Tameshigiri

Tameshigiri (試し斬り,試し切り,试斩,试切) é a arte japonesa de corte de teste em alvo. O kanji literalmente significa ” teste de corte “( kun,yumi :ためしぎりtameshi giri). Esta prática foi popularizada no período Edo (século 17) para testar a qualidade das espadas japonesas e continua até os dias de hoje.

Origens

Durante o Edo período, apenas espadachins mais qualificados foram escolhidos para teste de espadas, de modo que a habilidade do espadachim não foi uma variável na forma como houve o corte da espada. Os materiais utilizados para testar espadas variou muito. Algumas substâncias foram wara (palha de arroz), Goza (a camada superior de tatami esteiras), bambu e folhas finas de aço.

Além disso, houve uma grande variedade de cortes utilizados em cadáveres; e criminosos condenados ocasionalmente, Desde o tabi-gata (corte do tornozelo) até o O-kesa (corte diagonal de ombro a anca oposta). Os nomes dos tipos de cortes em cadáveres mostra exatamente onde no corpo o corte foi feito. Espadas antigas ainda podem ser encontrados hoje que tem inscrições em sua nakago ( espiga ) que dizem coisas como, “cinco corpos com Ryu guruma (corte de quadril)”.

Além de cortes específicos feitos em cadáveres, foram os cortes normais de esgrima japonesa, ou seja, para baixo na diagonal (Kesa-giri), diagonal para cima (Kiri idade ou Gyaku-kesa), horizontal (Yoko ou Tsuihei), e em linha reta para baixo (Jodan -giri, Happonme, Makko-giri, Shinchoku-giri ou Dottan-giri). Estes cortes seriam então cortar nos cadáveres (ex:. Um espadachim faria um corte Jodan-giri em 3 corpos nos quadris A inscrição seria então “, três corpos Ryu guruma”).

Nos tempos modernos, a prática de tameshigiri tem vindo a concentrar-se em testar as habilidades do espadachim, e não a da espada. Assim, espadachins, por vezes, usam os termos Shito (试刀, teste de espada) e Shizan (试斩teste de corte, uma pronúncia alternativa dos caracteres para tameshigiri) para distinguir entre a prática histórica de espadas de teste e da prática contemporânea de testar um de corte capacidade. O alvo mais utilizado atualmente é o Goza ou tatami de palha Para ser capaz de cortar vezes consecutivas em um alvo, ou para cortar vários alvos em movimento, exige que um seja um espadachim muito habilidoso.

Alvos de hoje são normalmente feitas de wara ou Goza, ou empacotados ou enrolada em forma tubular. Eles podem ser embebidos em água para adicionar a densidade do ao material. Esta densidade é aproximada a da carne. Verde bambu é usado para aproximar do osso.

Uma vez que o alvo é Goza nesta forma tubular, que tem um padrão vertical quando esta verticalmente em um suporte-alvo, ou na horizontal, quando colocados sobre um suporte-alvo horizontal (ou dotton Dodan). Esta direcção afeta a dificuldade do corte.

A dificuldade de corte é uma combinação da resistência do material-alvo, a direção do ginterior do alvo (se houver), a qualidade da espada, o ângulo da pá (hasuji) no momento do impacto, e o ângulo da oscilação de a espada (tachisuji).

Ao cortar um alvo de palha que está na vertical, o mais fácil é o corte diagonal para baixo. Isto é devido a uma combinação do ângulo de impacto do corte contra a corrente (aproximadamente 30-50 graus em relação à superfície), o ângulo diagonal para baixo do swing, e a capacidade de utilizar muitos dos grupos principais do músculo e de rotação do corpo para auxiliar no corte.

Em seguida em grau de dificuldade é o corte diagonal para cima, que tem o mesmo ângulo, mas trabalha contra a gravidade e utiliza os músculos ligeiramente diferentes e rotação. O terceiro problema é o corte reto para baixo, e não em termos de material a cortar, mas, em termos de o grupo de músculos envolvidos. O corte mais difícil destes quatro cortes básicos é a direção horizontal (contra um alvo vertical) que é diretamente perpendicular ao interior do alvo.

Há uma série de espadachins que recentemente bateu recordes neste campo de tameshigiri, Toshishiro Obata detém o recorde de Kabuto Wari, ou corte do capacete, para seu corteem um Kabutoaço (capacete). Toshishiro Obata também detém o Ioriken batto jutsu – registro velocidade de corte de 10 cortes em 10 alvos ao longo de três rodadas. Seus tempos são 6,4, 6,4, e 6,7 segundos respectivamente.

Historicos europeus de Artes Marciais reconstrucionistas no âmbito do “teste de corte” prazo, participar em exercícios similares com várias espadas europeus . Enquanto o conjunto de tatami de palha e bambu verde (embora raramente), e especialmente a carne são os alvos preferenciais de corte, outras substâncias são usadas devido a ser mais baratas, e muito mais fáceis de obter: “macarrão” de piscina , cabaças diversas (abóboras, etc), garrafas de plástico cheia de água, alvos sintéticos ou de barro molhado.

Configurações de alvo

Os alvos podem ser colocados em diferentes configurações:

   1. Mais frequentemente, não existe uma posição única sobre a qual um único alvo é colocado na vertical.

  2. A segunda configuração envolve vários alvos no lugar verticalmente em um carrinho de comprimento (um yoko-narabi).

   3. Uma terceira configuração envolve múltiplos alvos colocados horizontalmente sobre um tipo diferente de suporte chamado Dodan ou dotton.

  4. A quarta configuração envolve objetivos individuais (# 1) ou múltiplos (# 2), cada um em estantes separadas.

   5. Uma quinta configuração (particular para Goza laminado) envolve vários alvos enrolados juntos para criar um alvo mais espesso e mais denso. Isto pode ser utilizado nas configurações anteriores (# 1, # 2, # 3)

5 lições do aikido para os negócios

Por Pedro H. Souza*

O aikido é uma arte marcial japonesa que se preocupa com a resolução de problemas através da harmonização das circunstâncias. Sua dinâmica tende a representar a interação entre as pessoas e os desafios que enfrentam, trazendo como resultado, além de um excelente esporte, uma filosofia abrangente, de aplicação prática no ambiente de negócios e na vida pessoal. Conheça 5 princípios, entre tantos outros, que são ensinados pelo aikido.

O princípio do Ukemi
Todo negócio é baseado em ciclos de expansão e recessão, e assim cair é parte de um processo natural. Através do chamado ukemi, rolamento executado diante da queda, o aikido ensina que a mesma energia que lhe derrubou pode ser usada para coloca-lo em pé novamente. Significa reconhecer e avaliar a circunstância, se posicionando e agindo para aproveitar as adversidades ao seu favor.

Continue andando
O movimento de andar é composto por momentos de desequilíbrio, no qual um dos pés está pendendo a cair para frente, e de equilíbrio, quando ele finalmente encosta o chão. Para o aikido, continuar andando é a chave para manter-se em pé. Ou da mesma forma, só é possível derrubar o concorrente ao impedir que ele finalize o próximo passo. O que não necessariamente falamos é somente focar derrubar outra empresa, ou outra pessoa: não se esqueça de olhar para si, e continuar andando.

Na adversidade não recue
O ser humano tem como tendência natural dar um passo para trás quando diante de uma situação adversa. O aikido inverte essa lógica, fazendo com que os seus praticantes se aproximem ainda mais do oponente, de forma estratégica, dominando a adversidade. Ainda mais importante do que enfrentar as dificuldades é enfrentá-las de modo inteligente.

Não crie resistência, se adapte
Diferente de tantos outros praticantes de artes marciais, o aikidoista não se opõe ao adversário, criando resistência aos seus golpes. De fato, ele se adapta à circunstância, canalizando a energia despendida pelo oponente em seu favor, fazendo com que “o ataque saia pela culatra”.

Se você precisa fazer força, está fazendo errado
É uma tendência natural tentar atingir resultados através da força e da insistência, algo que pode ser considerado até mesmo um axioma do pensamento ocidental, mas que na prática não se justifica. Para o aikido, forçar um situação significa se opor ao fluxo de energia predominante, perturbando a harmonia do movimento e limitando as suas chances de sucesso. Uma analogia bastante esclarecedora seria a do movimento realizado pelo rio. Ele é capaz de despender uma grande quantidade de energia por adaptar seu movimento ao fluxo natural, sem insistir contra as pedras ou mesmo negar sua essência líquida e indefesa.

Pedro Henrique Souza é palestrante, autor de “Stakeholding, a próxima ciência dos negócios” e CEO da Hëd River, auditoria e consultoria especializada em Marketing e relação com stakeholders.

Novos shodan no grupo

Parabéns aos alunos do Ganseki Dojo, Waldecy Gonçalves de Lima e Leonardo Galvão (Leo), que neste último sábado (17 de novembro) receberam a graduação de faixa preta. Parabéns aos mais novos Shodan da Ganseki Kai, os dois se esforçaram muito nos treinamentos e merecem esta nova graduação. Esta é uma amostra de que o aikido Ganseki está sendo sempre renovado com uma nova geração. Isso dá continuidade ao trabalho que temos desenvolvido.

A promoção ao titulo de faixa preta é uma conquista que todos alunos almejam alcançar, entretanto, o primeiro grande exito é iniciar os treinamentos vencendo as dificuldades do corpo, do tempo, entre tantas outras coisas que nos desafiam. Sensei Dutra disse uma coisa interessante e que vou colocar com minhas palavras., não com as suas exatas. Primeira conquista que anima o aluno é sair da faixa branca, depois essa conquista do shodan renova seu sentimento de conquista; mas que traz em si mais responsabilidade. Começamos a ser modelos para os mais novos, e temos que ter grande senso de responsabilidade pelo que estamos mostrando em nosso comportamento e nossas atitudes.  Precisamos manter também o nosso treino e buscar nosso crescimento, não nos acomodando como muitos fazem, querendo ser somente professores ou mostrar que somos faixas pretas sem treinar, sem ir em seminarios, e aí estagnamos.

Fico feliz em ter mais tres novos faixas pretas no dojo em 2013. Parabéns Waldecy e Leo.  Continuem firmes na caminhada!!!

 

Entrevista com Steven Seagal Sensei

PERGUNTA: Por que você estudar Aikido em vez de karate?

STEVEN: Eu comecei no karate, e foi em busca de um professor que pudesse ensinar-me a aspectos místicos das artes marciais. As pessoas com quem estudei no karate não podiam dar isso para mim. Achei o Aikido e pude ler alguns dos discursos de O’Sensei e o vi pessoalmente.

PERGUNTA: Com quem você estudou Aikido?

STEVEN: Eu estava dentro e fora do Japão como um jovem, e vi Tohei Sensei quando ele ainda estava com o Hombu Dojo. Eu estudei com diversos professores que você não conhece e outros que você nunca ouviu falar, desde Isoyama Sensei, Abe Sensei. E apenas mais um grupo de pessoas que já se foram..

PERGUNTA: Já houve um momento crítico em seu caminho, seu treinamento, onde você fez uma mudança radical?

STEVEN: Sim, durante seis anos, eu praticava cerca de oito horas por dia, o que é muito, mesmo no Japão. Eu estava batendo com a cabeça contra a parede e eu não estava fazendo nenhum progresso. Eu queria transcender os aspectos físicos do Aikido. Eu estava tentando fazer algumas das coisas que 0-Sensei estava fazendo, mas eu não estava chegando a lugar nenhum, mesmo tentando. Finalmente, um dia, eu saí em Kameoka, na província de Ayabe e comecei a treinar com alguns dos professores que tinham uma mística como 0-Sensei, e comecei a dedicar mais tempo para os aspectos místicos de Aikido. Eu experimentei tremendas e dramáticas mudanças em minha técnica, nos primeiros seis meses.

PERGUNTA: Por que não mais alunos de 0-Sensei foram procurar os aspectos místicos da técnica? Isso era menos interessante ou importante?

STEVEN: 0-Sensei usava um dialeto chamado Tanabe. Existe em algum lugar nas montanhas, em sua área. Um dialeto, que é realmente difícil de entender. Gostaria de falar com os outros caras e perguntar o que ele estava dizendo. Eles diriam: “ah, ele está falando sobre Deus e religião e essa porcaria, esquece isso e volte a treinar.” Essa foi a atitude. No entanto, quando eu subi e estudei com alguns dos mesmos sacerdotes que ensinavam 0’Sensei, eu comecei a entender o Aikido pela primeira vez na minha vida. Porque Aikido é mais do que waza ( técnica ).

PERGUNTA: Eu tenho ouvido muito sobre a linha-dura do aikido e Aikido “light”, você pode falar sobre o que seria a diferença?

STEVEN: 0-Sensei sempre sobre o Go-ju-ryu, o círculo, o quadrado e o triângulo. Aikido tem que ter todas essas linhas juntas. Os movimentos básicos são quadrados, muito quadrados. Quando você chegar ao nível intermediário, a quadrado está sempre lá, mas você vê já vê um monte de triângulos. Quando você chegar em um nível avançado, você vê na maior parte do tempo o círculo. Mas o quadrado está sempre lá.

PERGUNTA: Você já usou Kiai em suas técnicas? Eu não acho que eu já ouvi isso de você.

STEVEN: Você não vai querer. Kiai é muito eficaz e quando você faz isso direito, você vai paralisar o seu adversário.

PERGUNTA: Existe uma posição correta para começar?

STEVEN: Quando alguém aparece e eles vão fazer alguma coisa, você está posicionado como sempre é confortável e você faz o que você tem que fazer. A idéia é se eu estou em hanmi esquerda e alguém par cima de mim, ele provavelmente não virá para mim em hanmi certo, porque seu rosto está indo encontrar-se com meu punho. No entanto, nunca se sabe. A idéia é para esvaziar a mente e deixá-lo entrar.

PERGUNTA: Em termos de técnica o que você diria que é o mais importante?

STEVEN: Eu diria que “irimi” é o mais importante.

PERGUNTA: Em Aikido é apenas praticar a luta, ou pensar-se em situações de vida e morte?

STEVEN: A diferença entre uma luta real e com uke no tatame, é a diferença entre a natação no mar e nadar no tatame.

PERGUNTA: É uma técnica baseada em alguém que avança totalmente e acaba por se comprometer totalmente, usando o seu peso corporal no ataque?

STEVEN: Sim. A base do aikido inicialmente é assim. Mas no Aikido avançado não importa.

PERGUNTA: Nem mesmo com um soco como um boxeador o faria?

STEVEN: Nem um pouco. Não importa se eles ficam, ou se correm de mim, se eles estão lá e fazem polichinelo, eu acho que tenho de controlar uma situação ou neutralizar uma situação, e eu estou indo parar atrás de você. Isso é Aikido avançado. Eu não preciso de você se movendo. Você pode entra ou não em mim, você pode fazer o que quiser.

PERGUNTA: Como pode um aluno com deficiência se envolver com as artes marciais?

STEVEN: Depende da forma como eles são deficientes e que forma eles estão parados. Se você tiver como utilizar suas mãos e seus braços, então você pode fazer Aikido quase o mesmo que eu posso. O conceito é que alguém deve vir para você. Uma vez que eles vêm para você, os movimentos das mãos, os movimentos do tronco, e tudo o resto são os mesmos. Em uma série de maneiras que você pode se tornar um praticante de Aikido muito bom. Eu sei que durante houve tempo que eu me machuquei muito e estava muito mal. Eu aprendi minha técnica corretamente foi porque eu não conseguia me mexer.

PERGUNTA: As pessoas podem começar com 55 ou 65 anos na prática do Aikido?

STEVEN: Eu tive pessoas que com seus 70 anos iam de trem treinar no Japão, e aqui nos EUA pessoas com 60 e 70 anos que veem treinar.

PERGUNTA: Qual é a relação entre o Aikido e Budo?

STEVEN: Eles são o mesmo.

PERGUNTA: Existe alguma confusão, porque há uma vasta gama de atitudes do Aikido, de uma arte marcial muito suave, para uma arte marcial mortífera.

STEVEN: Eu acho que essas são as aberrações bobagem. Pode ser Bugei (arte marcial japonesa ou caminho marcial), se você tender por esse lado, mas se olhar o termo Budo, olhando para a caligrafia chinesa e original você ficará triste, pois significa parar a guerra. Braços parem! Pare a guerra. Então, é um Budoka HeiHõka, este guerreiro é realmente um guerreiro da paz, ou um homem de paz. Você precisa ser forte o suficiente para acabar com a guerra, você verá o que estou dizendo, porque se você é fraco não pode acabar com a guerra, você começa a ser guerreado. Você entendeu? E Budo tem que ter yin e yang, ela tem que Tate no ito a Yoko, Izu não mitama a mizu no mitama. Trata-se de todos os termos Shinto. Yoko Ito no significa lua, feminina, a água, o amor, o poder do perdão, o poder do amor. Tate no ito significa sol, falamos masculino, falamos sobre o fogo, nós falamos sobre o poder de decisão. Esse é o momento em que se você não perdoar, que é o poder de corte. Esses dois elementos têm de viver a nossa dentro de você em harmonia perfeita ou você está fora de equilíbrio, e que é o assassinato de sua essência do Budo também. Você tem que ter a habilidade e a capacidade de decidir tomar decisões, para cortar, para matar e, ao mesmo tempo, você tem que ter a capacidade de amar, de perdoar, de ser compreensivo. E esses têm que trabalhar juntos, mas o Budo é todas essas coisas e Aikido é uma das milhões de artes marciais sob a tutela do grande Budo, você entende?

PERGUNTA: O que podemos nós, como estudantes de Aikido fazer para melhorar a situação política do Aikido?

STEVEN: Infelizmente, muitos dos professores de Aikido estão mais preocupados com quem é melhor, onde e quem tem mais estudantes. Estou errado? No Aikido não importa quem é melhor. Não importa quem está certo e quem está errado, ou que tenha como muitos estudantes, ou cujo sensei é maior do que quem. Quem se importa? Nada disso importa, não tem nada a ver com Aikido. O que importa é que todos nós tentamos ajudar uns aos outros para melhorar a nós mesmos como seres humanos. Sejam quais forem os estilos que vêm até nós, serão bem-vindos, ninguém é melhor do que ninguém. Concentre-se na filosofia e nos aspectos espirituais do Aikido, em vez de quem está afiliado com quem.

PERGUNTA: Você poderia descrever o seu foco no treino com alguém, quando você está se preparando para as técnicas? Parece que você está passando por um processo e foco muito específico naquele momento.

STEVEN: É um ciclo. Quando estou ensinando, é apenas a posição do corpo a corpo e minha posição. Quando você realmente treinar, você tem que recolher-se e começar a concentrar energia. Você absorve o ataque, pegua seu “ki”, agarrándo de alguma maneira e traz para você. Quando alguem vêm para você, você faz o que quer fazer, é como um relâmpago. Onisaburo, que, como sabem, foi professor espiritual de 0-sensei, escreveu o Kaminari ku Kanji que significa “Budo é um relâmpago.” O ponto culminante de electricidade e de energia entre o céu e a terra, que é realmente o que o Bugei (artes marciais) é.

PERGUNTA: Como deve ser a intenção do uke para isso?

STEVEN: O uke não deve estar pensando em fazer alguma outra coisa, nem pensar em fazer seu ukemi. Ele só deve estar pensando em atacar. Em estágios avançados você nem pensa em atacar, você ataca apenas.

PERGUNTA: Você poderia me dar a sua interpretação de Musubi?

STEVEN: Algo juntar-se para se tornar um, é muito simples.

PERGUNTA: Como a relação entre uke e nage?

STEVEN: Pode ser, eu posso dizer Musubi em 15 milhões de maneiras, é como tomar a palavra casamento em Inglês. Musu significa tornar-se um, se juntar.

PERGUNTA: E a sua experiência com 0-Sensei?

STEVEN: Eu tenho muito pouca experiência com 0-Sensei. Eu era capaz de vê-lo várias vezes. Eu vi ele falar. Eu estava muito próximo de seus mestres espirituais e eu ainda sou. Eu acho que era a única pessoa branca sempre indo exatamente nos passos de 0-Sensei em termos de seu treinamento místico. Eu me tornei um sacerdote em O’moto Kyo e fui para a formação de todo o processo formal com o sacerdote do 0-Sensei, onde recebeu seu treinamento. Eu realmente nunca aprendi com ele. Nunca fui seu uke. Não cheguei a entrar em choque com ele sobre o tatami ou fui jogado por ele ou qualquer outra coisa.

PERGUNTA: Eu li em um artigo que kenjutsu é uma parte da sua vida?

STEVEN: Bem, para mim, Aikido e Kenjutsu são a mesma coisa. Se você viu a minha técnica, eu estou sempre efetuando o corte. Hoje nós fizemos um par de golpes de isto e aquilo, mas quando você me vê muita coisa que você vai ver e que eu estou sempre cortando com os pés e as mãos; tesabaki, ashisabaki. As mãos e os pés são todos os ângulos do kenjutsu.

PERGUNTA: Parece hoje que o seu Aikido era muito pragmático, um tipo orientado para a rua ao invés de outros estilos de Aikido que não são tão pragmáticos como o seu estilo. Eu queria saber se você, explorou também qualquer outro caminho no Aikido?

STEVEN: A técnica física do Aikido no nível que eu estou ensinando nada tem a ver com as aplicações mística na maneira que você está se referindo, ou seja, há Go-ju-Ryu (duro, macio e fluido). Agora, 0-Sensei sempre dizia: “Bugei wa desu Bugei”. As artes marciais são as artes marciais. E, “Aiki wa odorijanai”. Ele sempre disse que o Aikido não é dança. Se você nunca treinou com 0-Sensei do Aikido, ou foi assisti-lo, você estaria com medo de atacá-lo por ele poder jogar você. Suave como ele era, se você não estava lá concentrado, você poderia se machucar. Aikido é perigoso e tem que trabalhar. Isso é o que disse o fundador e era o certo. Aikido tem que trabalhar. Tudo o que eu estou fazendo é ensinar-lhe como fazer o seu trabalho no Aikido, porque não trabalho para você. Tento ensinar-lhe como fazê-lo de forma real. Não há nada sobre isso tudo que não seja espiritual. Na verdade, é muito espiritual. É real, não é uma ilusão, não é um desenho animado. Você tem que sentir para entender. 0 sensei era um grande místico, mas seu Aikido funcionou. Há muitas pessoas que tentaram pegá-lo em muitas ocasiões diferentes, desde antes de ele começar Aikido, para muito tempo depois. Eles descobriram que não é nenhuma brincadeira. E se você não pode fazer isso, se você não pode sair na rua e deixar uma dupla de baderneiros te acertar com bastões de beisebol, para em seguida fazer a coisa certa, você não sabe Aikido. Tem que ser real, caso contrário, tem-se uma ginástica aeróbica ou algo assim. Eu vou em alguns dojos e vejo alguém atacar, e então o cara cai e ninguém toca em ninguém. Há alguém aqui que pode jogar qualquer um sem tocá-los? Você tem que fazer o trabalho. Estou falando sério.

PERGUNTA: Você tem que salvar alguns dojo Aikido que são muito passivos?

STEVEN: Há dojo que ensina esta forma (jogando sem tocar), e eu acho que para ensinar de qualquer maneira você primeiro tem que aprender o básico e dentro dos princípios que você tem que ser capaz de fazê-los funcionar. Uma vez que você aprendeu o básico, e fez-lhes o trabalho, você pode obter o material mágico; que leva 20-30-40-50 anos para começar a sentir algo.

PERGUNTA: Como é que uma prosseguir nos aspectos místicos do Aikido, após atingir o básico?

STEVEN:, Primiero isto estaria disponível comigo, ou qualquer outra pessoa que tem esse tipo de fundo místico. Aí, quando você chegar perto o suficiente, neste aspecto, de seu professor, ele decide se quer ensinar.

PERGUNTA: É possível uma outra religião ou espiritualidade seja tão valiosa quanto a Omoto Kyo foi para o seu Aikido?

STEVEN: Eu imagino sim, que ela certamente foi. Um paralelo sobre Omoto kyo e outras religiões: Até mesmo 0-sensei disse que muita religião fala assim: “Nós somos o caminho, qualquer outro caminho está errado e você vai para o inferno.” Não há nenhuma religião, pelo que sei que não diz isso, exceto a Omoto-kyo. Estamos todos a subir a montanha mesmo, pode haver caminhos diferentes, mas todos nós estamos tentando chegar a Deus. Todo mundo tem o seu próprio caminho para chegar lá.

PERGUNTA: Qual parte do Aikido veio de esgrima?

STEVEN: Todas as partes, quando eu faço nikyo, eu cortei. Quando eu faço irimi, eu cortei, shihonage também, é tudo kenjutsu.

PERGUNTA: Quantos anos você tinha quando abriu seu dojo?

STEVEN: Cerca de 22.

Obrigado a todos muito bem.

Fonte:

A publicação do texto, de nosso conhecimento, foi no http://brasilaikido.blogspot.com.br

Não conseguimos no entanto verificar  nem neste site, nem por outros meios, da onde veio o texto original e a sua veracidade. Embora este apresente coerência com os vários registros da vida de Seagal Sensei.

Conduzindo um dojo de Aikido

O ALTOS E BAIXOS DE CONDUZIR UM DOJO DE AIKIDO

O mundo revela-se um lugar um tanto quanto holístico, como um holograma ou uma imagem fractal. A forma do todo é repetida em cada um dos seus fragmentos. Assim, o que experimentamos na subcultura do aikido é geralmente verdade para a sociedade como um todo. Essa é uma das várias boas razões para explorar o aikido em todos os aspectos.
É claro que o aspecto mais importante do aikido é seu treino, no tatame. Isto só pode ser feito em um dojo, logo temos que ter um dojo de aikido para que possamos realmente explorar seu potencial. Todos nós fomos sortudos em achar um, ou então teríamos ido jogar boliche.
Com o passar do tempo, para alguns de nós torna-se necessário assumir a responsabilidade por esse dojo. Para outros, não há outra maneira de continuar treinando aikido, a não ser iniciar seu próprio dojo. Não hesite em fazê-lo quando a necessidade chegar!
No nosso universo a sobrevivência e o desenvolvimento são realizados por regeneração. Na escala modesta do aikido, isso é feito por alunos novos ao ingressar no dojo, e por alunos antigos partindo para iniciar seus próprios dojos.
A aprendizagem do aikido, a partir do primeiro ukemi em diante, é uma luta poderosa. Conduzir um dojo é um desafio tão grande quanto. Não há nenhum atalho, e se houvesse, seria tão sem graça e chato como ver Paris apenas em cartões postais. Você tem que fazê-lo de verdade, como todo seu esforço, pois se não, não terá sido feito.
Eu iniciei alguns dojos, e tenho testemunhado o início e o desenvolvimento de alguns outros. Aqui estão algumas coisas que essas experiências me ensinaram. Talvez sejam de utilidade, se você está no mesmo processo.
VOCÊ QUER PARCEIROS DE TREINAMENTO
Você sabe porque você precisa de um dojo: você simplesmente quer parceiros para treinar. Talvez você tenha assumido um dojo, quando o seu ex-professor partiu, ou iniciou um novo dojo porque você se mudou para outra cidade, ou precisava de uma mudança, porque queria explorar o aikido em uma direção diferente que a de seu dojo – seja qual for o caso, você precisa de um dojo porque você precisa de companheiros de treinamento para que sua prática de Aikido continue.
Nunca se esqueça disso. Isso é razão suficiente para ir adiante e começar um novo dojo, não importa quanto problema isso traga. Isto também te serve de guia, uma bússola, que irá ajudar em todas as escolhas que você precisará fazer durante a formação e gestão de um novo dojo. As escolhas que funcionarem bem com seu estilo de treino são boas, as outras são ruins. É claro que devemos ter uma perspectiva maior do que apenas a próxima aula, mas no fundo, você tem que querer treinar no dojo e desejar que o próximo treino aconteça logo, se isso não acontecer, algo está errado.
Então, não hesite em iniciar o dojo e a sua formação, de acordo com suas próprias preferências no aikido. Se você prefere um certo estilo de aikido, permita que o dojo seja dedicado a ele. Se você gosta de um clube pequeno, com apenas alguns membros que são amigos próximos e iguais, então se atenha a isso e não se preocupe em tentar fazer o dojo crescer. Quanto mais o dojo concorda com você, mais você concorda com ele, e então você será um líder inspirado.
Conseqüentemente, se por algum motivo o dojo se desenvolver em algo que não combina muito bem com você, não hesite em deixá-lo. Você pode encontrar um outro dojo do seu agrado, ou iniciar um novo. Pode não ser o dojo mudando, mas você. A mudança é uma força fundamental do mundo. Não espere que as coisas sejam do mesmo jeito ano após ano, mas espere que as coisas mudem. Essa é a única maneira que você tem para se adaptar.
Ainda assim, até chegar o dia em que você sentir que deve deixar o dojo, enquanto você liderá-lo: deixe que suas preferências pessoais o governem.
A PRIMEIRA GERAÇÃO
Quando um dojo é iniciado a partir do zero, a sua primeira geração de membros é da maior importância. Eles definem o caráter do dojo. Se for formado por um monte de pessoas alegres, felizes tanto em treinar quanto com a companhia uns dos outros, então o dojo com certeza será um sucesso. Vai sobreviver e prosperar.
Isto não é nenhum mistério, mas lembre-se do seu significado. Para que isso aconteça, você tem que se esforçar bastante para juntar um certo número de pessoas no exato momento em que você está iniciando o dojo, então você tem que ser ousado e fazer com que o treino regular seja condizente com a maneira como você quer treinar aikido – mesmo que isto signifique excluir pessoas que não tenham a vontade, ou a habilidade, de se adaptar a isso.
Não mude o seu estilo de aikido ou o sistema do dojo para atrair um grande número de pessoas que nunca gostariam de treinar aikido do jeito que você quer. Isso só leva a problemas e conflitos, e pode muito bem acabar com a fragmentação do dojo, ou com seu fechamento.
Quando um dojo é iniciado, ele se transforma facilmente em um clube forte de mentes homogêneas. Eles formam o núcleo sólido do dojo – uma força que supera até mesmo o poder do líder do dojo. Quando você começa um dojo, você é capaz de decidir muito sobre como ele vai ser, mas uma vez que esse clube de membros iniciais é formado, ele tem muito mais força para influenciar o líder do que o líder para influenciá-lo.
Portanto, tome cuidado em como o primeiro grupo de membros é formado. Faça o que puder para manter os que você realmente quer que sejam parte dele e até mesmo tente afastar aqueles que você sente que são contrários ao que você quer que o dojo seja.
Não se preocupe com pessoas deixando o dojo depois de um curto período, se não gostaram de lá. É muito melhor um pequeno dojo onde os membros se sentem ligados e em acordo, que um grande, onde todo mundo se sente como estranhos.
Com certeza o dojo não será da forma como você o imaginou. Assim que o grupo começa a dar forma a si mesmo, é o grupo que realmente lidera o dojo, não você. Isso é uma coisa boa, desde que você também esteja preparado para algumas surpresas e é o que torna a aventura excitante. Faça o que puder com a formação inicial do dojo, então esteja preparado para dar um passo para trás por pouco tempo, para ver o que acontece.
Não existe forma de eu enfatizar o suficiente a importância da fase inicial de um dojo, suas primeiras semanas e meses. Se você estiver preparado e conseguir tratar deste período de forma satisfatória, o resto vai ser muito mais fácil do que caso você não tivesse se preocupado.
Por exemplo, considere cuidadosamente como promover o seu dojo. Não enfatize o aspecto de defesa pessoal, se esta não é sua vontade. Não use mídias ou fóruns que, principalmente, atraiam pessoas de uma atitude que está longe de ser o que deseja. Nas demonstrações, tente não demonstrar uma maneira de fazer Aikido que difere muito do que você gosta nos treinamentos.
Não hesite em deixar seus membros suarem tanto no tatame quanto fora dele. Envolva-os no trabalho. Deixe-os sentir como pioneiros, uma vez que é essencialmente o que são. Eles não precisam ser mimados – muito pelo contrário. Eles querem sentir-se envolvidos e essenciais no processo de formação do dojo.
De qualquer maneira, aqueles que não podem se envolver no calor, você não os quer como membros. Qualquer um que espere apenas pagar a taxa e depois ser servido, não está apto para participar de um dojo. Por outro lado, pessoas que contribuam para   trabalho do dojo com rostos sorridentes estão aptos, mesmo que eles tenham dois pés esquerdos e nunca aprendam a diferença entre omote e ura.
Quando você tiver a primeira geração de membros do seu dojo, faça o treinamento intenso, se esforce para que vocês também passem grandes quantidades de tempo juntos fora do tatame, leve-os como você para seminários, traga outros professores de aikido para o seu dojo, para que eles possam conhecê-los e se sintam conectados com o mundo do aikido como um todo. Não se preocupe se está fazendo coisas demais. No período inicial de um dojo não existe isso de “fazer coisas demais”. Muito não é o bastante. Não mire nada que não ultrapasse o “demais”. Deixe que sua perseverança seja o único limite.
Normalmente, a pioneira primeira geração de membros de um dojo é a que tem o maior vigor e determinação. Além disso, você também estará ansioso para ter membros num nível em que você possa , treinando com eles, desenvolver seu próprio aikido. Seja impaciente para desenvolvê-los até este nível e além dele.
O PERÍODO DE FIXAÇÃO
Você provavelmente vai manter a sua primeira geração de membros por vários anos, e eles vão parecer insaciáveis. Todos treinarão duro, e todos estarão dedicados ao dojo e a sua formação, como se nada mais na vida realmente importasse. Você vai se divertir bastante.
O dojo vai se estabelecer e obter as suas características durante estes primeiros anos. Sua estrutura fica sólida e suas rotinas são estabelecidas. Essas coisas não precisam ser trabalhadas previamente. É realmente melhor se elas são formadas ao longo do caminho, para que elas se adaptem bem ao caráter do dojo.
Portanto, evite estabelecer um sistema de graduação detalhado com antecedência. Quando seus alunos forem progredindo em graduação, você estará preparado para perceber o que é necessário para o próximo passo. Desta forma seu sistema de graduação será muito mais relevante e viável do que caso você o tivesse preparado de antemão.
Isso também é verdade se você usar um sistema de classificação exterior, por exemplo, o do Aikikai Hombu Dojo ou do estilo de Aikido que deseja pertencer. Você não pode permitir-se mudar as atuais exigências técnicas no sistema, mas você ainda tem liberdade no modo de aplicá-las – o que enfatizar e o que você considera como menos importante, o que em particular você procura em cada graduação, o que você espera além do que é pedido no sistema de classificação e assim por diante. Qualquer sistema de classificação deve ser mais ou menos adaptado ao que está sendo praticado no dojo. Não hesite em adaptá-lo, na medida em que sinta a liberdade. Caso contrário, seu grupo corre o risco de se tornar nada mais que uma máquina.
Nunca se esqueça que a graduação é secundária, enquanto o treinamento é primordial. A graduação deve refletir como o Aikido é treinado em seu dojo. Ela não deve, de forma nenhuma, forçar o treinamento a um molde, para o qual as aulas são pouco mais do que uma preparação para o próximo exame.
Eu recomendo que você faça do exame um evento divertido, em intervalos regulares, mas não dê a ele uma importância tal, como se fosse o objetivo do treinamento. Não é. O treinamento é o objetivo do treinamento. É treinando que você melhora seu aikido e você não treina para receber graduação maiores, você treina para melhorar seu aikido.
Ainda assim, trate o exame com cuidado e se certifique que os membros sintam respeito e confiança no seu sistema. Na verdade, eles vão exigir isso.
Quanto à programação do dojo, você também deve estar pronto para se adaptar. A primeira geração de membros vai querer treinar tanto quanto possível, mas é importante também que eles realmente sejam capazes de ir a todas as aulas. Encontre uma maneira de fazer isto possível, ou em breve haverá dois níveis de associação: os que sempre treinam, e aqueles que não podem fazer isso. Bem, talvez você queira que seu dojo consista apenas deste ultimo grupo, então vá em frente. Mas eu aposto que assim você terá um dojo composto principalmente de adolescentes e pessoas em seus vinte e poucos anos, sem família e possivelmente sem emprego. Este tipo de dojo tem vida curta.
Como regra geral: deixe que o dojo se organize de uma forma que agrade a maioria – se não todos – dos seus membros de primeira geração. Se seu dojo é um clube, ele precisa de uma diretoria e outros componentes organizacionais. Este é um assunto delicado. Quais dos membros devem estar na diretoria? É natural que todos os membros da primeira geração se sintam como iguais e isso é uma coisa maravilhosa. Isto pode ser facilmente estragado dando a alguns deles funções e títulos que os ponham acima dos demais.
Um clube deve ter estatutos, uma diretoria, reuniões anuais, e assim por diante. Mas durante os primeiros anos, é melhor tratar essas coisas com pouca ênfase, sempre que possível, mesmo que isso signifique alguma negligência. Algumas decisões precisam ser tomadas pela diretoria, ou pela reunião anual, mas elas devem ser livremente discutidas entre todos os membros com antecedência, de modo que todos se sintam envolvidos no processo de decisão.
Não deve haver surpresas vindo da diretoria. Suas decisões – bem como aquelas tomadas na reunião anual do clube – devem ser unânimes. Se não forem, no período de fixação do clube, há um risco de que algo dê errado. Na verdade, logo que uma votação formal é necessária, é motivo de consideração.
Normalmente, quem começa um dojo se torna seu presidente. Inicialmente, isto é difícil de evitar, mas tem uma séria desvantagem: implica em uma especial importância para quem é o presidente. Deste modo, faz com que a diretoria, e todas as questões organizacionais, estejam acima dos membros regulares do clube.
Se um dos membros regulares é feito presidente, o título perde um pouco da ênfase, mas há outros riscos. Esta pessoa pode não se comportar devidamente. Aquele que é eleito como presidente deve estar convencido da insignificância do título. Uma boa regra geral é que o presidente deve ser escolhido entre os membros que não querem o cargo e deve se ter certeza de não escolher alguém que esteja ansioso por ele.
Isto é verdade para toda a diretoria e qualquer outro compromisso no clube. Procure aqueles que precisam ser convencidos a aceitá-lo e evite aqueles prontamente voluntários.  As reuniões da diretoria deverão ser poucas e o mais informais possíveis. É melhor que as reuniões anuais do clube sejam feitas no tatame, imediatamente após uma sessão se treino. E lembre-se de deixar que todos os membros participem da discussões de assuntos que são importantes para o dojo, sempre que a decisão precisar ser feita formalmente.
Uma regra de ouro no dojo, especialmente durante seus anos de formação, é: Vamos ter todos envolvidos em tudo.
PRÓXIMA GERAÇÃO DE MEMBROS
É claro que o dojo necessita de outros membros que não sejam os da primeira geração, mas eles costumam revelar-se muito mais difíceis de se encontrar e manter do que os membros iniciais. São os membros da primeira geração que estão no caminho, sem saber.
Eles participaram na formação do clube, do qual eles também fazem parte. Os membros pioneiros do dojo estão intimamente ligados, transformando o dojo em algo semelhante a uma família. Não é fácil para os novos membros, mais tarde, serem aceitos como iguais nesta comunidade fechada.
Isso raramente demonstrado de forma direta. Na maioria dos casos nem os velhos nem os novos membros estão conscientes disso. Ainda assim, isso resulta em muitos novos membros deixando o dojo, enquanto a maioria dos membros da primeira geração continuam, aparentemente para sempre.
Semelhante a uma família, a única maneira de ser plenamente aceito em um clube onde os membros da primeira geração dominam, é através do convite e a ajuda de um deles. O núcleo de um clube é o seu círculo íntimo e enquanto a primeira geração está quase intacta o círculo interno é o clube inteiro. Se nenhum deles faz um esforço para que novas pessoas participem, o clube continuará a ser constituído apenas de seus membros de primeira geração.
No Japão, existe o sistema de Sempai e Kohai, o que pode ser traduzido como estudantes seniores e juniores (respectivamente). Ele existe em todas as partes da sociedade japonesa, também em seus dojos. Quando alguém se junta a um dojo japonês, essa pessoa rapidamente encontra apoio e orientação através de um dos membros seniores. Essa pessoa será sempai do novato – para o resto de suas vidas. O novato é kohai em relação ao seu sempai.
É um sistema limpo, resolvendo o problema do restrito círculo interno. O sempai, que é um respeitado membro do círculo, garante que o kohai possa entrar, e os outros seniores do dojo o aceitam, em respeito ao sempai.
Com algumas modificações, este sistema pode ser usado também em um dojo fora do Japão.
Ele começa com o líder do dojo. Normalmente isso significa o é o diretor – o sensei, para usar o termo japonês. Se o professor mostra interesse em novos membros, os alunos irão certamente fazer o mesmo. Ainda assim, o professor não pode se preocupar com os iniciantes até um ponto em que os alunos mais antigos começam a ser negligenciados. Em tal dojo é melhor ser um novato do que ser avançado – uma situação que rapidamente deteriora o dojo. A principal preocupação do professor são os alunos avançados, mas esses por sua vez, devem sentir a responsabilidade de cuidar dos recém-chegados.
Isto é facilmente conseguido se os alunos seniores começam a dar aulas aos iniciantes, ou pelo menos ajudar o professor de maneira significativa. Muita coisa no dojo, senão tudo, se resume a ensino. Portanto, se os alunos seniores estão envolvidos no ensino de recém-chegados, certamente irão fazer todo o possível para as pessoas ficarem e continuarem a sua formação.
Eu penso que este é exatamente o ponto nesta questão. Um dojo consegue atrair novos membros se presta atenção em cada um dos elos da corrente, dos membros mais velhos aos mais novos, mas isto tem que ser feito respeitando o fato que a prioridade para o membros mais antigos é essencial para um dojo. Como no Japão, você nunca pode se transformar no sempai do seu sempai, não importa que graduação você possua ou quão rapidamente seu aikido se desenvolva. A prioridade pelos membros mais antigos deve ser reconhecida e não podemos nos privar disso.
Um dojo onde o respeito pelos membros mais antigos é ignorado perderá a sua estabilidade, de modo que nem os mais antigos, nem os mais novos se sentirão confortáveis nele. Por outro lado, a hierarquia não precisa ser seguida tão rigorosamente. A diretoria não precisa ser formada apenas pelos membros mais antigos do clube, nem as aulas precisam ser dadas apenas por eles. No entanto eles devem ser considerados e respeitados, de uma forma maior do que é necessária aos ingressantes.
O iniciante deve ter um desejo de se tornar um membro antigo no futuro e, portanto, não será de modo algum contra um sistema de hierárquico baseado em tempo de treino. Isto acontecerá enquanto à dinâmica de aceitar novos membros como seniores à medida que o tempo passa, continue.
ADEUS À PRIMEIRA GERAÇÃO
Depois de algum tempo isso estará prestes a acontecer: a primeira geração de dissolve. Se eles eram jovens no início, eles se casam, têm filhos, um trabalho exigente, e assim por diante. Por alguma razão, o dojo vai perder seus pioneiros um após o outro.
Começa com um ou dois deles. Embora a perda seja sentida, o dojo e seu círculo íntimo permanecem intactos. Mas, em seguida, outros vão, em um ritmo crescente, e de repente todos, a não ser por alguns poucos, desapareceram no mundo fora do dojo. Mesmo que a primeira geração fique intacta por, digamos, cinco anos ou mais, todos eles podem ter ido em um ano.
Eu descobri que este é um processo que se acelera, O círculo se quebrou, os laços se afrouxam e assim a primeira geração de membros sentem que sua comunidade é uma coisa do passado. Eles seguem para outras coisas na vida.
Além disso, quando a primeira geração já não é a maioria no dojo, os remanescentes podem se sentir um pouco isolados ou até mesmo rejeitados, como políticos que não conseguem votos suficientes para permanecer no cargo. Membros que entraram mais tarde começam a tomar o controle. Bom, é um tipo de aposentadoria, tão inevitável quanto é natural.
O único membro remanescente pode acabar sendo o líder fundador do dojo. Se a primeira geração era formada de amigos próximos, quase como irmãos, o líder do dojo pode se encontrar em uma situação muito solitária. É como perder seus amigos após o colegial. É triste.
O que você pode fazer? Isto acontece com qualquer um que dá inicio a um dojo, então deveria haver uma solução. Não há, até onde eu sei. Mas podemos tirar algum conforto disso. Os amigos que você fez continuam pelo resto da vida, mesmo que você não os encontre tão frequentemente. Vocês sempre terão memórias em comum para compartilhar. Mesmo que muitos deles parem de praticar aikido, eles continuarão a valorizar o que aprenderam através dele. Eles ficarão felizes em admitir que tiveram uma experiência muito rica, assim como aconteceu com você.
Ainda assim, o maior conforto está no que ficou e no que está por vir. Existem alunos iniciante para serem desenvolvidos até avançados. Sempre haverá ingressantes cujo talento ainda está para ser descoberto e cultivado. Para eles você será mais um pai do que um irmão. A cadeia não tem fim.
Pense nisso: o que mais lhe encanta – o aikido você foi capaz no passado, ou o aikido você espera conseguir no futuro?
Eu pensei que seria.
Quando a primeira geração de membros desaparece, o que tende a acontecer de forma muito inesperada, o número de alunos no seu dojo, provavelmente, diminui de forma substancial. Não apenas há um número menor de membros, mas mais importante: existe uma grande lacuna entre os membros avançados. Talvez você tenha sido deixado sem nenhum yudansha, faixa preta, e provavelmente você não terá membros com os quais você possa treinar no nível que estava acostumado
As pessoas se vão, nós sabemos disso e podemos aceitar o fato. Mas um dojo em que você sente que deve começar tudo de novo – é uma coisa difícil. Assim, algumas vezes acontece que o líder fundador do dojo se vai, pouco depois que a primeira geração de alunos.
Se for isso que você realmente quer fazer, então faça. Mas não até que você ter tentado seriamente persistir. Você tem que dar o seu dojo uma segunda chance, para o bem dos membros restantes, e daqueles que ainda virão. Se existe uma grande lacuna, de modo que quase todos os membros restantes são de um grau muito menor do que a primeira geração, então você precisa começar por admitir para si mesmo que você não tomou o cuidado adequado na renovação do dojo. Você não fez o suficiente para fazer os iniciantes bem-vindos, ou para assegurar que estavam recebendo um treinamento bom o suficiente para que eles pudessem se desenvolver como deveriam. Você tem que pensar em maneiras de melhorar neste aspecto.
A próxima coisa que você precisa fazer é garantir que os membros mais antigos que permaneceram no dojo sejam considerados o núcleo do dojo, assim como a primeira geração era antes deles. O truque aqui é fazer com que eles se sintam desta forma. Quando os atuais veteranos se sentirem no lugar dos antigos, eles irão ajudar a manter o dojo funcionando. E provavelmente, eles o farão se sentir motivado.
Uma boa forma de se fazer isso é fazer mudanças no dojo e envolver os alunos seniores nelas. Dado a mudança de gerações, o dojo necessitará de mudanças também. Seja audacioso, faça disso uma forma de renascimento. Se os alunos avançados participarem do processo, eles se tornarão a primeira geração deste dojo renovado. Você pode acabar descobrindo que esta nova geração mostra tão entusiasta, apaixonada e persistente quanto à primeira geração. E você irá se divertir novamente.
Aprenda com o processo. Então você vai fazer melhor da terceira vez r – e da quarta, e da quinta…
APRENDA ENSINANDO
Se você é o líder fundador de um dojo, o mais provável é que você seja seu principal instrutor também. Como você deve esta bem ciente ao ensinar seus alunos de aikido, a maior inspiração no treino de aikido é o processo de aprendizado. Alunos praticam visando a perfeição. Sem a perspectiva de aperfeiçoamento, o treino se torna um mero exercício corporal – isto pode ser necessário, mas não é muito divertido. O professor também precisa sentir que está melhorando, ou se tornará apenas um trabalho – com pouco, ou nenhum, dinheiro vindo dele. Sendo assim, quem ensina o professor?
Os alunos ensinam. É um fato, não apenas uma agradável afirmação democrática. Colocando isso de forma mais geral: você aprende ensinando.
Quando você explica aos alunos exatamente como uma técnica de aikido funciona e como ela deve ser feita, você deve conhecê-la mais do que em qualquer outro momento da sua vida, não importa quantas vezes você a tenha feito na aula de professor. Você tem que mostrá-la também, o que o deixa cada vez mais consciente de seus detalhes e do que a compõe, ajudando a desenvolvê-la e refiná-la. Você deve executar a técnica em alunos de diferentes habilidades e tempo de experiência e ajudá-los enquanto eles tentam aplicá-la em você. Isto faz com você esteja sempre examinando e modificando sua técnica.
Ensinar aikido é uma das melhores formas de aprendê-lo. Todo aluno treinando em dupla nos treinos regulares acaba percebendo isso. Ao ajudar um ao outro eles aprendem a técnica mais rapidamente e melhor do que aprenderiam sem está comunicação durante o caminho – o ensino mútuo.
O professor responsável pelo dojo aprende muito apenas com suas aulas regulares, mas isso não é o suficiente. Se você quer que seus alunos melhorem, que eles continuamente ultrapassem cada uma de suas limitações, você precisa fazer isto também. Para tanto, você precisa algumas vezes aprender como um aluno.
Vá a seminários! Experimentar outros professores não apenas revitaliza seu aikido e te dá novas idéias de como modificar suas técnicas. Também te a chance de ver outro professor trabalhando e assim você aprende mais sobre como ensinar.
Convide outros professores para dar aula no seu dojo! Isto te dará os mesmos benefícios de quando você viaja para algum seminário – e alguns mais. Você tem a chance de ser um aluno como os outros, no seu próprio dojo. Será relaxante e também uma lição de humildade, seus alunos irão se deliciar com isso e se tornarão menos formais com você. Não se preocupe com autoridade e respeito – estas coisas são automáticas. A única maneira de não tê-las é se esforçar de mais para consegui-las.
Além disso, quando você convida um outro professor para o seu dojo – ou traz seus alunos com você para um seminário em outro lugar – os alunos têm a oportunidade de aprender mais do que você pode lhes dar. Não precisa ser melhor ou mais avançado, ou qualquer coisa assim, ele só precisa ser diferente do que você ensina. Dá-lhes a oportunidade de desenvolver seu aikido a um ponto onde você pode realmente aprender com eles. O ideal de um professor é que seus alunos sejam capazes de ultrapassá-lo. Mas faça-os trabalhar por isso, através de seu próprio desenvolvimento contínuo, ao mesmo tempo em que você faz todo o possível para ajudá-los e inspirá-los em seu progresso.
Quando você tem um processo de aprendizagem mútua acontecendo em seu dojo, você e seus alunos se divertem na aula. É preciso se divertir.
O Budo algumas vezes é considerado de forma muito séria, drenando toda a alegria, assim a única coisa que resta é disciplina e desconforto. Ninguém aprende nada em tal ambiente e ninguém realmente gosta. Se você pretende continuar ensinando e quer que seu alunos, não apenas continuem treinando, mas que de fato aprendam, você precisa fazer todo o processo divertido. Você, o professor, precisa gostar das aulas – isto é mais importante do que os alunos gostarem, mas eles vão gostar se você gostar.
Dê a si mesmo a liberdade de ensinar de maneira que você possa desfrutar, perseguindo direções que o atraem, fazendo as aulas de um jeito que o faça ficar desapontado quando o tempo acaba – muito mais cedo do que você estava preparado. Não se preocupe se isto parece um pouco egoísta da sua parte. Se você não está gostando, ninguém vai estar.
No entanto, preste atenção em duas coisas: Orgulho e preguiça.
O orgulho faz com que você evite ensinar técnicas das quais não está seguro. Ao invés disso, você enche suas aulas com técnicas que você domina. Como com a prática vem à perfeição, você certamente irá aprimorar técnicas que você já conhece muito bem, mas o resto do seu aikido se arrisca a deteriorar. Você realmente não aprende muito com isso. A preguiça é um veneno de ação lenta. No início funciona de forma quase igual ao orgulho: você evita técnicas em quem não se sente confortável, por uma razão ou outra, e passa tempo demais nas que você sente facilidade. Lentamente, isto te leva a fazer cada vez menos, como um todo, nas suas aulas. Um professor preguiçoso também evita ir a seminários ou convidar outros professores ao dojo. Novamente, você não aprende muito desse forma.
Sendo assim, o aprendizado é a chave. Enquanto você está aprendendo e melhorando, você está se divertindo e tudo está bem.
PROFESSOR DE PROFESSORES
Em seu Livro dos Cinco Anéis, o famoso samurai Myamoto Musashi escreveu: O professor é a agulha e os alunos são a linha. Como professor você lidera os estudantes para que eles avancem, sendo o espírito de aperfeiçoamento a razão para tudo. A agulha vai primeiro, mas é a linha que permanece.
Leva-se uma vida – ao menos – para aprender como ensinar. Provavelmente, não a nada mais grandioso na cultura humana, sendo assim, vale a pena gastar o tempo de uma vida aprender isso.
Ao longo do caminho, você terá alunos que permanecerão por diferentes períodos de tempo e cada nova geração do dojo te dará a chance de reformar e renovar a forma como você ensina. Use a oportunidade. Questione e revise a forma como você ensina, desde sobre os detalhes de como você apresenta uma técnica na aula ou como você corrige o trabalho de pernas de um iniciante, até a uma perspectiva maior de como levar alunos ao nível de Shodan e além – até o ponto em que seus alunos estarão prontos para serem os instrutores de seus próprios dojos.
Nós devemos nos empenhar para que nossos alunos se tornem melhores do que nós mesmos. Mas o aikido não é uma competição. Não há realmente nada do tipo, de um aikidoca ser melhor do que outro. Nós somos diferentes e isso é tudo. Uma melhor meta para um professor de aikido, se é que deve ter alguma, é cultivar seus alunos até que eles cheguem ao ponto de se tornarem professores – se tornar um professor de professores. Isso vai tomar algum tempo. Entretanto, um professor não pode hesitar em deixar seus alunos partirem. Ainda pode haver uma enorme quantidade de coisas que aluno ainda pode aprender de seu professor, mas uma vez que tenha chegada à hora, o professor deve deixá-lo ir mesmo assim. Se aluno tiver atingido a competência para ser o principal instrutor de seu próprio dojo, provavelmente será hora para isso.
Há um ditado japonês que diz: Mesmo para uma pedra, três anos. Significa que mesmo se você quer aprender algo simples como sentar em uma pedra, levará três anos para aprender. Por outro lado, após três você pode sentar em uma pedra.
Uma aplicação japonesa para o ditado é que leva três anos para que um aluno perceba o que pode ser aprendido de cada professor, sendo assim não há motivo para trocar de professor antes deste período. É claro, se depois de três anos você descobre que há ainda muito a aprender de seu professor, você será sábio em permanecer com ele (a). Mas estará tudo bem se você decidir procurar outro.
Eu fico lisonjeado e um pouco surpreso quando as pessoas permanecem como meus alunos, mesmo tendo se passado três anos. Eu mudo minha atitude em relação a elas, esperando que elas assumam cada vez mais uma responsabilidade pessoal para o seu contínuo aperfeiçoamento no aikido. Neste ponto elas devem tomar algumas iniciativas próprias, como visitar outros dojos, ir a seminários, talvez tentar treinar alguma outra arte, adicionando alguns ingredientes ao seu próprio treino.
Também, aos que permanecem por mais de três anos, eu considero que foram permanentemente mordidos pelo bicho do aikido. Eles até podem parar de treinar aikido, mas o aikido continuará em suas mentes e corpos, efetivamente aperfeiçoando suas habilidade de uma forma sutil. Eles começaram um processo neles mesmos que não irá parar só porque ele não praticam mais aikido no tatame. E um dia, é bem possível que eles voltem ao tatame.
Possivelmente você pode dividir o desenvolvimento dos alunos de aikido em um certo número de estágios. Caso possa, penso que deveria ser assim:
1 – O estágio de Iniciante.
O budo tradicional diz que este estágio dura até que o aluno chegue ao nível de faixa preta, mas isto é um exagero. Eu diria que dura de um a dois anos, dependendo de quão intenso é o treinamento e de quão talentoso é o aluno.
Aqui, o ensino deve conter dois elementos: o treino do básico do aikido e uma ocasional demonstração do que o aikido pode se tornar a longo prazo. Sem uma devida quantidade do primeiro, o aluno nunca ficará seguro de sua técnica e sem o último, qualquer aluno talentoso perderá o interesse no aikido.
2 – O Estágio Intermediário
Este estágio começa quando o estudante quando o aluno se sente confortável com as técnicas de rolamento (ukemi) e consegue executar as técnicas básicas do aikido sem muita hesitação. A partir deste ponto o aluno se desenvolve de forma muito rápida e precisa treinar frequentemente e com vigor.
Eu penso que este é o momento em que ele deve começar a usar o hakama, mas nesse ponto os dojos diferem grandemente. Alguns não permitem o uso antes do nível shodan, outros tem regras diferentes para homens e mulheres – o que eu acho ridículo. A regra mais comum para os dojos fora do Japão é permitir o uso do hakama a partir do terceiro kyu. Caso aconteça mais tarde, temo que toda a boa influência que o uso do hakama pode ter na postura e na circularidade dos movimentos é perdida. Alunos que tem que esperar tanto pelo hakama já estão tão acostumados com seus hábitos que seu uso não os ajudará a corrigi-los.
Nesta etapa os alunos precisam treinar bastante para desenvolver-se rapidamente para a próxima fase. Eles começam a sentir os estudantes avançados, por isso devem receber o apoio para tornar-se rapidamente avançado. Não há praticamente nenhum limite para o quanto eles podem ser estimulados, ou o que eles podem realizar proezas.
Este é um período muito intenso no desenvolvimento de ninguém aikido, e é cheio de memórias intensas que mantemos para sempre. Eles ainda precisam trabalhar em seus fundamentos, certamente, mas eles também precisam descobrir o quanto eles já aprenderam – até para mostrar, ocasionalmente. Eles sairão de fininho, em tais momentos, se o professor permite que ele ou não. De qualquer forma, o professor deve trabalhar duramente para manter esses estudantes desafiados, ou eles vão se cansar – ou sair em um momento posterior, quando os desafios à sua capacidade e perseverança são inevitáveis.
Neste estágio os alunos precisam treinar o suficiente para que possam se desenvolver rapidamente para o próximo estágio. Eles começa a se sentir como alunos avançados, sendo assim eles devem ter o suporte para que rapidamente se tornem alunos avançados. Não há realmente nenhum limite para o tanto que eles podem ser estimulados ou qual talento eles podem desenvolver.
Este é um período muito intenso no desenvolvimento de qualquer um no aikido e é cheio de memórias intensas que se manterão para sempre.
Eles continuarão precisando treinar o básico, claro, mas eles também precisam descobrir o quanto eles já aprenderam – e, eventualmente, precisam mostrar isso. Eles irão arranjar esses momento, quer o professor permita ou não. De qualquer forma o professor precisa se esforçar para manter os alunos desafiados, ou eles ficarão entediados – ou irão embora com o tempo, quando os desafios a suas habilidades e perseverança se tornarem inevitáveis.
3 – O Estágio Avançado.
Este nível se inicia normalmente quando o aluno atinge o nível de shodan, ou imediatamente antes disso. A graduação em si não é um indicador confiável, porém o aluno chegou a um nível de habilidade inquestionável. O aluno também adquiriu um nível de autoridade em seu aikido. O aluno avançado esta familiarizado com a maior parte das técnicas e confortável em ensiná-las aos outros.
Provavelmente está é a melhor indicação que um aluno atingiu o nível avançado: a habilidade de ensinar a outros as técnicas de aikido. Em comparação, o aluno em nível intermediário pode ser capaz de ensinar algumas das técnicas, mas raramente tem a paciência de fazê-lo e normalmente esquece pontos importantes enquanto o faz. O aluno de nível intermediário está muito mais interessado em aprender e fazer do que em ensinar. É no estágio avançado o interesse do aluno em ensinar começa e cresce. Sendo assim, é interessante que seja dado a estudantes neste nível a oportunidade de ensinar, paralelamente ao seu próprio treinamento.
Para um desenvolvimento contínuo, o aluno avançado precisa reexaminar suas técnicas, mesmo que ele as possa fazer de forma competente e confortável. Eles aprendem isso por estarem ensinando, mas também por causa do intensivo trabalho do professor para com eles. O professor de alunos avançados deve estar apto para enfrentar as altas demandas, para que os alunos não se acostumem com as habilidades que já tem, mas continuem melhorando.
O refinamento do aikido é feito por revisão. Os alunos avançados devem questionar o que eles aprenderam. Eles devem se atrever a abandonar as soluções em que eles confiaram até agora, assim eles estarão abertos para o contínuo desenvolvimento, mesmo que isto signifique uma mudança no que eles conheciam tão bem para algo que os faça sentir como iniciantes novamente.
É claro, é necessário um professor de nível avançado para conseguir manter seus alunos de nível avançado aprendendo, para desafiá-los e inspirá-los. O professor deve ser realista sobre o que ele pode ensinar a um aluno. Normalmente isto pode ser medido pelas graduações de “Dan” – e isto deve ser feito com cuidado – você deve perguntar a si mesmo em qual graduação de Dan você se sentiu confortável para liderar seus alunos. Sua própria graduação pode ser uma indicação, mas isto está longe de ser infalível.
Qualquer que seja a sua graduação e qualquer que seja a graduação que seu aluno chegue, virá um dia em que você terá que admitir que não tem muito mais para ensiná-lo. É hora de o aluno seguir em frente – ou procurando outro professor, ou iniciando seu próprio dojo. É melhor que o aluno faça as duas coisas, se possível.
4 – Estágio de Professor.
Isto acontece quando o aluno está mais do que competente para ter seu próprio dojo, se tornar o instrutor principal dele e tomar para si a responsabilidade do desenvolvimento dos seus próprios alunos, desde o nível de iniciante até os níveis avançados. Esta competência normalmente é atingida no 4? Dan, mas novamente – a graduação por si não é um medida garantida.
Desde ponto em diante o estudante é responsável por seu futuro desenvolvimento. Certamente, o estudante pode ter um professor que, através de instruções, guie seu desenvolvimento e o ajude em grande medida, no entanto a responsabilidade continua a ser do estudante. O professor ajuda, mas não mais lidera.
Se um aluno neste nível não tem a vontade, ou não consegue, achar um novo professor ou de dar início ao seu próprio dojo, a atmosfera no dojo fica densa, como se o dojo estivesse pequeno demais. E ele está. Muitos professores em um dojo faz com que surja o risco de que ele se divida em grupos separados, dando início a todo tipo de conflito.
Você ainda pode fazer com que isso funcione, caso aos professores seja dada responsabilidades bem definidas e separadas, mas não é fácil. Todos terão a necessidade de ensinar e de fazer isso da maneira que eles preferem. E isso é difícil de conseguir tendo-se apenas um dojo.
Se o instrutor principal do dojo for de fato muito avançado, até o alunos que chegarem ao nível de professor podem escolher permanecer e continuar seus estudo com este professor, como se nada tivesse acontecido. Mas algo aconteceu, sendo assim os instrutor principal deve tratá-los de forma diferente, mais como convidados de honra do que como alunos. Eles também devem se esforçar bastante para utilizarem suas habilidade de ensino em outro lugar, mantendo, ou não, seu treinamento em seu dojo original. Essa é a verdadeira dívida que você tem para com seu professor: ensinar a outros.

tradução livre do texto de sensei Stefan Stenudd

Novo dojo

Em pleno funcionamento nosso novo dojo ganseki.

O Ganseki Dojo, iniciou treinamentos em novo local: Fica na rua São Francisco Xavier, 266, sobrado. Tijuca RJ.

Com treinos as segundas, terças, quartas e quintas-feiras das 19:30 às 21:30. Em breve novos horarios. Um local ótimo para treino de armas e todas as outras movimentações de nossa arte. Um dojo com o pé direito alto e bem ventilado; possuindo inclusive sistema de exaustão em conjunto com os ventiladores, de forma a que o aluno desenvolva plenamente seu potencial. 8 horas de treino em um ambiente direcionado a arte marcial tradicional.

Seminário Donovan Waite Brasil 2012

Em 1991, Yamada Sensei veio ao Brasil pela primeira vez a convite de um grupo de professores que, durante essa viagem, tornaram-se seus discípulos. O sensei Donovan Waite, então uchideshi no New York Aikikai, o acompanhou nessa primeira visita ao país.  Foi um fim de semana muito bom, onde além dos treinos revemos amigos e  conhecemos outros. Interessante que nesses temposa de rede social existem os amigos que fazemos virtualmente e temos chance de conhecer pessoalmente como aconteceu comigo. Garanto que os que foram não se arrependeram.

De 1991 para cá, houveram muitos retonos ao Brasil e junto com algumas outras pessoas, fizeram a diferença no aikido brasileiro. Interessante observar que apesar de sua técnica apurada ele, como Yamada Sensei, enfatizou o fortalecimento de uma boa base técnica.

O seminario ocorreu em diversas cidades. Em São Paulo, Porto Alegre, Campinas e Piracicaba. Pude participar da etapa de SP e ficou a sensação de “quero mais”. Sorte de quem pode aproveitar um pouco mais.

Consciência é o primeira arma de defesa pessoal

Consciência. Este é provavelmente a sua maior arma de auto-defesa.

Eu tento ser um “observador de pessoas”. Acho que está atitude vem de anos de trabalho em um ambiente onde você tem que prestar atenção ao seu redor e as pessoas em sua área imediata. Eu não posso te dizer quantas vezes eu estar na parte de fora de um supermercado ou uma loja de departamento e ver que as pessoas observadas (mulheres e homens) saem do edifício com a sua atenção em qualquer lugar exceto em seus arredores. Eles “estão” em mensagens de texto. Eles “estão” em seus telefones celulares. Eles estão gritando com seus filhos. Eles estão mexendo em sua bolsa para alguma coisa. Eles estão verificando seu carrinho de ter certeza de que não esqueceu o leite. Eles estão procurando e fazendo qualquer coisa e tudo ao mesmo tempo, exceto a única coisa que precisam fazer: olhar em volta deles.

Sempre conto uma historia antiga de quando comecei a dar aula em uma academia no centro da cidade e morava no mesmo bairro. Nos dias de aulas de armas tinha o hábito inicialamente de andar com o bastão ou jo em minha mão ao longo do corpo caminhando pela rua. Fiquei impressionado que a esmagadora maioria das pessoas não percebiam. Dos que persebiam muitos somente quando eu estava bem próximo deles. Dentro do “maai”. Não esquecendo que estamos falando de um bastão de madeira de 1 pol de diâmetro e 1,3 m em média de comprimento!! Ou seja: Como digo sempre que cito esta historia: Não precisa de uma arma para assaltar ou atacar as pessoas em geral. Basta muito menos que isso. Se estas pessoas vivessem em uma cidadizinha pacata seria compreensivel. Assim como os animais que não sãop caçados e não tem medo do homem. Mas esta historia se passa no Rio de Janeiro que é quase que como São Paulo em periculosidade. (Elas se alternam no primeiro lugar conforme os resultados das eleições ao longo do tempo. rs rs ). Embora eu estou acostumado a esse comportamento, ele ainda tem o hábito de chocar-me um pouco.

Quando você sai de uma loja, especialmente nesta época do ano que chega, você deve prestar atenção ao seu ambiente. Olhe para a direita. Vire a cabeça para a esquerda e “digitalize” toda a área. Olhe para frente e repita o processo novamente. Se você ver qualquer coisa que não pareça certo, não prossiga. Volte para dentro. Volte em alguns minutos e “digitalize” a área novamente. Se ainda assim não parece certo. Para as mulheres (ou qualquer homem que se sinta intimidado com essa situação. Não há vergonha): Volte e encontre um segurança, um gerente, um empregado, um colega, e peça-lhe para levá-la ao seu veículo. Não seja tímida. Não se sinta constrangido. E confiem em mim, alguém vai ser mais do que feliz em levá-la para fora. No caso do homem é facultativo pedir segurança mas a medida que está com valores fica mais necessa´rio. Melhor seria evitar carrega-los ao máximo.
Quando você se aproxima do seu veículo, certifique-se de olhar ao redor para qualquer coisa fora do comum. Se algo não parece certo:. Baixou a janela em seu carro e você sabe que não estava assim quando você saiu? Luz interior acesa e você sabe que você não tê-la deixada ligada quando você saiu? Estranho veículo estacionado ao lado de seu carro com alguém nele e o motor funcionando? Um cara ou dois aparecem para trabalhar em seu carro junto com ao seu? Continue caminhando. Círcule em volta e volte para dentro. Peça ajuda.

Lembre-se, não há vergonha em ter cautela. Ter ciência da situação não é estar sendo paranóico.

Muitas pessoas têm muitas ideias diferentes sobre o que implica auto-defesa. Não importa o que você já ouviu antes, sua prioridade número um, quando atacado, é escapar.

Ao contrário da crença popular, não é a sua técnica de, ao defender a si mesmo, vencer o seu bobo atacante e deixá-lo deitado em uma poça com seus próprios fluidos corporais. Na verdade, isso pode levá-lo a mais problemas com a lei do que o ataque inicial. Você só está autorizado a usar a quantidade de força necessária para se proteger.

Quando as pessoas pensam de fuga, eles pensam em fugir. Você deve perceber que, se quando você corre, você não está fugindo de algo ou alguém. Você está executando algo. Você está executando um procedimento de segurança. Você está correndo para se ajudar.

Lembre-se também que, pensar: CORRA! Não a meio caminho a ser executado. Não corra para a pouca distância dar uma parada. O mais importante: não olhe para trás. Pessoas que treinam a polícia K-9 nos EUA fizeram uma observação ao longo dos anos. Eles notaram que nunca a maioria das pessoas que realmente escaparam do cão que estava correndo atrás deles olhou para a besta rosnando e latindo em seu encalço. É uma coisa mental. Quando você olha para trás para ver onde o atacante e, se ele ainda está atrás de você, se ele está ganhando de você, ele distrai a mente da sua finalidade naquele momento: fugir. Se o seu perseguidor está mais próximo, você entrar em pânico. Se você não vê-lo, inicialmente, você subconscientemente pode desacelerar de alívio.

Outra coisa importante a lembrar é que a fuga não significa apenas que você faça alguma incrível técnica de artes marciais, o atacante fique abatido no chão, e voce comece a fugir. Às vezes escapar é o meio para não se colocar em uma situação de perigo em primeiro lugar. Ao usar a sua consciência e bom senso você pode mudar a sua posição, e assim, escapar de um ataque antes que aconteça. Esteja atento. Olhe para os sinais de perigo. Ouça o seu sistema de alarme interno. Se sentir algo estranho  não olhar e evitá-lo. Por exemplo: se você sair do seu negócio ou em qualquer lugar tarde da noite e há um grupo de pessoas na esquina ou em qualquer lugar entre você e seu carro, o que está errado em atravessar a rua e evitá-los completamente? Se eles realmente te atacam ou não, não é a questão. A questão é: Será que realmente vale a pena descobrir?

Sempre tente um jeito de escapar, se possível. Se você entrar em um lugar que você nunca esteve antes, em torno de pessoas que você não conhece, você deve saber onde as saídas são. Não há mal nenhum em sentar-se perto de uma das saídas depois de entrar em qualquer lugar desses.

Se a consciencia não for suficiente pra livra-lhe de problemas, as técnicas de auto defesa que ensinamos serão também úteis.

Sensei não é um Mestre

Por Stefan Stenudd *

Algumas pessoas que praticam o Aikido preocupam-se pela tradição de se curvar no princípio e no final dos treinos frente ao retrato de O Sensei na parede. Eles podem hesitar em assim proceder por causa de certas convicções religiosas, ou porque eles se sentem pouco a vontade com o que parece ser algum tipo de adoração.

Eu nunca tive este problema, nem mesmo como um adolescente novato no início dos anos 70, quando era pressuposto que todo o mundo se revoltasse contra quaisquer figuras de autoridades. Mas eu tive um pequeno problema em chamar o instrutor de Sensei.

Mestre
Naqueles tempo, Sensei, para nós na Suécia, geralmente significava o “Mestre”, e em sueco esta palavra é raramente utilizada. Nós a usamos somente para campeões de jogo esportivos, quando eles ganham uma medalha de ouro nacional ou internacional – mas isso não tem nada que ver com Aikido, é claro.

Por outro lado, seu uso tradicional na suecia era para Jesus Cristo. Na tradução sueca da Bíblia é assim que a maioria dos discípulos freqüentemente o chamava.

Eu não era muito religioso, pelo menos não de um modo virtuoso, mas eu sempre achei muito complicado chamar meu instrutor de Aikido por algo que eu sempre associei ao Messias.

Embora Aikido se tornasse minha paixão, eu pensei que tal uso da palavra estava sendo exagerado… Bem, havia alguns instrutores que não se opunham quanto a isso…

De qualquer maneira, quando eu aprendi que o termo simplesmente significava “professor”, eu me livrei daquele problema. Mesmo assim, eu nunca sonhava em insistir que meus estudantes usassem o termo para comigo, e eu pensei que eu precisaria ser um homem bem mais idoso antes que eu ficasse mais à vontade com eles fazendo isso tão voluntariamente.

E eu não gosto quando vejo o título de “Mestre” sendo usado para um instrutor de Aikido ou qualquer outra arte marcial – especialmente se ele (ou, raramente, ela) usa-a para si mesmo.

O que está errado com a palavra “Professor”? Há alguma outra coisa mais distinta que nós podemos representar para as futuras gerações que virão?

O chamado dos estudantes

No uso japonês da palavra, você não pode chamar a si mesmo de Sensei. Só é usado através dos outros, quando eles se dirigem ou falam sobre você, se eles sentem que isto é apropriado. Isso é maravilhoso. Você só é considerado um professor se alguém prontamente admite ser seu estudante, e se voltam a você de modo que possam aprender algo.

Se você teima em ensinar sem ser questionado, você é qualquer outra coisa… Não Sensei.

Deve ser permitido para os estudantes escolher os seus professores. Isso é fundamental nas tradições Orientais. Também era o caso nas Universidades da Europa Medieval. Os estudantes escolhiam os professores, os pagavam do seu próprio bolso, e os trocavam rapidamente se não estivessem satisfeitos com eles.

Aquele sistema tinha suas desvantagens, tais como alguns compromissos na atitude acadêmica em alcançar a popularidade. Mas eu ainda penso que é melhor do que numa situação onde os estudantes estão presos aos professores, não importa quão incapazes eles são. Se você não precisa dar sua opinião, com o passar do tempo você tende a não dar.

Assim, este fundamento voluntário do Dojo é uma bênção. Você só mantém seus estudantes contanto que eles sintam que eles aprendem algo valioso com você. Isso significa que você tem que continuar trabalhando na sua própria melhoria, e você tem sempre que ser sensível às necessidades dos estudantes – as necessidades como você as vê, porque essas são as únicas necessidades que você sempre pode esperar cumprir.

Quando você dá para os estudantes o que você sente que eles precisam, alguns deles vão provavelmente discordar de você e partir, porque eles estão convencidos que você está errado. Nesses casos é definitivamente melhor que eles irem, do que você se adaptar às exigências deles contra sua própria convicção. Eles deveriam ser sempre livres para partir e achar outros professores. Desse modo, o estudante é o chefe de seu destino.

É claro, os estudantes que mais aprendem são aqueles com a menor pressa para realizar esse poder. Esses estudantes permanecem, embora eles estejam incertos sobre o que eles obtêm de você. Os mais sábios deles só ficam porque eles estão incertos sobre o que adquiriram.

Treinador

Em Aikido e nas outras artes marciais, o instrutor é normalmente o praticante mais competente no Dojo. Isso é tão estabelecido que consideramos como óbvio. Considerando a complexidade de nossas artes, definitivamente é isso mesmo. O instrutor tem que demonstrar cada técnica, e mostra para os estudantes passo-a-passo como fazer isto direito.

Mas em jogos esportivos, a pessoa que conduz o treinamento é raramente um atleta ativo. Treinadores de jogo esportivos são técnicos, que ficam à frente do banco, dirigindo os atletas, analisando o que eles precisam exercitar, e como eles deveriam melhor desempenhar para aumentar as chances de vitória. Isso também é freqüentemente válido para esportes complicados e que exigem habilidades refinadas.

A situação padrão em jogos esportivos é que o treinador nunca está tão concentrado no jogo como os jogadores estão. Isto pode parecer uma desvantagem, mas tem suas vantagens pedagógicas. Por exemplo, um treinador é bastante livre para exigir muito mais dos atletas do que ele pode alcançar. Também, nutre um respeito pelos atletas, e os mantém centrados.

Nas artes marciais, Sensei é considerado freqüentemente com uma reverência que faz os estudantes serem pouco mais do que decorações ao redor daquele líder, como se a prática fosse um tipo de ritual, que tem no Sensei como um padre, talvez até também como uma divindade adorada.

Mas tanto para o Sensei em um Dojo, como também para o treinador em um esporte, a verdadeira meta é a mesma: aperfeiçoar as habilidades e realizações dos praticantes. Dois caminhos bem diferentes em direção à mesma meta. Assim, Sensei pode aprender com o método do treinador, e vice-versa.

O Sensei

Voltando a Morihei Ueshiba, ele é honrado com o título “O Sensei”, grande professor. Isso diz tudo. O enfoque do título não é sobre suas próprias habilidades como um aikidoka, embora elas fossem indubitavelmente fenomenais, mas diz mais respeito a sua capacidade para desenvolver as competências e a perspicácia de seus estudantes. Até onde eu entenda, foi assim que ele realmente se sobressaiu.

A evidência mais forte disto é a grande diversidade no Aikido que seus estudantes demonstravam.. Embora eles tivessem o mesmo professor, o modo de cada um praticar o Aikido é bem distinto um do outro. É muito difícil achar dois estudantes de O Sensei que praticam Aikido de modo semelhante.

Qualquer professor pode desenvolver estudantes que são uma mera cópia do seu jeito de treinar Aikido, mas um grande professor inspira os estudantes para achar e expressar o seu próprio Aikido. É o único modo de realizar isso.

Todos nós temos que começar nossa jornada no Aikido copiando os movimentos do instrutor para nos familiarizarmos com eles. Entretanto, com o tempo, os movimentos ficam, de forma crescente, naturais a nossa natureza. Então eles começam a ser como nossos, como se nós fôssemos os inventores deles.

De certo modo, nós somos. Cada pessoa que aprende Aikido é capaz de reinventá-lo de forma que se torna uma expressão natural daquele indivíduo. Se o Aikido não se move à esse estágio, falta significado a seu praticante, e os aspectos mais sofisticados disto são inalcançáveis.

Você pode ver isto com os estudantes de O Sensei. Quando você vê um deles fazendo “ikkyo” de certo modo, lhe convencem imediatamente que este é o modo para assim fazê-lo. Ainda, quando você vê outro estudante de O Sensei fazer “ikkyo” diferentemente, novamente lhe convence da mesma coisa. É bem agradável. E esta é a característica principal de um professor formidável.

Bem, deve ser correto, então, chamar tal professor de Mestre.

* Stefan Stenudd é um instrutor de Aikido 6o Dan da Aikikai, sócio da Federação de Aikido Internacional que dirige um Comitê de Graduação Aikikai Sueco, e do Conselho Diretor da Federação de Budo Sueca. Ele pratica Aikido desde 1972. Presentemente ele ensina Aikido e Iaido no seu Dojo Enighet em Malmo, Suécia, e em seminários na Suécia e no estrangeiro. Ele também é um autor, artista, e historiador de ideias. Ele publicou vários livros em sueco e em inglês, de ficção e de não-ficção. Entre os últimos estão livros sobre Aikido e Aikibatto e também um guia para o uso da Força Vital (Ki) e uma Enciclopédia de Energia de Vida. Ele escreveu uma interpretação sueca do Tao Te Ching, clássico chinês, e o clássico de samurai japonês – O Livro dos Cinco Anéis. No campo das ideias ele estuda os padrões de criação dos pensamento, dos mitos, bem como “Os Poemas” de Aristóteles.

Que aikido voce pratica?

Por Stanley Pranin
Tradução livre de Walter Amorim

O mundo de hoje do Aikido tem o carimbo do segundo Doshu Kisshomaru Ueshiba mais do que qualquer outra pessoa. Não há outra figura que é mais influente, nem mesmo o Fundador Morihei Ueshiba. Eu percebo que, para muitos dos fiéis alunos do aikido, esta será uma afirmação chocante. Permita-me dar mais detalhes.

Primeiro de tudo, aikido é uma fenômeno pós-Segunda Guerra Mundial. Morihei Ueshiba e sua arte marcial incipiente eram conhecidos principalmente nos círculos de artes marciais, e não pelo público em geral, antes da guerra. o que se tornou hoje o Aikido foi moldado principalmente pela família Ueshiba através dos auspícios do sistema Aikikai Hombu Dojo depois de 1955.

O árbitro desse processo de divulgação e o conteúdo do aikido Aikikai  não é outro senão Kisshomaru Ueshiba, filho do Fundador. Em 1942, Kisshomaru assumiu o controle operacional do que se tornaria o Aikikai na tenra idade de 21 anos. Morihei tinha se retirado para Iwama,  a Segunda Guerra Mundial grassava e Tóquio estava sendo bombardeada. Kisshomaru foi empurrado para uma posição de liderança, enquanto era um estudante universitário posição para a qual ele foi mal-preparado. Ele continuaria ininterruptamente como chefe do Aikikai, a maior organização mundial de aikido, até seu falecimento em 1999.

O Aikikai mal estava funcionando como uma entidade após a guerra até por volta de 1955. Durante esse período, Kisshomaru estava simplesmente tentando segurar os restos da estrutura do aikido juntos até tempos melhores chegarem, sem pensar muito na direção futura da arte. Na verdade, ele foi obrigado a manter um emprego em tempo integral em uma empresa de títulos para o próprio sustento e do Aikikai dojo.

Mais tarde, como o Aikido começou a reunir um pouco de atenção entre o público em geral, foi Kisshomaru, com aconsultoria de um grupo de anciãos e outros pares, que gradualmente começou a moldar as políticas que levariam a um crescimento constante, se não espetacular, do aikido.

A Aikikai adotou uma série de medidas a partir do final dos anos 1950 que logo garantiriam o seu sucesso. Isto incluiu o estabelecimento ramos de uma crescente rede de dojos de aikido, e de clubes de aikido em universidades e empresas em todo o Japão. Além disso, o Aikikai despachou um fluxo de instrutores japoneses leais à organização-mãe para locais-chave nos principais países estrangeiros. Muitos deles, por sua vez, criaram grandes organizações de aikido no exterior.

Kisshomaru e Koichi Tohei também publicaram uma série de livros no início dos anos 1960 que foram traduzidos para o Inglês e outras línguas européias. Estes trabalhos apresentaram um quadro técnico e teórico do aikido para uma audiência mundial e estabeleceu a Aikikai como a autoridade central da Arte.

Embora tenha sido uma grande trajetória de vida de muitas maneiras, o papel do pós-guerra de Morihei foi principalmente simbólico, não sendo ele um tomador de decisão nos assuntos da Aikikai. O-Sensei foi bastante irascível, por natureza, e muitas vezes crítico de práticas de ensino da Aikikai. Conseqüentemente, ele foi em grande parte marginalizado e encorajado a ausentar-se do Hombu. Ele passou grande parte de seu tempo viajando para se encontrar com amigos e alunos, e em sua casa de campo em Iwama. Desta forma, ele seria menos um impedimento para o bom funcionamento do dojo.

Rapidamente, várias décadas mais tarde e voltamos os olhos para o presente estado da arte. Obviamente, estou me concentrando na rede Aikikai em todo o mundo, que supera o número de organizações menores de aikido que existem; em tamanho e influência.

De forma coletiva, a organização Aikikai consiste de várias dezenas de milhares de escolas espalhadas por todos os cantos do globo, em seus diversos países. Que eu saiba, nenhum levantamento preciso do número real existe, mas vamos adotar a arbitrariamente que temos de um a dois milhões de praticantes, para dar uma idéia do escopo da arte.

O currículo seguido nessas escolas é amplamente baseado em muitos  livros técnicos de Kisshomaru Ueshiba, emitidos ao longo de um período de 40 anos. A maioria foi publicada pela Kodansha, a maior empresa de publicação do Japão , em japonês e Inglês, e várias línguas européias. Filho de Kisshomaru, o presente Doshu Moriteru Ueshiba, continuou inabalável na produção de livros similares, mesmo antes da morte de seu pai.

As políticas administrativas do Aikikai foram formuladas e aperfeiçoadas por Kisshomaru, e seus conselheiros, ao longo dos anos. Isto inclui os procedimentos de classificação dan, e estruturas de custos de acompanhamento, que constituem a principal fonte de receita da organização.

Na década de 1980 e 90, Kisshomaru desenvolveu uma postura neutra em relação a aceitação de organizações externas pelo  grupo Aikikai. Isto incluiu a reintegração de grupos que já haviam se separado da Aikikai no momento da demissão de Koichi Tohei em 1974. Esta é uma política para a qual ele tem sido justificadamente elogiado.

Outra esfera de influência em que Kisshomaru era dominante é na formação da imagem de seu pai, Morihei Ueshiba, para o “consumo geral”. Através de sua biografia amplamente lida davida de Morihei intitulada em Inglês, “Uma Vida em Aikido,” Kisshomaru estabeleceu uma versão oficial da história do aikido que tem sido utilizada como fonte primária por muitos escritores posteriores.

Além disso,  Kisshomaru deu uma visão da reformulação espiritual de O-Sensei, em uma linguagem que fosse acessível a cultura japonesa moderna, e uma audiência  internacional de leitores. Isto foi conseguido, por se dizer, expurgando a maioria das imagens esotéricas do Shinto que Morihei usada em seus discursos e palestras. Mais uma vez, o veículo foi uma série de livros sobre a filosofia do aikido de Morihei publicado pela Kodansha. Em alguns casos, a autoria foi atribuída ao proprio Morihei. O professor John Stevens foi traduziu e editou a maioria dessas publicações em Inglês.

Lembro-me vividamente da reunião com Kisshomaru Ueshiba em 1963 em Los Angeles em sua primeira visita aos EUA. Naquela época, ele era um senhor de 42 anos de idade, de óculos, com um modo calmo e despretensioso. Ele ensinou e demonstrou, de uma forma prosaica, com pouca explicação. Nada dele era extravagante ou exagerado.

Eu tive contato periódico com Kisshomaru ao longo dos próximos 36 anos a partir daí; e observei se transformar em uma figura digna e paternal. Dentro da Aikikai, ele se tornou um objeto de reverência, sempre acompanhado por uma comitiva delirante. Este “manto” foi herdado por seu filho e atual Doshu, Moriteru Ueshiba, e sem dúvida será passado, e claro, a seu filho Mitsuteru.