Petrobras se solidariza com as vítimas das chuvas no Nordeste. Saiba como ajudar

A Petrobras é uma empresa brasileira com atividades em Alagoas e Pernambuco, estados que foram atingidos por fortes chuvas neste mês de junho. A Companhia lamenta a tragédia e manifesta sua solidariedade aos moradores dos estados e aos familiares das vítimas.

Com o objetivo de amenizar o sofrimento destas famílias, a Refinaria Abreu e Lima está arrecadando os seguintes itens para doação: agasalhos e cobertores; água mineral; alimentos para pronto consumo (leite longa vida, enlatados, bolachas, etc.); colchões; materiais de higiene pessoal (pasta e escova de dentes, fraldas, desodorantes, sabonetes, toalhas, etc.); material de limpeza e roupas.

As doações podem ser entregues até o dia 2/7 nos seguintes postos de coleta:

– Obra da Refinaria Abreu e Lima – sala da RSCOM, no prédio da Gerência de Empreendimento.

– Escritório Recife – Rua Antônio Lumack do Monte, Empresarial Center 1, Térreo do antigo Banco do Brasil, lado da rampa, em Boa Viagem.

Para mais informações, entre em contato com os Serviços Compartilhados PE – Rota 835.5912 ou (81) 3464.5912.

Na Unidade de Operações de Sergipe e Alagoas, as Gerências de Serviços Gerais da Sede, do Ativo Mar, do Ativo Alagoas e o Grupo de Oração Pilar estão com equipes recebendo doações como roupas, colchões, lençóis e alimentos não perecíveis. As doações podem ser entregues de 28/6 a 2/7, das 8h30 às 11h e das 14h às 16h, nos seguintes locais.

Em Sergipe:

– Posto da Sede da UO-Seal: Em frente ao Auditório Piranema.

– Posto do Polo Atalaia: Sala da Comunicação (ala sul).

– Posto do Ativo de Produção Sergipe Terra: Hall do restaurante da Base de Carmópolis.

Em Alagoas, há postos de arrecadação em Pilar (mais informações com Dandara ou Carla pelas rotas 832-7246 e 832-7446); P-16 (informações com Raquel pela rota 832-7945) e Furado (informações com Graciete pela rota 832-7654).

Os órgãos de segurança social e militar dos estados atingidos também organizaram uma campanha para arrecadar doações para os desabrigados. Veja abaixo a lista dos locais autorizados para o recebimento de donativos (preferência por alimentos não perecíveis, roupas, materiais de higiene e limpeza e água).

Postos de Coleta

Maceió

– 1º Grupamento de Bombeiros Militar (1º GBM) – Rodovia 316, Km 14, Tabuleiro dos Martins, próximo a Policia Rodoviária Federal, (82) 3315-2900 / (82) 3315-2905.

– Grupamento de Socorros de Emergência (GSE) – Conjunto Senador Rui Palmeira, S/N, (82) 3315-2400.

– Subgrupamento Independente Ambiental (SGIA) – Av. Dr. Antônio Gouveia, S/A, Pajuçara, próximo ao Iate Clube Pajuçara, (82) 3315-9852.

– Quartel do Comando Geral (QCG) – Av. Siqueira Campos, S/N, Trapiche da Barra, próximo a Pecuária, (82) 3315-2830.

– Defesa Civil Estadual (CEDEC) – Rua Lanevere Machado n.º 80, Trapiche da Barra, próximo a Pecuária, (82) 3315-2822 / (82) 3315-2843.

– Grupamento de Salvamento Aquático (GSA) – Av. Assis Chateaubriand, S/N, Pontal, próximo a Braskem, (82) 3315-2845.

Interior

– 2º Grupamento de Bombeiros Militar – Maragogi, (82) 3296-2026 (82) 3296-2026 / 3296-2270.

– 6º Grupamento de Bombeiros Militar – Penedo, (82) 3551-7622 (82) 3551-7622 / (82) 3551-5358 (82) 3551-5358.

– 7º Grupamento de Bombeiros Militar – Arapiraca e Palmeira dos Índios, (82) 3522-2377 (82) 3522-2377, (82) 34212695 (82) 34212695.

– 9° Grupamento de Bombeiros Militar – Santana do Ipanema e Delmiro Gouveia, (82) 3621-1491 (82) 3621-1491 / (82) 3621-1223 (82) 3621-1223.

Recife

– Instituto de Assistência Social e Cidadania do Recife (Iasc), localizado na Rua Imperial, 202, no bairro de São José.

– Associação Pernambucana dos Cabos e Soldados (ACS-PE) na Rua Amaro Bezerra nº 489 – Derby – Recife.

– Posto de arrecadação instalado pela Polícia Militar na Quadra Poliesportiva do Quartel do Comando Geral, no Derby.

– Instituto Federal de Pernambuco – Av. Prof Luiz Freire, 500 Cidade Universitária.

– Sede da Guarda Municipal, na rua dos Palmares, 550, em Santo Amaro.

– CTTU, na rua Frei Cassimiro, 91, em Santo Amaro.

– Posto de Permanência da Guarda Municipal, no Terminal Marítimo.

Interior

– Gravatá – Secretaria de Ação Social, na Rua Francisco Bezerra de Carvalho, no centro.

– Barreiros – Posto da Polícia Rodoviária Federal na entrada da cidade. Doações em dinheiro podem ser depositadas no Banco do Brasil / Agência 0710-2 / Conta corrente 6070-4.

– Caruaru – Sindicato dos Lojistas do Comércio de Caruaru (Sindloja), na Rua Leão Dourado, nº 51-A, no Bairro São Francisco.

– Barra de Guabiraba: A prefeitura manda buscar os donativos. Colchões, lençóis e alimentos são as maiores necessidades. Basta ligar para (81) 8848.1144 / (81) 9144.6052 / (81) 9144.6053 / (81) 3758.1145 e agendar a coleta.

– Palmares – A Associação Pernambucana dos Cabos e Soldados (ACS-PE) instalou um posto de arrecadação de doações na sede da entidade, na Rua Amaro Bezerra nº 489 – Derby – Recife. Contato: (81) 3423.0604 ou (81) 3423.9907.

Doações de outros estados

Para quem não está em Alagoas e Pernambuco, mas também quer colaborar, as doações podem ser feitas em dinheiro nas seguintes contas:

– Alagoas: Banco do Brasil agência 3557-2, conta corrente 5241-8; Caixa Econômica: agência 2735, operação 006, conta 955/5.

– Pernambuco: Banco do Brasil: Agência 1836-8, Conta-corrente 100.000-4.

Pense na Felicidade

A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.

Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.
Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.

E quanto ao amor? Ah, o amor… Não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos amor, todinho maiúsculo.

Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.

É o que dá ver tanto cinema.

Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista.
Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.

Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E, se a gente tem pouco, é com este pouco que vamos tentar segurar a onda, com humor, fé e um pouco de criatividade.
Ser feliz de uma forma realista, é fazer o possível e aceitar o improvável.

Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar.
É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente.

A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio.
Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. se a meta está alta demais, reduza-a.
Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz.

Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.

Extraído do site Velho Sábio

Hybris ou subir uma escada cujo degrau está quebrado

Por Leonardo Galvão

A pedidos, resolví botar em palavras aquilo que as vezes converso com meus colegas (e amigos) aikidocas, nada muito diferente do que já nos é conhecido, mas desta vez, ilustrado por mitos universais, reconstruindo os sentidos literais para além das metáforas já descorridas sobre eles e dialogando com princípios como ukemis, atemis, tenkans e irimis. Resolví que, para falar com aikidocas, propensos a equilibrar a tenacidade do espadachin, a diplomacia inteligente de um nobre e a serenidade de um monge (sim, isto é um clichê), nada melhor que assuntar os riscos da velha hybris, que em tantos excelentes heróis fizera as mão fraquejarem e as pernas tremerem.
Hybris é um termo grego arcaico, caiu em desuso, cujo significado era excesso, ou desafio, ou crise provocada por mania de grandeza, fato muito comum nos nossos dias, por vezes até enaltecido. É fácil de entender o que é hybris, basta lembrar da história do piloto de avião já experiente, cansado de fazer operações irregulares com o seu aeroplano e que, um dia não diferente dos outros, é acometido com a fatalidade. O herói é outro conceito arcaico e que sempre volta numa repaginação segundo os moldes da época. Os herois já foram virtuosos, já trouxeram a luz à escuridão, iniciaram a nova ordem, destronaram reis e salvaram as princesas (ou os tesouros, tem o mesmo sentido) da caverna dos dragões e torres inalcançáveis. O herói pode ou não lutar com o mal, contudo o maniqueísmo é um conceito do final do período clássico. Heroismo é outra história.
Ok, ok! Concetremo-nos na questão da hybris, por enquanto. Não nos fatarão exemplos a serem discutidos, assim como não faltam heróis nas histórias mítico-religiosas universais. De sumério-babilônicos a japoneses, da antiguidade as nosssos dias, exímios guerreiros e homens espirituais, uns respeitados pelas proezas e outros temidos pela força de seu braço, sõ que, mais cedo ou mais tarde o forte e o valoroso sempre encontra um desafio intransponível e, este cheio de orgulho, se lance ao inevitável: a derradeira queda.
Se ainda não está claro, vou pincelar alguns exemplos sem me prender no mérito moral, ideológico e cultural de cada um, mas me concetrarei nesse fenômeno que faz o humano verdadeiramente Humano, falo da queda, a imagem do terceiro animal que anda com três patas no enígma da esfinge, vai além da questão da velhice.
Enfim chegado o momento de narrar as epopéias dos guerreiros, me permito ir longe, no berço da civilização, para comentar a primeira narrativa heróica que este Mundo já viu. Refiro-me ao mito de Gilgamesh, um Hércules ou um Sansão primitivo, arquétipo dos heróis brutos e impiedosos, um Wolverine da antiguidade (salvo milhões de aspectos nessa comparação). Suas estórias eram contadas oralmente desde os primeiros reinos sumérios, mas foi no período acádio que as rapsódias foram talhadas em tábuas de escrita cuneiforme, enfim, um mito de força, coragem e crueldade que durante séculos teve seu nome esquecido no tempo e na areia da terra e dos povos que seu nome ajudou a construir. Gilgamesh, rei cruel, conquistador, inquebrantável, cuja tirania fez com que seus súditos suplicassem aos deuses que o fizessem parar. Como toda narrativa arcaica, essa história é construída através das repetições cíclicas, como são cíclicos os dias e as noites, o  nascer, o crescer e o morrer e etc, logo imagine quanto fez Gilgamesh para ter seu nome escrito na boca do sapo dos rios mesopotâmicos.  Gilgamesh vencia inimigos mortais e até os imortais, armadilhas preparadas pelos deuses anunaki contra ele desferidas, ou seja, nada podia com Gilgamesh.
Para enfim destruir o rei-herói, os deuses anunaki entraram em consenso de que só outro Gilgamesh poderia vencer Gilgamesh, e assim, com o barro negro do Tigre e Eufrates, construiram Enkidu a imagem e semelhança de Gilgamesh. Deixando a análise psicológica do mito, ao encontrar alguem igual a ele em força e aparência, temido nas florestas ao redor de seu reino, este se viu espelhado e insuflado, somando forças com sua contraparte selvagem, motivo que o levou depois à ruina de sua imagem. Enkidu era aquilo de que Gilgamesh não queria confrontar: o limite ou finitude de sua existência. Com seu sósia, Gilgamesh descobriu o que é a morte, sim, pois Enkidu viera a falecer depois de um confronto com o dragão mandado pelos deuses. Gilgamesh, cheio de hybris, faz a jornada em busca da imortalidade, mas como podemos concluir, mãos vazias foram  sua paga. Alguns historiadores e mitólogos fazem paralelo de Gilgamesh com inúmeros reis locais da antiguidade mesopotâmica, sendo fonte de inspiração para Ninrode, o rei caçador do Antigo Testamento.
O segundo personagem heróico que cai em desgraça pelas garras da hybris é Aquiles. Nas epopéias  troianas, Aquiles e retratado por Homero como um herói cheio de adjetivos, dentre eles a invulnerabilidade e o fato de ser semi-deus (filho de Tétis, deusa do Mar e do rei Peleu, de Mermela), embora tivesse sua mãe esquecido de banhar seu calcanhar no rio estige, crucial para o seu derradeiro fim. É bom esclarecer que na escrita homérica não havia a necessidade da esplicação de que um ou outro personagem era ou deixava de ser alguma coisa, pois seus nomes acompanhavam os respectivos atributos, logo, se você ler o clássico você já percebe de cara quem é o que na história. Náo existia verbo de ligação, logo Aquiles herói, Paris covarde (e etc e tal).
Voltando ao herói homérico Aquiles, o que é dito desse semi-deus é que ele era um herói que lutava pelo exercito de Menelau e Agamenom, reis gregos (ou Helênico, isso mostra a importância desse mito na formação da cultura grega), contrapondo-se à Heitor, herói troiano, mortal, que lutava pelos seus. O estopin dessa contenda foi o rapto de Helena (a iluminada pelo Sol ou Helios) por Paris Alexandre, principe troiano e juiz no episódio do Pomo da Discórdia, pacto com a deusa do amor Afrodite pela proclaração da divindade mais bela do panteão helênico, para o descontentamento de Palas Athena e de Hera, coicidentemente patroa de Tétis, mãe de Aquiles coração de Helena, em troca do amor de Helena por ele.

No confronto entre Aquiles, o invulneravel e Heitor, o mortal e irmão de Paris, também herói, ambos lutavam por pontos de vista contrários: os respectivos interesses nacionais. Previsivelmente, Aquiles venceu Heitor, mas possuído de hybris, manchou sua vitória negando ao herói troiano um enterro digno de tal porte e coragem, esquartejando seu corpo e arrastando ao redor da muralha da cidade, para sofrimento e desespero de seus familiares.  Algo como um capitão Nascimento negando um belo enterro ao traficante Baiano.  A desgraça de Aquiles não foi a flecha envenenada em seu calcanhar, foi a hybris em campo de batalha ou refrear seus impulsos diante de uma batalha homem a homem.
O terceiro herói que me ocorre, enquanto escrevo, vem das fábulas arturianas, uma miscelânia de lendas celtas,  romanas, anglo-saxãs e normandas, de carater pagão e cristão que se perde na origem e no tempo.  Como os primeiros textos sobre as lendas arturianas e o reino fictício de Camelot (ou Cameloot, anagrama notaricon de Malkut, o reino em hebraico) foi escrito em francês, e um heroi de orgiem franco-normanda recebia todo o destaque nessa edição: o cavaleiro da carruagem, o cavaleiro Branco Lancelot du Lac. Seus feitos e proesas ultrapassavam a descrição, sendo considerado por Arthur seu maior e mais valoroso dos cavaleiros da távola redonda, cuja missão era relembrar os feitos arturianos e ir à busca do cálice sagrado, ou Graal. Cobiçado pelas mulheres do reino e estrategicamente requisitado por Arthur, Lancelot foi acometido de um feitiço pagão que o fizera tomar decisões intempestivas, dentre elas o casamento mal fadado com a princesa de Listenoise, reino de Pellinore, seu pai e conseguinte, encontros furtivos com a rainha Guinevere, esposa do Rei Arthur, a quem Lancelot jurou fidelidade.
Não foi a traição o motivo da queda do herói mais valoroso da távola redonda, mas a hybris, neste caso insuflado pelos feitiços de Morgana Le fey, a quem se atribuí a morte de Merlin, feiticeiro e conselheiro do Rei e de gerar Mordred, filho de sua estratagema para tirar o poder real de Arthur. Por feitiçaria ou por orgulho insuflado, a queda é a destruição da virtude. Uma curiosidade sobre a influëncia do mito de Lancelot: sua imagem foi perpetuada no baralho de cartas figurando o Valete de espadas, centrado  no mito da famosa Escalibur, segundo algumas interpretações correntes, enquanto outras o atribui ao naipe de ouro, associando-o à Camelot, o Reino.
Mas, enfim, o que tem haver a hybris com o aikido? Essa pergunta está presente na condução de tarefas simples que usamos em nossos exercícios e nem sempre nos damos conta dela. Não é necessário aprender japonês ou virar samurai para perceber que a disciplina que o aikido transmite vai muito além da melhoria postural e da ausência de força bruta nos movimentos. O tai sabaki (movimentação corporal, tradução livre), por exemplo, transmite-nos a necessidade de conduzir nossos corpos e mentes para uma direção ou mudarmos nossa postura frente a conflitos desnecessários. Não cabe, no espaço da academia, exercitar algo parecido ao “shin sabaki” (tradução livre para movimentação do espírito), mas podemos evitar um preconceito acerca daquilo que não nos é interessante ou familiar. Agir de forma bruta frente aos problemas relacionais cotidianos, ignorar o impacto das diferenças como transformador cultural e social e apelar para soluções violentas quando existe lugar para uma conversação é como estar imerso na hybris e não ter parâmetros outros senão agir pela sobrevivência (do ego). Contudo, em hybris a queda é iminente e nenhum rolamento ou técnica para tal (ukemi) lhe será válido, pois o chão não está aos seus pés, o ego  insuflado distorce sua imagem e a queda elimina qualquer possibilidade de aparo. Compartilhamos da mesma condição humana: a imperfeição. Aprimoremos nossas técnicas e incorporemos seus ensinamentos na sutileza do manuseio com ego. Isto é um convite e uma tarefa heróica.

Leonardo Galvão é artista e tecnólogo, praticante de aikido a cerca de 3 anos.

Ai Inochi Sakurai

Origem

Sua origem é da casta dos Samurais. A data de seu nascimento é incerta, alguns pesquisadores datam seu nascimento por meados de 1583, na província de Mimasaka no Japão. Seu Pai era um Bushi e sua mãe uma Ninja Kunoichi.

Infância e Adolescencia

Sua infância foi complicada, criado no meio de duas castas opostas teve que aprender filosofias conflitantes. Uma educação dos Bushi e dos Shinobi. Ao chegar na fase adolescente Sakurai fez sua opção pela casta dos Shinobi trabalhando para a família de sua mãe durantes anos.

Adulta

Ao chegar na fase mais adulta por volta dos 30-35 anos deixou sua província para viver com os Monges Yamabushi. Descidido a aprender segredos de diversas áreas se especializou na área da vida e da mente. Quando voltou do isolamento com os Yamabushi, Ai Inochi Sakurai portava duas Tora-No-Maki, correspondente a VIDA e MENTE. Em sua fase adulta fez uma peregrinação por todo o Japão mandando Tegami (carta) a varias pessoas, falando sobre saúde, aconselhamento e sociedade.

Fase Negra

Como todos seres humanos Sakurai teve seu lado negro. Como especialista em assassinatos na adolescência, foi responsável por vários assassinatos em Kyoto e em Osaka. Lutou em Sekigahara pela colisão de Tokugawa e matou centenas de estrangeiros no Sakoku. Após perder uma luta para um desconhecido de sua terra natal foi morar junto aos Yamabushi.

Palavras de AI Inochi Sakurai

Algumas Citações de Ai Inochi Sakurai em suas Tegami.

“Viva como se fosse uma estrela a cortar o céu negro e busque o conhecimento como se fosse uma cerejeira centenária, cujas flores geram esplendor e admiração no mais frio homem como na mais quente mulher.”

“A Mente é base do Espírito e da Alma, assim como o corpo é sua morada.”

“Uma mente que não teme criar é uma mente bela e bem construída em sua infância”

“Um homem que não trabalha seu corpo não consegue trabalhar a mente pois um depende do outro para evoluir e ascender”.

“Os pés nos levam para o monte, os olhos contemplam o horizonte, a mente guarda toda a fascinação do momento em nossos corações”

“Os seres humanos são imperfeitos, problemáticos e confusos. Por isso admiro o ser que o criou pois soube fazer cada um diferente do outro, dando a todos nós a oportunidade se ser especial.”

“ Amar é escolha racional, nós escolhemos amar uma mulher por suas qualidades e sua beleza. O homem que diz que o coração o controla é fraco e futuramente um escravo da infidelidade. Pois amar, felicidade e benevolência, são ações que nascem em nossa vontade e se transforma em atos de sabedoria quando temos coragem de assumir as conseqüências.”

Existem vários fragmentos de Ai Inochi Sakurai, fragmentos que falam sobre muitas coisas desde Amor, passando pelo corpo humano e administração familiar até sobre táticas de guerra e assassinatos.

Hiragana e a literatura

A necessidade de expressar livremente os sentimentos do povo japonês impulsionou a escrita e a literatura da Era Heian, dominada pelas grandes mulheres
Por que surgiram os fonogramas hiragana e katakana?
Os japoneses não conheciam a escrita até ter os primeiros contatos com a cultura chinesa, por volta do século V. À medida que os japoneses foram dominando a escrita (kanji ou ideogramas), a língua e a literatura chinesas, eles começaram a sentir as limitações de se adotar essas formas de comunicação de um outro povo. Assim, para atender à necessidade de expressar livremente os sentimentos do povo japonês por escrito, foram criados os fonogramas hiragana e katakana, elaborados a partir do kanji.


Origem de Man’yôgana
Durante muito tempo, os japoneses liam os kanji à moda chinesa e tentavam entender o significado de cada letra, já que os kanji são ideogramas, ou seja, a transcrição da idéia e não do som, como é o caso da maioria das letras existentes. Pouco a pouco, os japoneses passaram a escolher a palavra adequada para cada kanji e lê-lo à moda japonesa. Por exemplo, o kanji que significa inverno é , sendo a leitura chinesa “dong”; porém, como em japonês inverno se diz “fuyu”, o kanji passou a ser lido “fuyu” também.

À medida que as palavras japonesas também foram filtradas e unificadas, os japoneses tiveram a idéia de transcrevê-las aproveitando apenas o som, ou seja, a sua leitura, desprezando a idéia ou o significado do kanji. Por exemplo, “hana” (flor – ) passou a se escrever também , já que tem a leitura “ha” e , a leitura “na”. Esses ideogramas (kanji) empregados apenas como fonogramas receberam o nome de man’yôgana, já que foram utilizados na transcrição dos poemas japoneses reunidos na antologia intitulada Man’yôshu.


Criação do hiragana
A caligrafia empregada deixou de ser letras de traços retos e definidos, adotando o estilo cursivo, o chamado sôsho-tai, criado na China. Porém, no Japão, o estilo foi adquirindo características próprias, “simplificando” de tal forma os kanji a ponto de ficarem bem diferentes das letras originais. Desse estilo cursivo “simplificado”, nasceu o hiragana. Assim, o hiragana é um conjunto de letras mais curvilíneas.


Criação do katakana
Assim como o hiragana, o katakana também foi criado a partir dos kanji, mas possui características diferentes. O katakana surgiu como sinais gráficos para auxiliar na leitura de textos chineses, ou ainda, para serem inseridos nos poemas ou textos em estilo chinês, a fim de facilitar sua leitura e compreensão. Essas “letras complementares” ofereceram aos japoneses uma maior expressividade, já que podiam escrever com maior desenvoltura até diferenças delicadas e nuanças dos sentimentos.

O katakana foi criado com base em uma parte dos kanji, por isso seus traços são mais retos e rígidos.

O uso tanto do hiragana como do katakana consolidou-se no início do século X, em meados da Era Heian, e são empregados até os dias de hoje, concomitantemente com os kanji.


A literatura em kana = literatura da nobreza
Após a criação dos fonogramas kana, a literatura entre os nobres conheceu o seu apogeu, constituindo a era áurea dos waka – poemas japoneses. Esses poemas que enaltecem a natureza, as diferentes facetas das quatro estações e os elementos da natureza foram criados graças à existência dos kana. O modo de expressão dos poemas contribuiu muito na formação da consciência estética dos japoneses. Nos palácios do imperador e dos nobres, as reuniões para compor e apreciar os poemas tornaram-se cada vez mais freqüentes, deixando de ser apenas um simples passatempo das mulheres. Saber compor poemas tornou-se um importante requisito para manter um convívio social entre os nobres da corte. A falta de interesse pela política ocorreu na mesma proporção em que se ampliou o círculo literário da nobreza.


Obras clássicas
O Tosa nikki (Diário de Tosa) foi escrito por volta do ano 934, por Ki-no-Tsurayuki e incentivou muitas mulheres a escreverem diários, estimulando a criação de muitas literaturas do gênero.

Genji-Monogatari (Contos de Genji), escrito por Murasaki-Shikibu, por volta do ano 1001, é conhecido como uma obra literária clássica de maior volume. Descreve a elegante e requintada vida da corte, os sentimentos do personagem principal, Hikaru Genji, em relação às mulheres com quem se envolve e as intrigas pelo poder. Não se trata de uma simples ficção, mas se observa a preocupação de descrever os usos e costumes, assim como os pensamentos da Era Heian.

Makura-no-sôshi é uma crônica escrita por Sei-Shônagon sobre a vida na corte, que descreve de forma vivaz, com sensibilidade aguçada e com genialidade, os hábitos do cotidiano da corte.

Kokin Waka-shû é uma antologia de 20 volumes que reúne 1.100 poemas compilada por ordem imperial (chokusen-shû), datada do ano de 905.


Rivalidade entre duas literatas
Tanto a autora de Genji-Monogatari, Murasaki-Shikibu, como a de Makura-no-sôshi, Sei-Shônagon, pertenciam à classe média da nobreza e serviram à família imperial na mesma época. Foram duas mulheres que lideraram as tertúlias realizadas na corte. Sei-Shônagon possuía gênio forte, fazendo questão de exibir o seu talento. Murasaki-Shikibu, uma mulher mais recatada e retraída, escreveu críticas severas em relação a essa atitude “exibicionista” de Sei-Shônagon em seu diário.

Por serem os poemas a forma de literatura mais valorizada na Era Heian, as obras dessas duas mulheres, mesmo conquistando muitos leitores, ficaram relegadas a um segundo plano, encaradas como um passatempo de mulheres da corte. Ainda assim, a literatura da Era Heian floresceu graças às grandes mulheres.

shushi não é sashimi

Dentre os que gostam muitos não sabem a diferença entre sushi e sashimi. Eu tinha postado um link sobre isso em 2003 mas o site saiu do ar. Por coincidência, desde terça-feira tem chovido gugonauta no PdBUT justamente procurando por isso – eu desconfio que é por causa da 11ª prova do Aprendiz 5, niqui a tarefa era gerenciar um restaurante japonês em São Paulo.

Grossíssimo modo, a base do sushi é o arroz. Não existe sushi sem arroz [e do jeito que vão os preços do arroz tipo japonês no mercado, logo não existirá mesmo]. Na foto que abre este post estão dispostos alguns tipos de sushi; cada formato recebe um nome e, dependendo do recheio, ainda um outro nome. O enrolado fino com alga por fora com apenas um recheio é o hossomaki: se o recheio for de atum é o tekamaki, se for de pepino é o kappamaki, etc.

O oniguiri, que já mereceu post exclusivo no PdUBT, pode ser feito de arroz puro, recheado, coberto, grelhado… com umeboshi, com missô, com natoo, com ovas de salmão, com fatias de polvo, com sashimi – e talvez daí venha a confusão.

O sashimi – com SA de sapato, por favor, e não XA conforme ouço muito – [também grossíssimo modo] é peixe cru.

Os sashimis mais tradicionais no Brasil são os de atum [vermelho amarronzado], salmão [cor de… errr… salmão], cavalinha [carne branca com pele prateada], pargo… mas outros peixes de carne firme podem ser usados. Eu troco atum por tilápia a qualquer hora, por exemplo.

Tanto no caso do sushi quanto no do sashimi a apresentação bonita conta muitos pontos [a gente também come pelos olhos, né? às vezes até literalmente, quando enche a cara de saquê e cai de testa na mesa, mas xápralá].

Resumindo: nem todo sushi leva sashimi.

Outra confusão que bastante gente faz é achar que todo sushi deve ser molhado no shoyu: não. A intenção do sushiman é que a pessoa identifique, diferencie os sabores, até os mais delicados. Regar sushi com shoyu deixa tudo com o mesmo gosto; pra que se dar o trabalho de combinar os ingredientes então?

NOTA DE FALECIMENTO – LUTO NO AIKIDO BRASILEIRO

COMUNICAMOS A TODOS OS FILIADOS, DISCÍPULOS E AMIGOS QUE O NOSSO MESTRE KAWAI SENSEI FALECEU NESTA NOITE.  Kaweai Sensei

O VELÓRIO ESTÁ OCORRENDO NO CEMITÉRIO DE CONGONHAS NA CIDADE DE SÃO PAULO. A MISSA SERÁ AS 16:30 HORAS, O ENTERRO ACONTECERÁ AS 17:00 HS.

Mensagem de Sensei Walter a Academia Central:

“Primeiramente condolescencias a familia, pois são antes de tudo nossos amigos. Em segundo nós todos estamos de luto. É um dia triste para o Aikido Brasileiro.

Agradeçemos Kawai Sensei por tudo. O Aikido modificou a vida de tanta gente e graças a Kawai Sensei chegou até nós. Não sei muito o que dizer. Vou tentar ligar para voce mas não sei se conseguirei. Por isso quero registrar meu profunso pesar e a sensação de ter ficado sem um parente, um pai. Conheci tão pouco ele infelizmente e aos poucos estava admirando cada vez mais o homem que tantos injustamente criticam. Ontem mesmo meu aluno estava comentando como ele e Ono Sensei eram atenciosos quando passavam pelas pessoas.”

O surgimento dos samurais

Confrontos e revoltas históricas marcaram o surgimento de uma nova classe social: a dos samurais.

A Era Heian marcou o surgimento e a ascensão dos samurais e de seus principais clãs, que entraram para a história do arquipélago com suas lutas e revoltas, episódios nos quais eles mediram forças na luta pelo poder. Essa nova classe passou a integrar a estrutura social da época ao lado da nobreza tradicional.  Surgimento da classe dos bushi (samurai) Enquanto a nobreza, liderada pela família Fujiwara, levava uma vida de muito luxo e requinte, os senhores rurais, donos de shôen, foram aumentando o seu poder de combate treinando guerreiros primeiro para proteger suas terras da invasão alheia, depois para conquistar novas terras. Esses senhores rurais se tornaram funcionários de kokushi (espécie de governador), administradores rurais ou guardiães das terras, recebendo títulos de nobreza ínfima. Eles passaram a liderar grupos de guerreiros, ou seja, de bushi, que nutriam grande admiração pela vida luxuosa da capital. Assim, os nobres enviados ao interior como kokushi pela corte Yamato recebiam tratamento especial, extremamente respeitoso.  Dessa forma, entre os nobres mandados para o interior como kokushi, surgiram aqueles que preferiram permanecer no campo, mesmo após o término do seu mandato, já que não havia perspectiva de uma vida melhor na capital. Alguns nobres que optaram pela vida rural formavam seus grupos de bushi (samurai), formando tropas de combate e tornando-se seus líderes, iniciando, dessa forma, a criação dos clãs.  A Revolta de Masakado Em 939, Taira-no-Masakado reuniu os bushi insatisfeitos com os enviados da corte que governavam as suas regiões e voltou-se contra o poder da capital. Declarou-se imperador e iniciou a revolta contra os nobres da capital, atribuindo poderes aos bushi, seus seguidores.  A revolta de Masakado foi contida por Fujiwara-no-Hidesato, outro nobre que tinha se instalando no interior (atual província de Tochigi) e por seu primo, Taira-no-Sadamori. Masakado morreu durante a batalha.  Famílias Minamoto e Taira Com o objetivo de reconquistar o controle do país e refrear o poder da família Fujiwara, o imperador Gosanjô (1034~1073) criou o sistema de insei, pelo qual foi introduzido o cargo supremo de jôkô, que conferia ao imperador que abdicou o poder de governar em nome do novo imperador. Assim, Gosanjô abdicou do trono em favor de Shirakawa (1053~1129) e tornou-se jôkô, governando o país pelo sistema diárquico. Por não ter nenhum parentesco com a família Fujiwara, Gosanjô conseguiu governar o país livremente ao longo de 43 anos como jôkô de três imperadores, contando com a proteção de Minamoto-no-Yoshiie. Enviada para combater os povos de Ezo, a família Minamoto pediu auxílio aos guerreiros da região leste da ilha principal do Japão, com os quais conseguiu vencer a batalha e criou fortes laços. Para conter o crescente poder dos Minamoto, Gosanjô encarregou também a família Taira do serviço de proteção.  Uma guerra entre as famílias destacou-as no panorama político pela primeira vez na história do Japão, em 1156, com a Revolta de Hôgen. Em 1159, a Revolta de Heiji colocou frente a frente os Minamoto e os Taira na luta pelo poder. A batalha foi vencida pela família Taira, que passou a controlar politicamente o Japão. Em 1168, Taira-no-Kiyomori (1118~1181), chefe da família Taira, ocupou o cargo de ministro, dajô-daijin, tornando-se o primeiro samurai a ocupar tal posição. A família Genji ficou, então, à espera da revanche.  Minamoto-no-Yoritomo da família Genji, que havia sido exilado em Izu-no-Kuni (província de Shizuoka), junto com seu sogro, Hôjô Tokimasa, atacou a família Taira em Izu-no-Kuni, mas foi derrotado. Porém os comandantes de guerreiros da região de Kantô juntaram-se a Minamoto-no-Yoritomo. Seu irmão, Yoshitsune, conhecido por sua bravura, também saiu de Ôshu-Hiraizumi (província de Iwate) e passou a lutar ao lado de Yoritomo, que conseguiu, lentamente, instalar-se em Kamakura.  Acometido por uma febre alta, Kiyomori faleceu pedindo, em seu leito de morte, a cabeça de Yoritomo, em 1181.  O último confronto entre os sobreviventes da família Taira e as tropas de Genji aconteceu na Baía de Dan-no-Ura (província de Yamaguchi). A batalha foi vencida pelas tropas de Genji, em 1185. O pequeno imperador Antoku, neto de Taira-no-Kiyomori, morreu junto com sua mãe, filha de Kiyomori, nessa batalha, encerrando, assim, a Era Heian. Em 1192, Minamoto-no-Yoritomo instalou-se em Kamakura, dando início ao shogunato Kamakura. Esse foi o começo da era dos samurais no Japão.  A ascensão e a queda da família Taira, ou seja, Heike, pois a leitura chinesa do ideograma da família Taira é = Heike, foi narrado pelos biwa-hôshi, uma espécie de menestrel. Sua narrativa é conhecida como Heike-Monogatari (contos da família Heike), cujo tema central é a efemeridade da vida.  A vida na corte Enquanto os bushi levavam uma vida austera, dedicando-se ao treinamento de artes marciais, os nobres se esmeravam em luxo e requinte. Eles vestiam várias camadas de roupas e valorizavam as combinações das cores que se entreviam em golas, mangas e barras, no caso das mulheres. Assim, além da qualidade do tecido, os nobres preocupavam-se também com as cores e seus efeitos. Existiam algumas cores usadas conforme a classe social do indivíduo.  Os nobres dessa época carregavam na maquiagem. Depilavam as sobrancelhas e desenhavam-nas com tinta de carvão. As mulheres adultas tingiam os dentes de preto.  O perfume de incenso, que foi introduzido no Japão junto com o budismo, era usado no dia-a-dia pelos nobres. Cada um criava seu próprio perfume misturando no mínimo dois tipos de incensos. Os nobres perfumavam os seus trajes queimando os incensos para que suas roupas ficassem impregnadas com o perfume criado.  A beleza feminina era medida pelo comprimento dos cabelos, que deviam ser longos, negros e sedosos. O máximo de beleza era ter cabelos mais longos que a própria altura, não ser muito magra e ter a pele bem branca.  Hábitos alimentares dos nobres A alimentação da nobreza era modesta. O prato principal era o arroz, cozido com a água ou no vapor, acompanhado de peixes, carne de aves, verduras, algas e frutas. Os peixes eram, em sua maioria, secos ou conservados na salmoura. Por influência do budismo, muitos não consumiam peixes ou carnes, ficando desnutridos e doentes. A refeição era feita duas vezes ao dia, pela manhã e à tarde.  Casamento na nobreza Os nobres não moravam juntos ao se casarem. O homem possuía residência própria e freqüentava a casa da mulher, que tinha o dever de, com sua família, criar os filhos. A família da mulher também cuidava do marido, vestindo-o e alimentando-o. Tanto a mulher como o homem podiam manter relação com outros parceiros, porém sempre tratando a todos com igual respeito e consideração.  Esse tipo de casamento explica o grande poder e influência que o sogro exercia sobre o imperador, ao casá-lo com sua filha, muito embora o monarca construísse uma residência para suas esposas, em vez de visitá-las na casa de seu sogro.

Hiragana e a literatura

A necessidade de expressar livremente os sentimentos do povo japonês impulsionou a escrita e a literatura da Era Heian, dominada pelas grandes mulheres

 

leitura de kanjis
A necessidade de expressar livremente os sentimentos do povo japonês impulsionou a escrita

Por que surgiram os fonogramas hiragana e katakana?
Os japoneses não conheciam a escrita até ter os primeiros contatos com a cultura chinesa, por volta do século V. À medida que os japoneses foram dominando a escrita (kanji ou ideogramas), a língua e a literatura chinesas, eles começaram a sentir as limitações de se adotar essas formas de comunicação de um outro povo. Assim, para atender à necessidade de expressar livremente os sentimentos do povo japonês por escrito, foram criados os fonogramas hiragana e katakana, elaborados a partir do kanji.


Origem de Man’yôgana
Durante muito tempo, os japoneses liam os kanji à moda chinesa e tentavam entender o significado de cada letra, já que os kanji são ideogramas, ou seja, a transcrição da idéia e não do som, como é o caso da maioria das letras existentes. Pouco a pouco, os japoneses passaram a escolher a palavra adequada para cada kanji e lê-lo à moda japonesa. Por exemplo, o kanji que significa inverno é , sendo a leitura chinesa “dong”; porém, como em japonês inverno se diz “fuyu”, o kanji passou a ser lido “fuyu” também.À medida que as palavras japonesas também foram filtradas e unificadas, os japoneses tiveram a idéia de transcrevê-las aproveitando apenas o som, ou seja, a sua leitura, desprezando a idéia ou o significado do kanji. Por exemplo, “hana” (flor – ) passou a se escrever também , já que tem a leitura “ha” e , a leitura “na”. Esses ideogramas (kanji) empregados apenas como fonogramas receberam o nome de man’yôgana, já que foram utilizados na transcrição dos poemas japoneses reunidos na antologia intitulada Man’yôshu.


Criação do hiragana
A caligrafia empregada deixou de ser letras de traços retos e definidos, adotando o estilo cursivo, o chamado sôsho-tai, criado na China. Porém, no Japão, o estilo foi adquirindo características próprias, “simplificando” de tal forma os kanji a ponto de ficarem bem diferentes das letras originais. Desse estilo cursivo “simplificado”, nasceu o hiragana. Assim, o hiragana é um conjunto de letras mais curvilíneas.


Criação do katakana
Assim como o hiragana, o katakana também foi criado a partir dos kanji, mas possui características diferentes. O katakana surgiu como sinais gráficos para auxiliar na leitura de textos chineses, ou ainda, para serem inseridos nos poemas ou textos em estilo chinês, a fim de facilitar sua leitura e compreensão. Essas “letras complementares” ofereceram aos japoneses uma maior expressividade, já que podiam escrever com maior desenvoltura até diferenças delicadas e nuanças dos sentimentos.O katakana foi criado com base em uma parte dos kanji, por isso seus traços são mais retos e rígidos.O uso tanto do hiragana como do katakana consolidou-se no início do século X, em meados da Era Heian, e são empregados até os dias de hoje, concomitantemente com os kanji.


A literatura em kana = literatura da nobreza
Após a criação dos fonogramas kana, a literatura entre os nobres conheceu o seu apogeu, constituindo a era áurea dos waka – poemas japoneses. Esses poemas que enaltecem a natureza, as diferentes facetas das quatro estações e os elementos da natureza foram criados graças à existência dos kana. O modo de expressão dos poemas contribuiu muito na formação da consciência estética dos japoneses. Nos palácios do imperador e dos nobres, as reuniões para compor e apreciar os poemas tornaram-se cada vez mais freqüentes, deixando de ser apenas um simples passatempo das mulheres. Saber compor poemas tornou-se um importante requisito para manter um convívio social entre os nobres da corte. A falta de interesse pela política ocorreu na mesma proporção em que se ampliou o círculo literário da nobreza.


Obras clássicas
O Tosa nikki (Diário de Tosa) foi escrito por volta do ano 934, por Ki-no-Tsurayuki e incentivou muitas mulheres a escreverem diários, estimulando a criação de muitas literaturas do gênero.Genji-Monogatari (Contos de Genji), escrito por Murasaki-Shikibu, por volta do ano 1001, é conhecido como uma obra literária clássica de maior volume. Descreve a elegante e requintada vida da corte, os sentimentos do personagem principal, Hikaru Genji, em relação às mulheres com quem se envolve e as intrigas pelo poder. Não se trata de uma simples ficção, mas se observa a preocupação de descrever os usos e costumes, assim como os pensamentos da Era Heian.Makura-no-sôshi é uma crônica escrita por Sei-Shônagon sobre a vida na corte, que descreve de forma vivaz, com sensibilidade aguçada e com genialidade, os hábitos do cotidiano da corte.Kokin Waka-shû é uma antologia de 20 volumes que reúne 1.100 poemas compilada por ordem imperial (chokusen-shû), datada do ano de 905.

 


Rivalidade entre duas literatas
Tanto a autora de Genji-Monogatari, Murasaki-Shikibu, como a de Makura-no-sôshi, Sei-Shônagon, pertenciam à classe média da nobreza e serviram à família imperial na mesma época. Foram duas mulheres que lideraram as tertúlias realizadas na corte. Sei-Shônagon possuía gênio forte, fazendo questão de exibir o seu talento. Murasaki-Shikibu, uma mulher mais recatada e retraída, escreveu críticas severas em relação a essa atitude “exibicionista” de Sei-Shônagon em seu diário.Por serem os poemas a forma de literatura mais valorizada na Era Heian, as obras dessas duas mulheres, mesmo conquistando muitos leitores, ficaram relegadas a um segundo plano, encaradas como um passatempo de mulheres da corte. Ainda assim, a literatura da Era Heian floresceu graças às grandes mulheres.

OS NOMES DOS SAMURAI…

Durante o curso de vida, o samurai podia ser conhecido por uma série de nomes. Às vezes confundindo o historiador, esta tradição ocasionalmente exigia um número de etiquetas e cerimônias para que os nomes de um samurai fosse alterado. Cada nome carrega com isto um significado próprio, como nós veremos a seguir. O samurai do século 15 para o 16 nos fornece os melhores exemplos documentados.

No nascimento, a um samurai era dado um nome pelo qual ele seria reconhecido até participar da cerimônia de idade. Esse era ocasionalmente escolhido por soar casual ou simplesmente por fantasia.  Esses nomes de infância estiveram freqüentemente ligados a uma extensão dentro de negócios domésticos ou por um apelido de costume. Por exemplo, o filho mais velho, segundo as tradições da época, era conhecido como “Taro”, o segundo, “Jiro”, e o terceiro, “Saburo”.

Nomes de samurai famosos na sua infância:

Masamune: Bontenmaru
Ii Naomasa: Manchiyo
Kobayakawa Takakage: Tokyujumaru
Mori Motonari: Shojumaru
Sanada Yukimura: Gobenmaru
Takeda Shingen: Katsuchiyo
Tokugawa Ieyasu: Takechiyo
Tokugawa Hidetada: Nagamaru

Uesugi Kenshin: Torachiyo

Um samurai recebia seu ‘primeiro’ nome adulto ao participar da cerimônia de idade aos 14 anos. O nome quase sempre consistia de dois caracteres, um hereditário de família e outro que poderia ser dado a ele como um presente, oriundo de um personagem importante (incluindo o shogun), ou simplesmente por capricho. O caráter hereditário era freqüente, mas não necessariamente devia estar no nome do pai. Freqüentemente um número de caracteres podia ser associado a uma dada família, mudando com a decorrer de tempo. Para ilustrar este ponto, o caractere Mori, por exemplo, foi muito presente desde o meio do séc. XIV até o séc. XVII.

Torachika…Sadachika…Chikahira…Motoharu…Hirofusa…Mitsufusa…Hiromoto…Okimoto…Motonari…Takamoto…Terumoto

O Mori também fornece um exemplo de caracteres presentes. Mori Okimoto (irmão mais velho do mais famoso Motonari), recebeu o “Oki” devido ao nome do poderoso Ouchi YoshiOKI, um daimyô cujas terras põem somente ao oeste. Mori Takamoto, filho de Motonari, recebeu o Taka por questões de etiqueta, oriundo de YoshiTAKA, filho de Yoshioki. Terumoto, por sua vez, recebeu o Teru do nome do Shogun Ashikaga Yoshiteru. Como o shogunato Ashikaga obteve tão grande força política, o acrescimo de Teru foi de fato considerado uma honra receber como prêmio um caractere do nome do shogun. Outro daimyo conhecido que recebido a honra de possuir um ideograma do shogun foi Asakura Yoshikage.


Imagawa YOSHImoto
Matsunaga HisaHIDE
Shimazu YOSHIhisa
Takeda HARUnobu (Shingen)
Uesugi TERUtora (Kenshin)


Alguns samurai, especialmente senhores, puderam optar por mudar os caracteres em seu nome em algum momento de suas vidas, freqüentemente como um resultado de uma espécie de recompensa mencionada acima. Ocasionalmente esta mudança de nome podia ser realizada num evento casual ou de conveniência política. Essa recompensa podia por vezes ser estendida a um privilégio familiar. Masamune, por exemplo, recebeu um nome de família honorífica “Hashiba” de Toyotomi Hideyoshi. Durante o ano 1590 ele ficou próximo a Tokugawa (Matsudaira) Ieyasu e como forma de demonstrar sua lealdade, em um gesto de subserviência, ele mudou o nome de sua família para Matsudaira.

Uesugi Kenshin fornece-nos como um exemplo simpático das várias razões pelas quais um daimyo poderia fazer a mudança de seu nome. Originalmente chamado Nagao Kagetora, mais tarde teria mudado seu nome para Terutora quando ele foi honrado pelo shogun, Ashikaga Yoshiteru (já que Kenshin era excepcionalmente filial a Ashikaga). Ele mudou seu nome outra vez para Masatora quando ele foi adotado por Uesugi Norimasa, aproximadamente em 1551.

Além dos nomes de infância e nome adultu, um samurai poderia também vir a adquirir um nome religioso. Certamente, o nome Kenshin é o mais conhecido, e isto fornece a nós um exemplo de um nome budista. Muitos samurai adotaram nomes budistas em algum ponto de suas vidas, ao menos nominalmente erguendo hábito de monge e barbeando suas cabeças. Algum daimyo apegaram-se mais seriamente do que outros, sendo Kenshin um desses.

Os nomes seguintes são exemplos conhecidos de daimyo que adotaram nomes do Budismo – seus nomes seculares em parêntese):

Asakura Soteki (Norikage)
HŌJŌ Soun (Nagauji)
Ikeda Shonyū (Nobuteru)
Maeda Gen-eu (Munehisa)
Miyoshi Chokei (Nagayoshi)
Ota DŌKAN (Sukenaga)
Ōtomo Sorin (Yoshishige)
Takeda Shingen (Harunobu)
Uesugi Kenshin (Terutora)
Yamana Sozen (Mochitoyo)

Em meados do séc. XVI no Japão alguns samurai tinham se convertido para o cristianismo e foram batizados com um nome ocidental. Embora raramente seja utilizado hoje como referência para qualquer figura dada, essa adoção não foi incomum.

Os seguintes nomes são exemplos de samurai famosos e seus nomes cristãos:

Gamo Ujisato: Dom Leão
Konishi Yukinaga: Dom Agostinho
Kuroda Yoshitaka: Dom Simeo
Omura Sumitada: Dom Bartolomeu
Ōtomo Sorin: Dom Francisco
Takayama Ukon: Dom Justo

Finalmente, nomes conhecidos de certos samurai incluem títulos ou posições que eles ocupavam. Seguem alguns exemplos:

Furuta Oribe (Shigenari)
Takayama Ukon (Shigetomo)
Yamamoto Kansuke (Haruyuki)
Yamanaka Shikanosuke (YukiMôri)

Ocasionalmente, um samurai poderia ser referido pela província que ele ocupava como o resultado de um título honorífico ‘senhor of…’ (…no kami).

O último nome que um samurai poderia assumir era o nome de morte, essencialmente dado a ele após esse fato. Seria um nome de espírito, e em alguns casos para marcar sua deificação. Isto poderia ocorrer em cerimônias e em decorrência de observações a respeito de sua linhagem de antecessores.

Ōtomo Sorin: Sanhisai
Takeda Shingen: HŌSHO-IN
Tokugawa Ieyasu: Tosho-daigongen
Toyotomi Hideyoshi: Hokoku daimyōjin
Uesugi Kenshin: SŌSHIN

Fonte: Blog Tenshi no Tsubasa

Referências: Conversas com Araki Sensei, Michie Hosokawa, Paulo Hideyoshi, Masa, sadao, Luiz yamada, Hidetaka Sensei.