Simbologia no Japão: A líbelula

Como um símbolo sazonal no Japão, a libélula é associado com início do verão e final e início do outono.

Mais geralmente, no Japão libélulas são símbolos de coragem, força e felicidade, e muitas vezes eles aparecem na arte e literatura, especialmente haiku. O amor para libélulas se reflete no fato de que há nomes tradicionais para quase todas as 200 espécies de libélulas encontradas dentro e ao redor do Japão. Crianças japonesas brincam de pegar libélulas grandes como um jogo, usando um fio de cabelo com uma pedrinha amarrada a cada extremidade, que lançam para o ar. No deslize da libélula ela fica presa aos seixos, se envolvendo no cabelo, e é arrastada para o chão pelo peso.

Além deste um dos nomes históricos do Japão – Akitsushima (Kanji: 秋 津 岛 Hiragana: あきつしま) – é uma forma arcaica que significa literalmente A Ilha das libélulas. Isto é atribuído a uma lenda na qual o fundador mítico do Japão, o Imperador Jinmu, foi mordido por um mosquito, que foi prontamente devorado por uma libélula.

Dicas de Segurança Pessoal

Cuidados ao andar a pé

  • Evite distrair-se, mantendo-se sempre alerta.
  • Não usar jóias ou objetos que despertem atenção.
  • Muitas vezes o pretexto de esmola, explicações de superstições, locais de apostas e explicações de crendices constituem-se em ambientes propícios a vigaristas e estelionatários. Evite esses ambientes.
  • De forma geral evite parar para falar com estranhos, seja para dar informações ou por qualquer outra razão. Se você perceber uma pessoa se aproximando de forma suspeita, atravesse a rua, entre em uma loja ou em um edifício ou procure a proteção de um policial.
  • Não deixe sua bolsa ou objetos em lugares de freqüência pública.
  • Andar armado sem a devida permissão legal é crime.
  • Se você sentir que está sendo seguido, entre na primeira loja, observe o ambiente externo e só retorne à rua após reavaliar os riscos; na dúvida, ligue para a polícia.
  • Se alguém esbarrou em você, verifique se sua roupa não recebeu qualquer forma de “identificação” que possa servir de referência para um assaltante.

Dica extra: CNH:

A carteira de habilitação é um dos poucos documentos que não pode ser xerocopiado e nem plastificado. Com o advento do novo Código Nacional de Transito, foi inaugurada a nova CNH que vem com sua foto estampada (não dá para ser trocada, pois é escaneada) e também consta o numero do  RG e CIC do motorista. Portanto, para quem já possui a nova Carteira de Habilitação, pode aposentar em casa o RG  e CIC. Perceba que estamos diminuindo o volume da sua carteira pessoal. É de se frisar que a nova CNH é um documento super seguro, pois não dá possibilidade para o estelionatário substituir a fotografia. Com a nova CNH podemos andar de ônibus, trem ou avião, em substituição da Cédula de Identidade.

Quando você estiver em casa:

  • Verificar portas e janelas, deixando-as devidamente trancadas.
  • Reforçar todas as fechaduras das portas e janelas, se possível use obstáculos.
  • Não abrir portas para estranhos. Exigir identificação dos empregados avulsos, tipo lavadeira, faxineira, conserto de telefone, vendedores e entregadores de frutas, pizzas, etc.
  • Não entregue as chaves de dependências da casa à secretária do lar, ou serviçais de qualquer natureza.
  • Não receba encomendas quando não solicitadas ou que suscitem procedência estranha.
  • Evite guardar em sua casa dinheiro e valores desnecessários (jóias, telas, etc).
  • Em caso de dúvida consulte a Polícia Civil (ver telefones e endereços).
  • Mantenha também sempre à mão os telefones de Emergência da Polícia.
  • Conheça a localização da delegacia de Polícia de seu bairro. Instrua seus familiares e serviçais de como proceder em caso de perigo iminente ou de simples observação de suspeitos nas imediações.

Dica extra: Chaveiro do carro ao lado da cama:

Sei que esta dica é mais coerente para quem mora em casa, mas mesmo assim, quem mora em apartamento sempre tem um amigo (a) que mora em casa . Ponha o chaveiro do seu carro ao lado da sua cama à noite Conte à sua mulher, seu marido, seus filhos, seus vizinhos, seus pais, seu médico, à mocinha do caixa do supermercado, a todo mundo que vc encontrar. E ponha o chaveiro de seu carro ao lado de sua cama à noite. Caso vc ouça algum barulho no jardim ou no quintal ou ache que tem alguém tentando entrar na sua casa, basta apertar o botão do chaveiro que o alarme do carro dispara e a buzina vai continuar tocando até que vc o desligue ou que a carga da bateria se esgote. A próxima vez em que vc chegar em casa à noite e for guardar o chaveiro do carro, lembre-se disto: “vc tem nas mãos um sistema de alarme de segurança que já está à sua disposição e não precisa de instalação”. Ele vai disparar se vc apertar o botão de fechar por alguns segundos, a partir de quase todos os lugares de sua casa e a buzina vai continuar tocando daquele jeito escandaloso até que a bateria do carro se esgote ou que voce aperte o botão de reset do chaveiro.

O alarme funciona se vc tiver estacionado o carro na rua, em frente à sua casa, na entrada para carros ou na garagem.
Se o alarme disparar no momento em que algum mal-intencionado estiver tentando invadir a sua casa, o mais provável é que o ladrão ou estuprador saia correndo e desapareça. Dali a alguns segundos, todos os seus vizinhos estarão olhando pelas janelas pra ver quem está lá fora e isso é coisa que nenhum criminoso quer. E não se esqueça de estar com o chaveiro na mão ao caminhar em direção a seu carro em um estacionamento. O alarme pode ter a mesma utilidade nesse lugar. Esse recurso também é útil para qualquer outra emergência, quando vc não consegue chegar até o telefone.

Quando você estiver no carro:

  • Não deixe as chaves no contato (ignição) de seu carro, ainda que seja por alguns momentos, nem entregue-as à pessoas entranhas.
  • Obedeça as regras de trânsito.
  • Quando seu veículo apresentar defeito, chame um mecânico de sua confiança.

Quando em preparo ou durante a viagem:

  • Evitar evidenciar esse objetivo à vista de pessoas e nem deles fazer ciência, a não ser ao vizinho de maior confiança.
  • Verificar o veículo antes de partir, bem como os documentos e equipamentos obrigatórios (pneus, bagagens, e passageiros).
  • Não conduzir à vista, em veículos, objetos valiosos ou pacotes.
  • Evitar pedir ou dar “caronas” a estranhos, bem como manter as portas do carro travadas, os vidros levantados e usar o cinto de segurança.
  • Quando hospedar-se em hotel, guardar seus valores em cofres.
  • Não ingerir bebida alcoólica e/ou substância tóxica ao dirigir veículo.
  • Evitar andar sozinho ou transitar em lugares ermos.

Crianças e Idosos:

  • Crianças e pessoas da terceira idade não podem andar sozinhos ou acompanhar-se de pessoas estranhas.
  • Orientar os filhos a não atender a solicitação de estranhos e não aceitar passeios, convites ou presentes, tais como balas, pipocas, etc.
  • Estar sempre atento ao comportamento do filho nas suas relações de amizade, particularmente nas de Colégio e de passeios.
  • Com filhos na idade escolar, acompanhá-los na entrada e saída do Colégio.
  • Instruir seu filho a evitar contato com vendedores no Colégio.

Cartões de crédito:

  • Não guardar o cartão de crédito junto a senha no mesmo lugar, e não entregá-lo a estranhos.
  • Ao usar caixa eletrônico, evite movimentos que transpareçam a senha digitada.
  • Evitar favor de pessoas estranhas no manuseio de seu cartão magnético.
  • Diante de perda, furto ou roubo de seu cartão magnético e/ou documentos similares, prestar queixa imediatamente à Delegacia de Polícia mais próxima e comunicar a instituição a ele vinculado.
  • Ao utilizar o cartão magnético em equipamentos que usem carbono, rasgue-o (o carbono) e guarde consigo a segunda via para evitar clonagem.
  • Não fornecer por telefone dados pessoais ou números de documentos, assim como horários de saída e chegada em casa. Não discar em seu telefone números solicitados.

Seminários em outubro e novembro – Aikido Sansuikai

Outubro:

Yoshimitsu Yamada Shihan e Donovan Waite na Colombia:

Data:     3 a 7 de outubro em Bogotá.
Local:     Hotel Tequendama.
Fone:     (57) (1) 613 58 13 – 310-8819628
E-mail:     laldana@aikikaidecolombia.org
Web:     www.aikikaidecolombia.org

Novembro:

Donovan Waite no Brasil:

Data:     31 a 3 de novembro.
Local:     Campinas, São Paulo, piracicaba e Porto Alegre. Locais especificos a definir
Fone:    3326 7036 – 9838 0009 – 8109 9622
E-mail:     aikido@senshin.com.br – aikikaizen@gmail.com – rsaikikai@rsaikikai.com.br
Web:     www.facebook.com/SenseiDonovanBrasil


Robert Zimmermann

Cochilo Japonês

As pressões da vida moderna deixam os japoneses cada vez mais tensos e exaustos, mas isso não é desculpa para dar

aquela cochilada no ombro alheio durante a viagem de trem.
O novo cartaz do metrô de Tóquio tem o objetivo de lembrar os japoneses das regras de etiqueta e alerta que não devemos recostar nos outros periquitos, ops, passageiros.

O japonês dorme sempre que surge uma oportunidade, em qualquer lugar: banco da esquina, chão de estações de trem ou metrô, gramado de parque, cadeira do Starbucks, em pé na escada rolante (amigos, essa eu vi!) e até nas reuniões d

o Parlamento. O cochilo é uma prática nacional. Tem até nome por aqui: inemuri.
Ao contrário do resto do mundo, o inemuri – que significa mais do que uma soneca, é dormir pra valer – não é mal visto ou sinônimo de preguiça. É encarado como um sinal de exaustão, gerada pelo grau de comprometimento com o trabalho árduo, poucas horas de sono e sacrifício do indivíduo.  Enquanto uns realmente pegam no sono no escritório, outros fingem que “pregam a pestana” e até ensaiam umas roncadinhas para ficar bem na fita com o chefe. Sim! Os japoneses “malandros” fazem de conta que dormem no escritório para fingir comprometimento com a empresa. Isso não sig

nifica que o japonês não trabalhe duro, muito pelo contrário. Os avanços da tecnologia e invenções – como carros, computadores e celulares, que no início do século haviam prometido facilitar a vida de todos e diminuir a carga horária – tornaram a vida ainda mais acelerada para o ritmo do corpo humano e tem muita gente aqui morrendo por excesso de trabalho. Só no ano passado 1.648 pessoas morreram de karoshi, nome japonês para a doença que significa morrer de tanto trabalhar.

A estrutura do Dojo

Os dojos são entendidos como um lugar de respeito, aprendizado e desenvolvimento dos aspectos morais, e como tal, a organização do espaço obedece a determinadas regras.

Vou apenas falar dos lados do dojo e do seu significado. Mais haveria para dizer, desde a orientação relativamente ao norte, a escolha do asoalho ou a cor dominante, mas isso é um tema que não abordaremos até porque na nossa realidade cultural, temos de trabalhar com os espaços disponíveis.

Basicamente, quando visto de cima, um dojo tem a seguinte disposição:

KAMIZA: É o lado onde se encontra o retrato de O Sensei e/ou o Kamidana (miniatura de um templo, normalmente shinto). Este lado tem o significado da sabedoria, conhecimento, julgamento, etc. É representado pelo elemento água.

SHIMOZA: Oposto a Kamiza, é o lado onde se sentam os alunos por ordem crescente de graduações, no sentido de Shimoseki para Joseki ou seja, quando virados para Kamiza, da esquerda para a direita. Este lado significa o intelecto, a aprendizagem, a vontade. É representado pelo elemento fogo.

JOSEKI: Virado para Kamiza, é o lado direito e o lugar reservado a professores, instrutores e/ou convidados de honra. É o lado superior e significa a virtude, a caridade ou partilha, etc. É representado pelo elemento madeira.

SHIMOSEKI: Virado para Kamiza, é o lado esquerdo e normalmente o lado da porta da sala. É o lado inferior e significa moral, rectidão, integridade, etc. É representado pelo elemento metal.

O centro da sala, teoricamente é onde se senta o sensei, embora possa variar de dojo para dojo. Normalmente o sensei não se senta no centro físico da sala, mas antes, mais próximo do Kamiza. O centro da sala significa a honestidade e é representado pelo elemento terra.

Estas características, nas suas linhas mais gerais são comuns a todos os dojos. No entanto, os significados podem depender da escola, da arte marcial em questão, ou mesmo de quem interpreta as raízes culturais que deram origem a estes termos.

Kamidana e Kamiza

神坐 KAMIZA e 神棚 KAMIDANA

Kamidana

Kamiza. O Tokonoma das artes marciais

Entrando em qualquer Dôjô de artes marciais, deparamos com uma pequena prateleira (神棚 Kamidana) em um lugar de honra, que denominamos 床の間 Tokonoma (ou 神坐 Kamiza de forma mais específica nas artes marciais).

Tokonoma

Tokonoma

O Tokonoma (espaço no Tatami) tem sua origem no inicio do período Muromachi (século XIV-XVI), foi também chamado de 押板 Oshiita e é basicamente um espaço na parede onde são pendurados 掛け物 Kakemono (Pintura em papel), colocado 香 Kaori (incenso), 生け花 Ikebana (arranjo de flores), 行灯 Andon (abajur de papel) e outros arranjos artísticos. O espaço é comparado a nós ocidentais como uma sala de espera, porém comsentimentos culturais diferentes.

Podemos distinguir claramente um local diferenciado no ambiente Marcial classificado como Kamiza ou “acento divino” onde é visto o 神殿 Shinden ou pequeno templo e pequenos objetos juntos sobre uma prateleira chamada de Kamidana, literalmente traduzido como: “prateleira divina”. Cada item desse altar tem um simbolismo concreto dentro da tradição japonesa do 神道 Shintô (“Caminho dos Deuses” uma forma primitiva da espiritualidade japonesa).

Ofuda

No Shinden é guardado o 御札 Ofuda (amuleto) ou Shinpu taima(神符) que protege nosso treinamento.

A maneira de preparar um Kamidana pode seguir um padrão ou ser pessoal, mas devem incluir alguns objetos como:

As 燈明 Tômyô (Velas) simbolizam a luz universal da energia cósmica, da qual nos somos pequenos fragmentos ou 香 Kô (Incenso).

Shimenawa

Kamiza com o kamidana e a Shimenawa acima

A 注連縄 Shimenawa (corda torcida) que é a identificação de um lugar Sagrado. O Shimenawa, de acordo com o 古事記 Kojiki, foi usado pela primeira vez para impedir que a a deusa do sol Amaterasu retornasse a caverna e assim, salvando o mundo da noite eterna.

O 鏡 Kagami ou espelho que tem o significado no Shintô de revelar sem preconceito o verdadeiro aspecto de qualquer pessoa ou objeto refletido. É também representado no conceito chamado 神心神眼 Shinshin Shingan (Olhar e coração divino). O espelho possui de acordo com o 風水 Fusui ou Feng Shui, o poder de conservar as energias positivas presentes em um espaço e redirecionar as negativas de modo a beneficiá-las.

Kagami

O espelho também é um dos três objetos sagrado ou 神器 Shinki da tradição do Shintoísmo (os outros dois artigos são a espada e a jóia). O espelho também fez um papel importante na mitologia de Shintô.  Conta à lenda que a deusa do sol 天照 Amaterasu mergulhou no mundo da escuridão depois de se refugiar em uma caverna desgostosa pelas atitudes invejosas do seu irmão, deus da tempestade que saqueava a terra.  Os outros deuses não puderam a persuadir de sair do seu esconderijo até que um espelho foi pendurado à vista de Amaterasu em uma árvore.  Assim a deusa foi intrigada pela imagem refletida da sua bonita face que a fez sair da caverna trazendo o amanhecer e devolvendo a luz para o mundo.

Os pequenos ramos de 榊 Sakaki (ou qualquer planta perene) simbolizam nosso lugar dentro da Natureza e também a vida.

A 水 Mizu (água) o 米 Kome (arroz) e o 塩 Shio (sal) representam os três elementos para sustentar a vida. Também representa nossa voluntariedade e disponibilidade para o sacrifício, em ordem a alcançar o crescimento em nossa busca pessoal. O arroz também representa a pureza e o sal, assim como a água têm o poder de limpar o que for impuro. O 酒 Sake (bebida feita da fermentação do arroz) é outro elemento simbólico no Shintô e também é oferecido no Kamidana.

O Kamiza preferencialmente deve estar orientado a Leste, lugar onde nasce o Sol e provem à luz, a geradora da vida.

Devemos sempre lembrar que esse local é para recordar simbolicamente o legado histórico de todos os ensinamentos transmitidos durante séculos ate nossos dias. Nossa primeira reverência (礼 Rei) ao entrarmos no 道場 Dôjô é dirigida para este local, de forma que devemos sentir toda a energia dos mestres e praticantes que puseram os segredos das artes marciais ao nosso alcance e ainda continuam fazendo. Assim, ao expressarmos nossas reverências ao Kamiza, estaremos mantendo uma ligação com os espíritos (Kami) que se encontram neste lugar mágico de progressão denominado Dôjô.

Todas estas regras de cortesia e reverências não são somente maneiras de educação, mas, através do gesto tratamos de conectar com essas energias que se movem em nossa volta. Por exemplo, quando saldamos a um companheiro de prática, tratamos simplesmente de comunicar-lhe nosso respeito com um evidente propósito de “conexão”.

Se pensarmos no momento de realizar a reverência em: “O espírito que há em mim, saúda o espírito que existe em ti”, concluímos a evidência de que é a mesma divindade que existe em ambos. Isso nos recordará da conexão com as forças da Natureza, a gratidão para nossos mestres e a responsabilidade que assumimos com a tradição e para poder descobrir as chaves que regulam nosso potencial de crescimento espiritual.

Três dias como Uchi Deshi

Traduzido de BUDOSHUGYOSHA

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No mundo das artes marciais, especialmente os do Japão, a prática não pode ser entendida senão apenas como um compromisso total, corpo e alma, em todo o tempo.

Seja dentro ou fora do dojo, o humor, presença, atenção, vigilância, etc, nada muda e é, portanto, natural que as tradições, que começou a aprender uma disciplina, qualquer interesse em viver mais perto da fonte.

É provável que o principal interesse do sistema de uchi deshi, é que estudantes vivam no dojo perto, de forma constante, do mestre e seu ensino.

Em nossos tempos modernos, pela dificuldade de implementar este sistema, infelizmente, tende ele a desaparecer, mas para levar ao caso do Aikido, ainda é possível encontrar oportunidades para ser Uchi Deshi. Estes incluem, por exemplo, a Aikikai de New-York dirigida por Yamada sensei , ou também Tissier sensei, em Vincennes. New York Aikikai liderado por Yamada sensei , ou Tissier sensei em Vincennes.

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Existem também os sistemas Uchi Deshi, mais privados, menos formal, de Tamura sensei embora ele nunca teve  Uchi Deshi formais, teve com Michael Martin uma relação estreita de conformidade com esta tradição. Várias pessoas antes de Mickaël, ocuparam a função de gerenciar e manter o dojo de Tamura sensei, Shumeikan, mas não provavelmente tiveram o mesmo compromisso, ou o mesmo talento que o qualificou para ser o Uchi Deshi de Tamura sensei.

Outro shihan, Shimizu sensei do Tendokan(Tendo Ryu Aikido), em Tóquio, tem apenas um Uchi Deshi por vez … o último sendo seu filho Kenta …

Também no mundo do Aikido, no entanto, há uma corrente com base neste sistema de longa data  de Uchi Deshi. É derivado do ensino de aikido  Saito Morihiro sensei , que continuou hoje por seu filho e sucessor Hitohira Sensei em Iwama, uma pequena cidade já famosa por ser o berço do Aikido.

O dojo de Hitohira Sensei em Iwama localizado não muito longe do dojo mítico do fundador do aikido (agora constituindo o ramo Ibaraki da Aikikai ) é cerca de 1:30h de trem a oeste de Tóquio. É tanto perto quanto longe para mim, porque é sempre difícil encontrar um tempo para escapar da megalópole japonesa.

Felizmente, desfrutando de alguns dias de folga, e graças à ajuda do dojo-cho (chefe do dojo)  Uehara do Aiki Shuren Kai  de Tóquio , tenho o espaço de três dias integrado a vida  de Uchi Deshi em Iwama.

A origem desta escolha, além do desejo de seguir um ensino mais intensivo de Hitohira Sensei, havia de muito mais concreto a vontade de  ter “o gosto” e motivação do  tatami em seu dojo Tanrenkan.

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O Tanrenkan

O Tanrenkan

Na verdade, eu já havia sido capaz de ir várias vezes em Iwama, mas sempre  para eventos especiais, como Kagami Biraki, etc, nunca para a prática … Agora … consegui.

A noite em que cheguei quatro Uchi Deshi já estavam lá, de partes muito diferentes do mundo (Argentina, Dinamarca, Escócia e Israel) e dá ao nosso pequeno grupo uma  atmosfera international e amigável.

O programa de um dia típico varia entre práticas e tarefas domésticas … carregado, mas rico.

As 05:00 da manhã, a pequena comunidade se levanta, à frente do sol. E já, algumas coisas são necessárias: varrer, caminhar com os três cães do sensei.  Cada dia tem um Toban, isto é, uma pessoa responsável por certas responsabilidades. O Toban é responsável por andando com os cães  duas vezes por dia e  uma obra de importância:  preparar o almoço, almoço e jantar para todos os Uchi Deshi.

Chegarão  no próximo dia, mais sete Uchi Deshi, da Venezuela, necessariamente complica o trabalho de Toban (gastar tempo em preparar refeições para cinco pessoas é mais fácil que que cozinhar para 12 ) )

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O velho fogão

Outra tarefa importante é de manhã  alimentar o fogão a lenha que aquece o quarto prédio principal, Shindojo, ao lado da casa do sensei  e gabinete do dojo do fundador. É preciso dizer que, em termos de isolamento e aquecimento central, o Japão ainda tem muito para progredir. Adicione a isso o frio amargo de fevereiro no campo japonês, e você vai entender que a motivação para realizar várias atividades não é difícil de encontrar.

Um pouco antes das 6 horas, Uchi Deshi vai ao dojo Tanrenkan limpar e preparar a organização da  oração Xintoísta da manhã e da meditação que se segue.

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A preparação matinal do dojo

A preparação matinal do dojo:

As 7h, dá início ao curso de arma, que é geralmente realizado numa pequena cobertura de madeira. Se o tempo não permite, como foi o caso durante o segundo dia da minha estadia – caiu neve em abundância durante todo o tempo –  a prática do dia tem lugar no dojo, mas sempre com armas (tachi dori, jo dori, etc.)

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Shuriken

Shuriken

Durante os três dias da minha estadia, apenas Uchi Deshi e sensei Waka (filho e sucessor de Hitohira Sensei) participou do curso da manhã …

Este privilégio educacional, no isolamento e frio não eram, se lembro, somente de algumas estadias. Quando estive, por anos,durante o inverno no Shumeikan dojo, nos conhecemos menos de 15 pessoas para seguir os ensinamentos de Tamura sensei … o que contrastava fortemente com 300-400 participantes alguns seminarios em Paris

Às 8 da manhã, o keiko termina, dando tempo para os treinos livres … Eu era capaz de praticar  no meu inclusive jogando shuriken . Por outro lado, o Toban sai antes do dia para preparar o pequeno almoço, que acontece todos os dias às 09:00.

Todo mundo está acordado desde 05:00h e a fome é grande.

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Alvorecer do Aiki Jinja

Alvorecer do Aiki Jinja

Às 13h, almoço, 18h, voltar para o Tanrenkan para limpar o dojo antes do jantar. Durante à noite, das 19h às 21h,  é o jantar.  A maioria de nós define às 22h e, para mim, nenhuma dificuldade para dormir

Durante o dia, você deve estar preparado para prestar assistência a sensei em caso de necessidade … ajudar a mover alguns móveis para a antiga casa do sensei Morihiro, localizado ao lado da cachoeira, uma lugar dedicado à prática de misogi, ou limpar a estrada perto do Aiki Jinja que se impõe com seu manto de neve.

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A cascata Aiki

cachoeira do Aiki

Além de atividades locais, em torno das muitas fotos na parede para se ver, todos os tipos de bokken que estão quase sempre à mão, tudo recorda a onipresença da prática do aikido que … de fato é um dos locais ideais para passar o tempo.

Eu tento apreciar especialmente o nível técnico do filho do sensei filho que, apesar de sua idade jovems, na minha visão, é corpulento, com um aperto forte e técnica sólida.

Eu só posso incentivá-lo a viver pelo menos uma vez na vida, uma experiência deste tipo … em Iwama ou em outro lugar.

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A prática de Tanren Uchi com roupas de inverno.


Uchi Deshi

Primeiro gostaria de salientar algumas diferenças óbvias dos diversos significados da palavra Uchi Deshi,(que hoje é usada com tanta ligeireza, que quase toca a leviandade)…

Uchi Deshi “estudante interno” e verdadeiro “aprendiz” no sentido tradicional da palavra, de instrutor profissional, esse Uchi Deshi com o treino formal e tradicional, morreu realmente com os O´Sensei do passado. O verdadeiro Uchi Deshi tinha um treino extremamente duro, normalmente de 35 horas por semana mínimo, não só fisíco como mental e psicológico, tinha que ser o primeiro a começar e o último a terminar (e a comer), tinha que tratar diàriamente do Dojo, limpar o chão, os vestiários, limpar o pó, limpar o jardim, varrer a entrada do Dojo e o passeio da rua em frente da casa, tinha que servir o Sensei e os Senpai, não podia falar senão fosse interpelado, em viagem tinha que carregar a bagagem, verificar os WC antes do Sensei entrar, tinha que verificar o quarto do hotel antes do Sensei se acomodar, tinha que impedir que alguém se atravessasse pela frente do Sensei, tinha que dar massagens quando o Sensei tinha dores de costas, ombros, etc. Tinha igualmente que coordenar os cursos, assistir o Sensei e ajudar os participantes, era no entanto, companheiro e confidente do Sensei. Esse era o treino do Uchi Deshi mais do que ser “aluno interno”, era mais “discípulo interno”. Dizia-se que: “uma vez Uchi Deshi… sempre Uchi Deshi” pelo fato de poucos atingirem o nível de Sensei e que uma parte desse treino fica para sempre gravado na personalidade e caráter do “aluno interno”.

Hoje, a tradição do Uchi Deshi continua , mas é agora muito mais Soto Deshi (aluno externo) com algumas tarefas no Dojo, a nível de burocracia, atender visitantes, coordenar estágios, enviar cartas, organizar encontros, enfim ajudar nas tarefas extra, não vive no Dojo e normalmente não tem tarefas de limpeza e manutenção do Dojo, esta é a norma de hoje do Uchi Deshi no Japão e pelo Mundo, por último há o “título” de Uchi Deshi, que é atribuido hoje em dia por alguns Mestres, com o respectivo Diploma, em treinos de fim de semana ou ao final de um Gashuku… é pois necessário não confundir os diversos significados, níveis de dificuldade, a profundidade e seriedade do ensino tradicional baseado no esforço, abnegação e entrega total do Aluno, Mestre e Dojo, que dão conteúdo á função tradicional do Uchi Deshi de épocas passadas.

Agradeço a Nambu Sensei a oportunidade que me deu em Paris de 1967~1970, de ser o seu Uchi Deshi e por todo o ensinamento que me transmitiu, de forma simples e sem exotismos” ou “maestralidades”.

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Ainda mais agradeço ao meu falecido Mestre e amigo Hyabuchi O´Sensei, pela portunidade rara, na época, (1971~1973) de me ter aceitado como Uchi Deshi, numa

altura em que um Ocidental, nem era aceite como aluno dos Dojos de Iaido, fora de Tokyo, e como “aluno interno” era totalmente impensável e para muitos totalmente  “inaceitável”…

Autor: Sensei Alex Da Costa ( Iaido )

Faro, Algarve, Portugal

Dojo tradicional: elementos e aspectos da montagem

Texto de Walter Amorim Sensei

Baseado no texto do shihan James Herndon: A dojo guide; Elements of a Traditional Dojo.

shihan James Herndon tem um texto interessante que explica cada um dos elementos tradicionais que compões um dojo. Em cima deste texto, e agregando minha experiência pessoal, passo a vocês minha ainda limitada visão sobre este assunto: Montar um dojo tradicional. É realmente necessário e possível ter um? Depende. A meu ver para fazer um bom trabalho não é necessário um dojo tradicional e ao mesmo tempo, no caso do aikido, é necessário. Como assim? O que é um dojo tradicional afinal? Quando falamos que um dojo é tradicional lembremos que pode  estar falando do aspecto mais conceitual e metodológico, do que do aspecto amplo de se ter realmente um dojo tradicional em sua filosofia, estrutura e condução.

Vamos ao nosso caso específico aqui no Brasil: Muitos dojos na verdade são em espaços de academia – muitas vezes mistos – e não compõe a atmosfera e estrutura necessária a se criar um dojo tradicional. Não são dojos e sim salas de luta na verdade. É diferente. A Ganseki Kai em sua essência é um grupo de aikido tradicional. Sua academia central é o Ganseki Dojo. Mas, por hora pelo menos, não temos um local com um dojo construído nos moldes tradicionais e poucos locais são assim no Brasil. Temos projeto de um de nosso dojos sede ou não, no futuro ter esta característica. Mas não é simples como veremos. E se não for possível não invalidará o caminho que temos trilhado.

Vamos explorar um pouco mais o que é a montagem de um dojo tradicional. De forma geral, os alunos têm conhecimento da disposição geral de um dojo. Mas certos elementos que são encontrados em um dojo tradicional podem ser examinados e discutidos para um melhor conhecimento.

O Kamidana

Exemplo de arrumação de dojo de karate. No joseki o Hata na parede.

O kamidama vem da tradição xintoísta e não só está presente nos dojos, como também nas casas japonesas. Fora do Japão muitas vezes não é utilizado por certo distanciamento natural ou proposital, do caráter xintoísta desta tradição.

Entretanto, você não seguir a tradição xintoísta não significa, no entanto, que você deva abolir o kamidama. Ele também é um lembrete do significado por trás da busca do caminho. Principalmente nas artes que utlizam o termo DO – caminho. Ou seja: A meu ver não precisamos nos tornar adeptos diretos do xintoísmo para utilizar em nosso dojo tradicional um kamidama. Se não, já começa a não ser tão tradicional. Um dojo leva adiante certa tradição (ou ryu ha) e o kamidana contém objetos e / ou símbolos pertinentes a esta tradição particular. Muitas vezes, na tal sala de luta, substituímos o kamidama por uma simples foto do fundador.

O cumprimento:

Quando nos curvamos e cumprimentados o kamisa estamos apresentando o respeito a herança de sua arte.

No Brasil, tenho escutado alguns integrantes de outras artes dizerem: “Não me curvo a objetos ou pessoas mortas!” (apesar de dizer que sua arte é tradicional e utilizarem nome em japonês) Ou ainda: “Minha religião não permite me curvar!”. É uma questão delicada, ainda mais se envolve religião, mas eu pessoalmente não entendo. E eu digo que, se vou a uma sinagoga ou mesquita ou a um mosteiro ou igreja anglicana, não acho justo chegar lá e querer contestar a tradição deles e não utilizar kipa, ou qualquer outro objeto ou ritual. É uma questão de respeito não só a religião, mas até a tradição e cultura ali desenvolvida. Outro exemplo fugindo mais da religião: A maioria dos pratos na culinária chinesa é servido em pedaços em tamanhos próprios para serem comidos ser cortar. Tradicionalmente, a cultura chinesa considera o uso de facas e grafos à mesa como uma coisa bárbara, uma vez que esses são vistos como armas. Também não é considerado cortês fazer que o convidado tenha trabalho de cortar sua própria comida. Como nesse caso costumes então não é somente questão só de religião, mas muito mais de tradição. Pessoalmente não entendo então como pode querer arte marcial japonesa e não comprar o “pacote completo”…  Seguir um caminho tradicional exige um grau de desprendimento. Não adianta querer dizer que sou tradicional somente quando isto me importa “em termos de propaganda”. Tem um caso de um conhecido meu, instrutor do grupo ao qual pertencíamos, que se recusou por anos a cumprimentar o kamisa de forma tradicional se curvando. Dizia que na sua religião não era possível. Isto no período que permanecemos vinculados a um mestre estrangeiro, mas ocidental. Este reclamava, mas aceitava isso. Quando ele, o instrutor, se separou deste e passou a representar na cidade um mestre filho de japoneses, logo depois vi este mesmo instrutor tranquilamente cumprimentando como todos os outros. Parece que foi convencido…   …ou segue a tradição ou não fica no instituto…

Curvando-se ao Joza e seu kamidana associado, não é um sinal de significado religioso ou submissão. É um lembrete de uma obrigação e o compromisso voluntariamente sendo retomado de seguir o caminho. Sensei Gaku Homma uma vez explicou que o numero de palmas e outros elementos mostram ligação ou não com o aspecto religioso. 2 palmas são um cumprimento mais ligado a questão da tradição. 3 palmas é que já é uma saudação de caráter xintoísta. Verão algumas vezes 4 palmas! Parece-me que é ligação com budismo ou a oomoto. Isto é algo que não posso afirmar com certeza e não foi conversado neste ponto com Homma Sensei na época. O Sensei e alguns mestres de hoje como Saito Hitorira fazem o cumprimento com oração ao Deus do aikido. Mas isso nunca foi exigido pelo O-Sensei. E uma palma pode? Ou usa 2 no mínimo, ou só se curva e cumprimenta. Uma palma é para chamar a atenção durante o kihon e terminar a técnica para passar à próxima.

Alternativamente, em vez do kamidana, você encontra fotos do fundador do ryu ou seu mestre atual, a quem os praticantes vinculam uma relação com a sua contribuição para a arte.

O Hata

O hata é a bandeira do estilo ou da associação representada no dojo. Ou simplesmente a bandeira do dojo em particular. A idéia deve ser que há uma identificação clara com uma arte, estilo, associação ou país. Mas deve haver discrição. Se chegar a um local e receber a mensagem ou impressão de que você entrou numa sala de espera das Nações Unidas, você provavelmente já entrou em um lugar errado para a prática de budo. Deve ser encontrado pendurado no Joza, abaixo ou de lado do kamidana.

Dojo Kun

O Dojo kun pode se dizer que compreende o lema ou slogan do dojo e de seus membros. É composto por uma lista de preceitos ou princípios, dos quais cada membro deve estar ciente e seguir. Ele fica normalmente pendurado em forma de “kakemono”, em um lugar de destaque no Joza, geralmente acima ou ao lado kamidana.

Um exemlpo de Dojo Kun: O conhecido dojo kun da JKA (Japonesa Karate Association), encontrado no Joza do Dojo Central em Tóquio.

Exemplos do dojo kun ou lemas podem ser:

– Vigor e honra ou;

– Esforço, Cortesia e Paciência;

– ou ainda: A mente, a técnica, o corpo.

(eu gosto de todos eles)

Ou ainda, um conjunto ou outro, criado pelo fundador do ryu, ou seu shihan, ou ainda o Dojo cho (instrutor chefe do Dojo), representando um lembrete para o praticante, da etiqueta necessária quando se treina em qualquer forma de budo.

O Nafuda Kake

Geralmente na shimoza, encontra-se nafuda kake, uma exposição de placas de madeira com nome, que indicam posição e status dos membros do dojo. Não é incomum ter placas de kyu separadas das placas de dan no nafuda. Este método de rastreamento do membro serve como uma fonte de motivação e cria assim um forte sentido de ligação entre os membros. Falamos disso em artigo anterior específico sobre nafuda kake.

Nafuda geralmente são construídos a partir de madeira clara, como abeto ou pinho. Eles podem permanecer naturais, sem qualquer forma de verniz ou acabamento. Uma escova especial é usada para escrever nomes no nafuda, acrescentando autenticidade e beleza para eles. Em muitos casos, na parte de trás das placas nafuda, informações relativas à formação e promoção do respectivo membro são gravadas. Isto permite uma rápida revisão do histórico de treinamento membros. As placas podem ser reutilizadas, quando um aluno sai, simplesmente lixando a placa de identificação de madeira, no entanto possuidores de dan, devem ser geralmente mantidos desde a realização do exame de faixa-preta em caráter permanente. Não importam se foram. Fazem parte da historia.

É preciso tempo e atenção para manter um nafuda kake. Mas esse esforço é um investimento na criação de um ar de seriedade, aspecto tradicional e propósito no dojo. Um dojo não é nada mais que seus membros.

Outras características menos tangíveis:

Dentro do dojo, alguém pode ver e tocar no chão, no hata, no kamidana, no dojo kun, no nafuda kake. Mas são esses todos elementos que você encontraria em um dojo? Certamente há algo mais, que não pode ser tocado, mas sentido. Indo nesse sentido o japonês fala do termo wabi sabi.

É um conceito importante e falamos sobre isso em outro artigo especifico sobre Wabi Sabi.

Sobre esse conceito poderíamos falar também, de forma mais coloquial, como um sensei meu de outros tempos, ocidental, falava,: O dojo está bom. Gostei do lugar. Tem boa energia. O falecido Donn Draeger, em um trecho de seu livro The Martial Arts and Ways of Japan (Vol. II) descreve de uma forma interessante, mas não menos importante o espírito do dojo tradicional:

O dojo é austero, um lugar humilde de dignidade natural e tranqüila. Pode ser uma sala especialmente construída, espaçoso ou simplesmente uma pequena área, mas adequada e  interna. Sempre a limpeza e a ordem predominam. Na medida em que existe uma ligação do dojo com os elementos espirituais e físicos do budo clássico, a base da sua construção não deve entrar em conflito com essa relação. Wabi sabi, naturalidade, rusticidade e simplicidade (mas não sem um elemento de design) são a sua tônica.

Para capturar esse sentimento exige-se atenção aos detalhes. O dojo deve exalar um perfume da natureza, no que diz respeito à sua concepção e construção. Painéis de madeira são preferíveis ao bloco de concreto ou parede seca pintada. Isso adiciona “calor psicológico”. Superfícies pintadas devem ser em tons terra, em vez de em cores brilhantes ou berrantes. O efeito desejado é o de baixar o tom das emoções em vez de excitá-los. Espírito calmo deve permear no dojo.

Uma das características mais difíceis de explicar, e adotar, são a aparente falta de aquecimento e equipamentos de refrigeração. Este é um tema polêmico. Pelos nossos padrões ocidentais, isso pode parecer grosseiro. Mas, sob a concepção oriental de que o dojo é um spa de saúde, então você chegar a um acordo com a filosofia de treinamento nos elementos da natureza. No inverno, o calor deve vir de atividade corporal; Por outro lado, no verão, a transpiração é permitida para ter o seu efeito sobre o corpo, um efeito de resfriamento natural. Para muitos isso é cruel, mas nunca se deve esquecer que, no caráter marcial, muitos cuidados para o corpo enfraquecem o espírito. A noção de treinamento austero (shugyo) é essencial para forjar um espírito indomável (fudoshin), o objetivo do treinamento do budo. Aqui podemos discorrer sobre nossa experiência, opinião e concepção ao longo de muito tempo:

Vez ou outra alguém reclama do excessivo calor e pergunta se não poderíamos ter ar condicionado na academia. (e lembrem-se que na cidade do Rio de Janeiro podemos hoje chegar a temperaturas de 42º graus no alto verão!) É engraçado que logo outros que escutam falam que acham um absurdo isso. Alguns defendem que não deveria haver nem ventiladores no dojo!

Na minha visão, principalmente em um clube ou academia, nem tanto ao mar, nem tanto a terra. Ar condicionado, que existe em certos lugares inclusive, realmente acho demais, pois passamos a não agüentar treinos sem ele. Não fica tão saudável, pois ficamos tendo que nos enclausurar em uma sala sem contato com o exterior. Sem ventilador seria interessante em um treino específico, e não como regra, para yudansha e nessa de condição de moldar o espírito e melhor condicionamento. Mas lembre-se que é uma questão opcional e não acho que treinar ou não com ventilador iria impedir de você adquirir a tenacidade como artista marcial. Outro dia vi a seguinte historia: Alguém em um treino de kenjutsu machucou o pulso por uma imprecisão do iniciante com quem treinava. Foi ao instrutor e pediu para parar por um momento e colocar gelo no local. O “instrutor” exclamou “Isto é guerra! Como você quer parar?! Estou cansado disso! Não paramos mesmo machucados!” Um exagero evidente, com uma boa dose de delírio e misturado com uma pitada de má vontade. Resultado: Um ótimo aluno (sei disso por que também treina aikido) que saiu de lá.  Como comentei, duvido que em guerra mesmo, esse Instrutor se sai-se bem, apesar de todo esse “misancene ou mise-en-scéne”.

Nossa associação tem caráter tradicional no sentido de buscar o desenvolvimento técnico e se direcionar ao caminho conforme a essência que acreditamos do budo. Sem modernidades ou resumos de técnicas exagerados. Mas sem, como dizia Homma Sensei, fantasiar que está no Japão Feudal. Nossa idéia de montagem de um verdadeiro dojo tradicional, em seus elementos básicos conforme aqui citados, passa por primeiro termos um local exclusivamente dedicado a prática ou com atividades ou outras artes que respeitem ou sigam estes elementos. Um dojo tradicional também fica muito bem em uma local que possa se ter algum contato com a natureza de alguma forma. Nem sempre possível. Um dojo tradicional também é interessante que tenha um pé direito alto. Não só por que é bom para o treino de armas no caso do aikido, mas por que facilita a ventilação e circulação de energia. Um dojo tradicional é interessante que tenha um ambiente mais tranqüilo somente com o som dos kiais, das armas se chocando ou do som da natureza. Já treinei em um dojo no centro de São Paulo que era dentro do campus de uma universidade e colado ao lado na subida de uma mata ou bosque.  Você via pela janela as plantas e dava a impressão de estar em uma floresta. Outro local tinha um riacho ao fundo e praticamente sem paredes. Dei aula em um treceiro local na parte do fundo de uma academia também quase sem paredes. Meia parede e alicerces. Muito bom também. São excelentes situações. Mas já vi outros locais que mesmo fechados ou uma sala sem elementos da natureza presentes tinham uma energia e clima muito melhores que alguns desses “abertos”. O dojo é feito pelos seus membros e eles transformam o local. Mas um bom grupo em um bom local, fica sim, excepcional. E será um dojo de sucesso onde as pessoas gostaram de lá estar.

Por isso que ao mesmo tempo em que observamos os elementos tradicionais, estejamos atentos que a moldagem do espírito vai muito além do que simplesmente ser um instrutor intolerante ou “mala”. Do que um dojo bem construído.

Aspectos técnicos filosóficos e materiais devem ser observados conjuntamente para construir um dojo tradicional. O sucesso em uma montagem e manutenção de dojo desses não é uma coisa simples. Novamente demanda, e muito, das pessoas participando ativamente destes 3 pontos; treinando, vivendo o caminho e contribuindo materialmente com sua criação e subsistência.

Outro último aspecto que quero observar é a questão do dojo Cho. Ser líder de um espaço como esse é uma tarefa que, aparentemente, pode ser para qualquer um, mas não é. Em situações mais comuns, da mesma forma que ocorrem em academias, o dojo Cho não mantém ou cria o espírito que é preciso para se manter um dojo tradicional. Lembram daquela coisa que falei lá na frente? Um dojo tem que ter energia, e está vem das pessoas, por meio da chama criada pelo dojo cho que atrai as pessoas e o bom clima de treino.

O dojo é representativo das lutas da vida. Para superar a adversidade requer força de caráter forjado por formação de mente, bem como do corpo. Muitos velhos métodos de treinamento foram melhorados e foram desenvolvidos recentemente com equipamentos, aumentando assim a eficácia da formação. Mas um dojo, acima de tudo, é um local de iluminação. A iluminação é uma jornada que tem lugar na mente, e a mente não pode ser enganada com babados e decoração bonita. A rota mais direta de auto-realização é através de auto-confrontação. Os elementos de um dojo tradicional nos faz lembrar constantemente do que é a jornada. Lembremos do significado de dojo: local do caminho.

Sentido de ter a faixa preta e o que se quer de cada Dan

Se é um desafio de compreensão e dicernimento do aikido, estabelecer critérios de avaliação para os alunos kyu em geral; o que dirá quando falamos de dan. Até por que muitos dos dan ainda estão por vir e somos razoavelmente recentes nestes nível. (Embora seja preta desde 2001 e com 22 anos de prática considero-me ainda em início comparando com meus modelos, meus mestres. )

Arrisquei a escrever mais sobre os shodan de meu proprio punho; e utilizei em uma segunda parte um texto que recebi das mãos do rokudan Claude Walla a alguns anos atrás, que traduziu da Federação Francesa de Aikido. Utilizo como linha base destacando-se que no shodan somam-se os conceitos.

Vejamos:

Minha compreensão e o que espero de meus pretas mais novos:

Shodan:
Seja qual for a razão, a obtenção da faixa preta ainda representa uma significante evolução em habilidades técnicas e habilidades competitivas para a maioria dos praticantes de todo o mundo. Contudo, como todos os praticantes graduados com Shodan rapidamente aprendem, isto também representa um passo inicial (o verdadeiro passo. o começo verdadeiro) no caminho para uma consciência superior e um grande aperfeiçoamento, seja técnico ou moral, e que pode levar uma vida inteira de dedicação. Deve saber as técnicas com ritmo, respiração; controlando o Uke sem precipitação, entretanto não deve exitar. Tudo o que foi feito até aqui foi só preparação… O candidato já deve ajudar durante a aula como multiplicador, não só corrigir, mas ajudar a se verificar se os alunos compreendem o que se quer de cada um, e da equipe do dojo como um todo. Ele deve ver se os alunos compreendem a etiqueta do dojo, a etiqueta geral do aikido e o que se quer de cada movimento; atuando como agente disseminador destes princípios dentro do dojo.

CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE AS PERSPECTIVAS TÉCNICAS, MORAIS E ESPIRITUAIS DO AIKIDO
C.S.G.A/FFAAA ( traduzido por Claude Walla)

SHODAN

SHO é o início, o que começa.
O corpo começa enfim a responder aos comandos e a reproduzir as formas técnicas. Começa-se a ter idéia do que é o Aikido. É necessário então esforçar-se para praticar ou demonstrar, lentamente se necessário, mas unindo-se a precisão e a exatidão.

NIDAN

Ao Trabalho do 1° Dan acrescenta-se rapidez e potência ao mesmo tempo que  se demonstra maior determinação mental.   Isto se  exprime no aluno pela sensação de ter progredido. Os examinadores devem sentir este progresso constatando uma clareza na maneira de se apresentar e na condução do trabalho.

SANDAN

É o início da compreensão do Kokyu ryoku. A entrada na dimensão espiritual do Aikido. A delicadeza, a precisão e a eficácia técnicas começam a manifestar-se. É então possível transmitir estas qualidades.

YONDAN

Neste nível tecnicamente avançado, começa-se a prever os princípios que regem as técnicas. É possível conduzir mais precisamente os  praticantes no caminho traçado pelo Fundador.

GODAN

A arte respeita os princípios e o espírito, começando a se  separar  da forma, não fica mais preso ao aspecto externo da técnica. Novas soluções técnicas aparecem em função das situações.

ROKUDAN

A técnica é brilhante, o movimento é fluido e potente. Deve impor-se como uma evidência àquele que o olha. A potência e a disponibilidade físicas, bem como a pureza mental unem-se sem ambiguidade no movimento e exprimem-se também na vida diária.

NANADAN

O Ser desembaraça-se das suas ocultações e aparece sob a sua verdadeira natureza; manifesta seu verdadeiro eu. Livre de qualquer fixação, prova a alegria de viver aqui e agora.

HACHIDAN

Para além da vida e a morte o espírito claro é aberto, capaz de unificar os contrários, sem inimigo, ele não briga. Sem combate, sem inimigo, é o vencedor eterno. Sem obstáculo é livre, livre na sua liberdade. O Sensei dizia “Em face do inimigo basta que eu me mantenha de pé sem nada mais”. A sua visão engloba e harmoniza a totalidade. Mas nada pára por aí. Mesmo  a água mais pura pode apodrecer numa lagoa; não se deve jamais esquecer o espírito do iniciante que realiza o seu primeiro passo.