líderes, iniciando, dessa forma, a criação dos clãs.  A Revolta de Masakado Em 939, Taira-no-Masakado reuniu os bushi insatisfeitos com os enviados da corte que governavam as suas regiões e voltou-se contra o poder da capital. Declarou-se imperador e iniciou a revolta contra os nobres da capital, atribuindo poderes aos bushi, seus seguidores.  A revolta de Masakado foi contida por Fujiwara-no-Hidesato, outro nobre que tinha se instalando no interior (atual província de Tochigi) e por seu primo, Taira-no-Sadamori. Masakado morreu durante a batalha.  Famílias Minamoto e Taira Com o objetivo de reconquistar o controle do país e refrear o poder da família Fujiwara, o imperador Gosanjô (1034~1073) criou o sistema de insei, pelo qual foi introduzido o cargo supremo de jôkô, que conferia ao imperador que abdicou o poder de governar em nome do novo imperador. Assim, Gosanjô abdicou do trono em favor de Shirakawa (1053~1129) e tornou-se jôkô, governando o país pelo sistema diárquico. Por não ter nenhum parentesco com a família Fujiwara, Gosanjô conseguiu governar o país livremente ao longo de 43 anos como jôkô de três imperadores, contando com a proteção de Minamoto-no-Yoshiie. Enviada para combater os povos de Ezo, a família Minamoto pediu auxílio aos guerreiros da região leste da ilha principal do Japão, com os quais conseguiu vencer a batalha e criou fortes laços. Para conter o crescente poder dos Minamoto, Gosanjô encarregou também a família Taira do serviço de proteção.  Uma guerra entre as famílias destacou-as no panorama político pela primeira vez na história do Japão, em 1156, com a Revolta de Hôgen. Em 1159, a Revolta de Heiji colocou frente a frente os Minamoto e os Taira na luta pelo poder. A batalha foi vencida pela família Taira, que passou a controlar politicamente o Japão. Em 1168, Taira-no-Kiyomori (1118~1181), chefe da família Taira, ocupou o cargo de ministro, dajô-daijin, tornando-se o primeiro samurai a ocupar tal posição. A família Genji ficou, então, à espera da revanche.  Minamoto-no-Yoritomo da família Genji, que havia sido exilado em Izu-no-Kuni (província de Shizuoka), junto com seu sogro, Hôjô Tokimasa, atacou a família Taira em Izu-no-Kuni, mas foi derrotado. Porém os comandantes de guerreiros da região de Kantô juntaram-se a Minamoto-no-Yoritomo. Seu irmão, Yoshitsune, conhecido por sua bravura, também saiu de Ôshu-Hiraizumi (província de Iwate) e passou a lutar ao lado de Yoritomo, que conseguiu, lentamente, instalar-se em Kamakura.  Acometido por uma febre alta, Kiyomori faleceu pedindo, em seu leito de morte, a cabeça de Yoritomo, em 1181.  O último confronto entre os sobreviventes da família Taira e as tropas de Genji aconteceu na Baía de Dan-no-Ura (província de Yamaguchi). A batalha foi vencida pelas tropas de Genji, em 1185. O pequeno imperador Antoku, neto de Taira-no-Kiyomori, morreu junto com sua mãe, filha de Kiyomori, nessa batalha, encerrando, assim, a Era Heian. Em 1192, Minamoto-no-Yoritomo instalou-se em Kamakura, dando início ao shogunato Kamakura. Esse foi o começo da era dos samurais no Japão.  A ascensão e a queda da família Taira, ou seja, Heike, pois a leitura chinesa do ideograma da família Taira é = Heike, foi narrado pelos biwa-hôshi, uma espécie de menestrel. Sua narrativa é conhecida como Heike-Monogatari (contos da família Heike), cujo tema central é a efemeridade da vida.  A vida na corte Enquanto os bushi levavam uma vida austera, dedicando-se ao treinamento de artes marciais, os nobres se esmeravam em luxo e requinte. Eles vestiam várias camadas de roupas e valorizavam as combinações das cores que se entreviam em golas, mangas e barras, no caso das mulheres. Assim, além da qualidade do tecido, os nobres preocupavam-se também com as cores e seus efeitos. Existiam algumas cores usadas conforme a classe social do indivíduo.  Os nobres dessa época carregavam na maquiagem. Depilavam as sobrancelhas e desenhavam-nas com tinta de carvão. As mulheres adultas tingiam os dentes de preto.  O perfume de incenso, que foi introduzido no Japão junto com o budismo, era usado no dia-a-dia pelos nobres. Cada um criava seu próprio perfume misturando no mínimo dois tipos de incensos. Os nobres perfumavam os seus trajes queimando os incensos para que suas roupas ficassem impregnadas com o perfume criado.  A beleza feminina era medida pelo comprimento dos cabelos, que deviam ser longos, negros e sedosos. O máximo de beleza era ter cabelos mais longos que a própria altura, não ser muito magra e ter a pele bem branca.  Hábitos alimentares dos nobres A alimentação da nobreza era modesta. O prato principal era o arroz, cozido com a água ou no vapor, acompanhado de peixes, carne de aves, verduras, algas e frutas. Os peixes eram, em sua maioria, secos ou conservados na salmoura. Por influência do budismo, muitos não consumiam peixes ou carnes, ficando desnutridos e doentes. A refeição era feita duas vezes ao dia, pela manhã e à tarde.  Casamento na nobreza Os nobres não moravam juntos ao se casarem. O homem possuía residência própria e freqüentava a casa da mulher, que tinha o dever de, com sua família, criar os filhos. A família da mulher também cuidava do marido, vestindo-o e alimentando-o. Tanto a mulher como o homem podiam manter relação com outros parceiros, porém sempre tratando a todos com igual respeito e consideração.  Esse tipo de casamento explica o grande poder e influência que o sogro exercia sobre o imperador, ao casá-lo com sua filha, muito embora o monarca construísse uma residência para suas esposas, em vez de visitá-las na casa de seu sogro.

Demonstração técnica

Resolvi chamar o exame de demonstração técnica em minhas últimas mensagens a cerca de exames..  Por que? Muito simples:

No nosso sistema o Sensei(s) da banca não tem a preocupação de reprovar ou aprovar voces.  Se eu, como professor, indiquei dificilmente será reprovado o aluno. Pode acontecer claro, mas não é muito provavel. Nesse sentido então eu como instrutor sou mais o examinado, que os alunos. Mas ele também me conhece muito bem e sabe do nível técnico que tentamos manter e passar. Tanto que a partir do ano que vem os exames de voces ficarão mais a meu cargo.. E se eu conheco muito bem os alunos do dojo em tese, não seria necessário exame. Mas é. Não tanto pelo professor, não tanto pelo exame…

É a oportunidade de retribuir a todas as horas dedicadas a nosso desenvolvimento, a hora de demonstrar até onde polimos nossa técnica e demonstrá-la para toda a comunidade do dojo que está prestando atenção em você. O exame de faixa é o agradecimento do avaliado. Ao professor que o ensinou. Aos amigos do dojo que o ajudaram, e mesmo a sua familia que o apoiou, estando ou nao alguem da mesma por lá. E não esquecendo: É uma satisfação pessoal interna poder estar ali nesse momento.

Por isso tenho chamado o exame também de demonstração técnica.

Resultado de exames de novembro

Felicito mais uma vez a todos os alunos pelo resultados de hoje. A passagem de faixa é uma conquista principalmente pessoal, mas não podemos deixar de agradecer a todos pela dedicação e esforço em conjunto. Agradecemos inclusive aqueles que, mesmo não participando hoje como examinados, participaram ajudando o grupo, como ukes ou não. O espírito de união a dedicação de cada um na busca do aprimoramento é que vai trazendo aos melhores resultados. De forma geral todos os praticantes tem, ou estão desenvolvendo este espírito tão importante para o nosso crescimento. O que se nota também é uma qualidade técnica muito boa de todos.

É claro que resultado positivo não impede a busca do aprimoramento. Sabemos que pontos têm que ser aprimorados, embora o saldo tenha sido bastante positivo, ressalto mais uma vez. Precisamos estar atentos as orientações e detalhes comentados, principalmente no trabalho dos mais graduados. Felizmente, de forma geral, o que foi dito não difere em nada o que temos constantemente alertado quando comentamos os detalhes da técnica. Fluidez, controle do uke, alinhamento do centro com o ponto de contato, etc não são coisas inéditas e são constantemente lembradas.

Isso mostra que precisamos na verdade estar atentos e concentrados na aula sempre, e não se distrair durante os treinos, sobretudo quando as explicações são dadas.

Podemos ficar orgulhosos de nosso nível técnico e ainda nos mantermos humildes sabendo que precisamos manter a mente de aprendiz sempre, prestando a atenção em todos detalhes mesmo que seja um simples movimento sendo explicado, e se tenha alguns anos de prática.

Parabéns ao trabalho do grupo e  agradeço pela dedicação. Da mesma forma que meu amigo Matias Sensei falou que espera ver todos como pretas., eu também não só espero, como continuarei me dedicando ao máximo para que  cheguem lá e desenvolvam com orgulho o aikido. Com certeza tem valido a minha dedicação como professor, mesmo em épocas adversas como as vezes surgem.

exame 29/11

Walter Amorim

Hiragana e a literatura

A necessidade de expressar livremente os sentimentos do povo japonês impulsionou a escrita e a literatura da Era Heian, dominada pelas grandes mulheres

 

leitura de kanjis
A necessidade de expressar livremente os sentimentos do povo japonês impulsionou a escrita

Por que surgiram os fonogramas hiragana e katakana?
Os japoneses não conheciam a escrita até ter os primeiros contatos com a cultura chinesa, por volta do século V. À medida que os japoneses foram dominando a escrita (kanji ou ideogramas), a língua e a literatura chinesas, eles começaram a sentir as limitações de se adotar essas formas de comunicação de um outro povo. Assim, para atender à necessidade de expressar livremente os sentimentos do povo japonês por escrito, foram criados os fonogramas hiragana e katakana, elaborados a partir do kanji.


Origem de Man’yôgana
Durante muito tempo, os japoneses liam os kanji à moda chinesa e tentavam entender o significado de cada letra, já que os kanji são ideogramas, ou seja, a transcrição da idéia e não do som, como é o caso da maioria das letras existentes. Pouco a pouco, os japoneses passaram a escolher a palavra adequada para cada kanji e lê-lo à moda japonesa. Por exemplo, o kanji que significa inverno é , sendo a leitura chinesa “dong”; porém, como em japonês inverno se diz “fuyu”, o kanji passou a ser lido “fuyu” também.À medida que as palavras japonesas também foram filtradas e unificadas, os japoneses tiveram a idéia de transcrevê-las aproveitando apenas o som, ou seja, a sua leitura, desprezando a idéia ou o significado do kanji. Por exemplo, “hana” (flor – ) passou a se escrever também , já que tem a leitura “ha” e , a leitura “na”. Esses ideogramas (kanji) empregados apenas como fonogramas receberam o nome de man’yôgana, já que foram utilizados na transcrição dos poemas japoneses reunidos na antologia intitulada Man’yôshu.


Criação do hiragana
A caligrafia empregada deixou de ser letras de traços retos e definidos, adotando o estilo cursivo, o chamado sôsho-tai, criado na China. Porém, no Japão, o estilo foi adquirindo características próprias, “simplificando” de tal forma os kanji a ponto de ficarem bem diferentes das letras originais. Desse estilo cursivo “simplificado”, nasceu o hiragana. Assim, o hiragana é um conjunto de letras mais curvilíneas.


Criação do katakana
Assim como o hiragana, o katakana também foi criado a partir dos kanji, mas possui características diferentes. O katakana surgiu como sinais gráficos para auxiliar na leitura de textos chineses, ou ainda, para serem inseridos nos poemas ou textos em estilo chinês, a fim de facilitar sua leitura e compreensão. Essas “letras complementares” ofereceram aos japoneses uma maior expressividade, já que podiam escrever com maior desenvoltura até diferenças delicadas e nuanças dos sentimentos.O katakana foi criado com base em uma parte dos kanji, por isso seus traços são mais retos e rígidos.O uso tanto do hiragana como do katakana consolidou-se no início do século X, em meados da Era Heian, e são empregados até os dias de hoje, concomitantemente com os kanji.


A literatura em kana = literatura da nobreza
Após a criação dos fonogramas kana, a literatura entre os nobres conheceu o seu apogeu, constituindo a era áurea dos waka – poemas japoneses. Esses poemas que enaltecem a natureza, as diferentes facetas das quatro estações e os elementos da natureza foram criados graças à existência dos kana. O modo de expressão dos poemas contribuiu muito na formação da consciência estética dos japoneses. Nos palácios do imperador e dos nobres, as reuniões para compor e apreciar os poemas tornaram-se cada vez mais freqüentes, deixando de ser apenas um simples passatempo das mulheres. Saber compor poemas tornou-se um importante requisito para manter um convívio social entre os nobres da corte. A falta de interesse pela política ocorreu na mesma proporção em que se ampliou o círculo literário da nobreza.


Obras clássicas
O Tosa nikki (Diário de Tosa) foi escrito por volta do ano 934, por Ki-no-Tsurayuki e incentivou muitas mulheres a escreverem diários, estimulando a criação de muitas literaturas do gênero.Genji-Monogatari (Contos de Genji), escrito por Murasaki-Shikibu, por volta do ano 1001, é conhecido como uma obra literária clássica de maior volume. Descreve a elegante e requintada vida da corte, os sentimentos do personagem principal, Hikaru Genji, em relação às mulheres com quem se envolve e as intrigas pelo poder. Não se trata de uma simples ficção, mas se observa a preocupação de descrever os usos e costumes, assim como os pensamentos da Era Heian.Makura-no-sôshi é uma crônica escrita por Sei-Shônagon sobre a vida na corte, que descreve de forma vivaz, com sensibilidade aguçada e com genialidade, os hábitos do cotidiano da corte.Kokin Waka-shû é uma antologia de 20 volumes que reúne 1.100 poemas compilada por ordem imperial (chokusen-shû), datada do ano de 905.

 


Rivalidade entre duas literatas
Tanto a autora de Genji-Monogatari, Murasaki-Shikibu, como a de Makura-no-sôshi, Sei-Shônagon, pertenciam à classe média da nobreza e serviram à família imperial na mesma época. Foram duas mulheres que lideraram as tertúlias realizadas na corte. Sei-Shônagon possuía gênio forte, fazendo questão de exibir o seu talento. Murasaki-Shikibu, uma mulher mais recatada e retraída, escreveu críticas severas em relação a essa atitude “exibicionista” de Sei-Shônagon em seu diário.Por serem os poemas a forma de literatura mais valorizada na Era Heian, as obras dessas duas mulheres, mesmo conquistando muitos leitores, ficaram relegadas a um segundo plano, encaradas como um passatempo de mulheres da corte. Ainda assim, a literatura da Era Heian floresceu graças às grandes mulheres.