Novo anuncio de fachada do Ganseki Dojo

Está semana colocamos o novo letreiro na fachada do Ganseki Dojo no núcleo da Tijuca.
Este é muito importante para que todos que passem por lá saibam do trabalho desenvolvido em parceria com a academia Kioto. Mais uma das etapas que tinhamos que concluir na nossa reforma.

COMO REALIZAR SEU SONHO

Não conheço ninguém que conseguiu realizar seu sonho, sem sacrificar
feriados e domingos pelo menos uma centena de vezes.

Da mesma forma, se você quiser construir uma relação amiga com seus filhos, terá que se dedicar a isso, superar o cansaço, arrumar tempo para ficar com eles, deixar de lado o orgulho e o comodismo.

Se quiser um casamento gratificante, terá que investir tempo, energia e sentimentos nesse objetivo.

O sucesso é construído à noite!

Durante o dia você faz o que todos fazem.

Mas, para obter um resultado diferente da maioria, você tem que ser especial.

Se fizer igual a todo mundo, obterá os mesmos resultados.

Não se compare à maioria, pois infelizmente ela não é modelo de sucesso.

Se você quiser atingir uma meta especial, terá que estudar no horário em que os outros estão tomando chope com batatas fritas.

Terá de planejar, enquanto os outros permanecem à frente da televisão.

Terá de trabalhar enquanto os outros tomam sol à beira da piscina.

A realização de um sonho depende de dedicação.

Há muita gente que espera que o sonho se realize por mágica.

Mas toda mágica é ilusão.

A ilusão não tira ninguém de onde está.

A ilusão é o combustível dos perdedores.

‘Quem quer fazer alguma coisa, encontra um meio.
Quem não quer fazer nada, encontra uma desculpa.

autor desconhecido

Exame de Kyus – 30 de novembro: União Sul Americana/ Ganseki Dojo

No dia de ontem, 30 de novembro de 2008, foi realizada a bateria de exames de Kyus no Ganseki Dojo conforme orientações da União Sul Americana.
Mas uma vez o trabalho desenvolvido no Ganseki Dojo foi evidenciado como de alta qualidade e dentro dos padrões determinados pelo Hombu Dojo e pela organização de Kawai Shihan.

Um retorno excelente da dedicação dos alunos nesse pequeno tempo de preparação. Parabéns a todos por manter o padrão dentro dos moldes que pretendemos para nosso grupo.

Agradecimento especial ao nosso amigo Jorge Henrique, que colaborou não só como uke para alguns alunos examinados, como também participou ativamente da organização do exame. Agradecimento também ao Shodan Alexandre Pierre que mais uma vez esteve presente na organização e também participou da banca. Todos, de uma forma geral, estão engajados e participando do grupo de forma positiva.


Depois do exame a aula de Matias Sensei foi importante para esclarecer alguns detalhes das técnicas para maior alinhamento com as novas orientações do Hombu Dojo, feitas por meio de Seki Shihan, e das orientações da União Sul Americana que passa por um processo de estudo e modernização, acompanhando como sempre o que preconiza o Hombu Dojo. Mas foi de grande valia perceber que já estamos muito bem alinhados. Sensei Matias saiu muito satisfeito com o que viu. Parabéns ao Ganseki Dojo!!

Entrega de Certificados Aikikai

Esta semana foi entregue o certificado de Dan, que chegou do Hombu Dojo recentemente, para o aluno Alexandre Pierre. O certificado foi entregue por Matias Sensei em nome de Kawai Shihan.

Menos de dois meses após o exame da academia central ele recebeu o certificado e seu Yudansha Card (passaporte de faixas pretas), como deveria acontecer em todas as organizações. Pelo menos de seriedade. Sem alardes e enganações: Assim funciona a organização de Kawai Shihan. Matias Sensei explicou para ele, e os alunos presentes, como funciona o sistema de acompanhamento e registros da vida do faixa-preta pela aikikai de Tókio e seu registro no Yudansha Card.

O Ganseki Dojo se orgulha de possuir os certificados de seus faixas pretas vinculados a União Sul Americana, e a nada mais nada menos do que Kawai Shihan, introdutor do Aikido no Brasil e uma figura de grande importância dentro do Aikido Brasileiro. A união Sul Americana, graças a ele, atua com o espírito de simplicidade e respeito aos alunos e ao Aikido, traduzindo as diretrizes da sede mundial do aikido e da família Ueshiba.

Os alunos do Ganseki Dojo tem a segurança de pertencer a essa organização e de ficarem livres de enganações e barganhas que tristemente ainda acontecem no Brasil e nada tem a ver com o espírito do aikido primordialmente defendido e disseminado por ele.

Estamos tranquilos e seguros do caminho.

Walter Amorim – União Sul Americana / reg 112447 Aikikai Tóquio

O Yoroi – A armadura samurai

Talvez a imagem mais conhecida do “bushi”, como é chamado o guerreiro medieval japonês, é a do samurai vestido com uma rica armadura, colorida e ornamentada. Ao contrário de sua congênere européia, de aspecto gótico e pesado, a “o-yoroi”, um dos nomes pelo qual é denominada a armadura japonesa, não parece ser óbice aos movimentos do “bushi”. A riqueza de materiais com que suas partes são produzidas e o esmero com que foram construídas lhe conferem ao mesmo tempo flexibilidade e resistência. As armaduras antigas, produzidas antes do século XVI, eram chamadas de: o-yoroi, kachu, haramaki, do-maru etc. Já as produzidas após este período, eram geralmente conhecidas como gusoku.

Pelos textos japoneses sobre a armadura japonesa, principalmente na parte em que se orienta a forma exata de sua composição, tal como a maneira correta de sua vestimenta, observa-se que o “bushi” começava vestindo a tazuna ou fundoshi (roupa de baixo), de preferência de linho branco ou algodão, sendo esta forrada ou não, de acordo com a atual estação.

Os Bushi de alta patente vestiam robes suntuosos por cima da roupa de baixo, como os vários Yoroi hitatare. Os bushi de classe inferior vestiam apenas a roupa mais funcional, chamada hadagi.

Por cima disto, vestia-se a roupa “shitagi”, que lembrava o kimono do dia-a-dia, preso à cintura pela obi – faixa que era enrolada duas vezes em volta do corpo e amarrada na parte da frente, sendo que alguns a preferiam amarrada nas costas.

Este último método não era recomendado pela maioria dos veteranos, porque era difícil amarrar a obi sob a armadura, se ela se afrouxasse no campo de batalha.

Por cima, o bushi de patente de atendente do marechal, “kyushu” ou “kosho”, vestia uma calça cerimonial típica ou “hakamá”. A maioria dos bushi vestia um par de “hakamá” similar, mas um pouco menor e mais curta, chamada de “Kobakama”.

Os guerreiros de classe mais baixa vestiam uma versão menor delas, chamada de “matabiki”, geralmente enfiada por debaixo da camisa.

Os bushi então vestiam um par de “tabi”, com uma divisão para o dedo maior.
Elas eram feitas de algodão (Mobien tabi), ou couro curtido (Kawatabi).

Por cima, geralmente vestia-se a “Kiahan” ou “habaki”, que vestia a parte referente à canela, e era feita de linho ou algodão forrado ou não.
Eram geralmente amarradas na panturrilha para impedir a fricção contra a proteção que se vestia sobre ela. Nós pés, o bushi de nível mais alto vestia uma espécie de sandália de pele característica, forrada com seda ou brocado, de nome “kegetsu”, “Kutsu” ou “Tsuranuki”. Possuía solado de couro grosso e o lado superior de pele de urso. Existiam vários estilos e modelos dessas sandálias, mas não mantinham relação com a patente ou nível hierárquico.

Clássicos como o “Gempei seisuiki”, por exemplo, nos dizem que “quando Kuro Yoshitsune, durante a guerra contra Kiso Yoshinaka, foi ao palácio Ho-o, ele vestiu ‘kuma no kawa no tsuranuki’, que são sandálias de pele de urso”. E os que o seguiam, vestiam sandálias de ‘ushi no kawa’, que eram feitas de couro de vaca.
Em períodos posteriores, guerreiros de patente menor vestiam sandálias “waraji”, de vários materiais como cânhamo, talos de mioga, fibras de palma e algodão.
Usualmente levavam um par extra na cintura.

Seus oficiais geralmente vestiam sandálias feitas de pequenas lâminas de couro ou ferro. As pernas, do joelho até o tornozelo, vestiam proteções chamadas de “sune ate” ou “shino zutsu”, geralmente moldadas em ferro ou couro na parte da frente e atadas atrás. Algumas peças eram feitas apenas de metal.
Em tempos antigos, cavaleiros montados costumavam vestir estas proteções com uma lâmina na parte de trás, para proteger contra ataques de espadas ou alabardas.

A maioria destas proteções, contudo, era feita de lâminas longitudinais dobráveis com as lâminas centrais cobrindo o joelho.
Todas geralmente incluíam uma proteção de couro “abumi zure” na parte de dentro para proteger contra o atrito. O joelho geralmente era protegido por uma espécie de cuia de metal abaulada que se chama “hiza yoroi kakuzuri”, que era parte integral da armadura ou uma peça separada.
Existem duas variedades desta espécie de joelheiras: yamagata e Juwa ga shira.

A parte superior das pernas era protegida pelo haidate, peça semelhante a um avental, sendo que a parte de cima era geralmente coberta com lâminas pequenas – Kozane – feitas de ferro, couro ou osso de baleia.
Esse avental partido no meio era esticado com cordas chamadas tsubo-no-o, que eram enroladas na cintura e amarradas na parte da frente.
Manuais antigos recomendavam que, para remover o avental quando se atravessava um rio ou pântano, era recomendado que se amarrassem as cordas do lado de fora do “Do” – parte que protege o tronco.
Havia outros tipos de proteções do quadril do guerreiro, assim como nos guerreiros europeus, que eram feitas com lâminas de metal enlaçadas com cordas de couro e seguras com uma pesada trama de seda ou couro chamada de “ita-haidate”.
Outras, construídas com lâminas de metal menores e mais leves amarradas com seda e chamadas de “igo-haidate”, eram preferidas pelos guerreiros montados, por serem mais flexíveis que o modelo usual.
Uma peça de armadura usada pelos homens da infantaria nos tempos de guerra, ou pelo bushi sob suas calças em tempos de paz, era chamada de “kussari kiahan” ou “kiahan suneate”, e cobria a perna inteira. Armadura do Período Momoyama

O guerreiro então vestia luvas – “yugake”, feitas de pele, e de preferência não-forradas e às vezes com um pequeno buraco na palma da mão.
Sobre elas, para proteger seus braços da mão até o ombro, ele vestia mangas justas feitas de seda, couro ou um outro tecido que tivesse consistência, cobertas com lâminas adicionais de metal.
A manga da armadura, chamada de “Kote Tegai” era protegida principalmente do lado externo por uma série de metais, que começava por uma lâmina “Kamori Ita”. Ela cobria o ombro sob a outra proteção da região, chamada de “sode”.
Duas cordas pesadas atavam a lâmina de cima ao peito e uma terceira atava a outra manga da armadura.

A parte superior do braço era protegida por outra grande lâmina de metal – a “gaku no ita” – enquanto o cotovelo era coberto por uma lâmina circular e côncava – “hijigane”.
O braço também era protegido desde a altura do cotovelo ao pulso por uma longa lâmina “ikada” ou por uma série de tiras de metal longitudinais. Às vezes, ela se apresentava encaixada em uma só peça de metal, furada e moldada, à qual era atada ao pulso uma outra peça que tinha por função proteger as costas da mão.
Essa peça era forrada com couro e possuía uma curvatura de forma que se ajustasse aos dedos do guerreiro. Nas armaduras antigas, peças para os dedos e anéis eram acopladas umas às outras por uma pequena corrente. Mais tarde, pesadas luvas de couro eram vestidas.

A porção interna do braço, que requeria menos proteção que a área externa, era coberta com um tecido pesado, ou o próprio couro, entremeado com seda ou tiras de couro. Entretanto, sua defesa era mais baseada nas habilidades do guerreiro de que propriamente pelas peças da armadura, uma vez que essa área se tornava exposta quando os braços eram levantados para aplicações de golpes com a espada.
Existiam técnicas que se tornaram famosas no Yari Jutsu e no Kenjutsu por visarem atingir essas áreas expostas e vulneráveis da armadura contra adversário em combate.

Havia uma quantidade fantástica de tamanhos, tipos, formas e materiais que o bushi podia selecionar para essa importante vestimenta. Um exemplo são as mangas da armadura coberta por uma malha feita de anéis e correntes de metal (kusari gote). Os braços eram, em seguida, protegidos por placas (tetsu gote). Havia um tipo de manga que protegia o braço cobrindo-o com uma larga placa (como um sode adicional), atada ao ombro (tsugi gote). Outras eram formadas por escamas sobre o bíceps (gaku no ita); outras ainda alternavam faixas dessas placas com a malha de metal (oshi no gote), ou eram totalmente feitas da malha à qual eram amarradas fortes placas de vários tipos (shino gote, echu gote, awase gote).

Ele também usava uma pequena proteção para o antebraço, coberta com as placas e malha, e depois com um tecido rústico (hansho gote). Essas mangas eram muito específicas de acordo com o tipo de propósito marcial desejado. Por exemplo, havia mangas especiais (yu gote) feitas de seda e brocado, sem qualquer proteção pesada, que eram vestidas aos pares, a partir dos ombros. Eram mais utilizadas pelos arqueiros, que precisavam de liberdade de movimentação para manejar seus arcos e flechas. Em certas ocasiões, os arqueiros usavam apenas uma dessas mangas, para proteger o braço direito, ombro e boa parte do peito e costas. Eram atadas em volta do corpo. Muitas das mangas de armadura consideradas leves eram usadas em tempos de paz, sendo vestidas sob o quimono, quando o bushi deveria estar preparado apenas para confusões de rua.

As articulações, que geralmente ficavam desprotegidas devido ao vão existente entre as mangas protetoras (kote) e as placas laterais (watagami) do corselete (do), eram reforçadas com camadas de malha de metal, placas e escamas (waki biki). Eram vestidas sob o corselete, separadamente ou ligadas umas às outras por uma faixa de metal (kusari waki biki). Podiam ser apertadas com botões (botan gake), ganchos (kohaze gake) ou cordas (himo tsuki). Um tipo especial de equipamento (manju nowa) combinava os waki biki com um colar e ombreiras.

O elemento central de uma armadura em qualquer país (junto com o capacete, claro) é o protetor de peito (do). No Japão, o estilo desses dois elementos representou e identificou a armadura de vários períodos da história do país – o pré-histórico (tanko, kachu, kisenaga), o antigo (yoroi) e o moderno (gusoku). A maior parte do corpo do bushi era vestida com um corselete feito de largas placas de metal, como os antigos corseletes (kaki yoroi, keiko) do século IV. Havia também corseletes de couro brilhante, forrados e cobertos com faixas de escamas bem atadas com seda ou cordas de couro. Como foi notado anteriormente, o couro era matéria-prima preferida dos confeccionadores de armaduras, e os vários tipos de couro utilizados, assim como os vários tipos de tratamento, originaram uma série de corseletes (kawa tsutsumi), assim como os de couro chinês (kara kawa tsutsumi), couro vermelho (aka kawa tsutsumi)e couro florido (hana gawa tsutsumi). Muitos dos corseletes das classes mais baixas eram feitos de couro preto (sewari gusoku). As placas que o cobriam, por sua vez, utilizavam pele de tubarão (same tsutsumi), casco de tartaruga (Moji tsutsumi) e osso de baleia, criando belas texturas e dando grande resistência à vestimenta.

Havia uma variedade aparentemente infinita de corseletes em uso no Japão em diversos períodos, e eles são divididos em duas categorias principais: a primeira e mais comum engloba as peças compostas por placas ou escamas e amarradas com fortes cordas (do), e a segunda, das peças inteiriças. Os mais recentes, chamados de placa “peito de pombo” (hatomune do) ou placa “peito de santo” (hotoke do), porque simulavam a curvatura do corpo humano, eram muito raros. Cobrindo o corpo do pescoço à cintura, eram usados no Japão dos séculos XVII e XVIII. Aparentemente copiados dos modelos europeus, podiam ter a abertura nas costas, ou nas laterais. Os que possuíam abertura frontal eram pouco comuns. Adotados pelas categorias mais baixas de samurais e seus ajudantes, certos modelos ajustáveis mais simples possuíam inúmeras derivações.

Alguns modelos incluíam dois soquetes aos quais era presa a bandeira da cavalaria. Os samurais de alto escalão vestiam peças adicionais, como a importante “se-ita”, ou “se-ita no yoroi”, que eram placas pequenas que protegiam as articulações dos ombros e parte superior do braço.

As mais antigas eram geralmente feitas de metal ou couro bem grosso, ricamente decoradas com detalhes em metal nas bordas. As mais recentes eram feitas com três placas grossas ou fileiras de escamas sobrepostas, protegidas com couro curtido. Nos últimos corseletes fabricados, os samurais de baixo escalão – que não eram autorizados a vestir as placas protetoras, vestiam proteção menores chamadas de “giyo yo ita”. Eram vários os modelos existentes dessa peça específica.

Em volta da cintura, o bushi vestia um cinto (uma-obi) feito de linho ou tecido, com ornamentos na frente. Quando ele cortava as pontas desse cinto e jogava fora a bainha de sua espada, que ele geralmente carregava presa ao cinto, sua intenção de morrer no campo de batalha era claramente manifesta aos seus inimigos e a natureza desesperada de sua luta era enfatizada.

Os ombros do bushi dos altos escalões eram protegidos nas laterais por duas grandes e características proteções (sode), cada qual feita de pequenas escamas arranjadas em várias faixas, firmemente amarradas com corda de seda, sobre um forro de metal ou couro. A escama do topo em ambas era sempre de metal maciço, fundida e ricamente decorada. Essa peça da vestimenta variava muito de acordo com a posição do guerreiro.

Uma outra placa adicional era amarrada em volta do corpo para proteger tanto o peito como as costas do indivíduo. À esquerda da vestimenta, o bushi punha então o suporte para qualquer tipo de espada que preferisse (koshi ate), para portar suas duas espadas (daisho), tanto a pequena ‘wakizashi’ como a longa ‘tachi’. Em tempos mais antigos, uma espada adicional era carregada, chamada ‘nodachi’, geralmente maior e mais pesada que a ‘katana’ original. A ‘nodachi’ era carregada nas costas.

Seu uso, que já havia sido universal em campo de batalha, tornou-se raro durante o período Tokugawa.

O pescoço do bushi era protegido por uma espécie de colarinho frontal (nodowa) feito de escamas ou pequenas peças firmemente amarradas juntas em forma de U. Essa peça parece ter sido elaborada no século XVI a partir de um colar antigamente vestido sob o ‘do’ e amarrado a um suporte chamado ‘eri-mawari’. No período Tokugawa, entretanto, era vestido sobre a armadura em uma grande variedade de estilos.

Bibliografia: Ratti, Oscar. Segredos do Samurai, As artes marciais do Japão Feudal. 1973

Ego e ilusão

“Aqui se ensina o verdadeiro AIKIDO”, “Venha praticar um Aikido de Nível Internacional” “Não se deixe enganar” – Afirmações que simbolizam o Ego associado a ilusão.

Recebo vez ou outra e-mails que trazem tais afirmações, fico pensando: O AIKIDO, é mutável, é flexível, o que acham que querem dizer com isso?

Acho que tipos de afirmações como essas são, ou ilusões e devaneios do autor, ou meios de propagandear e captar novos seguidores, de preferência cegos. Não existe verdade absoluta nas artes marciais, nada é dogmático, sendo assim não há o que se falar em verdadeiro ou falso. Outro mito sendo criado ou propagandeado é o do Aikido de Nível Internacional. O que é isso? Tenho treinado por quase 20 anos aikido e somando experiência anterior de arte marcial já passa disso. Treinei com muitas pessoas de diversas experiências e formas. Participei de dezenas de seminários. Conheço muitos dos que tem alardeado esse seu “aikido inter” e sei que tem muito discurso nessa historia. Muitos Sensei que tem um Dojo pequeno, e que não fazem propaganda alguma, tem muito mais a oferecer. Tenho preocupação apenas com os incautos que possam cair nessa falácia, mas não posso fazer muito. Eu mesmo já caí em algumas. Quando chega alguém em meu Dojo interessado, eu sempre falo para voltar algumas vezes e visitar outros lugares… Após isso ele decide. Acaba sendo um primeiro teste para o candidato. Aikido exige percepção e esta percepção neste momento já pode se manifestar e ele escolher o Aikido mais adequado para ele. É claro que podemos errar na nossa inexperiência. Torço para que depois acordem e acertem. Eu mesmo tenho 5 ou 6 hoje que erraram na primeira escolha e depois apareceram por lá no nosso Dojo. Não encontraram a única salvação mas o que lhe é mais adequado. E estão até hoje; entre eles já temos faixas-preta. Outros devem ter ido para lugares de meus amigos de outras organizações e lá estão muito bem. Não existe escolha verdadeira, mas a mais adequada. E acredito que nível internacional não é exclusividade de uma organização( se isso existir ) e se eles realmente o tiverem. “Apenas observem bem e escolham”, digo aos novos candidatos e aos alunos antigos do Aikido. Não preciso falar mais que isso. Somente mostrar a minha proposta e a minha forma de passar o pouco que sei aos alunos. E todos devem assim o fazer. Desconfie de quem fala demais aos quatro ventos. É assim que se vende o pão-de-açucar ou um terreno na lua….
Se observarmos vídeos antigos e atuais veremos que os alunos mais próximos de O Sensei, executavam e/ou executam técnicas repassadas pelo fundador de forma diversa, ou seja, já foi observado movimentos como ikyo, nikyo, sankyo, e outros, sendo executados de diversas maneiras, lógico dentro de um princípio fundamental. Todos de alto nível técnico. Sem única forma, sem única solução. Sem fanatismo.

O Sensei variou seu Aikido ao longo do tempo e teve alunos com diversas características em variadas épocas. Na minha visão a essência do aikido bem praticado varia pouco mesmo se executado com mais vigor ou não. O que se vê hoje em dia é: vários Dojos, tendo uma visão sobre o autêntico AIKIDO, o que fica difícil de explicar. Até mesmo O Sensei variava suas técnicas e suas formas, pois diz-se que ele tinha o entendimento que cada momento é único, e baseado nisso, o movimento tomava outra forma, sem no entanto perder o seu princípio de Flexibilidade e Conexão dos movimentos entre Tori e Uke no momento e sempre adaptado a situação.

No Japão onde o fundador começou tudo isso a cada dia um mestre incorpora novos conhecimentos e descobrimentos na sua bagagem muitas e muitas vezes indo além de somente o aikido. Assim como fez o fundador que foi um notável praticante de artes marciais. Estamos nos aqui tentando fazer o mesmo mas com a dificuldade da distância e do conhecimento menor em relação aos grandes mestres. Tudo é mutável e mesmo assim alguns se agarram a suas tábuas da lei e em alguns casos de pretensão e/ou ilusão extrema tentam ser referencias a outros. Um amigo contou a seguinte historia: Um professor antigo viu-o treinando e começou a colocar uma série de críticas na sua forma. Na época retornava de longo período afastado, ouviu calado os comentários e na época treinava com outro professor. Hoje sei que ele não só é muito mais graduado como este “crítico” já pediu, e pede, várias vezes que este faça demonstrações e aulas especiais para seus alunos. Realmente ele tem uma ótima condição técnica, superior ao professor que o criticou tanto. E tenho minhas dúvidas se já não o tinha mesmo no passado. Acredito que o que mudou foi que terminou a ilusão do pretensioso amigo que resolveu se render a verdade do tatame e deixar os discursos ufanistas de lado.

Treinando com seriedade, com sinceridade, buscando o estudo e compreensão das técnicas, com certeza nos aproximaremos do tão sonhado Aikido que um dia vislumbramos para nós quando pisamos nos primórdios no tatame, logo nos primeiros anos. Possivelmente conseguiremos até mais do pensávamos.

Por que treinar AIKIDO

Por Stanley Pranin.
Todo principiante de AIKIDO aparece motivado por alguma razão em particular e um conjunto de objetivos. Entre os mais comuns estão os de auto defesa, desenvolver a forma física, ou travar relacionamentos.
Com o passar do tempo os objetivos vão mudando e a pessoa vai percebendo que o AIKIDO está provocando transformações em sua vida.
Considerando que o AIKIDO, assim como outras artes marciais de um modo geral, ensinam técnicas capazes de machucar e mesmo matar um adversário, todas têm que ser praticadas com seriedade e atenção a detalhes por força dos riscos naturais, inerentes à atividade.
Treinar assim, respeitando a concentração vai-se alcançando passo a passo o aperfeiçoamento do que pode ser descrito como um “espírito de marcialidade”.
O termo marcial é aqui empregado no mesmo sentido que o Fundador do AIKIDO usava a palavra japonesa “bu”, normalmente traduzida por “arte marcial” (de guerra).
“Bu”comporta duas interpretações distintas: primeiro,serve para distinguir um sistema que engloba técnicas de lutas de origem clássica dirigidas originariamente para o ensino de auto defesa.
“Bu” acaba abrangendo o conceito de uma atividade ou prática destinada a conduzir o indivíduo através de um caminho de crescimento espiritual.

Quando o treinamento objetiva a luta em si.

O elemento marcial – ou “bu” é um componente tão vital do treinamento de AIKIDO que removê-lo totalmente significaria reduzir a arte a um conjunto de meros exercícios visando a saúde física.
Acaba ficando implícita uma consciência de existência de perigos inerentes que acaba produzindo uma ultra-sensibilidade ao pensamento.
Eis a seguir alguns comportamentos que auxiliam no desenvolvimento desse espírito de marcialidade.

A etiqueta

A etiqueta é um dos pilares do comportamento adequado a um dojo.
É comum menosprezarem a importância das formalidades adotadas em um dojo. Os padrões observados antes, durante e após os treinos têm o objetivo de gerar um ambiente em que técnicas perigosas possam ser praticadas com segurança.
A etiqueta também possui grande significado fora do dojo, servindo como um lubrificante nas relações interpessoais.
Pessoas bem educadas raramente fazem inimigos e desenvolvem um caráter adequado à prática de artes marciais.

O papel do uke
(aquele que simula o ataque e vai sofrer o movimento de aikido):

O treino de AIKIDO consiste no revezamento entre os parceiros: enquanto um simula o ataque (uke) o outro (o nague, ou tori – hitori) aplica a técnica de aikido)
No AKIDO a técnica a ser aplicada é sempre de prévio conhecimento de ambos, o que garante um treino seguro.
De forma que também é importante que o uke esboce o ataque de forma clara, sincera e segura, sem antecipar a reação do nague baseados nesse conhecimento prévio.
O nague precisa de um ataque sincero a fim de absorver os conhecimentos de equilíbrio, coordenação motora e o fluxo da energia.
A atitude marcial adotada pelo uke vai protegê-lo de ferimentos e promover seu próprio progresso e o do companheiro.
O uke será também recompensado por seus esforços adquirindo flexibilidade e condicionamento físico através das quedas – uma experiência perturbadora quando não perigosa para a maioria das pessoas.

O papel do nague.

Conforme descrito acima, conhecendo a natureza do ataque, o nague pode se concentrar em sua postura, no distanciamento e no desequilíbrio a que irá submeter o uke.
O stress emocional, que normalmente existe em confrontos da vida real, passa a estar ausente do contexto básico do treino.
O movimento inicial do nague deve ser no sentido de desequilibrar o uke, que não oferecerá resistência aos efeitos da força da gravidade, pois estará sem centro.
Os benefícios da prática contínua, para o nague, é que as técnicas de AIKIDO vão se tornar uma sua segunda natureza.
Seus instintos serão reestruturados para evitar ataques iminentes de forma a adotar as posturas harmoniosas que caracterizam as técnicas de AIKIDO.
Ele aprende a manter o equilíbrio físico e mental diante de ataques que normalmente seriam desorientadores para pessoas sem treino.
Enquanto o processo de aprendizado se desenvolve ( conscientemente ou não) o nague amplia seu nível de sensibilidade ao mover-se em seu ambiente.
Torna-se capaz de perceber o que possa ser ou não algum tipo de ameaça. Essa atitude de alerta constante é um componente fundamental da arte marcial e destaca as pessoas com esse conhecimento.

Identificando objetivos do treino.

Praticantes de AIKIDO devem regularmente passar em revista suas atividades normais e as circunstâncias a fim de estar sempre identificando e dando atenção situações de perigo ou fraqueza.
Um exemplo: aikidocas costumam ver pontos fracos em sua arte, quando a comparam com outras artes marciais.
Consequentemente ele passa a se sentir tentado a discutir situações hipotéticas com relação às técnicas de AIKIDO do tipo “e se….?”
Na verdade não se treina aikido para se descobrir capaz de enfrentar o campeão mundial de karatê, ou de box ou de luta-livre.
A partir do momento em que eu canalizo minhas energias para esse tipo de pensamento, como se esse fosse o meu objetivo em treinar AIKIDO, como poderei eu estar preparado para todo e qualquer outro tipo de ameaça ou ataque a que a gente se sente exposto o tempo todo durante o dia-a-dia, durante a vida?
Pensar assim só é bom para discussões acadêmicas. Não há como hierarquizar as artes em termos de eficácia nem como ficar especulando sobre a relatividade de seus métodos.
Quem pensa assim é melhor que nem comece a treinar AIKIDO.
A abordagem do AIKIDO não é por esse lado.
O objetivo é proteger a vida, a saúde, a integridade física, a liberdade, a propriedade, e não para derrotar o semelhante como num torneio.
Vamos supor que a gente se depare com algum ataque aleatório. A gente pode ser surpreendido caminhando pela rua, dirigindo o carro, e mesmo dentro de casa. No mundo real assaltantes geralmente portam armas de fogo, facas e vêm acompanhados de comparsas.
O elemento surpresa geralmente é o que dá sucesso a esse tipo de ataque aleatório.
Não se trata de avaliar a qualidade, a sofisticação do ataque, mas sim o fato de que a vítima quase sempre é apanhada desprevenida, com a guarda baixa, no que vai resultar em sua derrota, ou morte.
Aqui é quando se deve dar ênfase muito mais ao preparo psicológico do que ao conhecimento de qualquer técnica específica de defesa.
Temos que desenvolver um constante estado de alerta a fim de responder imediata e instintivamente a ameaças inesperadas. Temos que nos tornar saudáveis, flexíveis e indivíduos bem preparados para nos adaptar rapidamente a qualquer mudança de situação.

Por que AIKIDO?

Essa pergunta traz à mente uma dúvida razoável. Por que estudar AIKIDO e não qualquer outra coisa que traga um resultado mais imediato em caso de violência urbana, como treinamento com armas e técnicas de brigas de rua?
Dependendo de cada um, talvez seja mesmo o caso de se praticar outras disciplinas. Nesse sentido há fortes argumentos quanto aos benefícios de se saber várias coisas ao mesmo tempo.
Aqui é que entra o segundo componente da proposta inicial, mencionada no início, relativamente ao “bu”.
Acontece que o AIKIDO é também, e mais ainda, um caminho para o desenvolvimento espiritual da pessoa.
Ele contém um imperativo moral de cultivo e respeito por todo ser vivo.
O AIKIDO propõe uma visão idealista de um mundo vivendo em harmonia e as técnicas da arte tornam essa visão abstrata em algo físico, concreto, tangível.
Mais que qualquer outro princípio, as técnicas de AIKIDO se baseiam no princípio da não resistência, conforme o ensinamento do fundador, Morihei Ueshiba, o que deve estar sempre presente na mente de todo praticante de AIKIDO.
O que não deixa de consistir em uma excelente fórmula de viver bem a vida em meio a esse mundo atemorizado pelo perigo e pela discórdia.

Epílogo: tomando decisões em tempos difíceis.

A maioria dos desafios que enfrentamos no dia-a-dia não são os de embates físicos. A maioria dessas batalhas são de origem interior, São travadas num plano psicológico, posto que nossa vida consiste em uma luta constante e interminável contra problemas e incertezas.
O espírito marcial cultivado durante anos de treinamento de AIKIDO acaba se transformando em um acervo precioso, de valor incalculável nessas horas.

Trad. Nereu – 14/Out/08 – Fudoshin Dojo – Curitiba

A Natureza de um ataque

Traduzido por Jaqueline Sá Freire

O artigo que se segue foi feito com a assistência de Brian Workman, dos EUA Um assunto de fundamental importância para todos os estudantes de Aikido é a seguinte questão: “qual é a natureza de um ataque?”

É o reconhecimento de um ataque que dá início a decisão de usar as técnicas do Aikido para restaurar a paz em uma situação hostil. Depois que uma pessoa adquire um repertório básico de técnicas de Aikido e conseqüentemente está livre de uma preocupação excessiva com o mecanismo do movimento, começa a cultivar um estado de alerta para os mais leves sinais que marcam um possível ataque. Por exemplo: podem ser sutis sinais de linguagem corporal como a mudança do peso ou a tensão do corpo, que podem revelar a intenção de um possível atacante. Tendo antecipado calmamente e corretamente a ação agressiva, o Aikidoista pode tomar medidas para limitar as opções para o atacante de várias maneiras: colocando seu corpo em movimento, assumindo uma base diferente com relação ao oponente, projetando ativamente uma imagem de força, etc. Agindo desta maneira, a pessoa habilidosa passa novas informações que podem servir para perturbar o agressor e efetivamente neutralizar seu ataque. Quando vemos filmes com O-Sensei, freqüentemente parece que os atacantes não estão se esforçando muito para atingi-lo. O que não pode ser completamente apreciado é o impacto da sutil atividade que ocorre milésimos de segundo antes que o contato físico aconteça. A sensibilidade e a habilidade de reconhecer hostilidade que se adquire com o estudo do Aikido pode ser estendida além do tatame para incluir áreas de atividade verbal ou social. Formas não físicas de ataque podem igualmente ser detectadas em estágios iniciais, e trabalhadas de maneira mais bem sucedida. Realmente existem vários sinais perceptíveis pela atitude verbal e linguagem corporal que podem alertar o participante mais sensível da interação social para que ele possa adotar uma postura apropriada para reduzir a tensão no grupo e o conflito.