A importância do Meishi (Cartão de Visita) no Japão


A importância do Meishi (Cartões de Visita) no Japão
O Japão é um país cheio de formalidades e uma muito presente na cultura japonesa é a troca de meishi (名刺), uma espécie de cartão de visita, especialmente no mundo dos negócios. O meishi faz parte da etiqueta japonesa, mas sua importância vai muito além, pois é considerado praticamente uma extensão da alma de uma pessoa.

Engana-se quem pensa que o meishi é apenas um pedaço retangular de papel com algumas informações. Em uma sociedade como a japonesa que preza pela hierarquia social, o meishi desempenha um papel que define a posição de um japonês dentro da sociedade.

E a entrega do meishi também é regida por uma grande formalidade. Jamais deve ser entregue apenas com uma mão. O ideal é que o meishi seja entregue com ambas as mãos (polegar para cima e os demais dedos para baixo) e com as informações voltadas para cima para facilitar a leitura de quem vai receber.

Por esta razão, devemos ter muito cuidado para não tampar as informações com os dedos, permitindo assim, que o receptor possa ler as informações direto das mãos do proprietário do cartão. Tanto para entregar como para receber, é necessário se curvar (ojiji) como forma de educação e respeito mútuo.

Outras dicas de etiqueta realacionado ao meishi

Se uma pessoa entregar o meishi e você também ofertar o seu, é recomendável que entregue seu cartão de visita em um nível abaixo ao recebido. Esse ato é visto como forma de mostrar educação, despretensão e humildade. E ao aceitar o meishi, você deve agradecer formalmente ou dizer “Hajimemashite“.

Quem recebe o meishi deve mostrar interesse em ler o cartão e guardá-lo de forma cuidadosa. Evite enfia-lo no bolso de qualquer jeito ou deixa-lo esquecido em qualquer lugar. Isso é uma gafe, pois o meishi é uma apresentação pessoal e devemos demonstrar o mesmo cuidado e respeito que temos pela pessoa.

Ou seja, mostrar desinteresse pelo meishi é visto quase como uma ofensa, pois é como se estivesse tratando a própria pessoa com indiferença. Também não devemos escrever no verso de um cartão de visita japonês e nem devemos ficar brincando com o cartão, especialmente na frente de quem o ofertou.

O ideal é que se segure o cartão por algum tempo, caso estivermos em pé, para depois o colocarmos sobre a mesa ou se preferir, para guarda-lo na carteira. Há quem prefira guardar os cartões em uma caixinha ou uma carteira específica para esse fim, o que é bem comum no mundo dos negócios no Japão.

Outro detalhe não menos importante é a organização hierárquica dos cartões na hora de guardá-los. Segundo a etiqueta japonesa é importante que o cartão de uma pessoa de maior status esteja acima das demais. Ou seja, os cartões devem ser guardados na ordem de status, do menor para o maior.

Como são os cartões de visita japoneses?

Normalmente, os cartões são simples, na cor branca e com as informações da pessoa em preto escritos com uma fonte simples, se sobressaindo apenas o logotipo da empresa. No caso de profissionais liberais ou donos de restaurantes ou lojas, o meishi pode conter fontes diferentes e cores mais vivas.

O Meishi tem normalmente o tamanho padrão, embora cartões um pouco maiores estejam ganhando popularidade. Antigamente, os cartões de visita oferecidos pelas mulheres, chamadas de Sangō, tinham bordas arrendondadas e eram menores do que dos homens, mas atualmente caíram em desuso.

Um meishi deve conter informações básicas como o nome da empresa impresso em letras grandes, o cargo ou posição da pessoa dentro da empresa, juntamente com seu nome e sobrenome. As informações são escritas em japonês, mas podem eventualmente estar acompanhadas por romaji.

Outras informações que não podem faltar em um meishi é o endereço, número de telefone e número de fax. Hoje em dia, não é incomum um Meishi conter também um código de barras bidimensional (código QR), para que o website da empresa possa ser acessado em dispositivos móveis como tablets e Smartfones.

Ofertar as pessoas com um cartão de visitas ou negócios não é algo incomum em outros países, porém acredito que não seja um procedimento padrão tal como é no Japão, e ainda por cima tão cheio de formalidades. Desta forma, é importante conhecermos esse ritual, para não cometermos nenhuma gafe.

Referência e imagens: Metalcards

Yabusame, herança do Japão medieval

423px-Samurai_on_horsebackDesde o século 19 os samurai japoneses eram todos especialistas no yabusame. Yabusame (流鏑馬) – Disparo de flechas enquanto a cavalo – combina as habilidades essenciais de tiro com arco e hipismo guerreiro. Ele tem suas origens no início da Era Kamakura, onde samurais eram treinados para que eles pudessem melhorar suas habilidades com o arco e flecha.  Além disso, essa técnica ajudou os samurais a ter foco e atirar sem medo e com precisão no calor das batalhas pois trabalha a concentração, disciplina, agilidade e técnicas de respiração. Desta forma, se tornou a marca de um verdadeiro samurai e acabou se consolidando como uma arte marcial. É desenvolvido em um ritual religioso concebido para agradar os deuses, e hoje em dia é muito mais uma competição cerimonial, realizada geralmente em santuários e especialmente para os visitantes estrangeiros, como foi por exemplo para o príncipe Charles e Ronald Reagan.  O Yabusame é muito mais do que um esporte. É uma das mais divinas artes marciais praticadas no Japão, um ritual tradicional que tem origens bem antigas. Durante os festivais onde são exibidos, uma grande multidão se aglomera, pois para os japoneses esse é um espetáculo que traz emoção e sorte para quem assiste.  As pinturas de Yabusame figuram em alguns dos templos mais impressionantes do Japão e são uma representação histórica de brilho, de cor, velocidade e habilidade.

shogun-2-total-war-headerOs participantes usam trajes medievais e elaborados de caça, transportando duas espadas e um arco quase tão alto como eles mesmos. Depois de terem sido abençoados, e controlado seus cavalos com seus joelhos, galopam a toda velocidade ao longo de um percurso de 250 jardas de comprimento e atiram três flechas sem corte em três metas – as setas assobiam enquanto voam batendo em um alvo, que quando acertam, explode com confetes. A coisa toda leva menos de 20 segundos, mas é absolutamente espetacular. O prêmio é um pano branco simbólico – não há dinheiro para mudar de mãos durante o yabusame, e mesmo os professores do esporte não pode receber pagamento em dinheiro, sua recompensa é simplesmente honra e renome.  E para incentivar novos praticantes para essa arte marcial, existe diversas escolas financiadas pelo governo japonês que oferece aulas gratuitas.

Bater os três alvos em um percurso razoavelmente curto é muito difícil e para um praticante ser capaz de fazê-lo com perfeição, precisa de muitos anos de treinamento. Por causa disso, estima-se que a quantidade de praticantes nos dias atuais é bem pequena.

yabusame_horse_archery_2Hoje em dia, há alguns eventos realizados em algumas partes do Japão como Tsurugaoka Hachiman-gu em Kamakura e Santuário de Shimogamo em Kyoto (durante a Aoi Matsuri no início de maio), Samukawa, na praia de Zushi e outras localizações. As apresentações e competições ocorrem em várias datas no decorrer do ano, mas especialmente durante a primavera, ou seja em abril e maio. em Kamakura, cerca de uma hora de Tóquio, no Tsurugaoka Hachimangu Shrine, cada 3º domingo de abril, terceiro domingo de julho, e em 16 de Setembro. Para chegar lá, pegue a linha de Yokosuka de Estação de Tokyo, ou a linha de Shonan-Shinjuku da estação de Shinjuku e saia em Kamakura.

Uma das escolas mais famosas dessa arte é a “Escola Takeda Tiro com Arco”. O Estilo Takeda tem sido destaque em filmes de samurais clássicos como Akira Kurosawa, ” Sete Samurais “(1954) e” Kagemusha “(1980). Toshirō Mifune, um ator famoso de muitos filmes de samurai, aprendeu as técnicas de Yabusame nessa escola.

 

Técnicas de aikido

Abaixo as técnicas básicas de aikido mais conhecidas e outras que treinamos e não costumam estar em kihon para promoção de faixas em geral. Alguns nomes em japonês são poucos difundidos as vezes, então fiz uma “tradução” bem simples e não exata. Ao longo do tempo colocamos mais e melhores explicações conforme a necessidade.

Kogeki waza (Ataques)

  • Ago ate
  • Choku zuki
  • Mune zuki
  • Shomen uchi
  • Yokomen uchi
  • Shomen tsuki
  • Mae geri
  • Yoko geri
  • Mawashi geri
  • Hiza ate (golpe de joelho)

Katame waza (Imobilizações)

  • Dai ikkyo
  • Dai nikyo
  • Dai sankyo
  • Dai yonkyo
  • Dai gokkyo
  • Hijikime osae
  • Kaiten osae (ude garami)

Shintai (Deslocamentos)

  • Tenkai ashi
  • Irimi tenkan
  • Koho tenkan
  • Mawate

Nage waza(Projecções)

  • Aiki otoshi
  • Irimi nage
  • Kaiten nage
  • Kokyuho
  • Kote gaeshi
  • Kokyu nage
  • Sumi otoshi
  • Juji garami
  • Koshi nage
  • Kubi ate mae kokyu Nage (golpe no pescoço com projeção)
  • Shiho
  • Tenchi nage
  • Ude kime nage
  • Ushiro kiri otoshi
  • Shiho nage

Torite

Agarramentos

  • Ashidori
  • Katatedori
  • Kosadori
  • Katatekosadori
  • Katadori
  • Ryokatadori
  • Ryotedori
  • Ryotemochi (ou morote dori ou katate ryotedori)
  • Tekubidori
  • Ushirodori
  • Ushirokatadori
  • Ushirokatatedori

Ukemi waza (Técnicas de quedas)

  • Mae ukemi
  • Ushiro ukemi (ou koho ukemi)
  • Yoko ukemi
  • Mae kaiten ukemi (ou mae kaiten)
  • Ushiro hanten ukemi
  • Ushiro kaiten ukemi (ou ushiro kaiten)
  • Yoko hanten ukemi
  • Yoko kaiten ukemi (ou yoko kaiten)
  • Mae yoko kaiten
  • Mae ushiro kaiten
  • Tobi koshi (queda usada p Koshi nage)
  • Tobi ukemi (queda alta rolando no ar)

Desequilíbrio e controle do uke: dor e bloqueio esquelético

Morihei Ueshiba finalizando a projeção de shihonage no manual Budo de 1933.

Nota: Este texto tem muito a ver com um conceito que sempre abordo e chamo atenção em minhas aulas. Não confie somente nas finalizações das técnicas ou controle por meio da dor nas chaves. É preciso controlar o uke. Desequilibra-lo. Anular seu ataque. Aikido sem controle não será efetivo. W.A.

 Texto originalmente publicado por Aikido en Línea. Tradução de Walter Amorim.

Princípios e técnicas do Aikido todos têm um objetivo: desequilíbrio, controle, uke para baixo e imobilizar de maneira mais limpa possível. Agora, como podemos conseguir isso? Qual é o caminho “aiki” para faze-lo?.

Neste artigo não quero falar apenas do kuzushi, que temos falado alguma coisa, e vamos continuar a falar. Falaremos também sobre como desequilibrar e controlar uke, para que possamos, em seguida, proceder para derrubá-lo e imobilizar. Na verdade, todos estes princípios carregam diferentes abordagens para o mesmo problema. O mesmo é verdadeiro para diversas técnicas, como kote gaeshi, shihonage, iriminage, etc.

Dentro deste quadro geral para a compreensão das técnicas de Aikido, há duas abordagens possíveis. O mais comum, ou pelo menos mais intuitiva, é dor, ou katame waza. Por deslocamento de certas articulações, procuramos evitar uke recuperar o equilíbrio perdido, com a dor impedi-o de se mover, e especialmente, de realizar também qualquer contratécnica, ou kaeshi waza. É algo que estamos acostumados no tatame. Nós aprendemos, sobre tudo com nikyo e sankyo, duas técnicas que apropriadamente na torção do pulso e antebraço, você pode gerar uma dor muito considerável, com a qual podemos controlar uke.

No entanto, isso pode não vir. Com contrações muito fortes, flexibilidade, ou sob os efeitos da adrenalina, álcool ou drogas nos adversários, a dor pode não servir como um obstáculo para seu movimento. Portanto, a partir de diferentes mestres de artes marciais, não só do Aikido, propõe-se a controlar uke com um bloqueio esquelético, ou kansetsu waza. Isto significa que, manipulando seu corpo, coloque-o em uma posição onde ele vai não só estar desequilibrado, mas completamente incapaz de se mover. E sem dor, mas porque temos “quebrado” a estrutura do atacante, impedindo seus movimentos ou a aplicação de uma força que pode contrariar o nosso movimento, controle e / ou derrubada.

10 habitos japonese que todos poderiam seguir.

No Japão existem muitos hábitos e costumes que nos mostram porque de maneira generalizada, essa nação é tão longeva, organizada e harmoniosa em sociedade. Claro que não existe nenhum país perfeito, mas existem certas atitudes japonesas, comuns no dia a dia ou na alimentação que são grandes exemplos para outros países.

Alguns com certeza devem seguir alguns desses hábitos, mas de qualquer maneira, resolvi fazer uma pequena lista de bons hábitos japoneses que acredito que todos deveriam seguir. Fiquem à vontade para discordar ou para sugerir outros costumes japoneses interessantes que poderíamos adotar no nosso dia a dia.

Veja alguns destes hábitos

1. Tirar os sapatos ao chegar em casa
Em praticamente todas as residências japonesas você verá um genkan, uma espécie de degrau abaixo da entrada principal. Os japoneses costumam tirar os sapatos, deixando-os no genkan e entram na casa apenas de meias ou com suripas especiais que só são usadas no interior da residência. Esse hábito ajuda a evitar possíveis contaminações trazidas da rua, além de ajudar a manter a casa mais limpa.

Esse hábito de trocar os sapatos por suripas ou sapatilhas especiais também se estende às escolas, hospitais, fábricas de alimentos, entre outros locais. Tudo isso para evitar que a sujeira ou alguma contaminação entre para dentro do ambiente.

2. Agradecer antes e depois das refeições
Os japoneses tem o hábito de iniciar a sua refeição com a palavra “Itadakimasu” (いただきます), que seria uma forma de agradecimento a todos aqueles que direta e indiretamente contribuíram para que aquela refeição pudesse estar à mesa. Ao terminar a refeição, eles dizem a frase “Gochisōsama deshita” (ごちそうさまでした), que pode ser traduzido como “Obrigado por esta refeição”.

3. Usar máscaras hospitalares
Durante o ano todo, percebemos um grande número de pessoas que usam máscaras hospitalares, seja por causa de alergias como o kafunsho, viroses ou resfriados. Muitos podem estranhar esse hábito, mas ele ajuda um bocado a proteger o contágio de doenças como uma simples gripe e outras doenças contagiosas.

4. Fazer ginástica antes de iniciar o trabalho
Os japoneses costumam fazer uma ginástica matinal coreografada antes do trabalho chamada de Radio Taiso. Seria uma espécie de aquecimento para o corpo começar o dia bem. Também é comum em escolas antes do início das aulas e também podemos ver muitos adultos e idosos fazendo ginástica taiso em parques ao ar livre.

5. Não jogar lixo na rua
No geral os japoneses se preocupam em não sujar as ruas por onde passam, portanto quando não encontram lixeiras pelo caminho, eles costumam levar o lixo pra casa para jogar fora. Como no Japão não há funcionários de limpeza (gari) e são os próprios moradores locais que se revezam para catar o lixo e fazer a limpeza nas ruas, cada cidadão procura fazer a sua parte, contribuindo para o bem estar de todos.

6. Ajudando na limpeza
Nas escolas, os alunos ajudam a limpar a sala de aula e nas fábricas e empresas são os próprios funcionários que se encarregam da limpeza, incluindo o banheiro. Já nas residências, é a dona de casa e outros integrantes da família que cuidam da limpeza. Ter empregada doméstica e babás não é uma coisa comum no Japão e por isso a família toda procura contribuir de alguma forma nos afazeres domésticos.

7. Separar o lixo
No Japão, se encontrarem um saco de lixo misturado, é certo de que o deixarão pra trás com um adesivo bem grande dizendo para fazer a separação correta. Como consequência, sua reputação perante a vizinhança não ficará nada boa. Dá trabalho? No início sim, por pura falta de costume, mas depois que se torna um hábito, você acaba achando uma “moleza” e percebe que é um esforço que vale a pena.

A sociedade japonesa é bem organizada e rigorosa em relação à coleta e separação de lixo. Tudo é devidamente separado como papelão, isopor, plásticos, garrafas PET, garrafas de vidro, latas de alumínio, etc. Desta forma, é possível fazer uma reciclagem eficiente, reaproveitando o máximo possível, evitando o desperdício.

8. Recolher o cocô do cachorro
Fala sério gente… não há nada mais desagradável do que pisar em uma m… de cachorro né? No Japão, raramente acontece isso, pois as pessoas levam seus cães para passear munidos de um saquinho e uma pazinha para recolher o cocô que eventualmente seus companheiros de estimação deixarem pelo caminho.

9. Usar bicicleta como meio de transporte
Está aí uma coisa que admiro muito na sociedade japonesa. Eles usam bicicleta pra tudo, pra ir ao mercado, levar os filhos para a escola ou ir ao trabalho. Além de ajudar a reduzir o tráfego de carros nas ruas, também é um transporte ecologicamente correto, além de ser um hábito que ajuda a combater o sedentarismo.

10. Ter bons hábitos alimentares
A fama da longevidade dos japoneses está basicamente em sua alimentação, composta com muitas verduras, legumes e peixes, incluindo no café da manhã. Outro grande hábito alimentar japonês é o chá verde, consumido diariamente. O chá verde é muito benéfico para a saúde pois é rico em antioxidantes e nutrientes que ajudam a reduzir as taxas de colesterol, pressão arterial e os riscos de obesidade.

13 Locais Para Ver as Flores de Ameixa no Japão

 

Os Melhores Festivais de flores de Ameixa no Japão
Os Melhores Festivais de flores de Ameixeira no Japão
Assim que a Primavera se aproxima no Japão, logo nos vem à mente as belas flores de cerejeiras, o sakura. Mas há uma outra flor que desabrocha ainda no inverno e que tem um grande significado para o povo japonês: As flores de Ameixeiras. São flores muito belas, de aroma muito agradável e que encantam os olhos de quem vê.

O florescimento das flores de ameixa (Plum Blossom) ocorre geralmente nos meses de fevereiro e março e indica que o inverno está se despedindo e a primavera está começando a dar o ar de sua graça. Durante esse período, muitos Festivais das Flores de Ameixeira (Ume Matsuri) ocorrem em diversas partes do Japão.Confira 13 ótimos locais no Japão nos quais poderá apreciar estas belas flores, além da oportunidade de participar de um festival que as celebram. Se você mora próximo a estes locais, vale a pena visitá-los nessa temporada.

13. Kairakuen Garden (Ibaraki)

Kairakuen Garden Ume Matsuri

Kairakuen Garden localizado na cidade de Mito, Província de Ibaraki é considerado um dos três jardins mais bonitos do Japão e também é conhecido por seus milhares de pés de ameixeira de centenas de variedades.

Se você curte essas flores e mora em Ibaraki, vale a pena dar um pulinho no Kairakuen Garden para conhecer o festival das flores de ameixa que ocorre anualmente entre os dias 20 de fevereiro e 31 de Março.

Endereço: 〒310-0033, Ibaraki, Mito, 1 Chome Tokiwacho
Como chegar: Fica a 15 minutos de ônibus da estação de Mito
Preço: ¥ 190 (adultos) e ¥ 100 (crianças)
Ume Matsuri: 20 de fevereiro e 31 de Março
Website: www.kairakuen.u-888.com

12. Koishikawa Korakuen (Tóquio)

Koishikawa Korakuen Ume Matsuri

Koishikawa Korakuen é considerado um dos mais antigos jardins paisagísticos de Tóquio, que remonta ao início do período Edo. É um local muito visitado para o Hanami (visualização das flores de sakura), mas também possui um bosque com centenas de ameixeiras de cores variadas que florescem nesta temporada.

Endereço: 〒112-0004, Tokyo, Bunkyo-ku, 1-6-6 Koraku
Como chegar: 8 minutos a pé da estação Iidabashi (Sobu Line)
Website: teien.tokyo-park.or.jp

11. Kyu Shiba Rikyu Garden (Tóquio)

Kyu Shiba Rikyu Garden Ume Blossom

Kyu Shiba Rikyu é outro jardim tradicional localizado bem no centro de Tóquio. Neste jardim, as ameixeiras se espalham ao longo das trilhas de caminhada e ao redor de uma lagoa artificial repleta de carpas e colinas artificiais. É um local que nos remete paz e tranquilidade em meio a uma agitada Tóquio.

Endereço: 〒105-0022, Tokyo, Minato, 1-4-1 Kaigan
Como chegar: 3 minutos à pé da Estação Daimon (Oedo line)
Preço: ¥ 150 (jovens e adultos) e ¥ 70 (crianças e idosos)
Website: teien.tokyo-park.or.jp/en/kyu-shiba

10. Hanegi Koen (Setagaya Ume Matsuri)

Hanegi Park Ume Blossom

 

Todos os anos ocorre o Setagaya Ume Matsuri no Hanegi Park no mês de fevereiro. São mais de 700 árvores de ameixa que oferecem beleza e perfume de suas flores nessa época do ano. Nos feriados e fins de semana de fevereiro há barraquinhas de comida e uma atmosfera que lembra o tradicional hanami.

Endereço: 〒155-0033, Tokyo, Setagaya, Daita 4-38-52
Como chegar: 5 minutos à pé da estação Umegaoka (Odakyu line).
Ume Matsuri: Mês de fevereiro
Website: www.city.setagaya.tokyo.jp

9. Atami Baien (Shizuoka)

Atami baien Ume Matsuri

Atami Baien, em Shizuoka tem um festival de ameixa muito conhecido. O festival tem a duração de dois meses, que geralmente começa a partir da segunda semana de janeiro e termina na segunda semana de março.

São cerca de 450 árvores de ameixa com mais de 60 variedades. Vale muito a pena dar um pulinho no festival caso você more em Shizuoka!

Endereço: 〒413-0032, Shizuoka, Atami, 9-46 Baien-cho
Como chegar: 10 minutos à pé da estação Kinomiya (Ito Line)
Preço:¥300 (adultos)
Atami Baien Festival: 8 de janeiro a 6 de março
Website: www.ataminews.gr.jp/ume/

8. Santuário Yushima Tenjin (Tóquio)

Yushima Tenjin Ume Matsuri

O Santuário Yushima Tenjin é considerado um dos melhores locais em Tóquio para quem quer apreciar as flores de ameixa. Além disso, esse santuário é associado ao espírito de aprendizado e por esta razão, é muito frequentado por estudantes que vão até lá para pedir por sucesso acadêmico.

No santuário há um jardim com cerca de 300 árvores de ameixa que durante esta época desabrocham em flor. Entre os dias 8 fevereiro e 8 março ocorre o Ume Matsuri, com vários eventos nos fins de semana, como concursos de canto e cerimônias do chá, bem como exibições de pequenos bonsais de ameixeiras.

Endereço: 〒113-0034, Bunkyo, Tokyo, 3-30-1 Yushima
Como chegar: 2 minutos à pé da estação de Yushima (Chiyoda line)
Ume Matsuri: 8 fevereiro e 8 março
Website: www.yushimatenjin.or.jp

7. Santuário Dazaifu Tenmangu (Fukuoka)

Santuário Danzaifu Tenmangu Ume Matsuri

O Santuário Dazaifu Tenmangu é um lugar famoso pois é dedicado ao grande estudioso japonês Michizane, que inclusive foi enterrado neste local. Existem mais de 6.000 árvores de ameixa de 197 espécies diferentes que florescem anualmente entre o final de fevereiro e meados de março.

Endereço: 〒818-0195, Fukuoka, Dazaifu, 4-7-1 Saifu
Como chegar: 5 minutos à pé da estação Dazaifu (Kuko line)
Preço: 1000 ¥ (adultos)
Ume Festival: Fim de fevereiro a meados de março
Website: www.dazaifutenmangu.or.jp/en

6. Baji Koen (Tóquio)

Baji Koen Ume Blossom (Tóquio)

Baji Koen, ou Horse Park, foi construído para os eventos equestres nos Jogos Olímpicos de 1964 e agora é administrado pela JRA (Japan Association Racing). Também é conhecido por seus bosques repletos de pés de cereja e ameixa. É um local muito agradável para passear com toda a família.

Endereço: 〒158-8523, Tokyo, Setagaya-ku, 2-1-1 Kamiyoga
Como chegar: 3 minutos a pé da estação Nodai-mae JR
Website: www.jra.go.jp/bajikouen/

5. Odawara Ume Matsuri (Kanagawa)

Odawara Plum Festival

O Castelo de Odawara abriga um famoso festival da flor de ameixa chamada “Odawara Ume Matsuri” que ocorre durante o mês de fevereiro. São mais de 35.000 árvores de ameixa brancas. Além disso, outra grande atração deste local que atrai muitos visitantes é a bela vista do Monte Fuji.

Durante o festival ocorre muitos eventos como barraquinhas vendendo umeboshi (ume em conserva), cerimônias do chá, recitações de poemas, apresentações de Yabusame, Chochin Odori (dança da lanterna) e Kotabuki Shishi-mai (dança do leão).

Endereço: 〒250-0014 Odawara, Kanagawa 1-21
Como chegar: 10 minutos a pé da estação Odawara
Odawara Ume Matsuri: 31 de janeiro a 4 de março
Website: soganosato.com

4. Santuário Ushi Tenjin (Tóquio)

Ushi Tenjin Ume Matsuri

Ume matsuri celebra a variedade vermelha das flores de ameixa desde o período Edo, e atrai milhares de pessoas durante essa época do ano. São mais de 300 árvores de ume em plena floração, além de muitas atrações como cerimônias do chá, exposições de música tradicional japonesa e artes cênicas.

Há muitas barracas de comida com doces, umeboshi (ume em conserva), licores de ameixa, entre outras iguarias. O festival ocorre nos fins de semana durante o mês de fevereiro.

Endereço: 1-5-2 Kasuga, Bunkyo-ku, Tokyo
Como chegar: 10 minutos a pé da Estação de Korakuen (Namboku line)
Ume Matsuri: Mês de fevereiro (fins de semana)
Website: www.ushitenjin.jp

3. Fuchu-shi Kyodo no Mori

Fuchu-shi Kyodo no Mori Ume Matsuri

O Ume Matsuri do Fuchu-shi Kyodo no Mori ocorre durante todo mês de fevereiro. Além de passear pelo jardim apreciando a vista e o cheiro das flores de ameixa brancas e vermelhas, os visitantes têm a oportunidade de participar de cerimônias do chá ao ar livre, assistir apresentações de músicas tradicionais e beber kuzuyu, uma bebida doce feita de amido de kudzu.

Endereço: 〒183-0026 Fuchu, Tokyo, 6-32 Minamicho
Como chegar: 20 minutos a pé da Estação de Fuchu-Honcho (Nanbu line)
Preço do museu: ¥ 200 (adultos), ¥ 100 (crianças)
Ume Matsuri: Mês de fevereiro
Website: www.fuchu-cpf.or.jp/museum/

2. Yoshino Baigo (Tóquio)

Yoshino Baigo Ume Matsuri

Os pomares de ameixa de Ome-shi são consideradas as mais bonitas do Japão e realmente é um espetáculo para se ver. São mais de 1.500 árvores que cobrem as colinas do parque que durante o florescimento das flores de ameixa parecem como algodão doce em vários tons de rosas quando vistas de longe.

O Festival começa no final de fevereiro e vai até o final de março. O parque Yoshino Baigo (Vila das Ameixas) fica localizado em Ome-shi, nos arredores de Tóquio. São cerca de 25.000 árvores de ameixa de 100 variedades diferentes. Existe uma ameixeira no local com mais de 300 anos de idade.

Endereço: 〒4-527 Baigo, Ome-shi, Tokyo
Como chegar: 15 minutos a pé da estação Hinatawada (Ome Line)
Yoshino Baigo Ume Matsuri: Fim de fevereiro a fim de março.
Website: www.omekanko.gr.jp

1. Inabe Ume Matsuri (Mie)

Inabe Plum Festival (Mie Ken)

Em meados de março, no Nogyo Park em Inabe, Província de Mie, há um festival anual de flores de ameixa. São mais de 4500 árvores de ameixa de mais de 100 variedades dentro dos limites do Parque. A mistura das cores das flores brancas, rosas e vermelhas fazem o cenário ficar realmente incrível.

Endereço: 〒511-0501, Mie, Inabe-city, 3071 Fujiwara Machikanae
Como chegar: Descer na Estação Ageki (Hokusei Line) e tomar um ônibus para o parque.
Preço: ¥ 500 (estacionamento)
Inabe Ume Matsuri: 9 março a 7 abril
Website: www.japantimeline.jp/en/0000885/

Referências: Travel CNN, Kyuhoshi

Como escolher o nome em Japonês

Estação do ano, número de caracteres e situação do nascimento são fatores avaliados na hora da escolha

(Reportagem: Yoko Fujino/NB)

Akiko, Michiko, Hiroshi, Kenji… mesmo depois de gerações vivendo no Brasil, os nikkeis ainda gostam de dar nomes japoneses a seus filhos. A maioria já não domina a língua dos ancestrais, porém se preocupa em perpetuar sua origem. Com tantas gerações e miscigenações entre brasileiros, muitos nikkeis, que não carregam mais um sobrenome japonês, optam por colocar uma “marca” japonesa no prenome.

Sem títuloO sansei Mario Nakajima não tem prenome japonês, mas o deu aos três filhos: Hitomi, Kenji e Kenzo. “Escolhemos os nomes por meio de pesquisa com parentes e amigos. O nome da minha filha, Hitomi, foi escolhido pelo significado: menina dos olhos”, explica o sansei. Recentemente, Mario recebeu uma boa notícia: a chegada da sua neta. Seu filho e a nora resolveram dar uma “estampa” japonesa para esse futuro bebê também. “Gostei muito quando me contaram que a minha neta vai se chamar Manuela Harumi. Penso que de alguma forma temos que manter um elo com nossas origens”. O filho, Marcelo Kenzo, explica que gosta de seu nome japonês desde criança, e isso influenciou na decisão. Outro fator foi a vontade de passar à sua filha o legado japonês: “Tenho o desejo de transmitir um pouco da cultura japonesa adiante, já que aqui no Brasil, devido à mistura de raças, as características físicas vão se perdendo de geração em geração”.

A escolha

A forma de escolher um nome no Japão é bastante variada. O mais comum é associar um ideograma que seu filho vai carregar pelo resto de sua vida com eventos da natureza ou acontecimentos no momento do nascimento, como nome de flores, estação do ano. Outros já preferem “imprimir” no nome qualidades que eles desejam para seu filho. Há também nomes inspirados em religião ou personalidades. Assim, uma criança que nasceu num dia de neve (yuki, em japonês) pode receber o nome de Yukiko, se menina, e Yukio, se menino. Para saber o significado, basta ver com que ideograma ele é escrito.

Modismo

Os pais não podem criar nomes só a partir de sua vontade: a legislação japonesa determina que prenomes só podem usar hiragana, katakana, alguns sinais linguísticos e de uma lista de 2.928 ideogramas. Essa lista passou por revisão recentemente, e ideogramas como “ichigo” (morango) hoje podem ser usados para compor prenomes.

Sem título2Os nomes japoneses também passam por modismos. Anualmente, é divulgada pela seguradora japonesa Meiji Yasuda, a lista dos 100 nomes mais populares de meninos e meninas que nasceram naquele ano. O levantamento é feito com base nas novas inscrições de apólices feitas pelos segurados. A lista traz os nomes mais populares desde 1912, possibilitando notar os modismos ao longo de quase 100 anos: nomes como Isamu (coragem) e Masaru (vencer) eram mais populares na primeira metade da década de 1940, quando o Japão estava em meio à Segunda Guerra Mundial. Já em épocas de paz, nomes que fazem alusão a características mais sociáveis como Yuu (carinho) e Makoto (verdade, sinceridade) são mais populares, tanto para meninos como para meninas.

Acontecimentos históricos também marcam os nomes: em 1927, ano seguinte à ascensão do imperador Showa, três dos dez mais populares nomes entre meninos continham o ideograma “sho”. No ano seguinte, o mesmo ideograma só aparece em um nome entre os dez mais populares, no mesmo ranking.

Outro modismo recente é a ausência do ideograma “ko” (criança, filha) no nome das meninas como Yui, Nanami, Hina, Yuka, Misaki, Sakura.

Número

Um fator que muitos japoneses levam em consideração na escolha do nome é a quantidade de traços usados na sua escrita. A soma dos números de traços dos ideogramas do nome e do sobrenome pode caracterizar um futuro bom ou ruim para aquela pessoa. É comum pais e avôs consultarem numerólogos e especialistas em nomeação. Existem também softwares e sites que ajudam os pais a compor nomes de acordo com o número de traços desejados. Quando o nome desejado, combinado com o sobrenome, não dá um número bom, troca-se o ideograma por um outro com sonoridade semelhante, até chegar a um número desejado.

Nomes japoneses podem também conter ideogramas de números como 1, 2 e 3, para reforçar a ordem de nascimento dos filhos. O primogênito seria Ichiro ou Kazuo, e o segundo filho homem seria Jiro ou terminações em ji (dois), como kenji. O terceiro, Saburo, e o quarto, Shiro. Mas essa forma de nomear caiu em desuso porque os casais já não têm filhos em número suficiente para enumerar. Esses mesmos nomes podem ser grafados com ideogramas de outro significado.

 

 

 

 

 

Bushido

A cultura japonesa do Bushido, o conjunto de ideias que regiam a vida do samurai, era marcada por uma série de práticas e preceitos que a tornam bastante peculiar. Desses preceitos, as sete virtudes são elementares, na medida em que elas estão presentes em diversas manifestações tanto das artes marciais (tradicionais ou modernas), em momentos solenes e em cerimônias religiosas xintoístas e do chá, por exemplo.
Existem pelo menos duas versões de como os valores são colocados e sua respectiva ordem e sua simbologia filosófica. São eles:

1.Yuuki 勇気 ゆうき(coragem e/ou valor , bravura)
2.Jin 仁 じん (benevolência e/ou humanidade, caridade,)
3.Gi 義 ぎ (justiça e/ou retidão, integridade)
4.Rei 礼 れい (etiqueta e/ou cortesia, civilidade)
5.Makoto 真 まこと (sinceridade e/ou honestidade, realidade)
6.Chugi 忠義 ちゅうぎ (lealdade e/ou fidelidade, devoção)
7.Meyo 名誉 めいよ (honra e/ou reputação, glória, dignidade, prestígio)

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Aplicação de Koshiwaza. Nague: Walter Amorim. Uke: Marcus Montez

Outra versão preconizada por Morihei Ueshiba, o fundador (Kaiso) do Aikidô mostra as sete virtudes na seguinte ordem e significado:

1.Jin 仁 じん (benevolência)
2.Gi 義 ぎ (honra e/ou justiça),
3.Rei 礼 れい (cortesia e/ou etiqueta),
4.Chi 智 ち (sabedoria e/ou inteligência)
5.Shin 信 しん (sinceridade)
6.Chu 忠 ちゅう (lealdade)
7.Koh 公平 こうへい (piedade e/ou fé).

Essas virtudes representadas no hakama atestam a importância que elementos, a princípio, mundanos, para a cultura ocidental, como a vestimenta, eram sacralizados, bem como adereços e utensílios, e evidente as armas do Bujutsu e do Budô, sobretudo a espada (katana), alma e coração do samurai, cuja aspiração era a adoção de uma visão espiritual no desenvolvimento da consciência do ser.

Portanto, se faz necessário que as gerações de praticantes, mais do que entender técnicas e Sarutahikonookamishikishimétodos, devam compreender a cultura e seus símbolos, bem como participar do processo iniciático na arte, para que a associação desse conjunto de idéias incida na compreensão articulada e integrada do que ela significa, e logo, seus verdadeiros mistérios possam ser sentidos e vividos pelo praticante sincero, no trilhar do Caminho.

 
Sarutahiko Ōkami 猿田毘古大神, Guardião do Aikido”

 

AS MULHERES NO AIKIDO

Por Bete Romanzini*

Abaixo, reproduzimos um texto muito interessante de Bete Romanzini sobre a participação das mulheres no aikido. P texto foi enviado por um amigo a nós e pedimos a ela que pussemos reproduzi-lo. Ela não só nos autorizou esta reprodução como mandou uma atualização deste, que acrescenta uma visão alguns anos depois sobre o assunto, focando nas mudanças que ocorreram ao longo do tempo nos dojos segundo ela pode vivenciar. Agradecemos sua pronta resposta e sua amabilidade. Espero que seja enriquecedor a todos, especialmente nossas alunas, iniciantes, sempai e yudansha.

Alguns anos atrás escrevi um artigo sobre as mulheres no Aikido. Questionava porque poucas mulheres se interessavam por artes marciais. Sendo mulher, sempre pensei que atrairia mulheres para o treino. O que não aconteceu. Isso foi lá em 2002, nos primeiros momentos como instrutora de Aikido. Hoje, mais de 10 anos depois, a situação está muito diferente. Atualmente, o dojo está dividido igualmente entre homens e mulheres. Mudei eu? Mudaram as mulheres? Mudou o mundo? Provavelmente, mudaram todos esses fatores. A verdade é que as mulheres estão sendo maioria em quase todas as áreas, a não ser nas engenharias, me diz alguém. Anos atrás, as mulheres chegavam tímidas, e só as muito determinadas prosseguiam o treino. Agora, elas chegam mais seguras. Sabem o que querem, dominam a timidez, são humildes e educadas, inteligentes e aplicadas. E não tem medo de assumir o compromisso que o treino exige. As mulheres são extremamente confiáveis no tatame. E através dos anos de treino, se tornam mais seguras e eu diria, até mesmo, mais bonitas. Não, Aikido não embrutece nem o corpo nem a mente. Não, Aikido não é uma coreografia. Não, Aikido não é uma dancinha. Não, Aikido não é um exercício para os fracos. Aikido equilibra a energia, a masculina e a feminina, tonifica o corpo, higieniza a mente, cria empatia com os outros, organiza muito saudavelmente as emoções. Aikido desenvolve valores de honestidade e contentamento, que são valores positivos para os humanos. Aikido ensina a confiar em si mesmo e nesses valores, seja homem ou mulher. A origem das artes marciais foi a necessidade de defesa de uma sociedade, um vilarejo, de um grupo ou indivíduo fracos, que precisavam se defender contra os ataques de alguém mais forte, ou de algum invasor. Esse papel de defesa de si mesmo e dos seus, sempre foi dos homens, as mulheres permaneciam na retaguarda, cuidando das crias. Quando conheci o Aikido, um processo muito interessante de liberdade teve início. Tive a grande sorte de encontrar Kawai Sensei. Para ele, não havia diferença entre homem e mulher, ele respeitava a fisiologia de cada um, independente de sexo. Mas Kawai Sensei também não fazia nenhuma diferença de idade, condição social, cor da pele ou qualquer outra condição. Para ele, era possível que todos treinassem. Para entender e superar minha condição cultural de ter nascido no Sul, pois aqui os homens historicamente dominam a cena, foi muito importante viajar e conhecer o Aikido na Europa, por exemplo, onde as relações são mais igualitárias. Conviver em outros dojos, perceber as inúmeras possibilidades, independente de ser homem ou mulher, ajudou muito a estabelecer a confiança necessária para superar meus próprios preconceitos, além do preconceito alheio. Se você é mulher e aikidoista, já deve ter acontecido de, às vezes, treinando em seminários, encontrar má vontade explícita e aquele ar de condescendência do tipo: “agora vou ter de treinar com essa mulher”. São aqueles momentos onde uma técnica bem aplicada e um ataque forte e correto pode mudar um paradigma. Sim, porque ser uma boa praticante de arte marcial, para uma mulher, ainda é quebrar preconceitos do universo masculino. Acontece direto nesse pequeno dojo: homens fortes chegam para treinar, totalmente convictos em suas enraizadas opiniões sobre o que é “apropriado” para um homem e uma mulher, e se surpreendem muito com a pegada firme, a postura disciplinada, a técnica justa e eficiente das mulheres com quem, sinceramente, eles tem A SORTE de treinar. Sim, porque afirmo que é uma sorte encontrar oportunidades para se livrar de idéias preconcebidas e que não tem mais valor. Não estamos mais num mundo em que apenas os homens mandam, é quase certa a possibilidade de ter um chefe, sócio, colega, ou presidente da república, que é mulher. Com quem é preciso se harmonizar. Mais um ponto em que o treinamento do Aikido pode ajudar na vida fora do tatame. Idéia genial, o Aikido. Possível para todos. Homens, mulheres, crianças, fortes e fracos. Ter encontrado essas boas condições: a arte do Aikido, um sensei inteligente e lúcido, e a convivência com outras culturas, me trouxe estabilidade e a compreensão correta para seguir treinando, e eventualmente treinar outras pessoas. E continuo encontrando boas condições no mundo do Aikido. Encontrei sensei Luis Gentil faz alguns anos. Minha empatia com ele foi imediata. Os japoneses chamam isso de Kimoti. É alguém com quem dá vontade de estar e treinar junto. Demorou vários anos para que se estabelecesse a conexão que temos agora. Um pouco como os vinhos, que têm de ter um tempo de maturação, para ficarem realmente bons. E como os verdadeiros grandes senseis, sensei Luis não tem preconceitos de condição social, cultural, sexo, ou idade. Se alguém gosta de treinar Aikido e quer aprender, é bem-vindo junto dele. Boas condições! Acho que teremos de providenciar um vestiário maior no dojo para as mulheres. Que chegam suavemente, humildes, sinceras e firmes. Escrito em 12 de janeiro de 2005 As mulheres no Aikido Porque tão poucas mulheres treinam Aikido? Existe o fator cultural, que observo muito forte aqui na Serra Gaúcha: as mulheres esperam que ALGUÉM sempre vai lhes proteger dos problemas do mundo. Uma síndrome de dona de casa indefesa. Como se elas não precisassem saber se defender, como se não dirigissem à noite sozinhas, ou não tivessem que dar um chega pra lá em algum abusado. Em geral, as mulheres buscam atividades que lhes dê um corpo sarado, esquecendo que a verdadeira beleza é interna e vem da saúde não só física, mas mental. Daí ficam esses corpos malhados, e uma falta de brilho no olhar. Falando especificamente de dojos de Aikido, e de minha experiência em outros dojos, penso que grande parte da responsabilidade é dos próprios participantes do dojo. A maioria é homem. E quando o sensei do dojo tem idéias esquisitas sobre as mulheres, as coisas ficam muito piores. A historia é antiga. Mary Heiny Sensei, americana que treinou no Hombu Dojo com o fundador, nos anos 60, conta que no Japão, os homens não chamavam as mulheres para treinar. Um dia, o fundador entrou no meio de um treino, fez uma longa dissertação sobre a importância e a qualidade do Aikido das mulheres, e incentivou energicamente a todos para treinarem juntos, não importa se homem ou mulher. Todos ouviram, o fundador partiu, e tudo voltou como estava antes: homens treinando com homens e mulheres com mulheres. Não sei como é atualmente. Se o instrutor do dojo tem uma mente clara sobre esse ponto, o acesso das mulheres será facilitado. Vi isso acontecer com Kawai Shihan. Ele não faz nenhuma diferença psicológica entre os sexos. Fisicamente, sim, ele respeita as mulheres. Mas Kawai Shihan respeita as condições físicas de qualquer pessoa, seja homem ou mulher. Uma vez, lhe perguntei, durante um yudansha, se existiam diferenças entre homens e mulheres no Aikido. Ele foi simples e direto: nenhuma. Todos podem aprender e treinar Aikido. Presenciei muitos fatos nos dojos, envolvendo relacionamentos entre homens e mulheres. Aikido envolve contato físico, sentimentos e emoções. Reações são desencadeadas, e às vezes, mal trabalhadas pelos instrutores. O que causa sofrimento inútil para todos, mas principalmente para aquele lado que é o mais suscetível, aquele lado que projeta no instrutor(a) qualidades que ele(a) está longe de ter. Quando uma pessoa, homem ou mulher, inicia seu treinamento no Dojo, está entrando em um universo diferente, e muitas vezes trazendo um forte pedido de ajuda implícito. Vamos combinar que, se tudo vai muito bem na vida, ninguém se dá ao trabalho de procurar uma prática difícil como é o Aikido. Fica em casa, com a família, se divertindo, tomando vinho, etc… Muitos instrutores de Aikido são na maioria jovens, na faixa dos 25 aos 35 anos, homens, cheios de hormônios e com graduação alta, alguns dans. Muitas vezes, os dans não acompanham a maturidade emocional. Esses homens não sabem muito acerca de seus sentimentos, e só podem fazer o que está ao alcance deles. Isso significa olhar para as mulheres não como um instrutor, mas como um homem. E se um instrutor pensa assim, seus alunos pensam assim também. O clima é insustentável para uma mulher que queira simplesmente treinar, e não namorar ou paquerar. O dojo desse instrutor normalmente não vai ser muito limpo, os dogis são mal cheirosos e suados, o Aikido ali praticado é muito macho! Os homens costumam tirar o casaco do Dogi, no tatame mesmo, logo após o treino, e conversar assim, com os peitorais peludos à mostra. Cheira-se testosterona à quilômetros. Várias vezes ouvi, em alguns dojos onde treinei, comentários jocosos entre senseis, instrutores e alunos (homens, é claro), sobre determinada aluna, ou sobre as mulheres em geral. E esses mesmos instrutores freqüentemente reclamam da ausência feminina no dojo(!!!) E nunca formaram uma mulher faixa preta, apesar de ensinarem há muitos anos. Obviamente existe a responsabilidade de uma mulher saber o que quer, quando entra em um dojo. Se ela estiver consciente do que realmente procura, não vai ter maiores problemas do que fazer de conta que não ouve certas insinuações, mas nada que a impeça de treinar. E nada que não aconteça também nas ruas no dia a dia. É possível, sendo mulher, treinar e gostar de Aikido. E mais: é possível ensinar Aikido, sem misturar as coisas, não importa se homem ou mulher. Mas é preciso um trabalho constante de auto conhecimento para perceber as profundas questões éticas envolvidas num relacionamento onde existe uma ascendência de uma das partes. As relações que envolvem muitas projeções, como médico/paciente, aluno/professor, e cuja responsabilidade maior está sobre aquele que tem essa ascendência. Na maior parte das vezes, o que vi nos dojos, foram relacionamentos onde houve muito sofrimento, e geralmente a parte mais sensível aos danos vai embora com machucados psicológicos e mentais, e totalmente desencantada com o Aikido. Conversando sobre esse assunto com um sensei graduado, ele me diz que o instrutor deve cuidar para ter uma situação familiar estável, cercar-se de afetos entre os seus, e ter firmes princípios éticos de não envolvimento emocional desnecessário com alunos ou alunas. E tem o dojo do inesquecível e falecido Peter Bacas Sensei, da Holanda. Neste dojo, muitas mulheres com graduação alta. Enormes mulheres holandesas, esse povo de gigantes. Bonitas, com Aikido muito feminino e suave, e muito, muito forte. Um clima muito bacana de amizade. Sinto, durante os treinos, seja com crianças ou adultos, que quando há mulheres ou meninas no tatame, o clima se distende. Aumenta a cortesia e a educação. Sem prejuízos à marcialidade. Conheci mulheres no tatame mais marciais do que muitos homens, sem deixar de ser totalmente femininas. Porque Aikido equilibra a energia. Suaviza e fortalece ao mesmo tempo. No Brasil, em alguns dojos, existe um clima muito “macho”. Nestes dojos, as mulheres são olhadas com condescendência, podem realizar tarefas como fazer o chá, dobrar os hakamas, colocar florzinhas, organizar as festas e outras coisinhas, e gravitar em torno desses maravilhosos dans e seus super poderes de atração. Obviamente, concordo que, às vezes, acontecem no tatame relações maduras e que podem e devem ser aprofundadas também fora do tatame, mas é preciso saber muito bem o que se está fazendo, para evitar danos irreparáveis ao dojo, ao grupo, e a si mesmo. Quando falta ética, perdemos todos. O Aikido perde alunas e alunos e perde o sentido de um caminho tão bonito tanto para homens e mulheres ou meninos e meninas. E nós todos perdemos futuros(as) colegas com quem teríamos gostado de treinar.

* Bete Romanzini (3º dan), nascida em 1964, Iniciou Aikido em Porto Alegre. Graduou-se faixa preta em 2002, em São Paulo, com Kawai Shihan. Em Caxias do Sul, desde 2004. Graduou-se 2º dan em 2006. Graduação de 3º dan em setembro de 2011. Instrutora do Tensei Dojo.

 
Bete Romanzini Sensei

Comportamento durante o treino

          o Não discuta sobre a maneira de execução da técnica apresentada pelo instrutor, observe e pratique.

          o Não crie polêmicas. É profundamente deselegante e perda de tempo fazer observações do tipo “o que aconteceria se…” ou “se o colega fizer assim…” ou “Fulano está fazendo diferente”.998928_620044204701988_160953172_n

          o O importante é treinar contra ataques básicos, para desenvolver sua atenção, aprimorar-se e sentir a direção da energia KI, seja decorrente de ataques físicos ou aquela oriunda do campo extrasensorial.

          o Se você é graduado, deve orientar os iniciantes. Ensinar também faz parte do processo de treinamento. Os mais antigos (sempai) têm o dever de guiar e orientar os mais novos (kohai).

          o Geralmente uma técnica compreende os movimentos de omotê (positivo) e urá (negativo); desvio pela frente e por trás (yang e yin). Durante a execução da técnica (conjunto completo) fique concentrado nos movimentos do colega, na distância entre os dois e continue atento, mesmo após a execução da técnica.

          o Quando executar o movimento, procure relembrar como Kishomaru, Kobayashi, Shikanai ou o instrutor mais graduado realiza a técnica. Mentalize!

          o Cumprimente seu colega antes e depois da execução do movimento, afinal é graças a ele que o treino pode existir.

          o Dê e peça “feedback”, isto é, manifeste sua satisfação verbalmente quando sentir que uma técnica for bem aplicada, como também informe quando sentir que foi mal executada. Mas não o faça desnecessariamente.

          o Lembre-se de que você está treinando para aprender, não apenas para satisfazer seu ego. É aconselhável adotar uma postura receptiva e humilde (porém não bajuladora).yamada

          o Não exagere nos golpes e movimentos para não ferir os colegas de treino. Ninguém entra na aula de AIKIDO para ser saco de pancada dos outros.

          o O treino mais vigoroso é reservado para os mais graduados. Tenha paciência, aguarde, seu dia chegará. Se estiver com dificuldade quanto a uma técnica, não grite pela ajuda do instrutor. Tente, primeiro, observar os outros. Não conseguindo aprender, aproxime-se do instrutor e peça o seu auxílio.

          o É deselegante e grosseiro você chamar o instrutor e pedir para ele fazer a técnica para você. Primeiro, você deve mostrar como entendeu e depois perguntar se está correto.