Carta aberta aos alunos

Neste momento, após retornar do bonito encontro do “Aikido Juntos”, organizado pelo meu amigo Roney Rodrigues, vale uma reflexão. E porque não, uma orientação? O evento foi um sucesso. Roney conseguiu reunir diversos grupos. 7 diferentes grupos Brasileiros, incluindo nós; da UBA; sendo 11 sensei dando aula em dois dojos simultaneamente. Interessante também o que ele falou no fechamento: “O Aikido depende de esforço, dinheiro e tempo. E a união de todos é que fará o Aikido crescer. Esqueçam o passado e eventuais rusgas. Vamos trabalhar o futuro.” Temos que trabalhar no Aikido pensando que o esforço, tempo e dinheiro são necessários para nosso desenvolvimento, para o Aikido e para o grupo. Exatamente temos, sobretudo os mais antigos, que pensar nessas 3 dimensões: Nossa contribuição para o Aikido, nossa contribuição para o NOSSO Aikido e a nossa contribuição para o nosso dojo, nossa associação. Como artistas marciais temos que ter essa consciência maior. Nosso Shihan Dutra, em nossas conversas, falou muito sobre termos a consciência do nosso papel. E que transmitimos aos alunos o que deles esperamos. E hoje, talvez diferentemente dos tempos clássicos, realmente não se tem consciência do que é exatamente arte marcial, ou seu papel como artista marcial. Talvez por força das superficialidades das relações humanas de hoje, na época que as pessoas têm dificuldades de ler mais de 500 caracteres, e refletir mais, tudo tem que ser explicado. As sutilezas não são entendidas. Não há empenho em treinar a reflexão de seu papel no mundo. Sempre foi essa uma busca no caminho marcial. Tudo hoje é muito baseado no imediatismo, na superficialidade. Ontem estava vendo uma arte marcial, de certo professor, aula de defesa pessoal online. É a era dos sensei de youtube, de rede social. Do engodo. Dito isto. Se chegaram até aqui, parabéns. Conseguiram ler mais do que algumas frases. Agora vou sintetizar um pouco do que já está no nosso site e permeia nossas conversas: Cada um, enquanto alunos e sensei, dentro de sua graduação tem uma responsabilidade. Nas 3 esferas: Contribuição sincera é esperada para:

● O AIKIDO;

● O grupo e o dojo;

● Para seu desenvolvimento técnico e pessoal em geral como artista marcial

Aluno Kyu: Um aluno kyu, ainda iniciando, deve: Ir aos treinos, se desenvolver tecnicamente, participar das atividades sempre que possível, tentar entender o conceito de arte marcial.

Aluno Sempai: O sempai, deve: fazer tudo isso, e ajudar os iniciantes no treino, com espírito de cooperação. Participar de alguma forma na estabilização e crescimento do dojo. Nessa hora, o entendimento de que a aula de Aikido não é um curso de inglês, que você, não é só um cliente, mas um realizador de seu caminho, já deve ter sido assimilada. Ir sempre aos eventos obrigatórios, a não ser por força maior. E estar presente sempre que possível.

Aluno yudansha: A medida do crescimento da graduação, a responsabilidade, é claro, é maior: Tudo que antes era necessário, agora mais ainda. Além dos aprendizados técnicos, do sentido de cooperação, assimilado aos poucos, quando sempai, o entendimento de que você é uma referencia aos mais novos deve ser claro na sua mente. Você é observado pelos mais novos. Não só executando técnica, mas no seu comportamento e dedicação ao Aikido, ao grupo e aos outros alunos. Ao respeito pelos seus pares, e mais ainda ao seu sensei. Se você está há anos ou décadas aprendendo com um sensei e não entende a dedicação que ele tem ao Aikido e aos alunos, não o trata com respeito, não só, obvio, o chamando de sensei, mas com apreço pelo que ele já fez por você, pelo grupo dele. Se não entende o respeito que ele nutre ao seu sensei ainda presente, ou lá no seu passado; e pelo Aikido, é melhor repensar comportamentos. Se você desiste de ir a uma aula, não participa das atividades dentro do dojo, nos eventos da organização, não se empenha, não só em ir nos eventos apontados como obrigatórios, mas em outros importantes (como esse ultimo) você realmente aprendeu o que é o Aikido? Qual é o modelo que você está passando para os alunos mais novos? Sensei Roney, no evento, destacou um fato após a apresentação dos sensei de Iaido: Eles viajaram de SP, outro de Ribeirao Preto, outro de outra cidade, somente para uma apresentaçao de 15 minutos. Viajaram centenas de km somente para difundir a sua arte aos praticantes de outra. Isso é dedicação. E sem contar que sendo eles de cidades diferentes, fizeram apresentações totalmente coordenadas, muitas vezes em conjunto, o que por mais que sejam katas formais, exigiu ensaio e treino. Dedicação Para os yudansha do grupo, eu entendo que a participação é: Ir nos eventos obrigatórios SEMPRE, ir nos eventos da UBA e Ganseki Kai. Fazer um esforço sincero sempre para estar presente e inspirar os outros alunos. Buscar soluções para o grupo e ter no espírito a sensação de que é seu grupo e sua responsabilidade. Que não é o seu sensei que tem que fazer tudo. Você não é um turista de passagem. Dar aula informalmente quando necessário dentro do tatame, auxiliando o sensei, mas sem exageros, para não assumir a aula no lugar dele, mas o apoiando. Sobretudo em dojo cheio e/ou grande. Mas observar que nem todos os sensei gostam, e com bom senso. Além disso sempre que possível assumir um/uns horários como instrutor em um dos dojos ou mesmo buscar um local seu para isso. Shihan Dutra disse que na visão dele não existe isso de gostar ou não de dar aula. É uma obrigação com o Aikido. De respeito com ele e tudo o que foi feito pelos que antes vieram. Ou você valoriza o Aikido ou não. Uma coisa que quero enfatizar é que eu pessoalmente sempre abri para que conversassem comigo pessoalmente, sobre as inquietações e dificuldades. Assim como sensei Dutra e eu conversamos sempre, abertamente e nem sempre concordamos de inicio. Mas ele está ali para abrir minha mente com muito apreço. Mesmo quando as palavras são firmes. Mas que eu, por uma amizade de 20 anos e pelo imenso respeito que tenho por esse meu mestre, sei que ele tem uma experiencia e vivencia que serão sempre para mim uma referência. Sou muito grato pelo que ele fez e faz por mim, pelos nossos grupos (Sansuikai, agora a UBA e pela Ganseki Kai) pelo Aikido. E ele é exemplo para muitas pessoas no Brasil e fora dele. Mais do que um sensei, e também agora um amigo. Da mesma forma acredito que eu, se mereço alguma consideração, tenho que ser procurado pelo yudansha, ou qualquer aluno que precise, e informado de qualquer mal estar, problemas que estejam passando na Ganseki Kai, sobretudo os yudansha do grupo. Nem sempre poderemos atender ou resolver todas as questões, assim como sensei Dutra não pode me atender sempre, mas o entendimento e aceitação de limites é um desenvolvimento que o yudansha deve estabelecer em seu caminho. É amadurecimento. Mas é claro que existem coisas que podem ser resolvidas sim, e situações podem ser conduzidas da melhor forma se elas forem comunicadas. Não existe não falar. E eu não posso adivinhar. A adivinhação não deve ser um talento muito comum. E eu não a possuo, com certeza. Talvez finalizando: Se você não tem ido nos eventos obrigatórios, como nosso seminário de junho, se você não foi neste em SP, não comparece aos eventos gerais de treino, onde tento reunir todos, não vai aos treinos regulares; não está cumprindo o que esperamos e entendemos como dedicação e esforço. Voce está no grupo? Você está no Aikido? E em um grupo sério a visão seria diferente. E alguns agravantes: Se você é um senpai, se você é um yudansha, se como yudansha não dá aula, não incentiva os alunos mais novos, não promove um bom exemplo; não estamos vendo isso com bons olhos, pois você não está contribuindo devidamente com Aikido, com o grupo e com seu próprio desenvolvimento. Se este for o caso: O que falta dos 3 grupos de esforços? Não tem tempo? Não tem conseguido dedicação, Não tem dinheiro? Precisa de ajuda? Converse com a gente. Sente inquietações, já conversou com seu sensei? Já tentou buscar soluções? Está se esforçando ao máximo? Se o Aikido, o grupo e seu Aikido estão desassistidos, busque solução. E seja franco e justo com seu sensei e consigo mesmo. Eu, realmente não vejo com bons olhos, a falta de franqueza, e de esforço. E não posso ver igualmente o aluno que se esforça, apesar de tudo, com aquele não o faz, Seria uma injustiça com quem cumpre tudo o que falei. E são muitos. Por isso como disse, me procure, estarei aqui para auxilia-los na medida do possível, basta marcar uma conversa ou reunião comigo. Eu procuro os alunos sempre que possível, mas é mais fácil que vocês me procurem, pois como dizia minha mãe, para eu e meus irmãos: Eu sou um só. Com certeza tenho algumas experiencias e dificuldades ao longo de 33 anos de Aikido. Posso entender muita coisa e ajudar. Grandes esforços foram uma constante para que chegasse até aqui. Não sou Godan por acaso. E não ganhei graduação. Foi por esforço sincero. Me lembro, por exemplo (estava até conversando com sensei Tome sobre essa época) que para alcançar o shodan, tive que ir 5 vezes a SP durante todo um ano para treinar com meu sensei Severino. Com dificuldades financeiras. Ir nos seminários dele tambem no Rio. E em outros de outro grupo. Gastei tempo, dinheiro, me dediquei. Certas vezes não tinha dinheiro e ele me recebia em sua casa para economizar hospedagem. Demandou muito o Aikido. E sempre teve que ser assim, até hoje precisa o Aikido de minha atenção. Agora mesmo, percorremos um longo caminho até Piracicaba para dar aulas, treinar com os sensei amigos, e participar desse importante encontro. Problemas de coluna, dinheiro, tudo é um obstáculo, mas a obstinação do artista marcial é e deve ser maior. Muitas vezes sim, teremos que percorrer centenas de km pelo Aikido. Isso é o verdadeiro bushido. Não existe atalhos. Não existe esmorecer, nem deixar que nos esmoreçam. No final, somente você é responsável pela sua evolução. Podemos ajudar, mas sempre será você. Se as coisas não estão indo bem no Aikido para nós, não poderemos culpar os outros mais do que a nós mesmos. E irmos em outro campo verdejante do grande mestre que conhecemos na internet, não adiantará. Não tem fórmula mágica lá. Até mesmo no outro lado do mundo poderemos chegar e não avançaremos. Somos nós antes de tudo.

A evolução depende de nós.

Walter Amorim Sensei

Como se tornar um instrutor de Aikido

Texto publicado originalmente pela USAF – United Staes Aikido Federation – traduçao livre. Nos EUA, para o aikido, como para diversas atividades, existe lá no aikido um outro contexto, comparado ao Brasil, mas alguns pontos sao bem interessantes e similares a situaçao brasileira. Para reflexao.

Aikido é uma arte marcial japonesa moderna desenvolvida por Morihei Ueshiba (1883-1969) projetada para que as pessoas possam se defender e, ao mesmo tempo, proteger seus atacantes de se machucarem. A disciplina se traduz aproximadamente como “o caminho do espírito harmonioso”. É único entre as artes marciais por seu foco em parar a violência sem causar danos no processo.

Os instrutores de Aikido ensinam aos alunos os métodos e a filosofia desta disciplina de artes marciais desenvolvida há 100 anos. As habilidades técnicas consistem principalmente em arremessos e travas articulares, mas a disciplina também incorpora crenças filosóficas.

Hoje existem mais de 1,2 milhão de praticantes de Aikido em mais de 50 países em todo o mundo, de acordo com a Fundação Aikikai.  Aikido é ensinado em um dojo, que é a palavra japonesa para um lugar de meditação e aprendizagem.

Se você está interessado em se tornar um instrutor de Aikido, é provável que você já tenha uma vasta experiência nesta arte marcial. Quase todos os instrutores de Aikido atingem o nível de faixa preta antes de começarem a oferecer treinamento em seus próprios dojos. Você também pode saber que além de uma arte de defesa pessoal eficaz e poderosa, o Aikido também oferece harmonia interior ao praticante, bem como os benefícios para a saúde de entrar em ótima condição física. Estas são algumas das recompensas de se tornar um instrutor de Aikido, pois você será capaz de compartilhar os muitos benefícios transformadores do Aikido com os alunos.

Continue lendo para aprender como você pode se tornar um instrutor de Aikido e ensinar essa arte para a próxima geração.

 Neste artigo você aprenderá:

Quanto dinheiro você pode ganhar como instrutor de aikido

Os treinamentos e certificações necessários

Grupos profissionais para participar

Oportunidades de emprego para instrutores de aikido

Encontrar clientes

Além de dicas úteis

Quanto dinheiro você pode ganhar?

O salário médio de um instrutor de Aikido é de US$ 89.440 anuais, de acordo com o Bureau of Labor Statistics dos EUA. O emprego para todos os professores de fitness, incluindo instrutores de artes marciais, deve crescer 13% até 2028, informa a agência. Abrir seu próprio dojo cria a oportunidade de ganhar significativamente mais dinheiro, dependendo de sua capacidade de atrair e reter alunos.

Treinamento e Certificação

Não há requisitos de licenciamento para instrutores de Aikido nos Estados Unidos, embora em alguns estados você possa precisar ser certificado como instrutor para ser elegível para cobertura de seguro de responsabilidade civil, que é uma salvaguarda essencial ao executar qualquer tipo de estúdio de exercícios. Além disso, a certificação mostra ao público que você tem as habilidades e o conhecimento para ensinar Aikido de forma eficaz para que os alunos possam esperar aprender com você. É realmente psicologia básica do consumidor – dada a escolha de dois instrutores cada um com uma faixa preta em Aikido, mais alunos provavelmente gravitarão para o professor que é certificado como instrutor de Aikido. Faz a diferença, tanto na mente dos alunos quanto na confiança do professor. A certificação oferece uma vantagem automática sobre os concorrentes, porque apenas uma pequena porcentagem de instrutores de artes marciais em todo o mundo completou qualquer treinamento formal de instrutor, de acordo com a Global Martial Arts University.

Organizações como a Federação de Artes Marciais dos Estados Unidos oferecem credenciais para instrutores treinados que concluem um programa de treinamento aprovado pela organização.

Algumas das informações e habilidades que você aprenderá no treinamento como instrutor de Aikido:

Como usar técnicas diferentes para afastar o mesmo ataque

Usando a mesma técnica para parar ataques diferentes

Decompondo um movimento ou técnica em suas partes componentes

Origens da técnica (uma história e do Aikido e seus fundamentos espirituais)

Construindo sobre alicerces, começando com um conceito básico e, em seguida, adicionando movimentos

Ensinando o trabalho adequado dos pés

Usando os pontos de contato e a postura certos para obter o máximo efeito

Kuzushi (desequilibrando os adversários)

Tenkan/Redirecionamento

Primeiros socorros básicos

Habilidades básicas de negócios na criação e operação de um dojo

Aqui está uma lista de escolas de instrutores de Aikido para você começar.

Grupos profissionais para participar

Envolver-se com uma ou mais organizações profissionais pode ser um grande impulso para a sua carreira. Primeiro, essas afiliações ficam ótimas em um currículo. Eles são a prova de sua dedicação ao Aikido e seu profissionalismo. Mas ingressar em uma organização profissional proporciona muitos outros benefícios. Você pode se relacionar com outros membros e fazer novos amigos. Esses contatos podem ajudá-lo a encontrar empregos – às vezes antes mesmo de uma vaga ser anunciada. Você também terá um recurso para treinamento contínuo, aprendendo novas ideias de ensino e gostando de fazer parte de algo ao qual você está dedicando o trabalho de sua vida.

A Federação de Aikido dos Estados Unidos é uma organização sem fins lucrativos que fornece orientação técnica e administrativa e apoio aos membros. A USAF supervisiona a prática do Aikido e sua instrução conforme estabelecido pelo Hombu dojo, a sede internacional no Japão, e desenvolve e mantém padrões técnicos rigorosos, enquanto avança e promove a prática do Aikido. A USAF também organiza, promove e realiza demonstrações de Aikido e seminários internacionais, incentiva atividades de dojos membros, e pesquisa, estuda e publica informações e materiais sobre Aikido. A solicitação para a USAF começa entrando em contato com o escritório administrativo da USAF ligando para 860-567-2416 ou enviando um e-mail para laura@usaikifed.com.

A Federação de Aikido Kokikai dos EUA ajuda a desenvolver o estilo Kokikai Aikido nos Estados Unidos. A federação mantém uma lista de dojos ativos, educadores e estudantes no Kokikai Aikido, e ajuda os membros no treinamento de Sensei (professores) e outros educadores seniores de Aikido Kokikai através de acampamentos nacionais e cursos locais.

Uma lista de associações regionais e organizações filiais pode ser consultada aqui.

Há também muitos grupos de networking informais que você pode participar on-line para fazer novos amigos e trocar ideias para ensinar Aikido. Mais de três dezenas de grupos estão listados aqui.

Emprego

Você encontrará vagas de emprego para instrutores de Aikido em estúdios de artes marciais, centros de recreação públicos, a ACM e academias maiores com programas de fitness. Alguns dojos oferecem aulas para crianças.

Você precisará fazer cópias do seu currículo, tanto impresso quanto para distribuição online. Ao enviar currículos por e-mail, a melhor maneira de anexar documentos é criando um arquivo .pdf dos documentos com o Adobe Acrobat. Esses tipos de arquivos são considerados seguros para enviar e são muito propensos a disparar um alerta de spam na caixa de correio do destinatário. Siga esta dica e você aumentará suas chances de que sua correspondência online chegue à frente de uma pessoa real, não de uma pasta de spam.

Também faça fotocópias de suas certificações profissionais e associações em organizações de Aikido. Esses materiais extras podem ajudar sua aplicação a subir ao topo da pilha e diferenciá-lo dos concorrentes.

Encontrando Clientes

Cartões de visita e um site básico devem ser o núcleo do seu kit de ferramentas de marketing como um instrutor de Aikido operando um dojo. O site deve ser atraente, com fotos do seu dojo e alunos praticando seus movimentos (obter sua permissão por escrito para usar suas fotos), além de algumas imagens de você em ação, ensinando os alunos. A localização da sua empresa e as informações de contato devem estar na parte superior de todas as páginas do seu site. Os mecanismos de pesquisa verificam essas informações para corresponder geograficamente ao seu site com as pessoas que procuram perto de você por um instrutor de Aikido.

Além do site da sua empresa, você vai querer criar uma página no Instagram para mostrar o seu dojo de Aikido. O Instagram é o local online #1 para os profissionais se apresentarem. É uma ferramenta promocional gratuita que está sempre promovendo o seu negócio.

Em seguida, crie uma página no Facebook para o seu dojo. Esta é uma ótima maneira de criar seguidores e manter as pessoas atualizadas sobre suas ofertas.

Agora configure uma página do Google Meu Negócio, onde você pode adicionar seu horário de funcionamento, fotos e um mapa interativo de sua localização.

Todos os serviços acima são gratuitos e a criação de uma página em cada site leva menos de uma hora.

Outras estratégias para atração de novos negócios:

Crie um programa de referência com descontos para alunos que retornam e trazem novas pessoas para a aula.

Peça aos alunos que revisem seu treinamento de Aikido on-line. De acordo com uma pesquisa recente, 90% das pessoas dizem que suas decisões de compra são influenciadas por avaliações positivas online.

Como um novo instrutor de Aikido, você pode economizar tempo no desenvolvimento de seus talentos aprendendo com instrutores com anos de experiência. Aqui estão algumas de suas dicas:

Visualize um resultado

Qual você quer que seja o resultado de cada aula? Como é uma aula de sucesso?

Transforme tarefas complexas em etapas gerenciáveis

Quase todos os desafios se tornam mais fáceis quando podem ser divididos em etapas individuais. Se você planeja ensinar novas técnicas para parar certos tipos de ataques, por exemplo, aprender as técnicas será mais fácil para os alunos se você puder separar cada etapa e dar tempo para que todos dominem essa etapa antes de avançar para a próxima.

Seja um Sensei

Fazer a transição de aluno para professor (sensei) pode ser um desafio para os novos instrutores. O sábio professor se aproxima da aula com humilde confiança e deixa o ego na porta. O professor não é nada sem o aluno. O inverso também é verdadeiro.

Dê feedback positivo

Tente não confiar automaticamente no “isso está errado”. Em vez disso, concentre o aprendizado no movimento certo, na técnica certa, na abordagem certa. O incentivo ajudará os alunos a progredir mais rápido do que qualquer feedback negativo. Somos todos obras em andamento.

Mostrar entusiasmo

A emoção e o amor por uma atividade são contagiantes. Transforme suas aulas em sessões de alegria através do seu próprio entusiasmo pelo Aikido.

Hora de revisar o Nafuda Kake

Nafudakake Ganseki

Toda vez que atualizo o Nafuda Kake, vejo um pouco da história do dojo.
Quem marcou história, quem passou por aqui e se criou algum vínculo com o aikido e com o grupo.
Cada nome ali mostra a integração do aluno com o dojo, incluindo nisso assiduidade, participações extras na organização, divulgação ou qualquer ação extra no dojo que vise sua continua manutenção e crescimento.
Os Nafuda representam a “conexão” entre o Dojo e o aluno, e simboliza que o indivíduo não é apenas um estudante do Dojo, mas um valioso membro que faz parte da organização.
A atualizações são às vezes um momento de felicidade, por aqueles que continuam a trilhar o caminho, mas também de tristeza por aqueles que interromperam sua jornada.
Ser artista marcial, depende muito de perseverança pessoal e disposição para enfrentar todas as dificuldades. Não é o sensei, o dojo, os companheiros de treino que te impede ou ajudam. Essencialmente é você mesmo.

Nafudakake Ganseki Dojo – detalhe

Começar e terminar

É consagrada a forma do círculo no Aikido. Ela carrega informação sobre a infinitude, com sua ausência de bordas e limites, bem como a noção de equilíbrio, estando todos os pontos igualmente distantes do centro. No entanto, no processo de construção dessas circularidades, podemos tratar de fases com início e fim.

Um dos exemplos disso são o começo e término de cada aula. Em nosso dojo, o ritual de início e fim de cada aula segue um procedimento específico. Com efeito, os praticantes sentam em seiza, virados para o kamiza dispostos lado a lado, formando um triângulo com o kamiza no vértice a frente. A disposição dos praticantes é tal que, tendo o kamiza como referência na frente, os alunos mais graduados ficam à direita e os menos graduados à esquerda. O sensei, então, se aproxima do kamiza pela esquerda, se posiciona em seiza, e se dirige para a frente do kamiza voltado aos praticantes. Após isso, o sensei gira e fica de frente para o kamiza e então por três vezes levanta as mãos em formato de prece e cumprimenta o kamiza. Na última vez, são executadas duas palmas, ao mesmo tempo. Tanto o levantar das maos quanto as palmas são executadas igualmente por todos os praticantes. Ao fim do treino, o mesmo ritual é repetido.

Vemos este processo de início e fim também nos movimentos praticados durante os treinos. Isso porque, quando os parceiros se dispõe para treinar, em geral em duplas, tanto no início quanto no final são feitos os cumprimentos apropriados. Respectivamente, em pé, para tachi-waza, e em seiza, para suwari-waza. Em ambos os casos, a pessoa mais graduada começa a prática da técnica como nage/tori e, equivalentemente, a pessoa mais nova é quem deve se aproximar, para realizar o ataque. Este procedimento de cumprimento é repetido várias vezes ao longo do treino, manifestando a repetição desse padrão de começo e término.

E, assim, vemos que, em diversas ocasiões durante a prática e em diferentes partes do dojo, há “mini-circulos” através de mini sequenciamentos de inicio-fim, repetidos várias vezes ao longo da prática. Deste modo, ao perdermos a noção de qual é a primeira circularidade, conectamos todas estas sequências em um grande círculo. E que consagramos em nosso dia-a-dia como hábitos circulares de cumprimento e desejo de bem-estar. Assim como é consagrada a forma do círculo no Aikido.

Aikido e a Relevância Marcial

        A maioria das pessoas ao ouvir este título começaria a se perguntar qual técnica se qualificaria como relevante e qual não seria e em quais situações isso seria verdade.  Talvez outros nem estariam tão interessados ​​em ouvir uma elaboração sobre isso, pois a seus olhos, o Aikido é uma arte marcial que vai além da simples autodefesa ou praticidade.  Isso está mais próximo de uma descrição do que exatamente é o contêiner chamado treinamento de Aikido.  É a partir deste ponto que começaremos esta jornada juntos.

       Em primeiro lugar, não acredito que nenhuma técnica ou exercício deva ser feito sem um olho na relevância marcial.  Dividir as técnicas em categorias como eficazes ou ineficazes já perde todo o objetivo do Aikido.  O treinamento de Aikido é uma única técnica feita de vários ângulos, formas e ataques para criar um corpo-mente-eu que está imbuído da compreensão total da relevância marcial.  esta é a natureza do caminho a ser percorrido.  Portanto, dizer que, por exemplo, os fundamentos são apenas exercícios e não necessariamente vão funcionar e que você precisa modificá-los para fazê-lo realmente perde a visão mais ampla do que é o Aikido no que diz respeito à construção de seu senso total de Aikido.  Aquele com quem você anda, fala e convive todos os dias o dia todo.  Esse sentido deve estar em seu corpo de forma progressiva constantemente para ser definido como um caminho, e todos nós, especialmente aqueles de nós que ensinamos, devemos ensinar todas as técnicas e todos os exercícios desde o primeiro dia com isso em mente.

 Não há diferença entre técnicas básicas e avançadas, pois todas influenciam diretamente o caminho do Aikido, por isso precisamos servir nossos alunos com consciência neste assunto.

       Quando eu estava aprendendo com Chiba Sensei, rapidamente ficou claro que fazer perguntas puramente intelectuais sobre o Aikido, ou perguntas que nos dessem uma compreensão intelectual antes da incorporação física, estava totalmente fora dos limites.  Por exemplo, um dos caras no jantar uma noite perguntou a ele qual era o significado de Atemi quando se aplica ao Aikido.  Pergunta errada.  Chiba Sensei, sem perder o ritmo, prontamente deu um tapa no rosto do cara e o jogou para trás em sua cadeira no chão.  Sopa por toda parte, pedaços de peixe no teto, etc. Nenhuma tradução necessária, ponto feito.

     Chiba Sensei era muitas coisas, sendo um personagem imprevisível, como este exemplo indicaria, mas o outro era muito parecido com o de um tradicional professor de Budo japonês.

 Um título como este “Professor de Budo Tradicional” na verdade significa e ocupa muito do mesmo território de todas as antigas escolas Zen tradicionais, onde o Roshi respondia às perguntas do aluno com coisas como bater na cabeça dele com um sapato  ou respondendo com respostas incompreensíveis como forma de despertar o aluno.

 O ponto chave em todos esses casos era simplesmente este;  O despertar e o aprendizado eram vistos como totais, não parciais e envolviam tudo ao mesmo tempo, mente, corpo, espírito e, de repente, seu mundo e sua compreensão eram diferentes e a arte como uma totalidade era algo que você possuía totalmente.

         A esse respeito, ensinar qualquer coisa a alunos que não tenham relevância marcial seria o mesmo que dizer a um novo aluno de Zen que eles não precisam realmente sentar em Zazen e lavar suas xícaras de chá.  Com o melhor de sua capacidade … sempre há isso.  Por extensão, não há Roshi que ainda não sente Zazen e lave suas xícaras de chá.

 O básico nunca muda, mas verdadeiramente profundamente o básico é importante e deve ser sempre enfatizado.

       Os fundamentos da relevância marcial no Aikido são essencialmente as chaves para desbloquear a qualidade geral da arte e são coisas como esta:

     1).  Desequilibre seu parceiro e nunca devolva o equilíbrio.

     2).  Nunca se mova na frente de um oponente bem equilibrado.

     3).  Todos os exercícios e técnicas de movimento levam a colocar-se em uma posição onde você PODERIA desferir um golpe/corte fatal facilmente e com o mais alto grau de movimento natural.

     4).  Atemi é usado geralmente com a finalidade de estabelecer o posicionamento correto do corpo e a distância necessária para atingir os três primeiros itens.  Tudo isso deve eventualmente se tornar uma coisa em que o próprio Aikido começará a abrir portas para você e mostrará a você uma liberdade de corpo e mente que você pode nem saber que existia.

       Tais assuntos são impossíveis de descrever com a palavra puramente escrita.  Por esse motivo, criei uma página no Patreon dedicada a ensinar os princípios do Aikido e a ajudá-lo em sua jornada.  Se você estiver interessado em seguir esse caminho, confira.

      Como sempre, estou aberto a comentários e ao contrário de Chiba Sensei ……… Não há perguntas ruins!

(Em tradução livre do original escrito por Yahe Solomon, Instrutor de Aikido, 7o Dan. Último acesso para postagem em: https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=pfbid02xEk4nyVZuwHwUGU6joFuoDasGa4XrmTvnVvkJHmv9Up1rjmjvgCNPaVEtMfitBH4l&id=100063471581063&mibextid=Nif5oz).

Reverência ao entrar e sair do tatame

Existem diversos rituais que fazem parte da vida de um dojo. Aqui não queremos definir o que é certo ou errado, haja visto a individualidade de cada espaço, e nem tampouco vamos falar da ritualística enquanto sacralização do espaço (vamos dedicar um texto inteiro só pra isso…). Mas, sem dúvida nenhuma, um dos rituais mais presentes em um dojo é a reverência ao kamiza.

O procedimento em si mesmo é simples, mas carrega muitos significados. Inicialmente é preciso reconhecer a existência de um kamiza. Este determina uma referência no qual corpo e pensamento devem fazer reverência. Em nosso dojo, o kamiza consta um quadro com a foto de O-sensei Morihei Ueshiba e um quadro com o conceito Aikido escrito.

Para além da liberdade individual, e outras ritualizações, é obrigatória a reverência ao entrar e sair do tatame. Existem duas possibilidades para esta reverência. Uma é a reverência sentada, onde a pessoa fica em seiza e procede do modo usual, ou seja, sentado, com os joelhos juntos, dedão do pé direito sobre o dedão do pé esquerdo, coluna ereta e com as mãos apoiadas sobre a perna, é visualizado o kamiza. Em seguida, a mão direita e esquerda formam um triângulo, no qual a cabeça toma como referência, e a coluna é inclinada, mas mantida reta. Por fim, a coluna é novamente levantada e as mãos retornam à posição original. Outra possibilidade, ainda na entrada e saída do tatame, é a reverência em pé. Neste, a pessoa se mantém em pé, com a coluna, pernas, braços, retos e juntos, e visualiza o kamiza. Em seguida, inclina o corpo, mantendo a coluna, braços e pernas retos. E, por fim, retorna a sua posição anterior.

Uma das características mais interessantes, desta reverência, é que ela deve ser realizada por todos aikidocas, e isso independe da graduação ou tempo de prática. Além disso, outras artes marciais também praticam esse ritual, ou algum semelhante.

De fato, estendendo esse ritual para fora do dojo, praticamente todas as pessoas praticam um ritual semelhante em suas casas. Pode ser na entrada, ao colocar a bolsa e mochila em um certo local ou mesmo na saída, como trancar a porta de uma maneira específica. Em todos os casos você está tornando o lugar mais familiar, se conectando com o espaço, em suma, tornando-o seu lugar. E assim deve se tornar o dojo para você. Ali você dispende parte do seu dia ou noite, sua vontade, sua dedicação. Bem como tantas outras pessoas o fizeram antes de você. E por todos esses motivos, e muitos outros, você o deve reverenciar.

Forma e Ordem

No Aikido é fundamental o reconhecimento da forma. Note, porém, que reconhecer o fundamento não é o mesmo que enrijecer e ficar preso a uma forma. Para entender isso é necessário também perceber a relação entre forma e ordem.

Quando entramos em um dojo uma das principais características é a ordem. Essa palavra carrega um duplo sentido. Temos ordem enquanto organização e estrutura, e também temos ordem enquanto sequenciamento e gradação. Em um dojo, em todas as partes e nos dois sentidos, a ordem se faz presente. Os chinelos na entrada do tatame, os praticantes sentados de acordo com a graduação, a prática iniciando a partir dos mais velhos, entre outros.

Em todas estas situações, a ordem tem uma forma para se manifestar. Por exemplo, a ordem dos chinelos é revelada por uma forma de ser. Os chinelos não podem ficar com qualquer estrutura. Eles devem estar paralelos e com a ponta para fora do tatame. Existe uma forma específica para a sua ordenação. De outra maneira, a ordem se manifesta pela forma. Portanto, ambas estão intimamente conectadas.

A manutenção dessa ordem é feita por cada pessoa que integra o dojo e existem várias maneiras de se percebê-la. Uma delas, por exemplo, é a ordem através da limpeza,  e  diferentes limpezas manifestam diferentes formas. Uma destas limpezas é interior. Estarmos com o interior limpo é, por exemplo, mantermos os pensamentos com propósitos nobres, não falarmos palavrão, cuidarmos uns dos outros durante o treino, e qualquer outro modo de purificação interna. Com isto, a partir de uma limpeza interna, naturalmente surge uma ordem, que manifestará uma forma de ser.

Outra ordenação, bastante presente, é a limpeza do espaço físico através de ações como varrer e passar pano. A mecânica primeira de varrer não pode ser de qualquer modo. Não podemos jogar a poeira para qualquer lado. Se puxamos a poeira, ela vem para nós. Então há uma melhor forma. Varrer é para longe de nós. Já para passar um pano úmido  também existe uma forma preferencial. Isto porque se passarmos o pano para frente, enquanto andamos para frente, iremos pisar na região úmida. Portanto, aqui, também, existe uma melhor forma. Passar o pano é em nossa direção.

Por mais simplório que seja o exemplo da limpeza, como manifestação de ordenação, podemos perceber que ele trás rapidamente a questão da forma. Outra relação entre ordem e forma também surge na própria diagramação do espaço físico do dojo. Ao contrário de ser uma região disforme, a forma começa a surgir quando o dojo ganha um centro, no sentido de ponto de referência. Enquanto espaço, essa referência é o kamiza; enquanto instrução, essa referência é o sensei; e assim por diante. Então, a partir do centro, podemos pensar em uma ordenação – mais longe do centro, mais perto do centro – e, assim, a forma surge a partir dessa percepção do centro, que ordena o espaço.

Deste modo, a ordem trás à tona a noção de forma. Enquanto a forma é a manifestação da ordem. E, a sua manutenção destes conceitos garantem os desenvolvimentos subsequentes. Ordenação, forma e repetição. Sem caminhos encurtados ou fórmulas mágicas.

Expandindo ainda mais nosso entendimento, ao falar das formas e ordens, recorremos constantemente a dualidades. No exemplo de varrer e passar pano, na aproximação ou afastamento do centro, entre outros. Em todos estes conceitos, formas opostas foram uma ideia presente. Por outro lado, podemos pensar na própria existência da forma como uma possibilidade de oposição à forma, ou ainda, liberdade de forma. Como vemos manifestados na espada e no bastão. Mas vamos deixar pra outro texto…

Penny Bernath: sobre conseguir um lugar à mesa

Tradução livre do artigo de Josh Gold. Aikido journal, 20 de setembro de 2021.

Penny Bernath Shihan é faixa preta de 7º grau em aikido e é membro do comitê técnico da Federação de Aikido dos Estados Unidos , a maior organização de aikido dos Estados Unidos. Ela começou no aikido em 1973 em Hollywood, Flórida e logo depois, tornou-se aluna de Yoshimitsu Yamada Sensei. Em seus quase 50 anos praticando a arte, Penny estudou com muitos dos alunos diretos do fundador do aikido. Penny é uma das instrutoras de aikido mais bem classificadas nos Estados Unidos e leciona regularmente em seminários em todo o país e no exterior. Junto com seu marido Peter Bernath, Penny dirige a Florida Aikikai localizada em Fort Lauderdale, FL.

Penny Bernath

Josh Gold: Obrigado por se juntar a nós hoje, e parabéns por sua recente nomeação para o comitê técnico da Federação de Aikido dos Estados Unidos (USAF).

Penny Bernath: Obrigado. Estou emocionado e agradecido. Acho que é um marco importante e estou feliz por ter um papel no comitê técnico. 

O Comitê Técnico da USAF fornece supervisão instrucional para a maior organização de aikido dos Estados Unidos. Você pode compartilhar um pouco sobre a estrutura e função do comitê? 

Somos seis no comitê. Pode-se pensar no comitê técnico como os instrutores-chefes da USAF. Por exemplo, todo dojo tem um instrutor-chefe, e esse instrutor cuida da maior parte do ensino, garante que a instrução esteja alinhada com o currículo e garante que todos estejam no caminho certo com seus testes e progressão nas classificações. 

A classificação é, em última análise, importante para muitas pessoas no aikido, por isso muitas vezes levam suas preocupações a um membro do comitê técnico que pode se envolver com eles, apoiá-los e conversar com Yamada Sensei quando necessário. O comitê técnico da USAF também atua como conselheiro de Yamada Sensei porque todos nós temos uma longa história com ele. 

Você é a primeira mulher a fazer parte do comitê técnico na história da USAF. Como você acha que sua perspectiva como mulher pode influenciar positivamente esse comitê e/ou a organização em geral?

Acho muito importante estar aqui. E estou qualificado para estar aqui e capaz de lidar bem com o papel. Comecei a treinar em 1973, quando tinha 20 anos. Desde aquela época, nunca fiz uma longa pausa nos treinos, mesmo quando tive meus filhos. Meus professores primários e principais influenciadores foram alunos diretos de O’Sensei.

Acho que trago uma perspectiva valiosa para o comitê e a USAF. Treinei por quase 50 anos como praticante, passei décadas como dojo-cho (diretor executivo) e viajei ao redor do mundo com Yamada Sensei. Também dei seminários nos Estados Unidos e internacionalmente. Ter feito todas essas coisas como mulher é uma experiência diferente da dos homens do comitê. Então eu trago essa perspectiva comigo. 

E sim, precisamos de uma mulher no comitê. Está atrasado. Conheço essa arte, sinto essa arte, a entendo, e sou professora de profissão, então acho que posso passar o aikido adiante. Estou muito feliz por estar aqui e ansioso para contribuir. 

Penny Bernath no Florida Aikikai

Em termos de sua perspectiva como mulher praticante, operadora de dojo e professora mestre – há alguma história relacionada a desafios específicos de gênero em sua história no aikido que você possa compartilhar? 

Você tem algumas horas (risos)? 

Quando comecei no aikido, minha vida pessoal era uma bagunça. Quando entrei na porta do dojo, havia toda essa estrutura. Amei essa estrutura. E eu amo que havia pessoas para respeitar. Você tirou os sapatos, curvou-se no   tapete, curvou-se para as pessoas. A harmonia, a estrutura e a comunidade foram o que me manteve lá. Eu queria isso.

Mas uma coisa que descobri foi que parte da estrutura era que, na aula, a gente se alinhava por ordem de classificação. E assim, se eu testasse para o 3º kyu, por exemplo, eu tomava meu lugar, subia. Mas se seis meses, ou mesmo um ano depois, um homem testasse o 3º kyu, ele se sentava na minha frente. Isso continuou nos primeiros oito anos da minha experiência no aikido, antes de Peter (Bernath) chegar. Isso me fez sentir que, não importa o quanto eu chegasse, eu nunca estaria na frente da fila, porque se um homem, mesmo que chegasse 10 anos depois de mim, tivesse minha posição, ele se sentaria na frente mim. Eu me senti como um cidadão de segunda classe, honestamente.

Isso está confuso.

Eu sei. Mas agora, sou um membro do comitê técnico e agora estou sentado na frente da fila. Então, acho que mostra que o aikido está avançando e aceitando o caminho que a sociedade está ditando. Há mudança.

“Eu vi o Aikido mudar e eu vi meu lugar nele mudar. As mulheres precisam não apenas ser tratadas como iguais, mas também consideradas iguais.”

Você compartilhou comigo uma história sobre uma experiência de treinamento que teve décadas atrás no Aikikai Hombu Dojo. Você está aberto a compartilhar isso? 

Certo. Em 1986   fui ao Japão com um grupo dos Estados Unidos. Yamada Sensei e Kanai Sensei vieram conosco. Eu estava muito animado. Um dia, eu queria treinar na aula da manhã, mas ninguém mais queria ir naquele dia. Então, eu descobri o transporte e fui sozinho. Quando era hora de praticar, todos me ignoravam quando era hora de formar duplas. Restava apenas uma pessoa sem um parceiro de treino, um cavalheiro japonês. Ele não teve escolha a não ser trabalhar comigo, e ele não queria. Ele realmente não queria reconhecer minha existência.

A primeira técnica que praticamos foi shomenuchi sankyo, e esse homem literalmente não reconhecia minha existência. Eu era faixa-preta na época, mas ele era do Hombu Dojo então, claro, por questão de etiqueta, eu o ataquei primeiro. Mas ele não faria nada. Ele simplesmente me ignorou quando eu o ataquei. Então eu continuei batendo na cabeça dele pensando que ele tinha que responder. O que eu deveria fazer?

(Kisshomaru) Doshu estava dando aula e ele veio. Ele ficou muito chateado com esse cara por não fazer a técnica, então ele continuou mostrando a ele como executar o movimento, comigo como seu parceiro de demonstração. Fiquei emocionado com isso. Mas este homem simplesmente  não podia fazê-lo. O Doshu voltou mais de uma vez e não ficou feliz com isso. 

Como aquilo fez você se sentir?

Depois de inúmeras tentativas fracassadas de fazer com que meu parceiro se envolvesse comigo, eu só queria encolher na inexistência. Eu não queria estar lá. Eu queria desaparecer. 

E quando voltei ao hotel, havia uma mensagem solicitando que eu fosse ver Yamada Sensei imediatamente. Eu nunca tinha visto Yamada Sensei tão bravo. Ele disse que o Doshu ligou para ele para contar sobre o incidente e que eu fui rude e desrespeitoso. Alguns dos detalhes do incidente não chegaram corretamente a Yamada Sensei, ou foram comunicados de uma perspectiva diferente. Yamada Sensei ficou furioso e me disse que eu desrespeitava ele e a arte. Eu queria contar ao Yamada Sensei os detalhes do que aconteceu, mas ele estava muito chateado naquele momento. No final, ficou bem. No entanto, se eu fosse um homem, isso nunca teria acontecido. Nenhum dos homens que foram comigo nessa viagem teve problemas assim no tatame.

“Não quero dizer que amo todos com quem treino. Eu não. Mas a alegria que vem de um bom fluxo de prática é incrível.”

E então, mais tarde naquele mesmo ano, Doshu veio para o acampamento de verão da USAF. Antes do seminário, todos se perguntavam quem Doshu poderia usar como uke e as pessoas comentavam especificamente que ele nunca chamava as mulheres de ukes.   Então o Doshu começa a aula e me chama para ser seu uke. Fiquei chocado. Eu literalmente sentei lá por um segundo sem saber o que fazer. 

Que técnica ele demonstrou com você?

Shomenuchi sankyo, a mesma técnica que eu deveria estar praticando com aquele cara no Hombu Dojo. Eu devo ter causado tal impressão no Doshu (risos).

Penny Bernath ensinando na Florida Aikikai

Por que você pratica aikido? O que a arte significa para você?

É o empoderamento. Eu amo isso. Acho que é uma troca poderosa de energia. É Magica. Acho que não há outro sentimento como esse. Você está jogando outro ser humano com um poder tremendo e não o machucando. Não quero dizer que amo todos com quem treino. Eu não. Mas a alegria que vem de um bom fluxo de prática é incrível. E então, onde mais você vai conseguir isso?   Acho que algumas pessoas sentem falta da beleza do Aikido quando tentam encaixá-lo na categoria de esporte combativo.

Conte-me sobre seu relacionamento com Yamada Sensei. Quando você começou a treinar com Yamada Sensei? 

Eu tinha 20 anos e o dojo em que treinei tinha apenas seis alunos. Meu professor me abordou um dia e me disse que dois professores veteranos de aikido estavam vindo para a Flórida apenas para passar férias; nada de aikido. Ele me pediu para buscá-los no aeroporto e cuidar deles enquanto estivessem na cidade. Eu não os conhecia de jeito nenhum. Eu tinha acabado de começar no aikido. Quando eles desceram do avião, eu os chamei de Yamada e Kanai. Eu nem sabia tratá-los como “Sensei”. Eles estavam em seus 30 anos e para mim, eles eram como estrelas do rock. Eles saíram daquele avião, e Yamada Sensei parecia Elvis Presley e Kanai Sensei era tão incrivelmente bonito e carismático. 

Tivemos um grande momento. Eu trouxe minha irmã comigo e fizemos o nosso melhor para cuidar de Yamada Sensei e Kanai Sensei. Nenhum de nós tinha dinheiro, então foi uma experiência muito modesta para todos nós. Jogamos pingue-pongue e fomos à praia, mas principalmente eles queriam ficar sozinhos. Eles eram amigos que queriam sair e passar algum tempo juntos sozinhos. 

“(Yamada Sensei) sempre respeitou que eu pudesse organizar as coisas e ele confia em mim a responsabilidade financeira e organizacional. Ele abriu o mundo do aikido para mim e por isso estou completamente em dívida com ele. Eu sou querido por ele por isso.”

Sinto que, por não conhecê-los no tatame, meu relacionamento com eles foi forjado de uma maneira completamente diferente. Em retrospecto, acredito que tive muita sorte, porque eu era péssimo no aikido na época e, em vez de eles me conhecerem nesse contexto, todos começamos nosso relacionamento como amigos. Mais tarde, quando comecei a treinar com eles, tive a sensação de que eles estavam pensando: “Ah, esqueça. Ela nunca vai conseguir isso, mas ela é legal, então vamos mantê-la por perto.”

Começou uma relação de confiança de longo prazo. Yamada Sensei veio para a Flórida muitas vezes depois disso. Ele gostava de fazer seminários aqui. 

Quando meu primeiro professor se mudou, Yamada Sensei me deu dinheiro para começar nosso dojo e ele derrubou Peter (Bernath). Yamada Sensei me disse: “Vou trazer um instrutor de Nova York, mas você cuida de todos os aspectos organizacionais e de negócios do dojo e se reporta a mim”. E assim, quando começamos o dojo, Florida Aikikai, Peter e eu estávamos em pé de igualdade com Yamada Sensei. Então, foi uma parceria.

Yoshimitsu Yamada com Penny Bernath c. 1974

E agora, Yamada Sensei tem 80 anos. Como é a sua relação com ele agora, depois de 40 anos?

Muito querida. Eu me preocupo com ele, me preocupo com ele e quero vê-lo, o que a pandemia dificultou muito. Ele é como meu pai, mas de uma maneira diferente, e eu me importo profundamente com ele.

Dar-me a responsabilidade de organizar o seminário anual de inverno da USAF foi gigantesco. E se é porque eu era mulher, que assim seja, porque abriu todas as portas para mim.   Ele sempre respeitou o fato de eu poder organizar as coisas e confia em mim a responsabilidade financeira e organizacional. Ele abriu o mundo do aikido para mim e por isso estou completamente em dívida com ele, e sou querido por ele por isso.

A USAF tem estado no centro das atenções recentemente por questões de equilíbrio de gênero e equidade. O que foi feito na organização para resolver isso? E, como membro sênior da USAF, que mudanças você gostaria de ver implementadas no futuro? 

Direi algumas palavras sobre isso do meu ponto de vista pessoal, mas, por favor, lembre-se de que não estou falando em nome da USAF oficialmente agora.

Estou agora no comitê técnico, e isso é enorme. Yamada Sensei vem de uma origem muito japonesa. Mas embora tenhamos raízes japonesas, somos uma sociedade global. E globalmente, as questões das mulheres estão mudando. E assim, em um sentido natural, o aikido também precisa mudar. E já tem. Eu sou uma testemunha em primeira mão disso. Eu vi o Aikido mudar e eu vi meu lugar nele mudar. As mulheres precisam não apenas ser tratadas como iguais, mas também consideradas iguais.

Houve conflito e as coisas mudaram. E as coisas precisam continuar a mudar. Para que a mudança aconteça, tem que haver conflito. A questão é: como organizamos esse conflito de uma maneira que produza resultados positivos? 

Há mais alguma coisa que você gostaria de compartilhar com a comunidade do Aikido Journal?

Eu aprecio muito que você me deu a oportunidade de ter voz e compartilhar meus pensamentos e experiências no mundo do aikido. Há muito tempo quero comunicar essas coisas e nunca tive uma oportunidade como essa.   Muito obrigado.

Nota do autor: Agradecimentos especiais a Brad Edwards por fornecer a fotografia para este artigo.

Josh Gold


Editor Executivo do Aikido Journal, CEO do Budo Accelerator e Instrutor Chefe do Ikazuchi Dojo.


Aumenta o caminho percorrido, cresce a responsabilidade

Na semana passada tive uma experiência  que me fez pensar: Um amigo meu, que tem academia e foi meu sócio, foi procurado por um professor de aikido. Queria saber se conhecia e minha opinião sobre ele. Ocorre que eu conheço, pois estivemos trabalhando junto como yudanshas de um grupo por alguns anos. Ele me decepcionou bastante, pois descobri que este, que frequentou minha casa, e eu a dele, na minha ausência me detratava e jogava contra mim dentro do grupo. E por simples ciúme, ou necessidade de sobressair neste grupo. Este aparentemente gostava desse jogo de intrigas na época. Fiquei satisfeito comigo, pois apesar de poder prejudica-lo, tendo um gosto de uma “vingancinha”, me senti totalmente livre do desejo de querer faze-lo. Senti que o espirito do aikido me contaminou de alguma forma estes anos. Isso é bom. Acho que aprendi alguma coisa. Me limitei a fazer elogios ao bom aikidoka e professor que é. É mesmo. E, diplomaticamente, disse que não poderia afiançar o trato dele com o dono de academia( para evitar ser cobrado como “fiador” de comportamento futuro) mas que ele havia ficado, pelo que sei, em relação harmoniosa com a antigo local por uns 10 anos. No fim, o destino não quis que ele fosse para lá. Não tinha horário este meu amigo. Talvez os kamis do aikido não quiseram. Mas deixei a eles o julgamento. Mas do que poderia supor, recebo estas consultas e tenho tentado ir pelo caminho correto. Somente ano passado teve um caso que desaprovei realmente, quando um sujeito de péssima índole, que também conheci, quis entrar na Sansuikai por meio de um amigo meu de SP. Contei a ele tudo que sei. Não por vingança, mas por que minha responsabilidade com a sansuikai é grande. Dito pelo próprio Yamada Sensei. Além da amizade com este meu amigo, que seria seu sensei. Por que seria um problema sério. Não só pelo que aconteceu comigo diretamente, mas este sujeito causou problemas em outros locais por onde andou. Acredito que infelizmente não só seja questões de caráter, mas psicológicas. Não são só intrigas. Mente e vive em um mundo de fantasia como se realmente acredita-se nessas mentiras. Não só no aikido, mas na vida dele em geral, pois soube de coisas dele como contratado na Petrobas, que por coincidência me chegaram lá dentro. Ou talvez não seja coincidência. A informação seria utilizada depois em prol da Sansuikai. Mas este é um caso realmente muito atípico. Na maioria são só um pouco errados no caminho do aikido, e na maioria das vezes, também em um só momento. Como este caso agora que me chegou. Mas quem não erra tanto antes de acertar? Acho que estou começando, depois de 30 anos, a aprender algo com o aikido.

Walter Amorim sensei

Akai ito

Já ouviu falar sobre Akai ito (赤い糸)? Trata-se de uma lenda de origem chinesa que fala sobre um fio vermelho invisível que une as pessoas que estão predestinadas a ficar juntas, independentemente do tempo, lugar ou circunstância. O fio pode esticar ou emaranhar-se, mas nunca irá partir.” Ou seja, em algum momento da vida, essas almas gêmeas vão se encontrar.
Enquanto que na cultura chinesa, os deuses amarram o fio ao redor dos tornozelos daqueles que estão predestinados, no Japão a história é um pouco diferente: o fio está amarrado em torno do dedo mindinho dos casais que são almas gêmeas. A lenda também é chamada de Unmei no akai ito (運命の赤い糸), que significa “corda vermelha do destino”.
Uma curiosidade sobre a sabedoria e intuição japonesa sobre o akai ito: o dedo mindinho representa o coração, nele está conectada a artéria ulnar que o liga ao órgão.
Ou seja, o dedo mindinho é uma extensão de seu coração. Por isso o fio vermelho é preso nele, conectando os corações.
O que torna o akai ito tão magnífico é o romance que o envolve, e mais que isso, o akai ito não se limita a casais afetivos. Ele nos liga a pessoas importantes que passam/ram em nossas vidas.

(Adaptado de https://coisasdojapao.com e https://www.japaoemfoco.com)